domingo, 18 de novembro de 2012

A batida policial no Maletta

Formas de repressão típicas do nazismo avançam no País, a partir de São Paulo, copiadas por outros prefeitos e governadores neoliberais. A redemocratização constitucional de 1988 não reformou as polícias, que continuam atuando contra a população, contra a liberdade, a serviço dos conservadores -- exatamente como na ditadura militar. O cidadão que precisa da PM sabe como ela demora, quando atende. No entanto, ela continua atuando em ações para a qual não está preparada e que cabem a polícias civis, como a repressão aos costumes e às pacíficas manifestações populares. O Maletta, um tradicional edifício no centro de Belo Horizonte, que faz parte da história da cidade, mas andou decadente, passa por um período de renascimento cultural, graças à sua reocupação por grupos de jovens, que abrem ali bares e ateliês. Qualquer pessoa ligada à cultura atesta isso. Trata-se de um salutar movimento de ocupação dos espaços urbanos, que torna a cidade viva. Isso incomoda os governantes protofascistas. Eles querem a cidade morta, controlada -- população boa, pra eles, é população que participa de eventos patrocinados. A polícia busca drogas e traficantes, mas a maior e mais mortal droga -- o álcool -- continua sendo vendida a motoristas assassinos e as autoridades fingem que não veem -- fazem uma blitzinha aqui, outra ali, de vez em quando. Mas no Maletta dá uma grande batida. Qualquer pessoa sabe que traficantes são presos com outros métodos, sem precisar fechar edifício e reprimir moradores com cães farejadores. O objetivo da ação não foi reprimir tráfico de drogas, foi intimidar a população -- como no nazismo. O prefeito Lacerda, que já jogou água em mendigos, recolheu carrinhos de pipoca, prendeu hippies, proibiu o uso da Praça da Estação, vendeu ruas, áreas verdes e imóveis públicos, encheu de pedras espaços sob os viadutos, agora que foi reeleito fica mais ousado. Já mostrou isso ao declarar, de forma zombeteira, que a prefeitura precisa ser "babá" dos moradores. Tudo que interessa ao milionário prefeito é "preparar" a capital para que empresas ganhem muito dinheiro até a copa de 2014. Os moradores que insistem em usar a cidade atrapalham seus planos.

Do BHaz.
Frequentadores do Maletta organizam protesto contra ação policial no edifício
A ação policial realizada na última sexta-feira (9/11/12) no edifício Maletta, prédio histórico localizado na região central de Belo Horizonte, será alvo de protesto nesta quarta-feira (14) e é analisada pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais.
Em meio à mobilização que se deu pelas redes sociais durante o final de semana contra a operação conjunta (Polícia Militar, Juizado da Infância e Juventude e Prefeitura), denominada "Boemia Segura", o advogado Fernando Nogueira, membro da Comissão, convocou as pessoas a enviarem seus relatos por e-mail ou Facebook para embasar uma possível representação criminal contra a PM.
Enquanto analisa o material enviado pelos presentes no edifício naquela ocasião, Fernando afirma que a comissão estuda a possibilidade de entrar com representações criminais contra os responsáveis pelos crimes de prevaricação militar, constrangimento ilegal e abuso de autoridade.
O advogado considera que a ação teve como objetivo dar um "choque de ordem" em um local que fica cada vez mais movimentado e se torna uma referência para a população belo-horizontina. "Foi uma medida repressiva e de impacto para começar a instaurar simbolicamente no Malleta e em outros espaços uma dinâmica de controle verticalizada e militarizada."
Frequentadores do edifício se organizaram pelo Facebook para promover uma manifestação no saguão do prédio, nesta quarta-feira (14) às 19 horas, contra a ação coordenada pela polícia.
Por meio de nota, a Polícia Militar de Minas Gerais afirmou que a operação Boemia Segura foi realizada após denúncias de que o local estaria sendo usado para o tráfico de drogas e que as pessoas que se sentiram agredidas podem procurar a corregedoria para que o caso seja apurado.
Segundo a PM, cinco pessoas foram detidas por desacato, porte e tráfico de drogas e um bar foi multado por vender bebida alcoólica a duas menores de idade.
A íntegra.