sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sua estupidez

Outra pérola de Gal Costa.

 

"Volta, vem viver outra vez ao meu lado..."

No começo dos anos 70, quando a barra estava pesada mesmo, Gal Costa era Gal, Gil e Caetano, sem falar em outros artistas censurados e exilados. Foi seu auge, e ela era mesmo o máximo, como se vê aqui.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ocupação Dandara: três anos de luta contra a insensibilidade de Lacerda e Anastasia

Para as elites brasileiras, incluindo nelas a velha "grande" imprensa, o povo é invisível. Não sendo visto, não existe, não tem história, como esta de Geilsa e seus companheiros na ocupação Dandara. 

Da Agência Carta Maior.
Em Belo Horizonte, ocupação Dandara desafia especulação imobiliária há três anos  
Lívia Bacelete 
"A Dandara não joga para perder. Vamos conquistando as coisas, que para muita gente é dificuldade, mas para nós é um jeito de lutar, conquistar e nunca desistir." O depoimento de Geílsa Rocha Lima revela o espírito do povo dandarense, forma como se autodenominam os moradores da ocupação Dandara. Geílsa vive na área desde o início da ocupação, em 2009, e garante que sem dificuldade não há luta.
Localizada entre os bairros Céu Azul e Nova Pampulha, em Belo Horizonte (MG), a Dandara está situada em uma área de 40 hectares, onde vivem cerca de mil famílias. Inspirado na companheira de Zumbi dos Palmares, o nome não foi por acaso. No início, 70% das pessoas que faziam parte da ocupação eram mulheres que empreendiam uma luta contra a escravidão do aluguel e buscavam um futuro digno para seus filhos.
Propriedade da construtora Modelo, o terreno estava ocioso desde a década de 1970 e acumulava uma dívida de mais de R$ 2 milhões em IPTU não recolhidos. "A sociedade pode falar que somos invasores, mas a gente só ocupou um lugar que estava há 40 anos vazio", explica Geílsa, que antes de ir para a Dandara era uma pequena empresária do setor de calçados. Ela e o marido entraram em falência e viram na ocupação uma oportunidade de recomeçar a vida da família.
A íntegra.

Análise do brasileirinho

(Vulgo "brasileirão" da CBF.)
Iniciado o returno, é hora de fazer um balanço. A esta altura parece que o título de 2012 ficará entre os três primeiros colocados. A diferença de pontos entre o líder, Atlético, e o quarto colocado, Vasco, é de 9 pontos. Entre o Galo e o segundo, Fluminense, 1 ponto, entre o Galo e o terceiro, Grêmio, 4. A dificuldade para o Vasco e os que vêm em seguida, São Paulo, Cruzeiro e Internacional, todos eles com 31 pontos, portanto, 13 a menos que o líder, não é não melhorarem seu desempenho, o que costuma acontecer com alguns times no returno, é verem três clubes caírem igualmente de rendimento, o que não costuma acontecer.
Resta avaliar então a situação de Atlético, Fluminense e Grêmio. Os três vivem momentos distintos: o Atlético, de queda; o Fluminense, de estabilidade; o Grêmio, de subida. Nas cinco últimas rodadas, a primeira do returno e as quatro últimas do turno, o Grêmio ganhou 12 pontos (quatro vitórias e uma derrota), o Fluminense, ganhou 11 (três vitórias e dois empates) e o Atlético, apenas 9 (duas vitórias e três empates).
Empatar é um péssimo negócio, principalmente quando se leva um gol no último minuto, quando se domina amplamente a partida e não se consegue marcar. Por isso a situação do Atlético é preocupante: entrou no costume de empatar e precisa urgentemente reverter isso. Perdeu seis pontos em três jogos nos quais teve a vitória nas mãos -- ou nos pés -- e deixou seus rivais se aproximarem, principalmente o Grêmio. O Galo perdeu a gordura que tinha e agora tem obrigação de vencer o Flamengo no Rio, no jogo que falta do turno, para recuperá-la.
Sua situação não é fácil: tem antes pela frente o Corinthians, no Pacaembu, domingo. Trata-se do time mais organizado do País, que não faz boa campanha, mas parou o Fluminense no Rio, ontem. Os tricolores gaúcho e carioca têm na véspera jogos aparentemente mais fáceis e o Galo pode entrar em campo já com obrigação de vencer para manter a liderança. Seu pensamento, no entanto, não pode ser esse e sim que precisa vencer o Corinthians para ser campeão. Nada melhor do que derrotar o atual campeão da Libertadores no seu campo para demonstrar força de campeão.
O jogo seguinte também é fora, contra o Bahia -- duas derrotas ou mesmo mais dois empates serão catastróficos.
O pior de tudo é que a Ponte Preta ontem jogou por terra o mito da vitória certa no Estádio Independência. Esta condição precisa ser revertida. Dois jogos seguidos o Galo jogou lá e não venceu. Contra o Cruzeiro, tudo bem, pois a torcida era contrária e foi um erro de arbitragem, aliado à desatenção da defesa no último minuto, que impediu a vitória, mas por isso mesmo ontem o Galo tinha obrigação de vencer. Se tivesse vencido domingo, o empate ontem não seria desastroso; se tivesse vencido ontem, o empate domingo seria esquecido. O problema são os dois empates seguidos. Os quatro pontos perdidos nos dois jogos podem ser decisivos no final do campeonato.
No primeiro turno, o Galo mostrou um time à altura da sua apaixonada torcida, com cara de campeão O segundo turno é um novo campeonato. Nele, o Atlético de Cuca terá de demonstrar que não perdeu o fôlego e que não tem menos vontade de ser campeão do que o Fluminense de Abel Braga e o Grêmio de Luxemburgo. Principalmente, terá de mostrar que o futebol brilhante de Ronaldinho Gaúcho, Bernard e companhia não foi fogo de palha. Será este mais um time que a certa altura mereceu ser campeão, mas não foi, ou um time que ao final do campeonato mostrou que soube ser campeão?
O título se conquista vencendo jogo após jogo, disputando cada partida como seu fosse a final. Serão 18 finais (a partida contra o Flamengo deve ser desconsiderada, mais vencida, como uma partida bônus) -- e a primeira delas é domingo, contra o campeão da Libertadores.
Para ser campeão, o Galo terá de vencer 18 finais, ou pelo menos 13, como venceu no primeiro turno, especialmente os jogos decisivos, contra o Grêmio e o Fluminense, na 26ª e na 32ª rodadas, respectivamente -- ambos, por sinal, no Independência. Nestes dois jogos tem obrigação de fazer prevalecer o mando de campo. E deverá chegar a eles na frente ou na mesma posição dos adversários, para desferir em cada um um golpe fatal. Será capaz disso?
É o que veremos a partir de domingo.

Vereadores de BH vendem ruas na Lagoinha

Seguindo mau exemplo do prefeito Lacerda, vereadores também vendem terrenos públicos.

Do Estado de Minas, 8/8/12.
Aprovada na Câmara Municipal venda de ruas para igreja em BH
Os vereadores de Belo Horizonte autorizaram a venda de trechos de três ruas no Bairro São Cristóvão, na Região Nordeste, para dar lugar a um novo templo da Igreja Batista da Lagoinha. Com 23 votos favoráveis, a proposta foi aprovada na Câmara Municipal em segundo turno e caberá agora ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) sancioná-la. Se o projeto virar lei, duas casas localizadas da Rua Ipê ficarão ilhadas com a construção da igreja. 

O descaso da PBH com os pedestres

Jornal "descobre" a calamitosa situação dos passeios públicos na capital mineira. Administração Lacerda não só não zela pela qualidade de vida para os pedestres, deixando que construtoras e comerciantes façam o que querem, privatizando os passeios, como também deixou milhares de tocos de árvores cortadas, cidade afora. Na Savassi, a PBH chegou ao cúmulo de terminar a obra longa, cara e mal feita "esquecendo" uma grade de contenção de pedestres bem no meio do passeio, na esquina de Cristóvão Colombo com Paraíba.

Do Hoje em Dia, 30/8/12.
Pedestre enfrenta corrida de obstáculos nas calçadas  
Izabela Ventura
Um simples passeio pelas calçadas de Belo Horizonte pode se transformar em uma corrida de obstáculos. Ou até terminar em acidentes. Pedras, buracos, entulho, falta de calçamento e pisos inadequados comprometem a segurança dos caminhantes, situação que fere pelo menos sete itens do Estatuto do Pedestre da cidade.
A íntegra.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Mais um despejo em São Paulo

Qual é a lógica dessa política? Qual é a justiça? Quem não tem onde morar fica na rua e hotel abandonado fica vazio. A cidade é para as pessoas ou para os proprietários? Imóvel é pra gente usar ou é para especulação imobiliária?

Do Pragmatismo Político.
Prefeitura de SP manda 94 famílias carentes para o olho da rua 
Sem alojamento, os sem-teto da ocupação Ipiranga ficaram na calçada com suas roupas dentro de sacos de lixo nesta terça-feira (28/8/12); no imóvel, antes da ocupação, funcionava um hotel que estava abandonado há mais de sete anosMoradores do prédio desocupado expressam indignação com o prefeito Gilberto Kassab. As 94 famílias sem-teto que ocupavam o prédio da avenida Ipiranga, 908, no centro de São Paulo, foram despejadas na manhã desta terça-feira. Com a presença de dezenas de policiais militares prontos para fazer a reintegração de posse, os moradores decidiram sair do prédio pacificamente para evitar confrontos. Sem ter para onde ir – já que a prefeitura deixou claro aos moradores que não terá alojamento por falta de verba – as famílias, neste momento, estão na calçada com suas roupas em sacos de lixo.
A íntegra.
(Fotos: Marcelo Camargo / ABr)










A campanha eleitoral no Barreiro

Do blog do Movimento da Ocupação Eliana Silva.
Famílias da Eliana Silva colocam Lacerda pra correr do Barreiro 
Uma comissão representando as famílias da Ocupação Eliana Silva compareceu a agenda de campanha eleitoral do prefeito Márcio Lacerda, no Barreiro, nesta segunda-feira (27/8/12). O evento aconteceu na Praça da Febem e contava com candidatos e apoiadores de Lacerda, portando muitas faixas e bandeiras da campanha.
O grupo representando a Ocupação não se intimidou diante de tantos puxa sacos do prefeito e abriu faixas, bandeiras do MLB e palavras de ordem, cobrando uma solução para o problema da moradia em Belo Horizonte, em especial, das famílias da Eliana Silva.
Mesmo Lacerda tentando fugir da pressão e das famílias, a comissão apertou o prefeito, que ficou atônico e pálido quando teve que encarar esses lutadores sociais frente a frente. Diante da cobrança de uma reunião para tratar da questão da moradia para essas famílias, Lacerda sequer conseguiu esboçar qualquer palavra, repassando essa responsabilidade para seus assessores. Lacerda só é "corajoso" quando está no seu gabinete, protegido por poderoso esquema de segurança e com a PM e o caveirão atacando as famílias.
A íntegra.

