sábado, 30 de novembro de 2013

Quem é Zezé Perrella

Tudo que você queria saber sobre os Perrella e não encontrou na "grande" imprensa. Por enquanto, a única consequência, no caso do helicóptero da cocaína, é que ele será leiloado -- vale R$ 2,7 milhões (mas a carga valia muito mais: R$ 50 milhões).
PS: Tem uma coisa nessa história que eu ainda não entendi: o helicóptero carregava 1.306 kg (carga 445 kg; piloto e 3 passageiros: 280 kg; peso do helicóptero: 581 kg), mas sua capacidade máxima é 1.225 kg. Estava com 81 kg acima do peso? Interessante.
PS2: E tem ainda o peso do combustível, 224 kg, com o tanque cheio, conforme reportagem do jornal GGN

Do blog Bololô Mineirês. 
Por falar nos Perrella… 
Por Breiller Pires

O curioso caso do helicóptero que transportava 445 kg de pasta base de cocaína fez o nome da família Perrella voltar às páginas dos jornais. Depoimentos preliminares do piloto, do senador Zezé e do deputado Gustavo, dono da aeronave, apontam que a droga pertence… ao helicóptero! Intrigante.
Enquanto o helicóptero não apresenta sua versão, vale relembrar parte do legado dos Perrella para a sociedade e o futebol mineiro:
• Após uma dinastia de 17 anos, revezando-se com o irmão Alvimar no poder do Cruzeiro, Zezé deixou o clube em 2011 à beira do rebaixamento e um rombo de mais de 30 milhões de reais nas finanças.
• Em julho do mesmo ano, ele havia assumido uma cadeira no Senado depois da morte de Itamar Franco, com salário de 26 723 reais. Remuneração insuficiente para fazê-lo atuar com vigor no Congresso. Passou mais de um mês desfrutando da boa vida de suplente.
• Além de ter usado o Cruzeiro como plataforma eleitoral, deu uma mãozinha para o filho Gustavo, que foi nomeado vice de futebol no fim de 2009, posou ao lado de reforços e simplesmente desapareceu do clube depois de ser eleito deputado estadual em 2010.
• O feito mais notório de Gustavo na Toca da Raposa foi ter fechado uma parceria com o Nacional de Nova Serrana. Coincidência ou não, a cidade tornou-se seu segundo maior reduto eleitoral depois de Belo Horizonte, onde conquistou 6 300 votos.
• Na Assembleia, Gustavo utilizou sua posição para agradar apoiadores de longa data do pai. Empregou o atual vice-presidente do Cruzeiro, José Maria Queiroz Fialho, em seu gabinete, com salário superior a 5 000 reais. Fialho, a propósito, é sócio do tio Alvimar em uma empresa do setor alimentício.
• A prática de empregar correligionários era comum na gestão de Zezé Perrella no Cruzeiro. Um de seus apadrinhados mais conhecidos foi o ex-diretor de futebol Dimas Fonseca, que recebia aproximadamente 90 000 reais do clube. Não por acaso, o gasto celeste com funcionários bateu recordes em sua administração: 60 milhões de reais por ano.
• Sobre apadrinhamentos, Perrella disse à revista Placar em 2012: "Eu não faço média. Prefiro colocar uma pessoa em quem eu confio para trabalhar comigo".
• Durante os últimos quatro anos sob gestão de Zezé, a dívida do Cruzeiro subiu de 85 para 112 milhões de reais. Embora arrecadasse mais de 30 milhões por ano com venda de jogadores, seu mantra no futebol, o cartola não conseguiu evitar déficits anuais em cifras igualmente graúdas. De quebra, saiu para o Senado como o maior fiador do clube, depois de avalizar em seu nome cerca de 30 milhões de reais em empréstimos. Ainda assim, ele declarou à Justiça Eleitoral ter um patrimônio de 500 000 reais.
• Quando assumiu o cargo de senador, Perrella acumulava três inquéritos: um por suspeita de lavagem de dinheiro na venda do zagueiro Luisão, em 2003, e outros dois por suposta ocultação de patrimônio, já que, juntamente com os filhos, é dono de uma fazenda no interior de Minas avaliada em 60 milhões de reais.
• Deputado estadual entre 2007 e 2010, Zezé gastou pelo menos 26 000 reais em verba de gabinete para abastecer dois de seus jatinhos particulares, segundo levantamento de O Globo. Nesse período, também foi um dos parlamentares mais ausentes da casa: 89 faltas de 101 reuniões.
• Como dirigente, liderou a implosão do Clube dos 13, em comunhão com o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Recentemente, atuou como lobista no Senado para a retirada de assinaturas do requerimento de CPI para investigar as contas da Confederação.
• Dias antes, ele havia batido à porta da entidade, acompanhado do também senador e cruzeirense Aécio Neves – um antigo aliado, que o fez até esquecer a rivalidade com o Atlético nas eleições. Eles apelaram por efeito suspensivo da punição imposta pelo STJD, que impediria o Cruzeiro de jogar no Mineirão contra o Grêmio pelo Brasileirão. Foram atendidos.
E, depois de todo esse esforço da família Perrella pelos mineiros, ainda há a possibilidade de Zezé sair candidato a governador do estado em 2014 – mas, se a confissão de culpa do helicóptero ainda render pano para a manga, o plano de voo pode ir pelos ares.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Camila pra presidente!

