segunda-feira, 24 de junho de 2013

O que o Movimento Passe Livre vai dizer à presidente Dilma

Representantes do movimento foram convocados e se reúnem com a presidente hoje. O que vão dizer, divulgado na carta abaixo, não é novidade, e publicado algumas semanas atrás não ganharia destaque. O que é novidade e muda o teor das reivindicações é a disposição dos estudantes e da população de irem à rua lutar por seus direitos.
O que pode mudar é -- diante da pressão popular e da manifestação da presidente no seu pronunciamento de sexta-feira passada -- a política do governo federal, que tem privilegiado o transporte individual e a indústria automobilística e protegido a caixa preta das empresas concessionárias de transporte público, e tem a oportunidade de se tornar uma política voltada para o transporte urbano coletivo de qualidade e gratuito.
Ao contrário do que diz o prefeito Haddad (para não citar outros claramente identificados com interesses empresariais, como o de BH, Lacerda), a questão é simples: ou o sistema é mantido pelo Estado como serviço prestado à população ou é custeado pela população para dar lucro às empresas que financiam campanhas de políticos (em Minas Gerais essa relação é tão evidente que um representante das empresas foi vice do governador Aécio e hoje é senador). Governar é fazer escolhas.
Como diz o MPL, "a desoneração de impostos, medida historicamente defendida pelas empresas de transporte, vai no sentido oposto". "Abrir mão de tributos significa perder o poder sobre o dinheiro público, liberando verbas às cegas para as máfias dos transportes, sem qualquer transparência e controle."

Do blog Escrevinhador.
Carta à presidente
O transporte só pode ser público de verdade se for acessível a todas e todos, ou seja, entendido como um direito universal. A injustiça da tarifa fica mais evidente a cada aumento, a cada vez que mais gente deixa de ter dinheiro para pagar a passagem. Questionar os aumentos é questionar a própria lógica da política tarifária, que submete o transporte ao lucro dos empresários, e não às necessidades da população. Pagar pela circulação na cidade significa tratar a mobilidade não como direito, mas como mercadoria. Isso coloca todos os outros direitos em xeque: ir até a escola, até o hospital, até o parque passa a ter um preço que nem todos podem pagar. O transporte fica limitado ao ir e vir do trabalho, fechando as portas da cidade para seus moradores. É para abri-las que defendemos a tarifa zero.
A íntegra.