quarta-feira, 27 de junho de 2012

Romeu e Julieta: a peça de uma geração. Galpão: o teatro de uma cidade

A elite babaca que mora no Mangabeiras reclamou da perturbação que a encenação de Romeu e Julieta provocou na Praça do Papa. Eu não sabia. São os que têm amplos espaços privados vendidos a preço de banana pelo governo décadas atrás e querem privatizar os espaços públicos. Querem privatizar aquela parte da cidade, não querem que os pobres frequentem o parque nem a praça, não querem ser pertubados na sua ilha rica. É essa gente que o prefeito Lacerda representa, é para eles que governa. A estreia da peça no sábado foi maravilhosa. Felizes daqueles que viram. A população de Belo Horizonte se orgulha do Galpão, uma das poucas coisas que engrandecem a cidade. E certamente assina embaixo as palavras do "Carioca".

Do saite do Galpão. 
A volta de Romeu e Julieta a BHZ
por Eduardo Moreira, 19/6/12
(...) No domingo, vivi uma das cenas mais emocionantes como ator quando, durante a cena do casamento, meu personagem entoando a canção "Amo-te muito" foi acompanhado por um coro suave e delicado de dez mil (vá perguntar à polícia militar!) vozes.Uma coisa estrondosamnte emocionante! Perceber como aquelas cenas, aquela história, o cenário, os personagens fazem parte da memória de vida de uma geração, de uma cidade.
(...) Lavou minha alma, o esclarecedor artigo do João Paulo no caderno "Pensar" do jornal "Estado de Minas" falando das apresentações do Galpão na praça do Papa, com o título "Galpão e a cidade". Isso poruqe ganhou destaque nas páginas do mesmo jornal a manifestação de protesto da associção de moradores do bairro Mangabeiras contra as desordens causadas ao trânsito da região pelo afluxo de dez mil pessoas. Por mais que transtornos possam acontecer (e na praça, eles definitivamente não aconteceram) é preciso entender e respeitar essa celebração de uma memória coletiva que se manifestou e extravasou numa noite de sábado e num entardecer estonteante de domingo.
Na verdade, tudo isso é muito sintomático de um país onde os ricos encastelados em suas mansões e condomínios, se afastaram de tal forma do espaço público e do bem comum, que só se interessam pelo seu próprio bem estar e consumo. Isso só me faz ter a certeza de que a retomada do espaço público como celebração da convivência e do projeto de bem estar de uma comunidade é um projeto fundamental que está intrinsecamente ligado com a educação, a saúde, a cidadania das pessoas, a conscientização dos direitos e deveres de cada um, o fim dos abusos e da corrupção. Temos um longo caminho pela frente. Que os filhos dos filhos dessa nova geração que conseguiu assitir a "Romeu e Julieta" cheguem lá. E que nós façamos também a nossa parte, no pouco tempo que ainda nos resta.
A íntegra.