quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

As eleições em São Paulo e as contradições petistas

Não é por ser do bem ou do mal que o ex-presidente Lula trama aliança com o PSD de Kassab em São Paulo e com o PSDB em Belo Horizonte, abrindo mão da candidatura própria em benefício ao prefeito Lacerda, do PSB. O mesmo sacrifício que o PT nacional exige do PT belo-horizontino exige também do PT santista, mas é bobagem dizer que "impõe": os petistas têm autonomia para decidir, é uma questão de submissão ou dignidade. Em Porto Alegre, por exemplo, não se submetem. Lula mira em 2014, na manuntenção do governo federal e na conquista do governo paulista, bunker dos tucanos serristas. O jogo de xadrez político passa por alianças incompreensíveis com princípios e ideais; o PT aprendeu a jogá-lo em 2002 para conquistar o poder e se manter nele -- não quer mais perder. A análise abaixo nos ajuda a entender o que está acontecendo nos bastidores das eleições deste ano.

Do Blog do Rovai.
Kassab subiu no telhado, mas isso é só um detalhe…
14 de fevereiro de 2012, às 13:24
Há alguns dias o ex-governador José Serra vem mantendo encontros sistemáticos com Orjan Olsen, presidente da Analítica Consultoria e um dos pesquisadores preferidos do tucanato. Olsen estaria fazendo pesquisas qualitativas em que o nome de Serra é apresentado a grupos de eleitores da cidade de São Paulo para saber quais seriam as possibilidades de uma candidatura dele à prefeitura. Os resultados não seriam tão desesperadores e Fernando Henrique Cardoso fechou a questão. Serra tem que ser o candidato do PSDB. Ligou para Geraldo Alckmin e pediu ao governador todos os esforços para impedir a realização da prévia do partido marcada para março. E, mais do que isso, pediu garantias de que Serra teria um amplo palanque no primeiro turno. Com o apoio de partidos como PDT e PSB. Alckmin teria garantido ao ex-presidente que se Serra for candidato não fará jogo duplo. Que o apoiaria sem restrições e que ajudaria a montar uma ampla aliança. Alckmin está negociando com o PSB o apoio a candidatos do partido em São José do Rio Preto e em Campinas. E em relação ao PDT, ofereceria a secretaria do Trabalho para o partido ficar com Serra. Além desses partidos, Serra ainda teria o apoio do DEM, PPS, PTB, PV e do PSD. Já que Kassab não teria como não apoiá-lo. Ao ser indagado ontem por um vereador de sua base sobre a possibilidade de Serra ser candidato, Kassab teria dito que as chances eram de 10%. Até anteontem ele só falava em "chance zero". No PT, há quem ache que o prefeito fez todo esse movimento de aproximação com o partido para criar um constrangimento futuro. Uma das lideranças que não tem escondido essa opinião é Marta Suplicy. Para ela, Kassab tem feito o jogo de Serra. O que ele quer é montar uma chapa com o ex-governador candidato e seu secretário de Educação, Alexandre Schneider, a vice. Esse seria o seu sonho de consumo. Pois com Serra na prefeitura, Alckmin não reinaria sozinho. E Kassab poderia ser ou candidato a vice ou a senador na chapa dos tucanos. No PT a dubiedade de alguns movimentos do prefeito tem sido anotada. Por exemplo, quando se reuniu com a direção do PSD para discutir os rumos da eleição em São Paulo, Kassab teria emitido sinais de que ao fim do encontro anunciaria que a prioridade era a aliança com Haddad. Mas quando a reunião acabou, o anunciado foi de que Afif seria o candidato do PSD.
A íntegra.