Os bancos e seus políticos em SP: Clinton, Blair e FHC

Da Agência Carta Maior.
Fala FHC: O que seria do Brasil em mãos tucanas?
Um grande banco de São Paulo reuniu nesta terça-feira (28/8/12) três vigas chamuscadas do incêndio neoliberal que ainda arde no planeta: Clinton, Blair e FHC. Que um banco tenha promovido um megaevento com esses personagens a essa altura do rescaldo diz o bastante sobre a natureza do setor e da ingenuidade dos que acreditam em cooptar o seu 'empenho' na travessia para um novo modelo de desenvolvimento. Passemos.
As verdades às vezes escapam das bocas mais inesperadas. Clinton e Blair jogaram a toalha no sarau anacrônico do dinheiro com seus porta-vozes. Coube ao ex-presidente norte-americano sintetizar um reconhecimento explícito: 'Olhando de fora, o Brasil está muito bem. Se tivesse que apostar num país, seria o Brasil'.
Isso, repita-se, vindo de um ex-presidente gringo que consolidou a marcha da insensatez financeira em 1999, com a revogação da lei de Glass-Steagall.
Promulgada em junho de 1933, três meses depois da Lei de Emergência Bancária, que marcou a posse de Roosevelt, destinava-se a enquadrar o dinheiro sem lei, cujas estripulias conduziram o mundo à Depressão de 29.
A legislação revogada por Clinton submetia os bancos ao rígido poder regulador do Estado. Legitimado pela crise, Roosevelt rebaixou os banqueiros à condição de concessionários de um serviço sagrado de interesse público: o fornecimento de crédito e o financiamento da produção. Enquanto vigorou, a Glass Steagall reprimiu o advento do supermercado financeiro, o labirinto de vasos comunicantes dos gigantes financeiros em que bancos comerciais agem como caixa preta de investimento especulativo, com o dinheiro de correntistas.
A íntegra.

Um retrato da educação no Brasil

Pública foi ao Pará em busca dos investimentos destinados à educação. Encontrou salas em ruínas, alunos sem livro, caderno, merenda e até sem aula.  

O dinheiro sumiu da escola; e a educação também
Por Ana Aranha
Um aluno da 1a série assiste à aula encharcado. Ele caiu do barco de madeira superlotado que faz o transporte escolar. Na mesma cidade, funcionários da prefeitura circulam em lanchas enviadas pelo Ministério da Educação, equipadas com colete salva-vidas.
Um professor com problemas de saúde recorre ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e descobre que não tem direito ao benefício. Suas contribuições, descontadas mensalmente há 15 anos na folha de pagamento, nunca foram recolhidas pela prefeitura.
Pais têm medo de deixar os filhos na escola. As paredes foram pintadas por fora, mas por dentro rachaduras se estendem do teto ao piso. Na prestação de contas da secretaria municipal de Educação, mais de um milhão de reais gastos em reforma.
Escolas fecham as portas uma hora mais cedo. A merenda, que deveria durar todo o mês, acaba em menos de duas semanas – e os professores não conseguem ensinar aos alunos com fome. Nas notas fiscais da prefeitura, os alimentos foram comprados. Por até três vezes o preço do mercado local.
Os casos acima são uma amostra da série de crimes cometidos contra os estudantes do Pará. As evidências de desvio de recursos – e as suas consequências – são encontradas fartamente dentro das escolas. Aqui, a relação de causa e efeito é clara: quanto mais corrupção, pior é o ensino oferecido.
Antes de chegar a essa conclusão, a Pública coletou informações sobre a qualidade da educação no norte do país e fez um detalhado cruzamento dos dados sobre os desvios na verba que deveria ser investida nas escolas do Pará. Depois, visitou as escolas do Pará, estado que divide com o Amapá o último lugar no ranking em educação na região norte, por sua vez a que oferece pior ensino no país, de acordo com os novos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação.
A íntegra.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A câmara e a câmera

Até algum tempo atrás, câmara era câmara, seja dos deputados, seja fotográfica. Depois começaram a diferenciar: câmara fotográfica virou câmera, certamente por influência do inglês. Agora começam a chamar a câmara dos vereadores de câmera também, como nesta notícia do portal Uai (28/8/12). A imprensa reinventa a língua de forma curiosa. Se a gente prestar atenção, nas transmissões de jogos de futebol não existe o artigo "a" para se referir à bola: os locutores e comentaristas nunca dizem "a bola", é sempre "essa bola". Por que será? Não dá pra entender, mas pegou, todos falam assim.

TV Alterosa é homenageada pela Câmera dos Vereadores de Belo Horizonte

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Venezuela sem preconceito

Opera Mundi publica série de reportagens sobre a Venezuela da Era Chávez.



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Modelo econômico venezuelano combina socialismo e mercado  
Breno Altman, Jonatas Campos e Marina Terra, de Caracas
As filas se formaram desde a madrugada. Centenas de pessoas, logo milhares, se aboletavam na Praça Venezuela, em Caracas, aguardando a abertura do centro comercial Bicentenário, que seria inaugurado naquele dia. Mas não era apenas a multidão de consumidores entusiasmados que chamava a atenção. O fato mais relevante era que o novo templo de vendas tinha como proprietário o Estado, oferecendo mais mercadorias e melhores preços que os concorrentes privados. O próprio presidente Chávez participou da inauguração.O shopping está localizado na mesma área em que o grupo francês Casino, nacionalizado em 2010, pretendia abrir o maior hipermercado do país. O governo manteve o projeto, mas resolveu abrir espaço também para lojas, bancos e farmácias. Mais de dez mil clientes passaram pelas gondolas no primeiro dia de funcionamento, a procura dos quase 20 mil itens disponíveis, de diferentes marcas.
A voracidade das compras era tão intensa que o gerente do mall socialista, Jóvito Ollarves, teve que estabelecer um limite de mercadorias para cada cliente. "Trata-se de um programa social que tem suas próprias normas e restrições", explica enquanto caminha, tentando administrar a balbúrdia. "Precisamos controlar para que todos possam ser atendidos."
O caso do Bicentenário é exemplar de alguns dos principais fluxos da economia venezuelana nos últimos catorze anos: aumento do emprego e renda, crescimento do papel do Estado, participação subordinada do capital privado e pressão inflacionária do consumo popular. Até a confusão nos caixas apresenta um bom retrato do processo em curso. As mudanças avançam em um cenário de conflitos, tensões e expectativas.
A íntegra.

Decisão sobre privatização da Rua Musas é hoje. Será o Copam capaz de barrá-la?

Esta história da Rua Musas é emblemática da administração do prefeito Lacerda. Ela resume os interesses que estão em disputa na eleição de outubro. Em primeiro lugar, o autoritarismo de privar os moradores da sua própria rua. Isso não aconteceria nas administrações anteriores do PT, porque a obra teria de ser submetida a decisão de conselhos municipais. Lacerda, porém, praticamente acabou com os conselhos e retrocedeu as decisões para os limites da Câmara de Vereadores, que ele controla e cuja corrupção a população conhece periodicamente em escândalos que se tornam públicos. Em segundo lugar, é emblemática da administração Lacerda o descaso com o espaço público e sua transformação em negócio: Lacerda, um empresário milionário, vendeu ou tentou vender todos os imóveis da prefeitura disponíveis, chegando ao absurdo de vender uma rua. Em terceiro lugar, na atual administração municipal prevalecem os interesses empresariais, especialmente de construtoras, sobre interesses coletivos da população. Em quatro lugar, o discurso único do prefeito atual são as obras da Copa do Mundo; em nome dela se cometem todos os crimes contra a população, a cidade, o ambiente, a qualidade de vida. Para completar, a construtora beneficiada pela lei que privatizou a Rua Musas é doadora da campanha do prefeito.
Em tempo: a reunião do Copam adiou a decisão; o Ministério Público vai investigar irregularidades na venda, conforme se pode ler aqui.

Do BHaz. 
Conselho decide futuro da construção de hotel no trevo do Belvedere
Representantes do Conselho Estadual de Politica Ambiental (Copam) se reúnem na tarde desta segunda-feira (27) com moradores da região Centro-Sul de Belo Horizonte para decidir se vai barrar a construção de um hotel no trevo do Belvedere. As promotorias de Defesa da Habitação e Urbanismo, e de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público de Minas Gerais (MPE-MG) entregaram, na semana passada, um documento ao órgão pedindo que as obras não sejam autorizadas. A alegação é de que o novo empreendimento infringiria a Lei de Uso e Ocupação do Solo da cidade e normas criadas pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal de Belo Horizonte.
A Batur Empreendimentos e Participações, do empresário Eduardo Gribel, planeja erguer, em dois terrenos hoje separados pela rua Musas, no bairro Alto Santa Lúcia, um hotel de 30 andares com cerca de 300 quartos, além de um shopping, um centro de convenções, um restaurante 24 horas e um apart-hotel. Para viabilizar o projeto, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vendeu, por pouco mais de R$ 4 milhões, um pedaço da via pública para a construtora. O negócio foi possível após a administração municipal publicar, em junho deste ano, um edital colocando o trecho em concorrência de "maior oferta", ou seja, quem oferecesse o lance mais alto ficaria com o espaço.
Apesar disso, o empreendimento planejado para ficar ao lado do trevo do Belvedere é considerado ilegal pelo Ministério Público do Estado. O órgão e moradores da região decidiram procurar o Copam em busca de apoio, já que a PBH se demonstrou favorável à construção.
"A Batur é do mesmo empresário que construiu o túnel do Ponteio que caiu, que é responsável pelo Shopping Anchieta onde os prédios ao redor desmoronaram. Um negócio que pode ser até uma troca de favores", afirma Magda Guadalupe, moradora da Rua Musas há 26 anos.
A íntegra.

Noam Chomsky: "Medalha de honra para Julien Assange"

Não há nada mais revolucionário do que expor publicamente a verdade que os governantes escondem daqueles que os elegeram.