Jornalaico lança candidata à sucessão de Bachelet. Do Chile ou do Brasil, onde ela quiser.

Do Diário do Centro do Mundo.
A "revolucionária mais glamurosa do mundo" ganha um lugar no Congresso do Chile
Paulo Nogueira

Camila vai lutar por uma sociedade mais justaBoas escolas públicas são uma das armas mais eficazes para reduzir a desigualdade social: permitem aos pobres competir, em igualdade de condições com jovens ricos, no mercado de trabalho.
O DCM elege um símbolo dessa crença fundamental: a líder estudantil chilena Camila Vallejo, 25 anos. Camila acaba de se eleger para o Congresso do Chile.
Em sua conta no Twitter, ela disse qual é seu compromisso no Congresso: ajudar a construir uma "sociedade democrática, sem desigualdade, soberana e com real justiça social".
Camila é inteligente, articulada, combativa – e, com seu piercing no nariz, virou um símbolo mundialmente reconhecido de um Chile que clama por mudanças.
Em sua ditadura de 17 anos, o general Augusto Pinochet simplesmente destruiu a qualidade do ensino público chileno, a exemplo do que os militares fizeram no Brasil. A educação de qualidade, sob Pinochet, passou a ser um privilégio do qual os chilenos sem recursos foram simplesmente excluídos.
Isso não mudou nos anos pós-Pinochet.
A íntegra.

Assembleia Legislativa paga o combustível do helicóptero que transportava cocaína

E também o salário do piloto. O que o leitor, eleitor, contribuinte, cidadão deve pensar desse uso do dinheiro público pelo poder legislativo mineiro?
É incrível a discrição da imprensa sobre o assunto. Se a gente procurar, acha uma notícia aqui, outra ali, mais uma acolá, mas escondidinhas. Por que será? Avião de político transportando quase meia tonelada de cocaína é fato corriqueiro? O "grande" jornal dos mineiros, por exemplo, já esqueceu o assunto. Curioso também que a quantidade de droga está diminuindo: eram 450 quilos, depois 445 e agora já se fala em 443.
Mas há quem dê ao caso a devida importância, mostre as relações entre os Perrella e o tucano Aécio Neves e critique o silêncio, por exemplo, da Globo. Na internet, é claro.

Do Jornal GGN.
Assembleia Legislativa de Minas abastece helicóptero de Perrella
O helicóptero que transportou 445kg de cocaína é abastecido pela Assembleia Legislativa de Minas. O deputado Gustavo Perrella (SDD) gastou R$ 14.071 com querosene para avião, entre janeiro e outubro deste ano, segundo dados do relatório do Portal da Transparência do Legislativo. Além disso, a Assembléia também custeava R$ 1.700 de salário para o piloto Rogério Almeida, desde abril.
O piloto e copiloto do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG) continuam presos. Enquanto isso, os dois e o próprio deputado afirmam desconhecer que transportavam a droga. O helicóptero, que pertence à família do senador Zezé Perrella (PDT-MG), foi apreendido, no domingo (24), pela Polícia Militar, em uma fazenda no interior do Espírito Santo. A PF (Polícia Federal) investiga o caso.
A íntegra.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

E se o helicóptero dos Perrella fosse do filho de José Dirceu?

