quarta-feira, 26 de outubro de 2011

147 empresas controlam a economia mundial

Pesquisa feita por matemáticos suíços revelou que 1.318 empresas controlam a economia mundial. Destas, 147, a maioria bancos, são interrelacionadas e detêm 40% das riquezas. A revista científica inglesa New Scientist publicou um resumo, cuja tradução está no saite Inovação Tecnológica e na Agência Carta Maior. E aqui também, na íntegra.
PS: Aqui outra matéria sobre o assunto.

Da New Scientist.
Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos. Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas -- sobretudo bancos -- tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global. A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça. Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global. "A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."
Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente. O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global. Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial -- tornando-a mais ou menos instável, por exemplo. O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores. A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas -- na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas. Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo -- as chamadas blue chips nos mercados de ações. Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo. E isso não é tudo.
Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas. "Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira", diz Glattfelder.E a maioria delas são bancos. Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser. Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo. Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer. A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente. Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
1- Barclays plcCapital Group
2- Companies Inc
3- FMR Corporation
4- AXA
5- State Street Corporation
6- JP Morgan Chase & Co
7- Legal & General Group plc
8- Vanguard Group Inc
9- UBS AG
10- Merrill Lynch & Co
11- IncWellington Management Co LLP
12- Deutsche Bank AG
13- Franklin Resources Inc
14- Credit Suisse Group
15- Walton Enterprises LLC
16- Bank of New York Mellon Corp
17- Natixis
18- Goldman Sachs Group Inc
19- T Rowe Price Group Inc
20- Legg Mason Inc
21- Morgan Stanley
22- Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
23- Northern Trust Corporation
24- Société Générale
25- Bank of America Corporation
26- Lloyds TSB Group plc
27- Invesco plc
28- Allianz SE
29- TIAA
30- Old Mutual Public Limited Company
31- Aviva plc
32- Schroders plc
33- Dodge & Cox
34- Lehman Brothers Holdings Inc*
35- Sun Life Financial Inc
36- Standard Life plc
37- CNCE
38- Nomura Holdings Inc
39- The Depository Trust Company
40- Massachusetts Mutual Life Insurance
41- ING Groep NV
42- Brandes Investment Partners LP
43- Unicredito Italiano SPA
44- Deposit Insurance Corporation of Japan
45- Vereniging Aegon
46- BNP Paribas
47- Affiliated Managers Group Inc
48- Resona Holdings Inc
49- Capital Group International Inc
50- China Petrochemical Group Company

Bibliografia:
The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728.