quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

BH, cidade desgovernada

Aécio-Anastasia e Lacerda fazem o discurso da competência e da boa gestão, no entanto, a capital nunca foi tão mal administrada. Nem falo dos absurdos do dinheiro público jogado fora na construção da "cidade" administrativa (R$ 1,2 bilhão), que já está caindo aos pedaços, ou da reforma do Campo do Sete (R$ 120 milhões), cujas arquibancadas têm seis mil pontos cegos. Falo do dia a dia, dos serviços da coleta de lixo SLU, que piorou enormemente, das obras mal feitas e lentas, como a reforma da Savassi, e de infrações de todos os tipos, com omissão das autoridades (nunca é demais lembrar que o prefeito não mora na cidade que administra), que tornam cada vez pior a qualidade de vida em Belo Horizonte. Como essas a que o belo texto abaixo se refere.

Da coluna Chamada Geral do jornalista Eduardo Costa, no jornal Hoje em Dia.
Que vida é essa?
8/2/12
Para os que me acham um chato repetitivo, quando digo que vivemos numa cidade sem lei, transcrevo e-mail de um xará, Eduardo Machado: "Meu pai já estava com 91 anos e foi internado no Hospital São Lucas, vítima de Alzheimer. Minha mãe, com 87 anos, o acompanhava no quarto e não havia quem a retirasse de perto. Eram 68 anos de casamento, dá para imaginar? O que venho narrar é que no entorno do Hospital São Lucas, e por conseguinte toda a área hospitalar, ali virou um ponto de moradores de rua e uma verdadeira "cracolândia". Dá medo de passar por perto, e um monte de flanelinhas bêbados e brigando por ponto. Meu pai ficou internado uma semana e nós pensávamos que minha mãe não iria resistir ao primeiro final de semana. Não pela perda, mas porque já haviam duas noites que ela não dormia. Por causa de uma casa noturna nas imediações que tocava um pagode, axé etc, com som altíssimo até as 4h da madrugada e os moradores de rua gritando e brigando nos passeios abaixo da janela do hospital. Quem liberou esse alvará em uma área hospitalar? Parece brincadeira o descaso dos órgãos públicos por permitirem essa desordem numa área hospitalar como aquela. (...) Por volta das 14h, o médico liberou para que os familiares fossem para o quarto despedir-se dele, pois não havia mais recursos. E assim fizemos. Ficamos ao lado da cama, em uma corrente de orações, naquela agonia dos últimos suspiros, quando, de repente, uma gritaria soou pela janela, vinda da rua. Ao olhar pela janela, uma moradora de rua corria gritando com o corpo todo em chamas, uma verdadeira fogueira, e entrou correndo no Restaurante Popular, em frente ao Hospital São Lucas. Parece filme de horror, mas é a mais pura verdade do que vivenciamos ali, naqueles dias. Por isso lhe escrevo, para pedir que você mostre isso para as pessoas responsáveis, se é que elas ainda existem.
A íntegra.