Da Agência Carta Maior.
Noam Chomsky: "Querem vencer Assange pelo cansaço"
Nesta entrevista ao saite equatoriano GkillCity, o linguista e filósofo norte-americano defende que Assange não teria hipóteses de ter um julgamento justo nos Estados Unidos. Chomsky acrescenta que do ponto de vista de quem ama a democracia, o fundador do Wikileaks merecia "uma medalha de honra" em vez de um julgamento. "A sombra que paira sobre todo este assunto é a expectativa de que a Suécia envie rapidamente Assange para os EUA, onde as hipóteses de ele receber um julgamento justo são virtualmente zero".
José Maria León, Gkillcity -- O governo norte-americano emitiu uma nota em que declara que este assunto Julian Assange é um problema de britânicos, equatorianos e suecos. Você acha esse argumento honesto? Os EUA estão interessados no destino do criador do Wikileaks?
Chomsky -- A declaração não pode ser levada a sério. A sombra que paira sobre todo este assunto é a expectativa de que a Suécia envie rapidamente Assange para os EUA, onde as hipóteses de ele receber um julgamento justo são virtualmente zero. Tudo isso é evidente a partir do tratamento brutal e ilegal dado a Bradley Manning [o soldado norte-americano acusado de ter vazado as informações mais importantes que o Wikileaks publicou], e a histeria geral com que o governo e os media vêm tratando o caso.
Além disso, do ponto de vista de quem acredita no direito dos cidadãos a saber o que seus governos planeiam e fazem – ou seja, de quem tem afeto pela democracia – Assange não deveria receber um julgamento, mas uma medalha de honra.
-- Numa entrevista com Amy Goodman para o Democracy Now!, você afirmou que a principal razão para os segredos mantidos pelos Estados é protegerem-se da sua própria população. É a primeira vez na história em que o mundo vê as verdadeiras cores da diplomacia?
-- Qualquer um que estuda documentos cujo prazo de sigilo expirou, percebe que o segredo é, em grande parte, um esforço para proteger os políticos dos seus próprios cidadãos – e não o país dos seus inimigos. Sem dúvida o segredo é por vezes justificado, mas é raro – e no caso dos documentos expostos pelo Wikileaks, eu não vi um único exemplo disto.
A íntegra.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Os desmentidos que a velha imprensa precisa fazer

Da Agência Carta Maior.
Fila de espera na seção "Erramos" 
Por Saul Leblon.

1) Mídia: 'o chavismo fez da Venezuela o pior lugar da América Latina para se viver'; Fatos: a Venezuela é o país menos desigual da América Latina (Habitat-ONU);

2) Mídia: 'a xeonofobia e o populismo de Cristina Kirchner isolaram o país e afundaram sua economia'; Fatos: o investimento estrangeiro direto na Argentina cresceu no primeiro semestre acumulando um saldo de US$ 2,2 bi, 40% acima do registrado no mesmo período de 2011 (Banco Central argentino);

3) Mídia: 'o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) desviou dinheiro público em benefício próprio e para a compra votos' do mensalão; Fatos: as operações imputadas a João Paulo foram legais; a subcontratação de terceiros pela agência SMP&B, de Marcos Valério, que prestava serviços licitados à Câmara, é praxe no mercado; dos R$ 10,9 milhões pagos à SMP&B, R$ 7 milhões foram transferidos aos grandes grupos de comunicação para veiculação de publicidade: TV Globo (a maior fatia, R$ 2,7 milhões), SBT, Record, Abril, Folha e Estadão. (ministro Ricardo Lewandowski). Ou seja, os mesmos grupos de comunicação que sabiam da lisura do processo, lucraram com ele, martelavam a condenação do deputado.

4) Mídia: 'a carga' é intolerável e não se reflete nos serviços oferecidos'; Fatos: a arrecadação fiscal do Estado brasileiro é de US$ 3.797 per capita; a média dos países de G -7 é de US$ 11.811. Para ter recursos que permitissem oferecer serviços públicos de padrão europeu a receita (em sintonia com o PIB) teria que triplicar, o que só seria possível gravando os mais ricos, ao contrário do que apregoa o conservadorismo (dados FMI/FGV).

5) Mídia: 'O problema da saúde pública é de gestão'; Fatos: o gasto público per capta com saúde no Brasil é de US$ 320/ano; a média mundial é de US$ US$ 549/ ano; a dos países ricos é dez vezes maior que a brasileira (OMS-2012). Em tempo: em 2006, a conservadorismo logrou extinguir a cobrança da CPMF. Foram subtraídos R$ 40 bi em recursos à saúde pública, mesmo depois de o governo propor emenda vinculando indissociavelmente a receita CPMF ao orçamento da saúde pública.

A ONU e a injustiça social em BH

Administrações tucanas de Lacerda, Anastasia e Lacerda com certeza têm a ver com isso.

Do saite BHaz.
ONU aponta BH como a quarta metrópole mais injusta
Estudo das Nações Unidas divulgado na terça-feira (21/8/12) classifica a América Latina e o Caribe como as regiões mais urbanizadas e desiguais do Mundo. O levantamento é pioneiro. Ele traça o panorama de desenvolvimento latino-americano e escancara as grandes deficiências que persistem no processo de urbanização.
O estudo da ONU selecionou 24 cidades para avaliação e concluiu que Belo Horizonte é a quarta metrópole com pior distribuição de renda da região. Se considerarmos somente o Brasil, a capital mineira fica em terceiro lugar, atrás de Goiânia e Fortaleza.
A íntegra.

Globo recebeu dinheiro de Marcos Valério

Do blog Amigos do Presidente Lula
Globo 'mensaleira' embolsou R$ 2,7 milhões da agência de Marcos Valério, só na Câmara
Quem 'pariu' o termo "mensalão", agora aguente. A TV Globo e seus parceiros do PIG passaram 7 anos acusando falsamente o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) de ter desviado dinheiro público para o "mensalão" no contrato de publicidade da Câmara dos Deputados com a agência SMPB de Marcos Valério.
Agora ficou provado nos autos do processo que a maior parte do dinheiro desse tal "mensalão" nesse contrato foi embolsado pela TV Globo e seus parceiros do PIG, a título de veiculação de propaganda na execução do contrato.
Eis os principais "mensaleiros" da imprensa televisada e os valores embolsados:
TV Globo: R$ 2,7 milhões
SBT: R$ 708 mil
TV Record: R$ 418 mil
Eis os principais "mensaleiros" da imprensa escrita:
Grupo Abril (dono da revista Veja): R$ 326 mil
Grupo Estado: R$ 247 mil
Grupo Folha: R$ 247 mil
Fundação Vitor Civita (do Grupo Abril): mais R$ 66 mil.
A íntegra.

Reunião segunda-feira, 27/8, vai decidir venda da Rua Musas

Temendo que o prefeito perca a reeleição, construtoras aceleram obras criminosas para a qualidade de vida na cidade. A empresa para quem a prefeitura deu a Rua Musas contribuiu financeiramente com a campanha do prefeito Lacerda em 2008. Reunião na hora do almoço, a toque de caixa. População vai à reunião para resistir.

Do Movimento Fora Lacerda!
Carta aberta ao povo de Belo Horizonte
Fernando Santana 
Jacyntho Lins Brandão
Jarbas Ribeiro
Caro amigo,
Como é de seu conhecimento, desde maio do ano passado vimos travando batalha após batalha contra a Prefeitura de Belo Horizonte, no sentido de impedir a venda de parte da Rua Musas para a construção, no local, de um hotel de 30 andares, que comportará ainda um shopping, um centro de convenções e um restaurante 24 horas.
Mesmo com toda a manifestação contrária da parte dos que vivem na Rua Musas, na Rua Cosmos, na Rua Lua e em todo bairro Santa Lúcia, com a apoio de milhares de pessoas que registraram seu protesto em nosso site, o Prefeito Márcio Lacerda não reconsiderou sua decisão e pôs a rua à venda, sendo que o arrematante foi o dono da construtora Tenco, Eduardo Gribel, o qual havia dito à Folha de São Paulo que vinha negociando a rua com o Prefeito desde junho de 2010, portanto quase um ano antes de o assunto vir à tona!
Além do fato de que uma rua não deveria ser vendida – ainda mais para alguém que fez doações à campanha de Márcio Lacerda em 2008! –, o dito hotel afronta toda a legislação municipal que classifica a área como de adensamento restrito (ZAR1), em que as construções devem respeitar a altimetria máxima de 9 metros (sublinhe-se: 9 metros, não andares!), além de a rua pertencer à classe das vias preferentemente residenciais (VPR), nas quais podem ser admitidos estabelecimentos não-residenciais de pequeno porte (salão de beleza, mercearia etc.), mas não de grande porte (hotéis, shoppings etc.). Então, de cabo a rabo trata-se de um projeto inteiramente contra a lei.
(...)
Infelizmente, há três semanas fomos informados de que o processo está em andamento acelerado nesse órgão, sob a pressão do empreiteiro e da Prefeitura. Assim, precisamos nos mobilizar mais uma vez!
A reunião pública em que o Copam tomará sua decisão final sobre o assunto acontecerá na próxima segunda-feira, dia 27 de agosto de 2012, às 13:30 horas, na Rua Espírito Santo, 495 – 4o. andar.
Pedimos sua presença e sua colaboração no sentido de convidar o maior número possível de pessoas para manifestar-se contra esse abuso.
A íntegra.

Prefeitura tenta impedir comício de Lula e Patrus em BH

O baixo nível da campanha do Lacerda e do Aécio não tem limite. Além do uso de dinheiro público para fixar a música da campanha do prefeito, a prefeitura negou pedido do PT para realização de comício na Praça da Estação, aquela que Lacerda proibiu que a população use. Alegou que os Bombeiros iam usar, mas eles negaram. PT teve de adiantar o comício em um dia. TRE-MG confirmou a candidatura do Patrus, que secretário do Aécio tentou impugnar. A cobertura do EM mostra que o jornal amigo do Aécio está na campanha do Lacerda.

Do jornal Estado de Minas.
Comício antecipado
Juliana Cipriani e Leonardo Augusto
Veto da prefeitura ao uso da Praça da Estação obrigou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a antecipar em um dia a vinda a Belo Horizonte para participar da campanha de Patrus. O comício marcado para a praça, na Região Central, em 1º de setembro, acontecerá agora em 31 de agosto, uma sexta-feira. A alteração aconteceu porque o comando da campanha petista, ao solicitar a reserva da praça ao município, recebeu como resposta que o Corpo de Bombeiros já havia pedido o espaço. Quando o município foi confrontado com a informação de que os bombeiros não haviam agendado nada para a praça, informaram que o local seria usado no mesmo dia pelo PSB, o partido de Lacerda.
Nessa quinta-feira (23/8/12), a assessoria do Corpo de Bombeiros informou que a praça havia sido reservada para as comemorações do aniversário da corporação, mas que o cancelamento do pedido foi feito "há muitos meses", conforme declarou o capitão Frederico. Em campanha ontem, Lacerda alegou que não saber do veto da prefeitura ao uso da Praça da Estação.