Um exercício de imaginação feito pelo Blog do Rovai.
Outros são possíveis. Por exemplo: aplicar ao caso a teoria do domínio do fato, que o ministro Joaquim Barbosa aplicou para prender José Dirceu e José Genoíno.
Como o piloto trabalha na fazenda de Gustavo e Zezé Perrella, é impossível que não soubessem o que ele fazia. Como trabalha para o deputado Alencar da Silveira, é impossível que este também não soubesse. Já são quatro: o piloto, o deputado Silveira, o deputado Perrella, o senador Perrella -- portanto, uma quadrilha! E como todos são aliados de Aécio Neves, seu chefe político supremo, este seria o chefe da quadrilha. Aliás, duas quadrilhas, pois havia mais três no helicóptero: uma quadrilha de transporte, da iniciativa privada, e outra formada por políticos.
Seguindo o raciocínio de Barbosa, todos devem ser condenados por tráfico de droga e formação de quadrilha! Já que se tratam de dois senadores, o processo deve ser julgado diretamente pelo STF, sem direito a apelação. E como relator, o presidente do STF pode levantar a hipótese de que o dinheiro da venda da droga seria empregado na campanha do candidato tucano à presidência. Mais: que a compra da droga teria sido feita com dinheiro público, desviada de verbas dos dois Legislativos...
É assim que funciona o Brasil da oposição, da "grande" imprensa e de Joaquim Barbosa.
Com uma diferença: se o acontecimento está relacionado ao governo do PT, ganha manchete diariamente, mas se atinge políticos da direita, cai no esquecimento imediatamente.
Nunca é demais frisar: helicóptero da empresa de um senador e um deputado estadual mineiros, transportando 450 quilos de cocaína, avaliada em R$ 50 milhões. Piloto empregado também na Assembleia Legislativa mineira a pedido do deputado, mas que não ia trabalhar.
E a indignação contra a corrupção, o crime organizado, a desmoralização dos políticos? Por que não se manifesta?

Do Blog do Rovai.
Na mídia, a história dos 450 kg de cocaína no helicóptero dos Perrella virou pó
Renato Rovai

Vamos imaginar que um dos filhos de Marta Suplicy fosse deputado. E um helicóptero dele fosse apreendido pela PF com 450 quilos de cocaína. Você acha que este fato teria a mesma cobertura discreta e cuidadosa que o dos Perrellas está tendo? Você acha que o Uol daria apenas registros aqui e ali do caso? Ou acha que a casa da atual ministra teria filas de repórteres tentando pular o muro para falar com ela?
Talvez o exemplo não seja o melhor. Tentemos, pois, outro exercício hipotético. Imagine que o helicóptero fosse de um irmão do senador carioca Lindbergh. O que você acha que aconteceria? Quantos minutos isso renderia no Jornal Nacional? Quantas páginas do jornal O Globo?
Mas podemos ir ainda mais longe. Imagine que o helicóptero fosse de alguém que tivesse relação com o ex-presidente Lula. Alguém, por exemplo, que tivesse feito churrasco na casa dele uma ou outra vez. O que será que aconteceria com Lula e com o suposto churrasqueiro de Lula?
Como você acha que seria a cobertura dessa história se o avião fosse do Zeca Dirceu, deputado pelo Paraná e filho de José Dirceu? Ou de um filho do vereador Donato, que ontem voltou à Câmara para enfrentar do legislativo a quadrilha do ISS? Ou se fosse da Miruna, filha de José Genoíno?
A íntegra.

Do blog Viomundo. 
Piloto diz que fez duas ligações a deputado antes de voar; fazenda destino da cocaína era dos Perrella, diz advogado
por Luiz Carlos Azenha 

O advogado Nicácio Pedro Tiradentes, que representa Rogério Almeida Antunes, disse esta tarde ao Viomundo que o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade-MG) mentiu ao dizer, em entrevista, que o piloto roubou o helicóptero que estava em nome da Limeira Agropecuária e foi apreendido em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, Espírito Santo, com mais de 400 quilos de cocaína a bordo.
A apreensão aconteceu domingo.
Nicácio, que foi contratado pelo pai do piloto, passou algumas horas com o acusado e saiu do encontro dizendo que Rogério era homem "de confiança" do deputado Perrella, tanto que ocupava um cargo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde não trabalhava. Segundo o jornal O Estado de Minas, o piloto era "agente de serviço de gabinete da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Almg). Com salário de R$ 1,7 mil, Antunes está lotado desde abril deste ano na 3ª Secretaria da Almg, presidida pelo deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT)". O pedetista informou que Rogério seria demitido nas próximas horas.
De acordo com o advogado, o piloto fez duas ligações para o deputado Perrella antes de voar o frete. Ele sustenta que tanto o piloto quanto o deputado acreditavam tratar-se de implementos agrícolas. Disse também que o deputado estaria tentando "empurrar o pepino" para o piloto. Sugeriu que haveria a tentativa de livrar outro envolvido, pessoa "de posses" que acompanhava o vôo, mas não identificou esta pessoa, com a qual o advogado deve se encontrar ainda hoje para obter novas informações.
A íntegra.

