quarta-feira, 2 de maio de 2012

Memórias de um delegado assassino a serviço de elites rurais e políticas

Na sua própria definição. Hoje, arrependido, ele é pastor de uma igreja evangélica.

Do portal iG.
Cláudio Guerra: um matador que se diz em busca da paz
Ex-delegado do Dops afirma que resolveu confessar seus crimes na ditadura depois de se converter à igreja evangélica
Tales Faria
O ex-delegado do Dops (Departamento de Ordem Político Social) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra, afirma que resolveu confessar seu envolvimento em crimes durante a ditadura militar devido a um conflito de consciência. Após passar sete anos na cadeia sob acusação de ter matado um bicheiro, Cláudio Guerra converteu-se ao cristianismo e, hoje, aos 71 anos, é um pastor que costuma citar em suas pregações os seus "pecados do passado". Após assassinatos, delegado virou preletor da Assembleia de Deus. Os jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo Netto contam, no livro "Memórias de uma guerra suja", que Cláudio Guerra tornou-se famoso no início dos anos 70 no Espírito Santo como um ardiloso e implacável combatente da bandidagem às custas de mais de 35 execuções de acusados de crimes comuns. Ele próprio confessa outras 40 mortes anteriores "de pistoleiros e lideranças camponesas", no início da carreira policial em Minas Gerais. "Se lá (em Minas) servi às elites rurais, (aqui) no Espírito Santo prestei serviço às suas elites políticas." Os jornalistas afirmam que era comum Guerra ser homenageado e cortejado pelo mundo político e empresarial. Seu gabinete no Dops era frequentado por dois governadores do período da ditadura militar: Élcio Álvares e Eurico Rezende. Mas as suspeitas de que teria matado uma colunista social dos jornais locais acabaram atraindo a mídia nacional para o estado. E a imagem do delegado se deteriorou. O próprio Rogério Medeiros foi autor de uma reportagem demolidora contra o delegado no Jornal do Brasil. O ex-delegado dá os nomes dos comandantes da operação, "os mesmos de sempre".
A íntegra.