quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Perguntas sobre a reforma do Minas 1

Repórter mineira da Folha de S.Paulo, filha de peixe, elenca pautas que poderiam gerar boas matérias nos jornais belo-horizontinos, se eles quisessem fazer jornalismo. Mas qual deles se interessa por falar de assuntos que vão incomodar a elite mineira?

Do Blog da Kika Castro.
Tem pauta quicando no/em Minas
No post de ontem puxei a orelha, entre colchetes, das editorias de cidades dos jornais de Minas, que ignoram em suas páginas o Minas Tênis Clube, complexo com quatro unidades em Belo Horizonte e 73 mil sócios. Segundo dados do próprio saite do clube, se fosse uma cidade mineira, as unidades que somam 470 mil metros quadrados ocupariam o 28º no ranking estadual em arrecadação e 43º em população. Nada mal, considerando que Minas é o estado com mais municípios do Brasil (853). Além disso, o clube ocupa o nobre quarteirão das ruas da Bahia e Espírito Santo, no Bairro de Lourdes (um dos metros quadrados mais caros da cidade), na região centro-sul de Beagá. Seus 30 mil metros quadrados de área foram doados ao clube pelo Governo de Minas. A única exigência era que abrisse a prática de esporte amador para não-sócios com potencial esportivo, os chamados sócios-atletas (que perdiam o acesso, quando deixavam de ser atletas). No plano original da cidade, nesse terreno seria construído o Jardim Zoológico de BH. O clube é da década de 1930. Trouxe a primeira piscina olímpica da cidade, tem equipes de esportes que movimentam muito dinheiro, como as de natação e vôlei, tem patrimônio arquitetônico tombado pelos órgãos de proteção mineiros (agora sofrendo drásticas mudanças após reforma que começou há mais de dez anos). Enfim, pautas não devem faltar nesse clube, que é dominado pelo mesmo clã de diretores há décadas (desde que eu era criança, um Zech Coelho ocupava o maior cargo administrativo). Desde a questão urbanística que levantei no post de ontem até questões raciais (muitas foram as histórias que ouvi, embora tenham se tornado menos frequentes com o passar dos anos. Uma de minhas amigas conta que, quando era criança, sua mãe comprou convite para que a filha da babá pudesse passar a tarde no clube com elas. A portaria barrou a entrada da menina, a menos que estivesse com uniforme branco das babás, aparentemente porque era negra… Aliás, contam-se nos dedos os negros frequentadores do clube). E as alterações nos prédios tombados, estão em dia? E quanto custaram as reformas, que iriam demorar só sete anos e já se estendem por mais de dez? Por que o balanço social do clube não está disponível na internet? Quantas árvores foram derrubadas para a expansão dos prédios na unidade 1? Havia autorização para isso? Quantos sócios-atletas existem hoje no Minas? Poderia haver mais? Como são feitas as seleções? E sobre os transtornos causados por uma reforma que ainda está longe de acabar? Segundo o saite, o prédio de que falei ontem deveria ter terminado neste 2011; ficou para meados do ano que vem. Além dele, há a fase 3, com duas etapas, que nem têm prazo para conclusão. Elas vão mexer na torre do relógio que, se não me engano, também é tombada.
A íntegra.