Do UOL, em São Paulo
PF apreende 450 kg de cocaína em helicóptero da família de senador de MG
Guilherme Balza

A superintendência da Polícia Federal do Espírito Santo apreendeu, durante operação nesse domingo (24), 450 kg de cocaína em um helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual por Minas Gerais Gustavo Perrella (Solidariedade), filho do senador e ex-presidente do Cruzeiro Zezé Perrella (PDT-MG).
O helicóptero foi interceptado pela Polícia Federal perto da cidade de Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo. Estavam na aeronave o piloto, que é funcionário da agropecuária, e mais três pessoas cujas identidades não foram reveladas pela PF.
A íntegra.

Do Estado de Minas.  
Helicóptero da família Perrella é apreendido com mais de 400 quilos de cocaína
Luana Cruz

Um helicóptero de uma agropecuária que faz parte do grupo de empresas do senador Zezé Perrella (PDT) e do filho dele, deputado estadual Gustavo Perrella (SDD), foi apreendido com mais de 400 quilos de cocaína durante uma operação da Polícia Federal do Espírito Santo, no domingo. A droga foi interceptada pelos policiais perto da cidade de Afonso Cláudio, o interior do estado.
De acordo com o advogado da família, Antônio Carlos de Almeida Castro, a aeronave está em nome da Limeira Agropecuária – empresa do deputado, mas ele não estava no voo. Segundo Castro, o piloto usou indevidamente a aeronave, sem avisar, para o transporte da droga. O piloto foi preso, junto com outras três pessoas que o acompanhavam.
A íntegra.
O advogado Nicácio Pedro Tiradentes disse que o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade-MG) está mentindo. Tiradentes representa o piloto Rogério Almeida Antunes, que dirigia o helicóptero apreendido em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, Espírito Santo, com mais de 400 quilos de cocaína a bordo.
Perrela afirma que o piloto roubou o helicóptero.
Tiradentes passou algumas horas com o acusado. Ele saiu do encontro dizendo que Rogério era “homem de confiança” do deputado Perrella, tanto que ocupava um cargo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais mesmo sem dar expediente.
De acordo com o advogado, o piloto fez duas ligações para o deputado Perrella antes do voo em questão.
Ele sustenta que tanto o piloto quanto o deputado acreditavam tratar-se de implementos agrícolas. Disse também que o deputado estaria tentando “empurrar o pepino” para o piloto. Ele sugeriu que haveria a tentativa de livrar outro envolvido, pessoa “de posses”.
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2013/11/26/aecio-e-alckmin-sao-ligados-a-dono-do-helicoptero-do-po/#more-15351

Os médicos de Joaquim Barbosa

Para saber se Genoíno precisa ou não de tratamento médico, nada melhor do que o laudo de uma junta médica, certo? Depende da junta médica. Se fosse a que cuidou do Tancredo... A decisão do presidente do STF mostra como ele age: escolheu a dedos médicos que são inimigos do PT e do programa Mais Médicos, além de estarem implicados em denúncias de falcatruas. Se Genoíno morre, Barbosa pode dizer que fez o que os médicos disseram. A junta médica do presidente do STF é como o julgamento do "mensalão": preparada para obter o fim desejado.
Procure na "grande" imprensa e veja se encontra o que vai ler abaixo. Jornalismo hoje só se faz na internet.

Do blog O Cafezinho.
Quem são os médicos de Barbosa que examinaram Genoíno
Por Miguel do Rosário

O Cafezinho foi investigar quem são os médicos selecionados por Barbosa para fazer um laudo médico que justifique trazer Genoíno de volta para Papuda. Todos os laudos anteriores indicavam que seria muito mais seguro para Genoíno se tratar em casa. Barbosa não se deu por satisfeito e pediu um último laudo, feito com médicos mais velhos, a maioria professores, acadêmicos, ou empresários da saúde, que aceitaram o jogo de Barbosa e prepararam um documento que prima por ser "contra" o réu. É a primeira vez que eu vejo uma junta médica agir, deliberadamente, com apavorante frieza, com vistas à sabotar qualquer tratamento a Genoíno.
Vê-se que Barbosa foi cuidadoso. Depois de trocar o juiz, escolheu cinco médicos perfeitos para executar sua missão. A maioria são médicos já maduros, com longa carreira acadêmica e donos de clínicas particulares. Barbosa não se arriscou com nenhum jovem idealista. Chamou só macaco velho.
Vamos a eles. Os nomes são: Luiz Fernando Junqueira Júnior, Cantídio Lima Vieira, Fernando Antibas Atik, Alexandre Visconti Brick, e Hilda Maria Benevides da Silva de Arruda. Segue a ficha cada um:
A íntegra.

