segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O irracional sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte

Toda vez que tomo um ônibus em Belo Horizonte (não é muito comum, eu prefiro andar), fico impressionado com o sistema de transporte coletivo da cidade. Todas as linhas passam pelo Centro, inúmeros ônibus estão vazios, enquanto outros estão superlotados. E a quantidade de linhas que passam pela estrangulada Praça da Liberdade! As viagens, é claro, demoram uma eternidade, no trânsito engarrafado. Para não perderem a faixa da rua em que estão, os motoristas não encostam no passeio, e os passageiros têm que descer no asfalto.
Não vou falar dos abrigos que tomam os passeios estreitos, nem do número absurdo de carros dirigidos por motoristas endividados. O que me impressiona é como os "especialistas" da BHTrans, cujo trabalho é exclusivamente este, não veem a irracionalidade do sistema de transporte coletivo da capital.
É óbvio que o transporte coletivo deve ser prioritário, o que significa rápido, confortável e barato. Quem quiser ficar engarrafado em automóveis que fique, mas muita gente certamente trocará o transporte individual pelo transporte coletivo de qualidade.
E é tão simples isso! Basta implantar uma linha de ônibus – única – em cada corredor de trânsito importante, normalmente as avenidas. Como elas se entrelaçam, o próprio passageiro desce de um ônibus e toma outro.
É igualmente óbvio que ruas de bairros não comportam ônibus e devem ser percorridas por microônibus. Um sistema assim é muito mais racional, o que significa também econômico.
A Avenida do Contorno, um corredor importante, porque interliga várias regiões e o Centro, é congestionada por várias linhas. No entanto, a linha principal, Circular 1, é péssima, os ônibus demoram demais. Há até uma linha com o mesmo nome, cujo objetivo, aparentemente, é confundir os passageiros, pois para no meio do caminho.
Não seria ótimo se houvesse uma – insisto: única – linha percorrendo a Contorno, um ônibus atrás do outro, de cinco em cinco minutos, e ao descer no ponto (no passeio, não na rua), a gente pudesse pegar um microônibus que entra pelas ruas do bairro? Ou descer na esquina de uma avenida, que funciona como corredor de trânsito e nos leva na direção que queremos ir?
Se um passageiro eventual percebe isso, por que não autoridades e funcionários que nós sustentamos com impostos exclusivamente para cuidar do trânsito?

PS: A resposta é óbvia: porque os interesses do capital não querem. Donos de empresas pagam as campanhas dos políticos, que, eleitos, lhes dão em troca concessões e grandes lucros, sustentados por tarifas altíssimas. Nada disso passa pelos interesses coletivos, nem pela racionalidade, são só interesses das empresas misturadas com interesses dos políticos, a caixa preta do sistema de transporte, a corrupção da qual a "imprensa" -- também metida na história, porque leva o seu -- nada fala.