quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dilma em Cuba e Veja, uma publicação como as do velho partidão

Não li outras coberturas, mas a Agência Carta Maior faz um bom relato, informativo e equilibrado. É uma cobertura de esquerda? É, mas a gente precisa aprender a ler o noticiário sabendo que quem escreve tem opiniões políticas. Fomos acostumados pela velha "grande" imprensa a achar que o que ela nos oferece são fatos, quando na verdade são versões dos fatos, sempre foram. A partir do governo Lula, a velha imprensa radicalizou e tornou todo o noticiário opinativo, por isso outras versões, versões de esquerda e independentes, tornam-se mais importantes. Hoje li uma Veja que fala da educação na China. Há décadas não leio Veja, mas estava numa sala de espera e achei que a reportagem me trouxesse informações. Engano. Veja se tornou uma revista tão ideológica que não informa mais. Ao falar da China, o tempo todo está falando mal do Brasil de Lula e Dilma, numa cruzada ideológica sem trégua. Publicações que batem sempre na mesma tecla e que repetem o mesmo discurso deixam de ser interessantes, não conquistam os leitores, só conservam aqueles que já pensam da mesma forma. Veja parece uma publicação do partidão na década de 1970, com seus discursos repetitivos, cansativos, pobres. Quem leu um leu todos, a gente já sabe onde vai chegar.

Da Agência Carta Maior.
Em Cuba, Dilma não 'derrapa' à direita e prega aliança estratégica
Por André Barrocal
Havana – Segundo líder estrangeiro a fazer uma visita oficial a Cuba em 2012, a presidenta Dilma Rousseff fugiu de "cascas de banana" políticas e diplomáticas que lhe surgiram na primeira etapa dos compromissos desta terça-feira (31/1/12). Na entrevista coletiva de cerca de dez minutos que deu à imprensa brasileira e estrangeira, Dilma também mandou recados políticos com significado interno, em resposta a quem quis saber como se poderia interpretar uma agenda que, em uma semana, levou-a ao Fórum Social Temático, em Porto Algere, e a Cuba. "Vamos falar de direitos humanos? Então nós vamos começar a falar de direitos humanos no Brasil, nos Estados Unidos, uma coisa chamada Guantánamo...", disse Dilma, logo no primeiro tema levantado durante a coletiva, assunto com potencial para embaraçar as históricas e amistosas relações entre Brasil e Cuba. "Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político e ideológico", disse a presidenta, para quem o assunto deve ser abordado de forma global. "Direitos humanos não é uma pedra que você joga só de um lado para o outro", comentando que tem quem atire e possua telhado de vidro, inclusive o Brasil, talvez numa velada referência ao caso Pinheirinho. Segundo ela, América Latina, Caribe e África são regiões com as quais o Brasil "mais tem obrigação" de construir uma "política decente". "Não uma política que só olhe o seu interesse, mas seja capaz de construir com o seu interesse, o interesse do outro povo. Eu acho que essa é a novidade da nossa presença internacional." Foram fechados acordos pelos quais o Brasil aumenta o financiamento à produção de alimentos em Cuba, na área de transporte, biotecnologia, de melhoria do fluxo de comércio entre os dois países, hoje em US$ 650 milhões por ano. Tudo se soma agora ao crédito de US$ 650 milhões que o Brasil cedeu a Cuba para ajudar numa das maiores obras em andamento na ilha, o Porto de Mariel, a cerca de 45 minutos de Havana, que Dilma visitaria mais tarde. "[O porto] É fundamental que se criem aqui de concições de sustentabilidade para o desenvolvimento do povo cubano", dissera a presidenta na entrevista. Na conversa com os jornalistas, Dilma disse que o Brasil é um país pacífico e que faz política internacional dialogando com todos, Cuba, e Estados Unidos (cujo presidente recebeu no ano passado e a quem deve visitar em março), Argentina e União Européia, China e G-20, como aconteceu no ano passado. "Não acredito, nem para nós internamente, que as práticas violentas de tratamento de movimentos sociais se justifiquem", declarou a presidenta, em outra referência velada ao caso Pinheirinho, que ela havia comentado apenas numa reunião fechada ("barbárie"). "Nem tampouco nós acreditamos que a guerra, o conflito, o confronto, levem a grandes resultados", emendou a presidenta, numa declaração sem endereço mas que pode ser entendida tanto dentro do Brasil, no caso Pinheirinho, quanto em relação à tradicional postura bélica dos EUA.
A íntegra.