Mais um tribunal de exceção

Depois que os vampiros provam sangue, querem sempre mais, é o que diz a lenda. O autoritarismo também. Foi assim na escalada do nazismo, foi assim no golpe de 64 e está sendo assim agora com esse novo judiciário de exceção, que apela até para a lei de segurança nacional, da ditadura. O julgamento do "mensalão", em que Joaquim Barbosa revirou de cabeça para baixo a justiça e o STF aceitou, deu o exemplo, e pelo visto movimentos sociais e militantes agora passam a ser perseguidos com rigor. Conhecemos a justiça brasileira e seu rigor, sabemos que ela é seletiva (os réus do "mensalão" mineiro, por exemplo, continuam aguardando julgamento -- haverá? -- com todas as regalias, como direito a dois tribunais, enquanto os petistas foram julgados diretamente no tribunal do Barbosa) e desconfiamos dos seus propósitos, pois nunca vimos o mesmo rigor funcionar para os ricos e políticos de direita. Liberdade de pensamento -- nunca é demais lembrar essa lição liberal elementar -- é sempre para quem pensa diferente de nós.

Do blog da Fist.  
Jair Baiano submetido a tribunal de exceção
Negada a liberdade de Jair Seixas em um jogo de cartas marcadas comandada pela polícia, pelo governador e pela presidente da República.
O objetivo é criminalizar a Frente Internacionalista dos Sem Teto – Fist, pois, esta se coloca contra as remoções e despejos e contra os criminosos leilões do petróleo e do xisto, um dos pilares do sistema capitalista. Não há uma prova sequer contra o membro de nossa entidade, não há uma foto sequer ligando-o a qualquer ato criminoso.
Qual a quadrilha a que Jair Seixas pertence? Será o nosso movimento a tal quadrilha internacional a que se referiu o governador? Como ligá-lo a Black Blocs, se nunca ele andou mascarado? A única foto mostrada no processo aparece Baiano segurando um objeto, que pode ser um mastro de bandeira, uma bengala ou uma barra de ferro.Qual o crime de andar com esse objetos? Daqui para frente, Jair estará sendo defendido pelos advogados da Fist, sendo que no dia 16/12/13 às 14h ocorrerá a Audiência de Instrução e Julgamento na 14ª Vara Criminal.
A íntegra.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O nosso tempo, segundo Chomsky

Do Direto da Redação, via blog Luís Nassif Online. 
Como se manipula a informação

Por Mário Augusto Jakobskind

Não é de hoje que vários pensadores sérios estudam o mecanismo da manipulação da informação na mídia de mercado. Um deles, o linguista Noam Chomsky, relacionou dez estratégias sobre o tema.
Na verdade, Chomsky elaborou um verdadeiro tratado que deve ser analisado por todos (jornalistas ou não) os interessados no tema tão em voga nos dias de hoje em função da importância adquirida pelos meios de comunicação na batalha diária de "fazer cabeças".
Vale a pena transcrever o quinto tópico elaborado e que remete tranquilamente a um telejornal brasileiro de grande audiência e em especial ao apresentador.
O tópico assinala que o apresentador deve "dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade ou deficientes mentais. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantil, muitas vezes próxima da debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil".
A íntegra.

A prisão dos "mensaleiros" vista por quem melhor cobriu o julgamento

É como eu tenho repetido: quem quiser concordar com Joaquim Barbosa e seus colegas (exceção honrosa feita ao ministro Lewandowski) e achar que José Dirceu e os demais réus do "mensalão" devem mesmo ir pra cadeia, pode, é um direito, mas tem que encontrar sua própria argumentação para isso, porque o que se fez não foi justiça e o processo foi uma aberração. E quem quiser se informar de verdade deve ler mais do que Veja, Folha e Globo, para ser levado a sério. Nem que seja pra dizer: "eu sou reacionário mesmo, odeio petista e acho ótimo que tenham sido presos por um crime que não cometeram. Quero que morram na prisão, são todos comunistas" etc. e tal, como dizem aqueles que continuam na era da ditadura e da guerra fria. 