TRE-MG confirma Patrus na disputa pela Prefeitura de BH
O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) confirmou nessa quinta-feira a candidatura de Patrus Ananias (PT) a prefeito de Belo Horizonte. O plenário manteve decisão de primeira instância, que negou o indeferimento do petista, apresentado pelo PSD, considerando que não havia impedimento legal para ele concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte. O partido alegou que o ex-ministro não havia se desincompatibilizado de um cargo na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) no prazo necessário e, portanto, estaria impedido de disputar a vaga.
O plenário do TRE-MG confirmou a candidatura de Patrus ao negar provimento a recurso apresentado pelo secretário de Estado de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira (PSD).
Na ação, Silveira também alegava que Patrus teve as contas desaprovadas quando candidato a vice-governador em 2010. Para os juízes eleitorais, o cargo exercido por Patrus não o impediria por estar em uma área territorial diversa, ou seja, pelo fato de ser em São Paulo e não no local da eleição, portanto, fora da esfera de influência que o cargo poderia proporcionar. Sobre as contas rejeitadas, entenderam que a mera desaprovação não enseja falta de quitalão eleitoral e inelegibilidade.
A íntegra.

Lacerda usou dinheiro público a favor da sua campanha

O mal que esse prefeito é capaz de fazer não tem limites. A Prefeitura gastou fortunas fixando a música de uma dupla sertaneja na memória do eleitor e agora Lacerda usa a mesma melodia na sua propaganda. Imoral com certeza, ilegal também, se a justiça eleitoral funcionar pra valer. Equivale a fazer propaganda pessoal usando dinheiro da prefeitura, o que é proibido. O prefeito milionário deve ser condenado a devolver aos cofres públicos o que gastou em seu benefício pessoal. Mais que isso: sua candidatura deveria ser impugnada. 

Do Pragmatismo Político.
Por que a Prefeitura de BH gastou tanto com publicidade
Renato Villaça
A Prefeitura de Belo Horizonte gastou, em um longo período e várias campanhas publicitárias, um enorme volume de recursos envolvendo concessão de direitos autorais e fonográficos, produção e, sobretudo, veiculação nos principais veículos de mídia eletrônica (rádio e TV), já há alguns anos.
Agora, Márcio Lacerda inicia sua campanha com um jingle e aplicação da melodia da mesma canção em trilhas musicais, inclusive fazendo referência à letra anterior, composta para a Prefeitura. Isto significa, na prática, que o candidato se beneficia diretamente, com fins puramente eleitorais, de um investimento público, com recursos municipais, feito por uma instituição governamental (Prefeitura de Belo Horizonte) para se autopromover. 
Não se questiona aqui se os autores liberaram ou não a nova versão ("Deixa o Márcio trabalhar"), mas o aproveitamento dos resultados de um investimento fabuloso (e que poderia ter sido aplicado em ações sociais, por exemplo) em propaganda pela Prefeitura, com fins exclusivamente eleitorais. Trata-se, portanto, de um tipo de "prosseguimento" de uma campanha de governo, porém, agora associada à imagem pessoal do candidato Márcio Lacerda. (...)
Atuo como compositor e produtor de som publicitário, e também como professor universitário na área de produção em áudio para publicidade há 10 anos.
Uma das coisas mais importantes que ensino aos alunos sobre a utilização do áudio na publicidade é a importância da repetição para a fixação de mensagens, gerando o que no discurso publicitário é denominado recall, ou seja, as pessoas se lembrarem e estabelecerem relações de sentido em torno de uma peça sonora publicitária. De nada adianta que um jingle ou uma trilha musical publicitária seja bem realizados e produzidos se não forem fartamente veiculados e repetidos nos meios de comunicação disponíveis. O que importa em propaganda sonora, não é apenas a qualidade da criação e o acabamento técnico da produção, mas sobretudo, a capacidade financeira do cliente em comprar espaços publicitários nos veículos.
A íntegra.

O governo Lacerda e a especulação imobiliária em BH

A pressa autoritária do prefeito para garantir a construção desordenada na cidade e os interesses e os interesses particulares que prevalecem contra os interesses coletivos. 

Da Agência Carta Maior.
Participação social, a Copa, a cidade: como ficamos?
Jurema Rugani -- arquiteta e urbanista, membro do Fórum Agenda 21/MG
Em 2010, após décadas de verticalização e adensamento resultantes de permissiva legislação urbanística, a revisão do Plano Diretor – lei 9.959/2010 – de Belo Horizonte estabeleceu coeficientes de aproveitamento mais restritivos, num esforço para controlar o crescimento da cidade.
(...) Sob o pretexto da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, em 2011 o Executivo conseguiu aprovar uma "flexibilização" da lei de uso e ocupação do solo, aumentando o coeficiente de aproveitamento para até 5, sem deixar claros os limites para sua aplicação. Embora (sob a pressão da sociedade) recuando do texto original, o Executivo tem aprovado, em repetidas condições de excepcionalidade, diversos projetos em áreas de proteção ambiental e em ADEs [Áreas de Diretrizes Especiais], cujos parâmetros mais restritivos não permitem a construção de edificações verticalizadas.
Além disso, a questão da mobilidade continua a ser tratada de forma paliativa – como a proposta dos BRTs [Bus Rapid Transit] nos corredores que dão acesso à região da Pampulha e ao estádio do Mineirão –, apesar das pesquisas apontarem que mais de 70% da população é usuária do transporte coletivo. Pedestres, coletivos e uma frota de 1,5 milhão de veículos particulares em circulação disputam diariamente o espaço de ruas e avenidas. A sempre reclamada expansão do metrô – que atende cerca de 200 mil passageiros/dia, embora já com recursos assegurados pelo governo federal, arrasta-se há quase 30 anos. Falta de interesse da municipalidade ou interesses contrariados de alguns setores?
Mais ainda: o Executivo aprovou um projeto de ocupação da Granja Werneck – área de relevante importância ambiental, com mais de 200 nascentes e 64 córregos –, onde serão construídas cerca de 70 mil habitações. A Mata do Planalto, situada na região Norte, também tem sido alvo de reiteradas tentativas de mudança de legislação e ocupação pelo setor imobiliário e da construção civil, sob os protestos da população local. São estes – a Granja e a Mata – os últimos remanescentes de vegetação nativa ainda existentes no município, e que deveriam permanecer como áreas de proteção ambiental.
Paralelamente, o diário oficial do município e matérias veiculadas em blogues trazem notícias sobre licitações para contratação de estudos de viabilidade e de impactos para as áreas de Operação Urbana Consorciada (OUC) Barreiro, Antônio Carlos, Pedro I e Andradas. Contrariamente às solicitações feitas durante as reuniões públicas do plano diretor regionalizado, a população em geral não tem conhecimento desses desdobramentos, muito menos do conteúdo dos estudos. O que se sabe, de fato, é da pressa que o poder público tem buscado imprimir a esses processos. E participar não é, simplesmente, anuir ao que vem pronto, muito menos quando não atende às expectativas da população.
A íntegra.

Malvados, a tirinha

Descobri esta tirinha no blog da kikacastro. Chama-se Malvados. As que li são ótimas. O autor é um desenhista de primeira, André Dahmer.








quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A face direitista do governo Dilma

Governo valente. De trabalhador, é fácil. Quero ver é cortar juros de bancos, financiamento para empresas, empréstimo para agronegócio, adiantamento para empreiteiras do PAC, verba publicitária da revista veja e da Rede Globo...

Da Agência Carta Maior.
Governo corta R$ 20,6 milhões em salários de grevistas 
Najla Passos 
Brasília - O governo cortará R$ 20,6 milhões em salários de 11.495 servidores civis do executivo em greve, conforme Mapa dos Descontos dos Dias Parados, divulgado na noite desta quarta (22) pelo Ministério do Planejamento. O total de atingidos pelo corte de pontos representa 1,97% dos 571.875 servidores civis do executivo, embora os sindicatos estimem em 350 mil os servidores paralisados e o próprio Planejamento reconheça que entre 70 mil e 80 mil aderiram ao movimento.
De acordo com órgão, escaparam do corte as categorias amparadas por decisões judiciais, além dos professores e técnicos das universidades, institutos tecnológicos e Cefets, que serão obrigados a repor as aulas perdidas. Os mais afetados pela medida são 8.079 grevistas que pertencem a órgãos da administração indireta (agências reguladoras, autarquias e fundações). Os outros 3.416 servidores estão lotados em diversos ministérios, incluindo os da Defesa, Aeronáutica e Exército.
O mapa revela que entre as dez áreas com maior percentual de paralisação, oito são agências reguladoras. Entretanto, são os servidores do IBGE que mais sofrerão: 52,4% da categoria terá descontos proporcionais aos dias parados. Na sequência, estão os da Comissão Nacional da Energia Nuclear (40,5%), da Agência Nacional de Cinema (39,4%) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (36,5%). O estudo demonstra que não houve adesão à greve em 16 ministérios, incluindo o da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Cultura.
A íntegra.

Na Praça do Papa com Patrus


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Governo promete volta dos trens de passageiros

Já pensou quando a gente puder cruzar o País de trem? Seremos, enfim, civilizados.

Do Blog do Planalto. 
Brasil terá serviço eficiente de transporte ferroviário de passageiros, diz presidente da EPL
O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, afirmou que o Programa de Investimentos em Logística, lançado pela Presidenta Dilma Rousseff no último dia 15, vai possibilitar que o Brasil tenha um serviço eficiente de transporte ferroviário de passageiros. O programa prevê investimento de R$ 133 bilhões para a modernização e ampliação da malha rodoviária e ferroviária.
"A primeira coisa que se precisa para ter trens de passageiro é uma ferrovia, onde os trens possam circular. O que estamos construindo agora é essa base ferroviária, e estamos adotando um modelo que permite que a gente volte com o transporte de passageiros", disse Figueiredo, no programa de rádio Brasil em Pauta, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
De acordo com Figueiredo, o novo modelo de concessão estabelece que as empresas que construirão as ferrovias não poderão estabelecer limites para circulação de trens de passageiro, que será livre. A ferrovia será aberta a qualquer tipo de trem que queira comprar o direito de circular nela.
A íntegra.

Monsanto condenada por propaganda de soja transgênica

Bom saber que o Ministério Público Federal, que ajuizou a ação, age contra a multinacional dos agrotóxicos e transgênicos, já que os governos a deixam livre para monopolizar sementes. A cara de pau da empresa é tanta que sua propaganda dizia que ela ajuda a preservar o ambiente.

