sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ataques a este blog e a outros

Uma leitora assídua me informa que este blog está sendo alvo de ataques de vírus. Não sei como funciona, sou jornalista, não sou especialista em informática, mas na sequência a dois vídeos postados aqui vieram vídeos pornográficos e voz em inglês que não existiam na publicação original. Como este fato sucede uma onda inusitada de leitura e alguns comentários hostis a cerca de posts que tratavam de violência policial, e num ambiente crescente de tentativas de censura à internet, pus as barbas de molho e tomei a providência de excluí-los. Tratam-se do post "Rua é lugar de quê? De mágica!", que mostra um interessante número de mágica na rua em Nova York, e uma apresentação dos Mutantes cantando em inglês, provavelmente na Inglaterra. Ambos podem ser vistos no Youtube sem transtornos: "Greatest Card Trick Ever" e "Os Mutantes - Caminhante Noturno (english version) live". Espero que não aconteça o mesmo com outras publicações e conto com os leitores para me avisarem. Principalmente por que, como mostra o post abaixo, reproduzido do Blog da Kika Castro, não é um fato isolado. O ataque à blogosfera é uma reação mundial dos poderosos à revolucionária liberdade de expressão que ela representa, como demonstra o Sopa, projeto de lei em tramitação no Congresso americano para censurar a internet e que foi razão do protesto também mundial realizado anteontem (18/1), do qual este blog, modestamente, participou. Minas Gerais é especialmente sujeito a ataques contra a nova imprensa, uma vez que os poderosos aqui foram mal acostumados a não serem questionados, graças a uma velha imprensa subserviente que impera a favor dos governos, com raras exceções.

Do Blog da Kika Castro.
Tentativa de censura ao blog

Voltei da viagem de férias e encontrei uma surpresinha: uma notificação extrajudicial de uma grande empreiteira, a Caparaó, pedindo que tirássemos do ar o post "Novo Ataque à Serra do Curral", dizendo-se caluniada, e fazendo uma ameaça de processo judicial. Não é a primeira vez que recebemos ameaças do tipo, embora a outra interpelação tivesse vindo para um post ("Coronelismo no Ministério Público") do meu blog anterior, o Tamos com Raiva. E parecia mais perigosa, porque partiu de uma juíza federal. Mas respondemos a ela de forma bem serena, mostrando que conhecemos os direitos constitucionais e que esse negócio de retirar post do ar nada mais é do que uma censura moderna. Também inspiramos a solidariedade de muitos, que a registraram num abaixo-assinado. A juíza desistiu de entrar com o processo e o post continua no ar até hoje, como permite a democracia. É claro que democracia implica responsabilidades e, se houvesse mesmo calúnia ou difamação, teríamos que arcar com o problema. Diz a Caparaó: "Note-se que a matéria em questão, publicada por V. Sa., no blog em epígrafe, contém informações sensacionalistas e apelativas, imputando fatos falsos e infundados e terceiros, ofendendo a reputação, a dignidade e à imagem das NOTIFICANTES" e mais adiante, que "as informações são falsas e deturpadas", mas não se dá ao trabalho de apontá-las e, muito menos, refutá-las. Reli atentamente o artigo agora questionado e não encontrei nele nada além de fatos jornalísticos, análise, interpretação e opinião. No dia em que não pudermos mais fazer isso, é hora de rasgar a Constituição e passar o chapéu do Jornalismo, porque ele terá falido de vez. Nossos leitores podem ler e concluir sozinhos que o artigo que tanto incomoda à Caparaó não extrapola em nenhum momento o bom jornalismo. A notificação ainda surpreende mais ao dizer que o post foi publicado também em outro blog, chamado Terrorismo Branco, e exigir que a gente exclua o artigo dos dois blogs! Ora, na verdade, diversos blogs republicaram este post, além daquele, sem comunicar ao autor (porque essa é uma prática comum na blogosfera e que a torna tão especial). E, claro, respeitamos o direito de todos eles de manter o post no ar. Os dois jornalistas notificados pela Caparaó não somos do tipo que escreve só o que os poderosos querem ouvir (como o faz a revista Encontro, que criticamos naquele post). Nem do tipo que abaixa a cabeça na primeira tentativa de coação dos que se sentiram incomodados pela divulgação de certos fatos e análises. Respeitamos nossos leitores e somos apaixonados pela nossa profissão. Responderemos por aqui aos notificantes e aos seus advogados: se a empresa quiser se manifestar com um novo artigo, com até o mesmo tamanho que o anterior, não nos objetamos de forma alguma a publicá-lo – até porque respeitamos a inteligência do leitor, que pode ler os dois textos e concluir o que quiser. No entanto, não vamos retirar o artigo do ar de modo algum, porque isso é submissão a uma censura que nunca deveria existir numa democracia e com a qual não concordamos*. E duvido que algum juiz de bom senso também concorde com isso.