Do blog Retrato do Brasil. 
Mensalão: o terceiro absurdo 
Primeiro, o STF não aceitou julgar os réus separadamente: alegou que seus crimes eram inextricáveis. Depois, fatiou o julgamento. Por fim, esquartejou também a sentença

Raimundo Rodrigues Pereira

Em meio à preparação de nossa edição especial sobre o "mensalão", que circulará no próximo mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu não aguardar o julgamento dos embargos infringentes previsto para meados do ano que vem, quando serão reexaminados alguns dos crimes dos quais são acusados vários dos réus. Decidiu "fatiar" a aplicação das sentenças, considerando, na linguagem forense, "transitadas em julgado", ou seja, prontas para serem executadas, todas as "fatias" das penas a que foram condenados réus para as quais não houvesse mais possibilidade de recurso. Com isso, foram presos, na sexta-feira (15), vários dos julgados, entre os quais José Dirceu, o mais famoso deles. Dirceu foi preso por uma das duas "fatias" de sua condenação: a de sete anos e onze meses de prisão, referente ao crime de "corrupção ativa", para a qual não haveria mais apelação. E aguardará o julgamento da outra "fatia", na qual recebeu sentença condenatória de dois anos e 11 meses, pelo crime de "formação de quadrilha", a ser revista em 2014, no julgamento do respectivo embargo infringente aceito pelo tribunal.
O fatiamento das sentenças dos réus completou o tripé de arbitrariedades no qual o julgamento da Ação Penal (AP) 470 foi assentado. No início da ação, quando ela foi aceita pelo STF em 2007, a Procuradoria-Geral da República, por meio de Antônio Fernando de Souza, seu então titular, e o ministro Barbosa, relator do caso, sustentaram que seu desmembramento seria impossível, tendo em vista a imbricação dos crimes cometidos e o fato de os acusados formarem três quadrilhas intimamente relacionadas. Posteriormente, no acordão do julgamento, Barbosa confirmou a inextricabilidade do caso ao dizer que o chefão dos três bandos era um só – Dirceu, que teria desempenhado papel "proeminente", não junto a um, apenas, mas a "todos os acusados".
Qual o grande crime chefiado por Dirceu e para a realização do qual comandou três quadrilhas, uma de seu partido, o PT, outra de publicitários e a terceira, de banqueiros? Segundo a acusação, a compra de votos de parlamentares. Com que dinheiro foi feita essa compra? Não com os empréstimos fictícios forjados pelos quadrilheiros banqueiros , disse a acusação, mas com 74 milhões de reais desviados do Banco do Brasil (BB) pelos quadrilheiros publicitários.
Cabia então, indubitavelmente, à acusação apresentar a prova material do crime – a existência de desvio de dinheiro do BB. E cabia ao pleno do STF cobrar tal prova – a da existência de instrumento material indispensável à execução do crime. Nenhum dos dois procuradores-gerais da República que tocaram o caso – Souza, já citado, e Roberto Gurgel, a seguir – fez a prova. E, pasmem, nenhum dos juízes do STF a exigiu, embora se saiba que, desde a Idade Média, a primeira tarefa do Estado acusador, ao privar uma pessoa de sua liberdade, é a de provar a materialidade do crime.
A íntegra.

Freud em quadrinhos

A psicanalista Juliana Caldeira entrevistou o cartunista Pacha Urbano, quando esteve em BH em meados de novembro. Ele é autor de uma HQ que faz sucesso na internet.

Do blog Prima Letra.
Psicanálise e Humor 
Entrevista de Pacha Urbano, criador das tirinhas "As fantásticas traumáticas aventuras do Filho do Freud", concedida a Juliana Marques Caldeira Borges, psicanalista do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais (CPMG). Pacha está em Belo Horizonte para o lançamento do livro "O Filho do Freud" no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), com sessão de autógrafos hoje, 15/11, às 18h, na Serraria Souza Pinto.

Juliana: Pacha, como surgiu a idéia de escrever as tirinhas "As fantásticas traumáticas aventuras do Filho do Freud"?
Pacha: Foi durante uma aula de Psicanálise e Educação, no ano passado, na faculdade onde curso pedagogia. A professora passou uma cinebiografia sobre Freud e ao final do filme pensei: "Deve ter sido uma droga ser filho do Freud", porque um homem tão devoto ao próprio trabalho não teria muito tempo para compartilhar com a família, além, claro, de como lhe pareceriam óbvias todas as gracinhas de uma criança. E veio aquele estalo! Sempre levo comigo algum caderno de desenho, e então rabisquei a que viria a ser a primeira tirinha da série. Nela o primogênito do Freud aparecia no consultório com uma toalha nas costas e uma cueca na cabeça, se mostrando para o pai como sendo o Superego, estas coisas que as crianças fazem e nós rimos, mas para o pobre Jean-Martin o resultado foi traumático.

