sexta-feira, 20 de julho de 2012

Verão na Europa

Depois da Grécia, a Espanha. A questão é simples: quem fez a dívida que a pague. Por que cortar benefícios sociais? Por que banqueiros e políticos ficam imunes? Por que não cortar despesas dos políticos? Por que não cortar despesas com exércitos e armas? (A indústria espanhola de armamentos está a todo vapor: duplicou exportações.) Por que os banqueiros não fazem o "sacrifício" de abrir mão dos juros? Por que os empresários não fazem o "sacrifício" de abrir mão dos seus lucros? Será porque quem manda no sistema é o capital, são os banqueiros e as grandes empresas? Será que é porque, embora eleitos pelo povo, os políticos governam para os ricos?

Da Agência Carta Maior.
Povo espanhol pede sacrifício de políticos e banqueiros
Guilherme Kolling, de Madri
"A joderlos!, ooéé! A joderlos, ooéé!"... O principal grito de guerra da torcida da Espanha na Eurocopa 2012 (o original é Por La Roja!, ooéé!) ganhou uma paródia malcriada que ecoou pelas principais vias do centro de Madri na noite desta quinta-feira. Quem cantava era o povo que saiu às ruas para protestar. O alvo eram políticos e banqueiros.
A inspiração veio da deputada Andrea Fabra, do conservador Partido Popular (PP), que foi flagrada dizendo 'que se jodan!', durante a apresentação no Congresso espanhol do corte de 65 bilhões de euros anunciado pelo governo na semana passada.
A população atingida pela medida reagiu com força, em 80 cidades. Em Madri, mais de 100 mil pessoas participaram da marcha pelo Paseo del Prado, Calle de Alcalá, até chegar na Puerta del Sol.
Um deles era Carlos Gaudencio, funcionário da prefeitura que exibia um cartaz parafraseando a deputada do PP, mas atacando os políticos. "Que se jodan, pero mira cómo roban!" Havia muitos outros estandartes nesse estilo, caso de uma bandeira da União Europeia contornada pelos dizeres "Bancos y políticos, que se jodan".
Organizado pelos principais sindicatos do país ibérico, o ato tinha como título "Quieren arruinar com el país. Hay que impedirlo. Somo más". Teve apoio maciço de centenas de entidades e de milhares de cidadãos que simplesmente desejavam manifestar seu descontentamento com as medidas do governo de direita comandado por Mariano Rajoy (PP).
O pacote aumenta impostos e sacrifica funcionários públicos, aposentados e desempregados. Nem educação nem saúde foram poupados. Rajoy declarou que não gostaria de ter adotado as medidas, mas justificou que não havia outra opção para a Espanha, que precisa reduzir seu déficit para receber o resgate de 100 bilhões de euros da União Europeia para salvar seus bancos.
A interpretação exibida nas ruas é outra. Seja no "Manos arriba! Eso es un asalto!", uma das palavras de ordem da caminhada, ou no cartaz com os dizeres "Nos roban dinero para dar a los banqueros".
Ao invés de cortes nos salários e em áreas sociais, os manifestantes defendem menos dinheiro às instituições financeiras, menos cargos políticos, redução dos altos salários e nas benesses de parlamentares.
A íntegra.