Do saite Última Instância.
TRF-4 condena Monsanto por propaganda enganosa e abusiva 
A 4ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) condenou a empresa Monsanto do Brasil a pagar indenização de R$ 500 mil por danos morais causados aos consumidores ao veicular, em 2004, propaganda em que relacionava o uso de semente de soja transgênica e de herbicida à base de glifosato usado no seu plantio como benéficos à conservação do meio ambiente. Ainda cabe recurso contra a decisão.
A empresa de biotecnologia, que vende produtos e serviços agrícolas, também foi condenada a divulgar uma contrapropaganda esclarecendo as consequências negativas que o uso de qualquer agrotóxico causa à saúde dos homens e dos animais.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), que ajuizou a ação civil pública contra a Monsanto, o comercial era enganoso e o objetivo da publicidade era preparar o mercado para a aquisição de sementes geneticamente modificadas e do herbicida usado nestas, isso no momento em que se discutia no país a aprovação da Lei de Biossegurança, promulgada em 2005.
A campanha foi veiculada na TV, nas rádios e na imprensa escrita. Tratava-se de um diálogo entre pai e filho, no qual o primeiro explicava o que significava a palavra "orgulho", ligando esta ao sentimento resultante de seu trabalho com sementes transgênicas, com o seguinte texto:
- Pai, o que é o orgulho?
- O orgulho: orgulho é o que eu sinto quando olho essa lavoura. Quando eu vejo a importância dessa soja transgênica para a agricultura e a economia do Brasil. O orgulho é saber que a gente está protegendo o meio ambiente, usando o plantio direto com menos herbicida. O orgulho é poder ajudar o país a produzir mais alimentos e de qualidade. Entendeu o que é orgulho, filho?
- Entendi, é o que sinto de você, pai.
A Justiça Federal de Passo Fundo considerou a ação improcedente e a sentença absolveu a Monsanto. A decisão levou o MPF a recorrer ao tribunal. Segundo a Procuradoria, a empresa foi oportunista ao veicular em campanha publicitária assunto polêmico como o plantio de transgênicos e a quantidade de herbicida usada nesse tipo de lavoura. "Não existe certeza científica acerca de que a soja comercializada pela Monsanto usa menos herbicida", salientou o MPF.
O relator do voto vencedor no tribunal, desembargador federal Jorge Antônio Maurique, reformou a sentença. "Tratando-se a ré de empresa de biotecnologia, parece óbvio não ter pretendido gastar recursos financeiros com comercial para divulgar benefícios do plantio direto para o meio ambiente, mas sim a soja transgênica que produz e comercializa", afirmou Maurique.
A íntegra.

Mais imóveis para os ricos e despejo para os pobres

O capitalismo é um sistema esquizofrênico. O que acontece em SP acontece também em BH. Milhares, milhões, de pessoas não têm onde morar ou moram em condições precárias. Quando se constroem edifícios residenciais, é de se pensar que é para essas pessoas, certo? Errado. As construtoras constroem é para os ricos que já moram bem, têm um imóvel, dois, três, dez, cem. Pegam dinheiro do governo, levantam edifícios imensos e luxuosos, vendem por preços exorbitantes, transformam os preços de imóveis numa situação irreal, com a venda de uma ou duas unidades pagam suas despesas e o resto é lucro. Os apartamentos ficam vazios. Enquanto isso os que não têm onde morar ocupam terrenos, formam favelas e depois são despejados com violência pela polícia militar, obedecendo ordens da "justiça".

Da Agência Carta Maior.
São Paulo: caminho livre para a especulação imobiliária 
Igor Ojeda
A Câmara dos Vereadores de São Paulo pode aprovar nesta quarta-feira (22/8/12) medidas que, se implementadas, beneficiarão o mercado imobiliário, alertam movimentos de moradia e urbanistas. Trata-se de um substitutivo ao Projeto de Lei 509/2011 – que estabelece o Plano Municipal de Habitação – enviado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) e apoiado por sua base de legisladores.
Em carta aberta divulgada na noite de terça-feira (21), as organizações sociais denunciam que o substitutivo "dificulta o acesso à moradia digna para a população mais necessitada (até 3 salários mínimos) e piora a condição de vida urbana de todos, com mais enchentes, congestionamentos, longas horas em um ineficiente transporte público, com a ocupação de áreas de proteção ambiental". De acordo com a mais recente versão da minuta do substitutivo, obtida pela Carta Maior, propõe-se a diminuição das áreas destinadas para a construção de moradias para a população de baixa renda – famílias que ganham até seis salários mínimos, ou seja, R$ 3.732 – em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis). Por outro lado, seriam aumentadas as áreas destinadas a empreendimentos para a classe média – famílias com renda entre 6 e 16 salários, ou seja, até R$ 9.952.
As Zeis são porções do território que, por lei, devem passar por recuperação urbanística, regularização fundiária e produção de Habitação de Interesse Social (HIS, para famílias de 0 a 6 salários) e de Habitação de Mercado Popular (HMP, para famílias de 6 a 16 salários). Com o substitutivo, diminui-se a proporção destinada à HIS e aumenta-se à reservada à HMP. Em algumas Zeis, a redução de território para as moradias populares chega a 30%, segundo explicou à Carta Maior um dos elaboradores da carta aberta. No documento, as organizações alertam que a produção de unidades habitacionais pode aumentar, mas o déficit habitacional permaneceria o mesmo. "[O substitutivo] permite mais negócios imobiliários, mas ampliando o número de unidades vazias e mais caras."
A íntegra.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A comida saudável na cidade e os movimentos no campo

A luta pela terra ganhou uma nova dimensão nos dias atuais e interessa a toda a população. Agronegócio virou sinônimo de destruição ambiental, alimentos contaminados por agrotóxicos e caros, sementes transgênicas controladas por meia dúzia de multinacionais. Alimentação orgânica, saudável e barata depende da agricultura familiar, assim como a conservação ambiental. Longe de serem baderneiros, os trabalhadores sem terra são esperança para a população das cidades, os 84% dos brasileiros que comemos comida de cachorro e envenenada.

Da Agência Carta Maior.
Movimentos do campo se unem por novo projeto de agricultura Vinicius Mansur 
Brasília - Após 51 anos do I Congresso Camponês, realizado em Belo Horizonte (MG), em 1961, os movimentos sociais e sindicais do meio rural brasileiro voltaram a se unir em evento semelhante: o Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, iniciado nesta segunda-feira (20), em Brasília.
A aliança entre as 13 organizações que gestaram o encontro já vinha sendo construída desde o início deste ano, conforme noticiou Carta Maior, e de acordo com o dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), William Clementino, é a luta pela reforma agrária o principal fator de unidade neste momento. "A reforma agrária na lei ou na marra, com flores ou com sangue, ela vai ter que acontecer, porque ela é um princípio que supera a pobreza e a miséria", disse, relembrando a célebre frase de Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas, durante o congresso de 1961. Clementino lembrou que 7 milhões das 11 milhões de famílias que recebem o Bolsa Família estão no campo e, portanto, nenhuma política de combate à pobreza terá êxito sem a reforma agrária.
O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, afirmou que nestes dois anos de governo de Dilma Rousseff (PT) não houve um decreto sequer de desapropriação de terras para a reforma agrária. Segundo Stedile, o encontro simboliza uma aliança que já vem sendo construída com o objetivo de criar forças para mudar o atual "grande objetivo" da agricultura brasileira: "Hoje ela é refém de um único objetivo: dar lucro pras multinacionais, por isso está entupindo as terras de soja, etanol e boi para exportar. O que nós queremos: que a agricultura brasileira seja organizada para produzir alimentos sadios, sem agrotóxico, para a população brasileira".
A íntegra.

Direitos humanos 4: a perseguição aos pretos, pobres e periféricos

É a política dos governos municipais e estaduais neoliberais, como os de Belo Horizonte, Minas, São Paulo capital e Estado. Política que também põe pedras debaixo de viadutos e joga água em mendigos, e que contaminou até governos considerados de esquerda.

Da Agência Carta Maior.
"Pretos, pobres e periféricos (3 Ps): essa é a sigla da nossa política de extermínio" 
Caio Sarack
São Paulo - Adalton José Marques, mestre em Antropologia Social e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), acompanha de perto os problemas de segurança pública, bem como as relações entre presos, tema de seu mestrado. Em entrevista à Carta Maior, ele defende que muitos dos problemas vividos hoje na segurança pública de São Paulo são resultantes da postura conservadora e maniqueísta presente na atual política do Estado. Em São Paulo, este cenário se agrava consideravelmente, segundo ele, em função do fato de que a gestão tucana impele sua polícia militar a agir energicamente com um alvo bem definido: "a população precarizada das periferias e subúrbios". O professor destaca também a submissão da mídia aos governos estadual e municipal. Em suas palavras, a mídia "corrobora os passos do governo e não cobre a divergência que parte das periferias". Adalton Marques problematiza uma versão que esta mesma mídia reproduziu nos últimos meses. Para ele, a proximidade entre crime e forças do Estado não são pontuais. A soma de injustiças e excessos no castigo aos presos fez emergir comandos vários, inclusive o PCC, no que ele chamou de frágil equilíbrio, efeito dos múltiplos conflitos e relações entre crime e Estado.
A íntegra.

Direitos humanos 3: o ambiente "macabro" dos megaeventos

Da Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Invetigativo.
Assista ao filme independente que mostra como os preparativos para os megaeventos têm mudado a vida dos cariocas e como a população reage
De um encontro entre dois coletivos "artivistas" – o carioca Rio40Caos e o colombiano Antena Mutante – surgiu o documentário Distopia::21, sobre a transformação do Rio de Janeiro – na definição dos autores – em uma "cidade que vive uma tensão cotidiana, um projeto de apagamento da memória coletiva e o afastamento sistemático dos pobres do mar". O filme também mostra o processo de resistência das pessoas a essa realidade. (...) Em entrevista ao Copa Pública, o diretor Victor Ribeiro, falou sobre a produção do filme, totalmente independente, e sobre o momento que o Rio está vivendo: "macabro e singular".
 A íntegra.

Direitos humanos: operário torturado em obra do PAC

Empreiteiras e polícia militar, unidas para explorar e torturar. Esta notícia nada tem a ver com o artigo do Boaventura, logo abaixo. No entanto, parece ter sido escrita para confirmá-la, exemplificá-lo. O bom da história é que é da Agência Brasil, pública, o que também confirma mais uma vez a liberdade de imprensa nos governos Lula e Dilma, coisa que não acontece em governos tucanos. A TV Cultura de SP e a TV Minas, por exemplo, não têm essa independência para informar.