Juliana: Você imaginava a repercussão que elas teriam?
Pacha: Não fazia ideia. Até hoje me surpreendo com a quantidade de gente que diz conhecer as tirinhas, ou mesmo o tráfego de curtidores na página do Facebook. A princípio publiquei uma foto do meu caderno com a tirinha rabiscada no meu perfil, para meus amigos, e a coisa foi compartilhada por uma porção de pessoas. Acabou que alguns meses depois um saite de humor a republicou, sem qualquer crédito para mim, e isso me deixou preocupado. Como virava e mexia me pediam outras tirinhas, decidi fazer mais algumas dentro daquele mesmo clima da primeira e passei a publicá-las num tumblr, e então no Facebook, e foi aí que a coisa se proliferou de verdade. De 31 de maio do ano passado, data da primeira tirinha publicada no Facebook, até hoje, toda terça-feira, e às vezes em outros dias da semana também, publico uma tirinha nova, que é compartilhada por centenas (algumas delas por milhares) de pessoas.
A íntegra.

PPS vai de Eduardo Campos

PPS é o antigo Partido Comunista, o Partidão, stalinista, que mudou de nome quando a União Soviética acabou. Desde então virou uma legenda sem rumo, ora indo para um lado, ora para outro -- é popular e socialista no nome, mas na prática defende bandeiras neoliberais. Vai entender. Já apoiou o PT, depois apoiou o PSDB. Ficou à direita de Serra, ofereceu para ele a legenda, caso não conseguisse ser o candidato tucano; depois convidou Marina. Agora vai de Campos. Em Minas está na base do governo Aécio e serviu aos propósitos do ex-governador em 2010, quando abrigou o ex-presidente Itamar Franco como candidato ao Senado, para derrotar o candidato do PT, Fernando Pimentel. Freire é o dono do partido, já foi candidato a presidente, em 1989, quando ainda tinha pretensões; agora se resignou a ser nanico e luta para não desaparecer, mas às vezes faz barulho. A única convicção do PPS é que é oposição ao PT e que a oposição deve ter mais candidatos para forçar o segundo turno em 2014.

Do Brasil 247.
PPS sinaliza apoio a Campos em 2014
O senador e pré-candidato do PSDB à Presidência em 2014, Aécio Neves (MG), tem procurado forçar uma aproximação com o PPS de Roberto Freire. Depois de cortejar o tucano José Serra para ser lançado como candidato pelo partido, a sigla abriu as portas para Marina Silva, mas acabou sozinha. Agora, no entanto, sinaliza que tende a ficar ao lado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
A íntegra.

Avaliação e números da eleição no PT

Uma das visões sobre o PT é que ele está abandonando suas origens para se tornar um partido semelhante aos dos EUA, com mais "aparato" do que "discussão política", mais "filiados" do que "militantes", mais dinheiro do que trabalho, enfim.

Do saite Página 13.
PED 2013: Avaliação preliminar
15. Do ponto de vista organizativo, o PED 2013 foi pior do que todos os anteriores. Podemos dizer que há um amplo consenso sobre isto dentro do Partido. O problema é que esta avaliação comum parte de posições muito distintas e até opostas. Por um lado estão os que, como nós, defendemos que o processo de eleição das direções partidárias seja feito através de encontros partidários. Por outro lado, estão os que defendem "qualificar" o PED, por meio de adoção de regras que reduzam o peso dos filiados-eleitores e ampliem o peso dos militantes, na linha do que foi aprovado no IV Congresso do Partido e posteriormente flexibilizado ou até mesmo revogado pelo Diretório Nacional. Finalmente, há os que querem flexibilizar ainda mais as regras, secundarizando a participação ativa, a formação política, o autofinanciamento, os debates etc. reforçando assim a influência dos filiados-eleitores em detrimento dos militantes.
16. Em termos objetivos, o número de filiados que participou do PED 2013 foi inferior ao PED 2009. Em 2009 votaram 518.192 filiados e filiadas. Em 2013, votaram 425.604 petistas.
17. Dos mais de 1 milhão e 700 mil filiados petistas, foram pagas as cotizações de 809 mil. Destes que cotizaram (ou foram cotizados), 387.837 filiados não compareceram para votar, deixando clara a alta dose de artificialidade e a influência do poder econômico presentes no processo de filiação e cotização. A artificialidade foi tamanha que só restou, a um dos responsáveis pela organização do PED, ter um surto de “amnésia” para tentar explicar o grande número de cotizados ausentes: “O voto hoje é mais criterioso, as pessoas precisam passar por atividade partidária, tem que efetuar contribuição financeira. É um processo muito mais complexo. No PT, não é só voto. As pessoas têm que participar efetivamente do processo”, disse o dirigente citado, numa coletiva à imprensa.
18. Somando os que votaram nulo (10.343) ou branco (36.317), com os que estavam cotizados mas não compareceram (387.837), temos 434.497 filiados, número maior do que os dos 421.507 que votaram em alguma chapa. É preciso analisar cuidadosamente os motivos pelos quais tantos filiados votaram em branco ou nulo para presidente e chapas nacionais. Assim como é necessário compreender por quais motivos a "abstenção de cotizados" variou, de cidade para cidade, de estado para estado.
19. A quebra na votação pode ser ilustrada pelo resultado presidencial: em 2009 José Eduardo Dutra ganhou no primeiro turno com 58% e 274 mil votos. Rui Falcão foi eleito, agora, com 69,5% mas com 268 mil votos.
20. A maioria dos que votaram não participou de nenhum debate, tampouco teve acesso ao jornal com as posições das chapas e candidaturas nacionais. Setores do PT trabalharam para esvaziar e esterilizar a discussão. Em alguns estados, como São Paulo, não ocorreu nenhum debate nacional. Mesmo onde o debate ocorreu, sua profundidade foi inferior ao necessário. A falta de debates contribuiu para a impressão, forte em muitos setores do Partido, de que o PED não ajudou a qualificar nossas direções partidárias.
21. Apesar do enorme esforço político e material, o resultado final do PED nacional não provocou alterações significativas na composição do Diretório e da Comissão Executiva Nacional do PT. Exemplo disto: em 2013 as chapas que apoiam Rui Falcão receberam 69% dos votos; em 2009, os mesmos setores obtiveram 70%.
A íntegra.

