sexta-feira, 11 de março de 2011

No Japão, 300 mortos, no Brasil, 213

O maior terremoto da história do Japão, o sétimo maior no mundo, que a imprensa noticia com alarde, provocou 300 mortes. Nas rodovias brasileiras, durante o carnaval, morreram 213 pessoas, de acordo com balanço da Polícia Rodoviária Federal. São 48% mais do que em 2010, quando morreram 143. Houve também mais acidentes – 4.165 (3.233, em 2010) e mais feridos – 2.441 (1.912, em 2010). Tragédia? Acidentes? Não, são mortos, feridos e acidentes previsíveis. Põem-se armas cada vez mais poderosas em quantidade cada vez maior nas mãos de pessoas despreradas para usá-las, o resultado só poderia ser esse. Num país civilizado, os crimes no trânsito levariam muitos para a cadeia, e não só os motoristas ignorantes, mas o presidente da República e os secretários de transportes, e ainda ministros, governadores e prefeitos, fabricantes de veículos, proprietários de revendedoras, publicitários e concessionários de emissoras de rádio e tevê. Todos são responsáveis pelos acidentes no trânsito. A opção dos governos pelo transporte rodoviário, as péssimas condições das estradas, o incentivo e as facilidades para se comprar e dirigir carros são as causas desses números que não merecem destaque no noticiário. 213 mortos! 2.441 feridos! Isso é balanço de guerra, que se faz a cada feriado, a cada fim de semana. As polícias rodoviárias, incapazes de fiscalizar e de prevenir acidentes, inclusive por falta de pessoal e equipamentos, se limitam a divulgar estatísticas, que as emissoras e os jornais divulgam burocraticamente.