Da Agência Brasil
Operário denuncia em CPI que foi torturado para confessar participação no incêndio em Jirau
Pedro Peduzzi
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas ouviu hoje (21/8/12) o operário Raimundo Braga de Souza, que trabalhou na Usina Hidrelétrica Jirau, em Rondônia. Ele denunciou ter sido preso por 54 dias e espancado "diversas vezes" por policiais militares do estado e da Força Nacional para admitir participação no incêndio em 37 alojamentos da obra ocorrido em abril e também delatar responsáveis.
Sem provas de sua participação no crime, Raimundo foi absolvido pela Justiça. "Eles [os policiais] queriam que eu confessasse algo que não fiz e que apontasse quem teria feito aquilo", disse referindo-se ao incêndio. Durante a audiência na Câmara, diversos deputados manifestaram apoio ao operário, que até hoje não conseguiu reaver seus documentos, provavelmente queimados no incêndio.
A CPI, instalada na Câmara dos Deputados, também deverá solicitar que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar o desaparecimento de 13 operários da obra, do mesmo modo considerados à época suspeitos de envolvimento com o incêndio. Raimundo diz que o motivo do desaparecimento deles foi "o medo de serem repreendidos".
Segundo o secretário de Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia, Marcelo Nascimento Bessa, Raimundo foi preso por ter sido encontrado no local com um isqueiro e por ter sido apontado por testemunhas de estar entre as pessoas que incendiaram o canteiro de obras. "Ele estava com um isqueiro porque, como todos sabem, é fumante há muitos anos", retrucou o advogado do operário, Ermógenes Jacinto de Souza.
A íntegra.

Boaventura de Sousa Santos: direitos humanos X desenvolvimento

O neoliberalismo contaminou parte da esquerda, inclusive do PT. 

Da Agência Carta Maior.
Oitava carta às esquerdas: As últimas trincheiras
Faço um apelo aos governos brasileiro, equatoriano, venezuelano e argentino para que abandonem o projeto da reforma da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). E o apelo é especialmente dirigido ao Brasil dada a influência que tem na região.
Boaventura de Sousa Santos 
Quem poderia imaginar há uns anos que partidos e governos considerados progressistas ou de esquerda abandonassem a defesa dos mais básicos direitos humanos, por exemplo, o direito à vida, ao trabalho e à liberdade de expressão e de associação, em nome dos imperativos do "desenvolvimento"? Acaso não foi por via da defesa desses direitos que granjearam o apoio popular e chegaram ao poder? Que se passa para que o poder, uma vez conquistado, se vire tão fácil e violentamente contra quem lutou para que ele fosse poder? Por que razão, sendo um poder das maiorias mais pobres, é exercido em favor das minorias mais ricas? Por que é que, neste domínio, é cada vez mais difícil distinguir entre os países do Norte e os países do Sul?
Os fatos
Nos últimos anos, os partidos socialistas de vários países europeus (Grécia, Portugal e Espanha) mostraram que podiam zelar tão bem pelos interesses dos credores e especuladores internacionais quanto qualquer partido de direita, não parecendo nada anormal que os direitos dos trabalhadores fossem expostos às cotações das bolsas de valores e, portanto, devorados por elas. Na África do Sul, a polícia ao serviço do governo do ANC, que lutou contra o apartheid em nome das maiorias negras, mata 34 mineiros em greve para defender os interesses de uma empresa mineira inglesa. Bem perto, em Moçambique, o governo da Frelimo, que conduziu a luta contra o colonialismo português, atrai o investimento das empresas extrativistas com a isenção de impostos e a oferta da docilidade (a bem ou a mal) das populações que estão sendo afetadas pela mineração a céu aberto.
Na India, o governo do partido do Congresso, que lutou contra o colonialismo inglês, faz concessões de terras a empresas nacionais e estrangeiras e ordena a expulsão de milhares e milhares de camponeses pobres, destruindo os seus meios de subsistência e provocando um enfrentamento armado. Na Bolívia, o governo de Evo Morales, um indígena levado ao poder pelo movimento indígena, impõe, sem consulta prévia e com uma sucessão rocambolesca de medidas e contra-medidas, a construção de uma auto-estrada em território indígena (Parque Nacional TIPNIS) para escoar recursos naturais. No Equador, o governo de Rafael Correa, que corajosamente concede asilo político a Julian Assange, acaba de ser condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por não ter garantido os direitos do povo indígena Sarayaku em luta contra a exploração de petróleo nos seus territórios. E já em maio de 2003 a Comissão tinha solicitado ao Equador medidas cautelares a favor do povo Sarayaku que não foram atendidas.
Em 2011, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicita ao Brasil, mediante uma medida cautelar, que suspenda imediatamente a construção da barragem de Belo Monte (que, quando pronta será a terceira maior do mundo) até que sejam adequadamente consultados os povos indígenas por ela afetados. O Brasil protesta contra a decisão, retira o seu embaixador na Organização dos Estados Americanos (OEA), suspende o pagamento da sua cota anual à OEA, retira o seu candidato à CIDH e toma a iniciativa de criar um grupo de trabalho para propor a reforma da CIDH no sentido de diminuir os seus poderes de questionar os governos sobre violações de direitos humanos. Curiosamente, a suspensão da construção da barragem acaba agora de ser decretada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Brasília) com base na falta de estudos de impacto ambiental.
A íntegra.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O perfil falso do Lacerda no Facebook

Campanha eleitoral fascista não é de espantar num prefeito que mandou jogar água em mendigos e recolher pipoqueiros.

Do saite BH de A a Z.
Perfil falso é usado no Facebook para divulgar pichação polêmica
Esquentou na internet a troca de acusações entre defensores de diferentes candidaturas a Prefeitura de Belo Horizonte. Um perfil falso foi usado nesta sexta-feira (17/8/12) para divulgar no Facebook uma foto mostrando um muro pichado com os dizeres "Fora Lacerda!". A autoria do ato de vandalismo foi atribuída, inicialmente, a um movimento que é contra a atual administração municipal. Porém, a descoberta de que a imagem foi distribuída por pessoas que não quiseram assumir suas identidades, levantou a hipótese de que as pichações que estão surgindo em BH sejam, na verdade, uma manobra da campanha do candidato socialista.
A íntegra.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Os erros no julgamento do "mensalão"

Quantos erros mais vai admitir o relator Joaquim Barbosa? Até onde esses ministros levarão esse julgamento político?

Da Agência Brasil.
STF aceita anular processo contra Carlos Alberto Quaglia; réu do mensalão será julgado pela Justiça Federal 
Daniella Jinkings e Heloisa Cristaldo
Brasília – Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitaram hoje (15/8/12) o pedido de nulidade do processo feito pela defesa de Carlos Alberto Quaglia, dono da empresa Natimar. A Defensoria Pública da União (DPU), que representa o empresário, alegou que houve cerceamento de defesa do réu, pois o advogado que defendia o ex-empresário não foi intimado durante o andamento do processo do mensalão.
Diante dessa decisão, Quaglia deixa de ser réu na Ação Penal 470 e passa a ser julgado pela primeira instância, uma vez que o empresário não tem foro privilegiado. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, reconheceu que houve erro da Secretaria da Corte em relação às notificações feitas aos advogados de Quaglia. "O erro foi da secretaria, eu reconheço isso".
A íntegra.

O esquema Cachoeira, Policarpo e Veja

Da CartaCapital.
O triste fim de Policarpo 
Leandro Fortes
Na CartaCapital dessa semana há uma história dentro de uma história. A história da capa é o desfecho de uma tragédia jornalística anunciada desde que a Editora Abril decidiu, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, que a revista Veja seria transformada num panfleto ideológico da extrema-direita brasileira. Abandonado o jornalismo, sobreveio a dedicação quase que exclusiva ao banditismo e ao exercício semanal de desonestidade intelectual. O resultado é o que se lê, agora, em CartaCapital: Veja era um dos pilares do esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira. O outro era o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Sem a semanal da Abril, não haveria Cachoeira. Sem Cachoeira, não haveria essa formidável máquina de assassinar reputações recheada de publicidade, inclusive oficial.
A outra história é a de um jornalista, Policarpo Jr., que abandonou uma carreira de bom repórter para se subordinar ao que talvez tenha imaginado ser uma carreira brilhante na empresa onde foi praticamente criado. Ao se subordinar a Carlinhos Cachoeira, muitas vezes de forma incompreensível para um profissional de larga experiência, Policarpo criou na sucursal da Veja, em Brasília, um núcleo experimental do que pior se pode fazer no jornalismo. Em certo momento, instigou um jovem repórter, um garoto de apenas 23 anos, a invadir o quarto do ex-ministro José Dirceu, no Hotel Nahoum, na capital federal. Esse ato de irresponsabilidade e vandalismo, ainda obscuro no campo das intenções, foi a primeira exalação de mau cheiro desse esgoto transformado em rotina, perceptível até mesmo para quem, em nome das próprias convicções políticas, mantém-se fiel à Veja, como quem se agarra a um tronco podre na esperança de não naufragar.
A compilação e análise dos dados produzidos pela Polícia Federal em duas operações – Vegas, em 2009, e Monte Carlos, em 2012 – demonstram, agora, a seriedade dessa autodesconstrução midiática centrada na Veja, mas seguida em muitos níveis pelo resto da chamada “grande” imprensa brasileira, notadamente as Organizações Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e alguns substratos regionais de menor monta. Ao se colocar, veladamente, como grupo de ação partidária de oposição, esse setor da mídia contaminou a própria estrutura de produção de notícias, gerou uma miríade de colunistas-papagaios, a repetir as frases que lhes são sopradas dos aquários das redações, e talvez tenha provocado um dano geracional de longo prazo, a consequência mais triste: o péssimo exemplo aos novos repórteres de que jornalismo é um vale tudo, a arte da bajulação calculada, um ofício servil e de remuneração vinculada aos interesses do patrão.
A matéria na íntegra.

Ciência mostra que os ricos são piores

Pesquisa das universidades da Califórnia e de Toronto publicada na revista americana Proceedings of The National Academy of Sciences demonstrou que os ricos são seres humanos piores do que os pobres. Ela realizou experimentos com indivíduos de todas as faixas de renda e constatou que os mais ricos roubaram mais doces que seriam destinados a crianças, cometeram mais infrações de trânsito e mentiram mais para obter vantagens, entre outras condutas aéticas. A explicação para isso, segundo os pesquisadores, é a impunidade: os ricos estão acostumados a se livrar de punições, graças a bons advogados e a influências, por isso se sentem acima da lei e não se constrangem em cometer delitos pelos quais não pagarão. O estudo, que foi motivo de matéria da revista Retrato do Brasil, pode ser acessado aqui, em inglês.

O 'assassinato' de Luiz Gushiken

A bancada da grande imprensa consegue livrar seus acusados até mesmo de depor na CPMI do Cachoeira, mas já condenou os petistas pelo mensalão que não houve, inclusive quem, segundo o próprio relator Joaquim Barbosa, deveria ser absolvido.

