terça-feira, 26 de junho de 2012

A Monsanto e o golpe no Paraguai

Campanha da "grande" imprensa denunciando corrupção no governo: essa história a gente já conhece.
Ruralistas e as multinacionais dos agrotóxicos e transgênicos associados a políticos que controlam o Congresso: isso também nós conhecemos.
Justiça (?) determinando expulsão de pobres e reintegração de posse aos ricos -- também isso nós já conhecemos fartamente.
E polícia militar sendo usada para matar trabalhadores rurais, não tem no Brasil?
Paraguai Resiste denuncia que a deposição do presidente Lugo passou por esses caminhos.
Por trás do golpe estão os interesses econômicos das multinacionais do agronegócio: Monsanto, Cargill, Syngenta e outras.
O cultivo de soja transgênica ocupa área de quase três milhões de hectares, com uma produção de cerca de 7 milhões de toneladas em 2010. "As multinacionais do agronegócio não pagam impostos no Paraguai. Os latifundiários não pagam impostos.
O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Oitenta e cinco por cento das terras, cerca de 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% dos proprietários, que se dedicam à produção meramemnte extrativista ou, no pior dos casos, à especulação com a terra."
O poder dessa gente sobre governos, políticos e imprensa é tão grande que parece a teoria da conspiração. É o que mostra o artigo abaixo, no original e traduzido.
PS: No dia 4/7/12 a Monsanto divulgou nota em que nega participação no golpe.

Do Paraguai Resiste.
Monsanto Golpea en Paraguay
Por Idilio Méndez Grimaldi
Quienes están detrás de esta trama tan siniestra? Los propulsores de una ideología que promueven el máximo beneficio económico a cualquier precio y cuanto más, mejor, ahora y en el futuro. 

El viernes 15 de junio de 2012, un grupo de policías que iba a cumplir una orden de desalojo en el departamento de Canindeyú en la frontera con Brasil, fue emboscado por francotiradores, mezclados con campesinos que reclamaban tierras para sobrevivir. La orden fue dada por un juez y una fiscala para proteger a un latifundista. Como resultado se tuvo 17 muertos; 6 policías y 11 campesinos y decenas de heridos graves…
…Las consecuencias: El laxo y timorato gobierno de Fernando Lugo quedó con debilidad ascendente y extrema, cada vez más derechizado, llevado a juicio político por un Congreso dominado por la derecha; duro revés a la izquierda, a las organizaciones sociales y campesinas, acusadas por la oligarquía terrateniente de instigar a los campesinos; avance delagronegocio extractivista de manos de las transnacionales como Monsanto, mediante la persecución a los campesinos y el arrebato de sus tierras y, finalmente, la instalación de una cómoda platea para los oligarcas y los partidos de derecha para su retorno triunfal en las elecciones de 2013 al Poder Ejecutivo.
A íntegra.

Do blog Vi o mundo.
Monsanto golpeia no Paraguai: Os mortos de Curuguaty e o juízo político de Lugo
Por Idilio Méndez Grimaldi (*)
Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os promotores de uma ideologia que busca o máximo benefício econômico a qualquer preço e quanto mais, melhor, agora e no futuro.

Na quinta-feira, 15 de junho de 2012, um grupo policial que cumpriria ordem de despejo no estado de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados a camponeses que reclamavam terras para sobreviver. A ordem foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Como resultado houve 17 mortes; 6 policiais e 11 camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o governo fraco e temeroso de Fernando Lugo ficou com debilidade crescente e extrema, apesar de cada vez mais direitista, a ponto de ser levado a juízo político por um Congresso dominado pela direita; um duro revés para a esquerda, as organizações sociais e camponesas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses; avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, através da perseguição e tomada de terras dos camponeses, e finalmente, a instalação de uma cômoda plateia para os partidos de direita, para seu retorno triunfal nas eleições do Executivo em 2013.
No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério de Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente o plantio de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norte-americana de biotecnologia Monsanto, para uso comercial no Paraguai. Os protestos de camponeses e de organizações ambientalistas não se fizeram esperar. O gene deste algodão é misturado com o gene da Bacillus Thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do pulgão, que bota ovos no casulo do têxtil. O Serviço Nacional de Qualidade, Saúde Vegetal e de Sementes, Senave, outra instituição do estado paraguaio, dirigido por Miguel Lovera, não registrou dita semente transgênica nos registros de cultivares, por carecer de análise do Ministério da Saúde e da Secretaria de Meio Ambiente, como exige a legislação.
Campanha midiática
Durante os meses posteriores, a Monsanto, através da União de Grêmios de Produção, UGP, estreitamente ligada ao Grupo Zuccolillo, que publica o diario ABC Color [o jornal mais importante do Paraguai], arremeteu contra o Senave e seu presidente por não inscrever a semente transgênica da Monsanto para uso comercial em todo o país.
A contagem regressiva decisiva se deu com uma nova denúncia por parte da pseudosindicalista do Senave, de nome Silvia Martínez, que acusou Lovera, em 7 de junho passado, de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, através do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosán, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra multinacional, ambas sócias da UGP.
A íntegra.