quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mineiros antigos não desafiavam as chuvas

Um artigo interessante sobre a pesquisa de um arquiteto.

Do O Eco.
Bom senso livrou cidades históricas de MG das enchentes
11 de janeiro de 2012
Durante muito tempo, nossos historiadores diziam que nossas cidades coloniais eram fruto do desleixo, com traçados sem rigor ou método. Entretanto, alguém por aí já viu o núcleo histórico dessas cidades embaixo d’água ou sob deslizamentos de terra? Nem puxe pela memória. Não viu porque eles foram construídos em locais abrigados de enchentes, que não desafiam a natureza. Flávio Ferreira, arquiteto e professor da FAU-UFRJ, apontou na sua tese de doutorado um quadro bem diferente da ideia de que os portugueses eram desleixados. Na tese, ele mostra que as cidades coloniais mineiras foram cuidadosamente planejadas, sempre fundadas ao longo de riachos, afluentes de um rio principal, mas nunca próximas a eles. Os fundadores da cidade, sabendo dos riscos de cheia nestes rios, mantinham as ruas e sobrados à distância segura. Os seus traçados seguiam de maneira orgânica o curso de pequenos riachos e o relevo dos morros suaves. As cidades mais novas como Brumadinho escolheram outro parâmetro na sua fundação e desenho de suas ruas: seus núcleos urbanos estão próximos às ferrovias e suas estações. A questão é que os engenheiros que traçaram as ferrovias, aparentemente buscaram áreas mais planas, onde o trem pudesse passar sem vencer desníveis. E geralmente, em Minas Gerais, essas áreas mais planas são fundos de vales onde correm os rios principais, como é o caso do rio Paraopeba, que inundou Brumadinho há 5 dias.
A íntegra.