Da Agência Carta Maior.
Mensalão & Luiz Gushiken: A crônica de uma injustiça  
Washington Araújo (*) Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa.
Antes mesmo de se encerrar o julgamento do século, segundo querem fazer crer os órgãos de comunicação, encontramos o pisoteamento da justiça com requintes de crueldade, tortura sistemática, midiática e psicológica, movida contra, ao menos, uma pessoa inteiramente inocente. Tenho em mente a figura honrada e sempre altiva de Luiz Gushiken. O que o Ministério Público da União fez contra Luiz Gushiken é, por si só, um grave caso de má-fé mancomunado com injustiça patente. O que a grande imprensa fez com Luiz Gushiken é suficiente para escrever uma das páginas mais vis de nossa história recente: o ataque, o ataque sem provas, o ataque sem provas nem evidências plausíveis contra alguém que só teve um crime. O crime de ajudar o Brasil deixar para trás um longo passado de obscuridade e atraso civilizatório, de imensa disparidade entre poucos ricos e muitos pobres, e que ousou, bem além de nosso tempo, distinguir que a primeira etapa de qualquer governo popular não poderia ser outra que a de reconstruir a autoestima do povo.Sim, a vítima do duplo massacre MP-mídia é mentor e patrono da mais importante campanha de publicidade institucional jamais ocorrida no Brasil – "O orgulho de ser brasileiro", "O melhor do Brasil é o Brasil", "Sou brasileiro e não desisto nunca".
Luiz Gushiken demonstrou como ninguém, e ao longo de sete longuíssimos anos, tempo em que – vítima de terrível doença – sempre travou batalhas diárias por sua vida, que tem orgulho de ser brasileiro, que é um brasileiro talhado para não desistir nunca.
Antes que os refletores deixem de buscar biografias dignas de serem iluminadas no episódio do mensalão, é necessário trazer a lume a "situação kafkiana processual" em que Gushiken foi engolfado. A começar pelo início, deve se destacar que a denúncia contra Gushiken foi recebida com votação apertada: quatro ministros da Suprema Corte – Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Eros Grau – votaram no sentido de sua rejeição. Dentre os que votaram favoráveis à recepção da denúncia, ficou patente que não havia elementos mínimos a embasar a condenação. E é de ninguém menos que do próprio ministro relator Joaquim Barbosa o entendimento de que, à luz dos elementos constantes dos autos, "absolveria Luiz Gushiken, sem dúvida".
A íntegra.

Patrus e o Anel Rodoviário

Do jornal O Tempo.
Patrus Ananias prometeu municipalizar a gestão do Anel Rodoviário 
Isabella Lacerda e Larissa Arantes
As obras de ampliação do metrô e de revitalização do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, prometidas desde a década de 90, se tornaram, ontem, temas de campanha dos dois principais candidatos à prefeitura da capital, Patrus Ananias (PT) e Márcio Lacerda (PSB).
Ontem, Patrus visitou o Anel e, em especial, o trecho da via que corta o bairro Betânia, na região Oeste, palco de graves acidentes. O petista prometeu, caso eleito, municipalizar o trecho da rodovia e aproveitou para criticar a atuação da prefeitura no local. "No Anel morrem, por ano, 55 pessoas. Não podemos conviver com isso. O prefeito tem que ser o líder da cidade. Todas as questões que dizem respeito a Belo Horizonte têm que ter a presença do prefeito. Vamos assumir a gestão do Anel, trabalhando na perspectiva de municipalizá-lo".
O petista também criticou o fato de Lacerda não ter iniciado o reassentamento das famílias do entorno da via, ação de responsabilidade da prefeitura. "Vamos buscar recursos para a remoção das 3.000 famílias de forma digna, as levando para espaços adequados", garantiu.
O coordenador executivo da campanha do petista Patrus Ananias à Prefeitura de Belo Horizonte, vice-prefeito Roberto Carvalho, protocolou, ontem, uma representação no Ministério Público de Minas Gerais contra o prefeito e candidato à reeleição Marcio Lacerda (PSB). "Foram exonerados 241 nomes do PT. Temos provas de que vários servidores sofreram assédio moral por terem se recusado a fazer campanha para Lacerda", afirma Carvalho. "Está tudo bem embasado, com depoimentos, gravações, que mostram os casos de abuso." Durante visita ao Anel, Patrus prometeu lançar, nos próximos dias, seu programa oficial de governo. "O fundamental é que nós já temos as grandes estratégias, as grandes linhas. Uma das prioridades será enfrentar a questão do trânsito, a circulação dos automóveis e da população. Vamos fazer um evento para lançar o programa", afirmou Patrus.
A íntegra.

Dilma, o capital e o trabalho (escravo)

Este é um daqueles assuntos que devemos acompanhar para conhecer de fato o governo Dilma e julgar a presidente com justiça. Sakamoto é um dos jornalistas mais admiráveis do País e seus textos muitas vezes merecem ser publicados na íntegra. Em 2012 ainda existe trabalho escravo no Brasil, praticado por grandes empresas, conhecidas, rainhas da propaganda. Autoridades e "grande" imprensa fazem vista grossa.

Do Blog do Sakamoto.
A promessa de Dilma e a função do Estado
Leonardo Sakamoto
A Zara obteve uma decisão judicial provisória para não ser incluída na “lista suja” do trabalho escravo. A empresa foi responsabilizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego por conta de um resgate de trabalhadores em uma oficina que produzia roupas para ela no ano passado. A Advocacia Geral da União está recorrendo da decisão.
A MRV Engenharia foi incluída na "lista suja" do trabalho escravo por conta da libertação de 68 trabalhadores de duas de suas obras em Americana e Bauru, interior de São Paulo, e de mais 11 sob a responsabilidade da Prime Incorporações, em Aparecida de Goiânia (GO) – que pertence ao seu grupo. A empresa tentou uma liminar para sair da lista, mas a Justiça do Trabalho da 10a Região negou-a.
Ambas as empresas devem bater na porta do governo federal para pedir um acordo semelhante ao que beneficiou à gigante do açúcar e álcool Cosan, que não retornou para a "lista suja", na qual havia sido inserida. O acordo foi concebido durante o governo Lula a pedido do próprio Palácio do Planalto. Na época, o então ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, e o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, foram contra o "perdão". Mas Luís Inácio Adams, à frente da AGU, manteve o acerto. Pegava mal para o Planalto, que se empenhara em organizar o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, visando promover a imagem do etanol dentro e fora do país, ter a maior empresa nacional do setor em uma lista de escravagistas.
Contudo, a pressão da imprensa e da sociedade civil por conta desse acordão foi tão forte que levou Dilma Rousseff a ordenar que nenhum outro fosse costurado sob o seu governo. Em 2011, José Lopez Feijóo, assessor da secretaria geral da Presidência da República, hoje encabeçada pelo ministro Gilberto Carvalho, em reunião com a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, trouxe a garantia disso da própria Dilma Rousseff.
Com exceção do caso Cosan, a Advocacia Geral da União tem sido célere e competente em defender a "lista suja" diante de ações judiciais que tentam minar um dos principais instrumentos de combate ao trabalho escravo, usada para cortar relações comerciais e financiamentos públicos e privados. E, até onde pude verificar, não há disposição da AGU em aceitar novos acordos.
Toda empresa tem o direito de entrar na Justiça caso se sinta prejudicada em uma fiscalização. Cabe ao Poder Judiciário decidir e ao governo federal defender suas ações. Quando o governo deixa de exercer o papel a que está incumbido, abrindo mão de seus instrumentos de controle, fica a dúvida: por que?
Nas próximas semanas, saberemos se Dilma manteve o seu compromisso de não permitir acordos, mesmo com pressões crescentes de setores, como a construção civil, o sucroalcooleiro e o têxtil. Que, vez ou outra, batem nas portas do Ministério do Trabalho e Emprego, através de refinados advogados que pedem a exclusão de nomes da lista – isso quando a solicitação não vem na forma de fogo-amigo. Ou se resolveu agradar as empresas.
Escravos foram encontrados em obras do Minha Casa, Minha Vida, do Luz para Todos e do Programa de Aceleração do Crescimento. Considerando que há dúvidas se o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção, lançado pelo governo neste ano, será capaz de melhorar a qualidade de vida do trabalhador, o caminho deveria ser fortalecer as ações de fiscalização e de transparência (como a "lista suja") e não o contrário.

"Flautamiro" Carrilho

Documentário sobre Altamiro Carrilho.

 

Patrus: "A praça é do povo"

Patrus e Lacerda, visões opostas da cidade.


Altamiro Carrilho, 1924-2012

Morreu hoje, aos 87 anos. Foi provavelmente o primeiro músico que eu admirei. Papai tinha um LP dele maravilhoso (Recordar... é viver!). Não era um flautista, era um passarinho. Está para a flauta como João Gilberto está para o canto. É pôr pra tocar e ficar ouvindo o dia inteiro, um prazer sem fim. Este vídeo, em que toca Pixinguinha, é uma pérola. O outro, da Biscoito Fino, também.

TJ paulista confirma que Ustra foi torturador

É a primeira sentença do tipo confirmada. É declaratória, não implica em punição. O que mais impressiona nessa notícia é o comportamento da "grande" imprensa. Mesmo depois de julgado e condenado e de ter a sentença confirmada pelo tribunal por unanimidade, a velha imprensa trata o coronel como "acusado de tortura". É a cumplicidade dessa gente com o crime, o que, aliás, aconteceu também de outras formas: a Folha de S. Paulo, por exemplo, emprestou carros para os torturadores transportarem presos clandestinamente. Ao mesmo tempo, os réus do chamado "mensalão" -- termo cunhado para marcar um fato que não houve -- são diariamente condenados pelo noticiário. A ação das vítimas não é revanchismo, mas a persistência no acobertamento da tortura, quarenta anos depois, é uma afirmação de convicção no crime.

TJ nega recurso de Ustra contra sentença que o declara torturador  
Por Igor Ojeda
São Paulo - O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou nesta terça-feira (14/8/12), por três votos a zero, o recurso do coronel reformado do Exército Carlos Brilhante Ustra contra a sentença, de outubro de 2008, que o declarou responsável pela tortura de três integrantes da família Teles nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), órgão de repressão da ditadura então comandado pelo réu.
A ação, movida em 2005, é de caráter cível declaratória: a intenção é apenas que a Justiça reconheça Ustra como torturador e que ele causou danos morais e à integridade física de Maria Amélia de Almeida Teles, César Augusto Teles, Criméia Schmidt de Almeida, Janaína Teles e Edson Luís Teles durante o período em que estiveram detidos, entre 1972 e 1973. Segundo Aníbal Castro de Souza, um dos advogados da família Teles, Ustra ainda pode recorrer da sentença, tanto no STF quanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A íntegra.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Vale entrega riquezas nacionais a estrangeiros

Mais uma multinacional que faz o que quer com a natureza, depois que foi privatizada.

