quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Copa do mundo da fifa veio para piorar a educação e os esportes no Brasil

A reforma do Maracanã vai destruir a Escola Municipal Arthur Friedenreich, uma escola modelo, e o Parque Aquático Júlio Delamare, cuja importância para a natação brasileira é exaltada por todos. No lugar do parque, será construído um estacionamento! E no lugar da escola, uma quadra de aquecimento para jogadores! A declaração do secretário do governo do Rio impressiona pela frieza e pelo cinismo.
A destruição do parque e da escola (esta não é a única escola demolida por causa da copa) é uma declaração eloquente dos governos brasileiros de que não dão a mínima para educação e esportes. O pretexto é "atender padrões internacionais". Num estádio? E na educação? Na saúde? No transporte público? Na moradia? Na qualidade de vida nas cidades? Na conservação do ambiente? Na alimentação e no salário dos trabalhadores? Enfim, nas coisas realmente importantes, o Brasil não precisa "atender padrões internacionais"?
Só o que importa a essa gente é distribuir dinheiro público para a máfi(f)a e empreiteiras. Os brasileiros arcam com os prejuízos, inúmeras comunidades (moradores, estudantes, atletas e todos que estão no caminho da copa) estão sendo prejudicadas, até a lei brasileira será outra durante as copas do mundo (2014) e das confederações (2013), e sequer poderemos ver os jogos -- uma cota limitada de ingressos "populares" (28 reais!) será vendida somente para estudantes, idosos e quem tem "bolsa família".
Só as obras nos seis estádios que terão jogos da copa das confederações estão custando em torno de R$ 4 bilhões. Daria pra melhorar muitas escolas, mas educação não tem importância (como comprova a rejeição do projeto dos royalties do petróleo pelo Congresso). E os estádios ainda estão sendo transferidos para a iniciativa privada. Equivale dizer: os prejuízos são públicos e os lucros são privados.
A realização da copa do mundo da fifa é a maior vergonha dos governos Lula e Dilma, na sua face neoliberal. Uma violência similar à da construção de hidrelétricas, que inundam matas, extinguem espécies, expulsam indígenas e populações ribeirinhas. A diferença é que neste caso a desculpa é a necessidade de energia para o crescimento econômico (na verdade para indústrias). No caso dos estádios a justificativa é atender as exigências da máfi(f)a.

Do jornal O Globo.
Demolição da unidade para obras do Maracanã preocupa pais, alunos e professores
O destino dos alunos da Escola Municipal Friedenreich, no Maracanã, já está definido. Em entrevista à Rádio CBN, nesta quinta-feira, o secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner, afirmou que a unidade será transferida para o prédio da antiga escola de veterinária do Exército, localizado em São Cristóvão. A escola será demolida para construção das quadras de aquecimento, a serem usadas por jogadores de futebol que competirem no Complexo do Maracanã. Segundo o secretário, o terreno, que pertence às Forças Armadas, será cedido à Prefeitura do Rio, e o prédio, protegido pelo patrimônio histórico, passará por reforma antes de receber os alunos e professores.
Segundo a Secretaria estadual da Casa Civil, a demolição da Escola Municipal Friedenreich é necessária para que o futuro Complexo do Maracanã atenda aos padrões internacionais. O secretário Régis Fichtner disse que a prefeitura já concordou com a mudança. Ele explicou que o consórcio que vencer a licitação das obras do Maracanã fará a adaptação do edifício, desativado desde 1975, para receber a escola. Fichtner ressaltou ainda que não haverá prejuízo às aulas.
-- Os pais não precisam ficar preocupados. A localização é muito melhor que a atual, já que o barulho das obras estão (sic) atrapalhando as aulas. E a mudança não altera em nada o ensino. A escola é boa não por causa do lugar, mas pelas pessoas que ali trabalham, pelos alunos dedicados -- afirmou. Pais, alunos e professores da Escola Municipal Friedenreich prometem ir em peso, na quinta-feira, à audiência pública no Galpão da Cidadania, na Zona Portuária, com o secretário Régis Fichtner. Eles querem evitar que a escola seja demolida. A unidade é um raro exemplo da rede que satisfaz a todos: tem o quarto melhor ensino da cidade do Rio e o sétimo do estado, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A íntegra.

Do SporTV.com.
Adeus de parque aquático deixa nadadores e técnicos incrédulos
Nadadores, técnicos e parte da própria população do Rio de Janeiro estão incrédulos com a notícia de que o Parque Aquático Júlio Delamare, um dos principais palcos de competição do país, será demolido em virtude das obras de reforma do estádio do Maracanã, sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A promessa de construção de um novo complexo, próximo ao antigo local, não convence aqueles que utilizam as piscinas do tradicional complexo e lamentam o motivo que consideram simples demais para o adeus de um dos símbolos do esporte brasileiro: a criação de um estacionamento (assista ao vídeo).
- A partir do dia em que a gente precisar fazer índices, que a gente precisa de uma piscina rápida, a gente vai ficar devendo. É só lembrança mesmo. Tem que ficar na cabeça, porque vai virar terra. Para os políticos que decidirem isso, se eles estiverem assistindo, que façam outra piscina. Faz outra que a gente está precisando -- afirmou Cesar Cielo, medalhista de bronze nos 50m livre nos Jogos de Londres.
A íntegra.