terça-feira, 24 de novembro de 2009

Eleição para diretório do PT em Minas opõe lulistas a aecistas

A eleição do diretório estadual do PT em Minas, que aconteceu no fim de semana, mas cuja apuração ainda não terminou, contrapõe o PT que se alinha ao governo Lula ao PT que se alinha ao governador Aécio. A chapa liderada pelo deputado Reginaldo Lopes, candidato à reeleição, é apoiada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel; a chapa liderada pelo secretário nacional de comunicação do PT, Gleber Naime, é apoiada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.

Neste momento, segundo o último boletim do PT estadual, Reginaldo lidera, com 48,47% dos votos válidos, e Gleber tem 38,23%. O ex-ministro Nilmário Miranda, que apoia Gleber, prevê no seu blog que haverá segundo turno; ele aposta que Reginaldo não conseguirá mais da metade dos votos, muito menos os 60% que apregoou antes da eleição.

Conforme notícia da Agência Estado, Pimentel considera que esta eleição dará "autoridade e legitimidade" para o grupo vitorioso conduzir a escolha do candidato do PT ao governo estadual, em 2010 – ou seja: ele. Patrus defende a realização de uma prévia. Em 2008, Pimentel, que controla também o diretório municipal do partido na capital, impôs seu candidato a prefeito - ou melhor, o não lançamento de candidato próprio pelo PT.

Assim, o PT mineiro deverá experimentar uma situação curiosa: de um lado, um candidato que é sem dúvida o mais respeitado petista do estado, ministro responsável pela grande revolução do governo Lula, que são as políticas sociais, o prefeito que começou a série de administrações petistas na capital; do outro, o último prefeito do PT na capital, que entregou a cidade para um candidato do governador tucano, figura sem expressão estadual nem nacional, controlador da máquina partidária e provavelmente apoiado por Aécio (só assim torna-se compreensível o acordo do ano passado, que fez o PT abrir mão da prefeitura).

Quando o PT teria a chance de avançar em Minas e possivelmente conquistar pela primeira vez o governo estadual, uma ala do partido, que controla a máquina, prefere dar uma guinada para a direita, excluindo seus quadros históricos em favor de uma aliança com a ala aecista do PSDB.

A disputa também prenuncia a era pós-Lula. Considerando as relações de "amizade" entre Aécio, Pimentel e Ciro Gomes, desenha-se uma aliança de centro-direita que pretende ser alternativa ao PT puro, representado por Dilma Rousseff. Ciro não cansa de dizer que abre mão da sua candidatura a presidente a favor de Aécio, o que equivale a dizer que espera que Aécio abra mão da candidatura dele em seu favor.

Essa aliança de centro direita, entre o PSDB de Aécio, o PT de Pimentel e o PSB de Ciro ocorreu em BH em 2008, quando PT e PSDB abriram mão de lançar candidato para apoiar um candidato comum, do PSB. Para uma opção estranha, difícil de compreender. Aparentemente Pimentel, Aécio e Ciro apostam em eleições não plebiscitárias, que dariam oportunidade a candidatos que não acirrassem os conflitos entre petistas e tucanos.