Do blog A Vale que vale.
Desnacionalização a frio 
Por Lúcio Flávio Pinto
(Texto escrito na primeira quinzena de maio de 2010. Registre-se que a grande imprensa, nacional e local, não deu importância ao fato.)
A Albrás é a 8ª maior fábrica de alumínio do mundo, e a Alunorte, a maior planta internacional de alumina. Representaram no ano passado um faturamento bruto conjunto de 4,2 bilhões de reais e um lucro de R$ 385 milhões. Seus ativos somam R$ 9,4 bilhões, o patrimônio líquido é de R$ 6,5 bilhões e o capital social alcança R$ 4,1 bilhões. São as duas maiores empresas do Pará.
No dia 2 elas foram completamente desnacionalizadas: passaram a ser de propriedade norueguesa e japonesa. A Vale anunciou que, por quase cinco bilhões de dólares, transferiu suas ações nas duas empresas para a Norsk Hydro, que já era sua sócia na Alunorte.
O negócio incluiu o controle da jazida de bauxita de Paragominas, das maiores do mundo, a ser consumado no futuro, e o projeto de uma nova planta de alumina, da CAP, em Barcarena, do tamanho da Alunorte, ou maior.
A transação pegou de surpresa a opinião pública e o próprio mercado. Embora as negociações tenham durado seis meses, segundo o comunicado da Vale, nada – ou quase nada – vazou dos ambientes de conversação. Foi uma façanha.
Tão surpreendente foi o pouco interesse que a revelação causou. Depois de uma cobertura burocrática da imprensa nos primeiros dias, o assunto saiu completamente da pauta – nacional e paraense.
A íntegra.

Nestlé e a destruição da água São Lourenço

Grandes corporações controlam governos, se apropriam da natureza e ficam imunes à Constituição.

Do blog Portas Abertas.
Nestlé mata água mineral São Lourenço
Há alguns anos a Nestlé vem utilizando os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar a água marca PureLife. Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões. As águas minerais, de propriedades medicinais e baixo custo, eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece. Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa. Para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem estudos sérios de riscos à saúde, desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente. A desmineralização de água é proibida pela Constituição. Cientistas europeus afirmam que nesse processo a Nestlé desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a reação. Em outras palavras, a PureLife é uma água química. A Nestlé está faturando em cima de um bem comum, a água, além de o estar esgotando, por não obedecer às normas de restrição de impacto ambiental, expondo a saúde da população a riscos desconhecidos. O ritmo de bombeamento da Nestlé está acima do permitido. Troca de dutos na presença de fiscais é rotina. O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos. A extração em níveis além do aceito está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de formação. Dois poços já secaram. Toda a região do sul de Minas está sendo afetada, inclusive estâncias minerais de outras localidades.
A íntegra.

Patrus na Savassi: uma cidade de todos

Belo Horizonte foi privatizada por Lacerda e Aécio. Vamos nos apropriar da cidade novamente elegendo Patrus.

domingo, 12 de agosto de 2012

ESPN x Sportv

Assistindo aos Jogos Olímpicos pudemos comparar as coberturas do Sportv e do ESPN. Sportv segue o padrão Globo de fantasia, no qual o esporte ocupa um mundo à parte; na ESPN, o esporte faz parte da realidade. É uma diferença importante. Comparando-o com o padrão do ESPN, percebemos como o padrão Globo manipula informações e produz ideologia. 

Barcelona 1982, Londres 2012

O vôlei brasileiro masculino viveu hoje seu dia de Sarriá 1982. Curioso o José Roberto Guimarães ter lembrando do "Mestre Telê" numa entrevista que deu ontem, quando comemorava a medalha de ouro surpreendentemente admirável do vôlei feminino. Não existe o sucesso de um e insucesso de outro: o vôlei masculino é fantástico, mas também perde, como a Seleção de 82 era fantástica e perdeu. Bastava um ponto (um gol) a ambos. O mérito é todo da Rússia, assim como o mérito em 82 foi da Itália. Nem por isso a Seleção de Leandro, Oscar, Luisinho, Júnior, Falcão, Cerezzo, Zico, Sócrates e Éder foi esquecida.
Vôlei e futebol são esportes muito diferentes. É incrível como um time que está vencendo por dois sets a zero e a um ponto de vencer o terceiro, de fechar o jogo em três a zero, perde o jogo por três a dois. É como se um ponto valesse por todos: o time que faz um faz todos... No futebol não é assim, o time que precisa virar corre contra o tempo e o outro resiste na retranca. Não existe isso no vôlei. No vôlei, os pontos já feitos não valem mais, é preciso continuar vencendo enquanto a partida não acabou, é preciso ser melhor do começo ao fim.
Aqueles pontos do final do terceiro set foram os mais importantes da partida. Aconteceu o que costuma acontecer: o time que vira, cresce, o time que perde, desanda. Virar um set é difícil, mas ganhar mais dois, a partir do zero, não. Vi na expressão do Bernardinho, no final do terceiro set que o Brasil tinha perdido o jogo. É claro, a Rússia podia voltar a errar e a coisa desandar para o seu lado, mas não foi o que aconteceu. Os russos fizeram uma partida impecável no quarto e quinto sets. Sua prova de fogo foi resistir no terceiro set, não deixar o Brasil abrir, mesmo diante da derrota iminente. O gigante Muserskyi encarnou o espírito do carrasco Paolo Rossi. No vôlei, a perseverança, a concentração, o detalhe são muito mais importantes.
Foi a melhor partida de vôlei que eu já vi. Infelizmente, o Brasil perdeu, mas vôlei pra mim não é futebol, e o Bernardinho, ao contrário de Telê em 82, não é um treinador que precisa vencer para afirmar valores: ele ganha tudo, e talvez a derrota, para ele, nas condições em que aconteceu, tenha sido mais importante do que a vitória. Seu livro possivelmente vai vender menos, mas...
Não gosto de vôlei, esse jogo repetitivo, de muita técnica e precisão, treinada exaustivamente, mas gosto de ver o que acontece, o que define a partida. E no caso do vôlei o circulo virtuoso e o círculo vicioso da vida se mostram mais claramente do que em qualquer outra situação. O time que acerta se fortalece, o time que erra desanda. Uma bola no chão é capaz de mudar tudo.

"Brasil está vazio na manhã de domingo, né
Olha o sambão, aqui é o país do voleibol
(De novo)
Brasil está vazio na manhã de domingo, né
Olha o sambão, aqui é o país do voleibol
No fundo deste país
Aos longo das avenidas
Nas quadras de cimento e areia 
Brasil só é voleibol
Durante duas horas e meia
De emoção e alegria
Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora
Dinheiro fica lá fora
A casa fica lá fora
Família fica lá fora
A fome fica lá fora
E tudo fica lá fora..."
("Aqui é o país do futebol", Milton Nascimento e Fernando Brant, música do filme "Tostão, a fera de ouro".)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Jânio de Freitas no Roda Viva

O decano do jornalismo político no Brasil vai ao Roda Vida, o mais tradicional programa de entrevistas do País, com uma hora e meia de duração, e não lhe perguntam sobre o "mensalão", cujo julgamento era a principal notícia política do dia. Quando finalmente perguntam, o condutor do programa, ex-chefão da Veja e atual editor da piauí, a revista da direita elegante, encerra bruscamente a entrevista, enquanto Jânio criticava a cobertura desonesta que a "grande" imprensa faz do assunto. Roda Viva é produzido pela TV Cultura de São Paulo, controlada pelos tucanos, que recentemente fizeram uma "limpeza" no seu pessoal e na programação, reconhecidamente a melhor entre as televisões públicas nacionais, antes da criação da TV Brasil pelo governo Lula. Vale a pena ver e ouvir Jânio de Freitas, uma rara voz lúcida na velha imprensa. "O que segura o leitor é a qualidade do jornal que você oferece a ele", resume com simplicidade o jornalista que renovou o JB no final da década de 1950 e influenciou toda a imprensa nacional, que exerce a profissão há sessenta anos e há quase trinta mantém coluna na Folha de S. Paulo. Quem quiser ir direto ao último bloco pode clicar aqui. Para saber quem é Jânio de Freitas, "um dos jornalistas que têm maior credibilidade, que todos respeitam", segundo Carlos Heitor Cony, clique aqui. Sobre a homenagem que ele recebeu em julho da Associação Brasileira de Jornalimo Investigativo (Abraji), a melhor matéria está aqui. E, ainda, quem quiser ler um excelente artigo de Jânio de Freita, no qual demonstra a "honestidade" a que se refere Cony, pode clicar aqui.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A carne para cachorro do McDonald's

Depois da Coca-Cola brasileira que provoca câncer e dos elevadíssimos índices de agrotóxicos nas frutas e legumes, chegou a vez da carne com hidróxido de amônio nos Mc-sanduíches. Burguer King e Taco Bell também usam.

Do saite Pragmatismo Político.
'Comemos no McDonald's carne que seria a mais barata para cachorros', diz especialista
Após o chefe de cozinha e ativista Jamie Oliver descobrir – e divulgar em seu programa de TV – que a rede McDonald's usa hidróxido de amônio para converter sobras de carne gordurosas em recheio para seus hambúrgueres nos Estados Unidos, a marca anunciou que mudará a receita, segundo informações do jornal Mail Online. "Estamos comendo um produto que deveria ser vendido como a carne mais barata para cachorros e, após esse processo, dão o produto para humanos", disse Oliver. "Por que qualquer ser humano sensato colocaria carne com amônio na boca de suas crianças?", questiona. 
O processo de conversão da carne é feito por uma empresa chamada Beef Products Inc (BPI), segundo o jornal. O veículo afirma ainda que esse processo nunca foi utilizado no Reino Unido, nem na Irlanda – que utilizam a carne de produtores locais. O McDonald's negou que tenha sido forçado a trocar sua receita por causa da campanha de Oliver. O jornal diz ainda que outras duas redes de comida rápida, Burguer King e Taco Bell, já tinham sido pressionadas e removeram o hidróxido de amônio de suas receitas.
A íntegra.

Da Carta Capital.
Campanha de Jamie Oliver faz McDonald's mudar receita de hambúrguer 
Até então, carne de baixa qualidade era lavada em amônia para se tornar apropriada para consumo
O chef e apresentador Jamie Oliver acaba de ganhar uma batalha contra uma das maiores redes de fast food do mundo. Depois que Oliver mostrou o modo como os hambúrgueres do McDonald's são produzidos, a rede anunciou que irá mudar sua receita. Segundo Oliver, as partes mais gordurosas da carne de boi são "lavadas" em hidróxido de amônia e usadas no recheio do hambúrguer. Antes desse processo, segundo o apresentador, o alimento é considerado impróprio para consumo humano.
"Basicamente, estamos pegando um produto que seria vendido da maneira mais barata para os cachorros e, depois desse processo, dando para seres humanos", disse ao portal britânico Daily Mail Online. Além da baixa qualidade da carne, o hidróxido de amônia é prejudicial à saúde. Oliver denominou o processo de lodo rosa.
A íntegra.