terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

PT começa série de debates em todo o País

Tomara que seja pra valer. O PT precisa se revigorar e rejuvenescer. Seus quadros e ideário são da década de 1970. As ideias foram recicladas ao longo de 33 anos, algumas inclusive para pior, mas não houve renovação de quadros. É o principal partido do País porque os demais não têm a menor representatividade, são meros ajuntamentos de políticos profissionais que caçam votos nas eleições.
O que a sociedade oferece agora ao PT, como ofereceu no fim dos anos 70, para que se renove? Ciberativismo, ocupação de espaços públicos, defesa ambiental intransigente, decrecimento, além das velhas eternas bandeiras da democracia e da igualdade social. Entre 1983 e 2013, o mundo deu uma guinada para o neoliberalismo, que foi só mais uma onda passageira, cheia de crises e seguida de nova depressão, que ja dura cinco anos.
O neoliberalismo foi um engodo e o capitalismo já devia ter sido superado há cem anos; ele sobrevive à custa de guerras e mais guerras, incluiu na sua galeria de crimes duas guerras mundiais, o nazi-fascismo, o genocídio de judeus, as bombas atômicas no Japão, bombas de napalm no Vietnã, ditaduras na América Latina, matança de civis no Iraque e em todos os países que o exército americano ocupou, matança de palestinos por Israel e todo o circo de horrores que faz parte do mundo contemporâneo.
Para completar ameaça tornar a Terra inabitável para os humanos -- baratas e outras espécies sobreviverão. E tudo para quê? Para produzir cada vez mais, porque é do aumento permanente da produção que vem o lucro que torna alguns poucos cada vez mais ricos, donos de uma riqueza indecente e grotesca, porque são capazes de consumi-la. Os demais seres humanos são meros consumidores de lixo.
Há bandeiras que são mundiais para todos os partidos de trabalhadores, como um novo sistema econômico baseado na distribuição justa das riquezas e no controle da destruição ambiental, o que significa mudança do modelo atual que destrói aceleradamente os recursos naturais e torna as condições de vida no planeta inóspitas para as futuras gerações.
E há bandeiras nacionais, como a educação pública de qualidade em tempo integral para todos, a reversão do desmatamento, a recuperação das bacias hidrográficas, a opção pela agricultura orgância e familiar.
Há ainda um bandeira absolutamente pioritária, que é nacional e mundial: a democratização da comunicação. Aqui, precisamos fazer a nossa parte quebrando o oligopólio representado por Globo, Abril e Folha e que manipula a opinião pública.
No governo, o PT se aliou a empresários e políticos que defendem interesses antagônicos a isso, que acham que progresso é sinônimo de destruição ambiental e mão-de-obra barata.

Da Agência Carta Maior.
PT: A idade da razão
Saul Leblon
Quando a luta contra o arrocho salarial mesclou-se à saturação nacional contra a ditadura, nos anos 70, os metalúrgicos souberam ir além dos limites corporativos.
Assumiram a liderança de uma nova agenda histórica.
Desse impulso divisor nasceria o PT, há 33 anos.
A série de 13 debates que o Partido inicia nesta 4ª feira, a partir de São Paulo, com a presença de Lula e Dilma, para em seguida inaugurar um circuito nacional, pretende consolidar o inventário desse período, 1/3 do qual no comando do país.
A rememoração é necessária.
Ela ocorrerá previsivelmente sob outros pontos de vista.
O colunismo bicudo, as manchetes especializadas nas adversativas, cuidarão de transformar o aniversário em necrológio.
O PT tem razões para acionar contrafogos. Mas seria crucial que não ficasse apenas nisso.
Seria precioso que surpreendesse indo além da reflexão de legítima defesa.
Os avanços em si são tão conhecidos quanto a contrapartida da desqualificação que os acompanha. À direita, disparada por um conservadorismo que os nega.
À esquerd , por visões -- muitas delas legítimas -- determinadas a instigar o debate progressista, sublinhando a insuficiência do patamar atingido.
O conjunto mais reafirma do que dissipa o essencial.
Os deslocamentos sócio-econômicos e geopolíticos acumulados na década de governo do PT, assim como os erros e hesitações que possam ser computados ao partido, compõem um novo e largo mirante da história brasileira.
O futuro que hoje se coloca na mesa do presente carrega intrínsecas condicionalidades progressistas.
Elas não existiriam tivesse o Brasil dos últimos dez anos sido governado pela coagulação conservadora que agora tenta desqualificar Lula, Dilma e respectivos governos.
Um dado resume todos os demais: sendo ainda uma das sociedades mais iníquas do planeta (apenas sete nações ostentam pior distribuição de renda) o Brasil é hoje o país menos desigual de toda a sua história.
A íntegra.