segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

2010

Dirigentes de futebol competentes já esfriaram a cabeça e agora pensam em 2010. O planejamento de uma temporada não é nada extraordinário, mas algumas coisas precisam ser definidas, coisas que o Atlético não fez este ano.
Primeiro: um treinador para a temporada inteira. O Galo precisa de um treinador que se imponha como líder do grupo, que passe confiança para os jogadores, um treinador acostumado a vencer.
Segundo: elenco forte para toda a temporada, com alguma reposição ao longo do ano, base com juniores talentosos inegociáveis durante a temporada, reforçados por jogadores experientes. E alguns líderes. A psicologia do grupo é muito importante, jogadores que não se impõem ao adversário e não fazem questão de ganhar devem ficar de fora.
Terceiro: objetivos a serem alcançados em cada competição que disputará – Campeonato Mineiro, Copa do Brasil, brasileirinho e Copa Sul-Americana (em 2009, o Atlético entregou o Mineiro e não deu importância às duas copas, demonstrando que não sabia o que queria).
Nenhum clube pode pretender ser campeão no primeiro ano do seu planejamento, mas pode dar passos rumo aos títulos, de forma a começar cada temporada melhor do que a anterior. Quem não ganha nenhum título ano após ano já tem um ano melhor quando conquista uma competição, seja qual for. Ser campeão mineiro para começar já está bom, nas outras competições o objetivo pode ser obter resultados melhores do que em 2009; ganhar um título no primeiro semestre e outro no segundo também é um bom objetivo; conquistar uma das copas é igualmente interessante; é bobagem, porém, jogar com reservas uma competição para se concentrar em outra, o elenco deve ser forte o bastante para atuar em duas competições ao mesmo tempo. Voltar a vencer os jogos dentro de casa é outro avanço importante. É preciso fazer planejamento para a temporada, mas também para dois anos, três, cinco até.
O que mais desanima o torcedor atleticano é ver os mesmos erros se repetirem ano após ano e não vislumbrar melhoras. Quando o clube contrata Celso Roth, que não ganha nada desde 2000 e no ano passado entregou o título nacional dirigindo o Grêmio, qual a mensagem que passa? Que quer decepcionar novamente. Quando Celso Roth fala que "o time" (como se ele não fizesse parte da equipe) está "dando sinais" de que vai ser campeão, o que ele passa? Que vai na onda. E quando o time perde e ele diz que os jogadores não fizeram o que foi treinado, qual a mensagem? Que ele não sabia o que estava dizendo, que não tem controle do grupo.
Estaria ótimo para o Atlético terminar em sétimo lugar, se as coisas corressem de outra forma; em 2008, o sentimento foi de vitória, porque o time terminou em ascensão. Até mesmo chegar à liderança quando os melhores times estavam voltados para outras competições e perdê-la, seria normal, desde que não se despertassem falsas esperanças na torcida. É imperdoável, porém, perder o título como o Atlético perdeu, entregando as três últimas partidas disputadas no Mineirão. Podia perder para o Palmeiras, para o Coritiba e até para o Fluminense, fora de casa, mas tinha de ganhar do Flamengo, do Inter e do Corinthians.
A derrota para o Cruzeiro já foi uma demonstração de que Roth não entende nada, que não percebeu que aquele jogo era decisivo, senão para o campeonato, mas para a psicologia do grupo. Um grupo que tem valor se impõe nos jogos difíceis. Roth, que perdeu todos os Grenais em 2008 e 2009, não sabe quanto é importante vencer o clássico estadual. É triste reconhecer, mas honesto, que o Galo começou a perder o título ali, e também ali entregou sua vaga na Libertadores.