sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um imposto para financiar a saúde pública

Para que o SUS, um sistema de saúde universal e gratuito, funcione adequadamente, seu orçamento precisa dobrar. Isso é problema? Certamente não, se funcionar bem e os recursos forem bem administrados. Mas a lengalenga capitalista neoliberal fascistoide repete sem parar que mais dinheiro para o Estado é mais dinheiro para corrupção, é dinheiro mal aplicado. A CPMF, o único imposto justo que já existiu no Brasil, porque atingia os mais ricos, foi derrubada para criar dificuldades para o governo Lula.
A velha imprensa porta-voz dessa gente não ataca quando o dinheiro do Estado vai para seus amigos e anunciantes: banqueiros, nos juros altíssimos que pagamos, empreiteiras e indústrias, via incentivos fiscais e financiamentos do BNDES. É disso que se trata: para quem vai o dinheiro arrecadado pelo Estado em impostos pagos por todos, para os empresários ou para o restante (99,99%) da população? O SUS funcionando bem também prejudica os interesses dos planos de saúde privados, que essa gente defende. Interessa à velha imprensa a saúde gerando notícias sensacionalistas diariamente, porque os problemas vão para a conta do governo e são cobradas na eleição. Jatene está longe de ser esquerdista ou estatista, mas é sério e tem experiência como ministro da Saúde. O sistema privado americano é muito pior do que o SUS, todo mundo sabe.
Muito imposto é ótimo, se o dinheiro garante as necessidades básicas da população com qualidade, como nas nações mais desenvolvidas do planeta.

Da Agência Carta Maior.
SUS exige verba mas mídia vende tributação insuportável, diz Jatene
O diretor geral do Instituto do Coração (Incor) e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, lançou nos últimos dias, em dobradinha com o atual ministro, Alexandre Padilha, o livro "40 anos de medicina. O que mudou". São 200 páginas abrangendo a experiência de metade de uma vida que Jatene, aos 82 anos, sintetiza apontando a tecnologia como principal elemento transformador. O avanço tecnológico levou à descoberta de novos tratamentos, permitiu diagnósticos melhores, praticamente erradicou doenças. Mas também afetou a relação entre paciente e médico, que se tornou mais impessoal. E encareceu custos na medicina, exigindo cada vez mais investimentos de um Estado que assumiu o compromisso constitucional de dar saúde gratuita para toda a população. O problema dos custos é de difícil solução, na opinião de Jatene, porque o debate sobre o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) tornou-se um tabu duro de quebrar. "Quem controla a mídia faz a população acreditar que a carga tributária é insuportável", disse o médico à Carta Maior. "Mas, se você tirar a Previdência Social do orçamento, e a Previdência é um dinheiro dos aposentados que o governo apenas administra, vai ver que a nossa carga tributária está abaixo de 30%. É pouco para um país como o Brasil."
A íntegra.