Jovens transformam em espaço cultural um ex-hospital de torturas em BH

Do blog do Rudá Ricci.
Local que foi palco de tortura infantil em BH vira espaço cultural comunitário
No próximo dia 26 comemora-se um mês que um casarão localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, foi ocupado por jovens que diariamente oferecem atividades culturais à população.
Virou um centro cultural. Mais uma ação de jovens, muitos deles articuladores das manifestações de junho na capital mineira.
Não por outro motivo, logo na entrada do casarão, aparece um cartaz onde se lê: "O espaço é horizontal" (assim como a Assembleia Popular Horizontal, principal organização criada durante as manifestações juninas).
Não há hierarquia por lá.
O nome, Luiz Estrela, é uma espécie de Amarildo mineiro. Morador de rua que participava do circuito cultural da capital, foi assassinado próximo da Praça da Estação. O crime nunca foi investigado.
Há uma pendenga com o governo estadual que havia decidido ceder o espaço para uma empresa.
A íntegra.

sábado, 23 de novembro de 2013

Impeachment de Joaquim Barbosa

Lembo é o oposto de FHC, veio da direita, mas não negocia suas opiniões com a "grande" imprensa. Não é o único que pensa assim.
Pai do novo juiz escolhido por Barbosa para executar pena dos condenados com rigor foi expulso do PSL depois de cometer vários delitos -- e entrou no PSDB; tem programa de televisão em Brasília no qual comemorou prisão dos petistas. Esse é o STF. O ministro Dias Toffoli também está sob suspeita.
Jurista "guru" de Barbosa diz que condenados têm razão em pedir um segundo julgamento. Entrevista foi publicada pela Folha, mas só agora. Por quê?
Jornal O Globo de domingo deu manchete surrealista: quer que o Banco do Brasil cobre na justiça gastos do "mensalão" do qual recebeu a maior parte. Sobre sua dívida com o fisco, por sonegação de R$ 600 milhões, pela qual foi processada e cujo processo desapareceu, nenhuma palavra. Esta é a "grande" imprensa.
Há um ano a revista Retrato do Brasil produziu uma série de reportagens -- a única que efetivamente investigou o processo -- na qual revelou toda a farsa montada por Joaquim Barbosa para condenar os réus do "mensalão". Quem quis se informar, leu; quem não quis, continuou acompanhando Globo, Veja, Folha etc.

Da RBA.
Lembo critica 'linchamento' e diz que há base legal para impeachment de Barbosa
São Paulo – O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo é mais uma voz dos setores conservadores da sociedade a também manifestar repúdio pelas arbitrariedades do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, contra os condenados na Ação Penal 470, o processo do "mensalão". Lembro criticou a maneira como Barbosa determinou as prisões dos réus, desconsiderando seus direitos e obrigando um deles em particular, o deputado federal José Genoino, a ficar quase uma semana encarcerado com graves problemas de saúde.
"Foi constrangedor, um linchamento", disse o ex-governador ao programa É Notícia, da Rede TV, segundo a página da emissora na internet. O programa vai às 0h30 de segunda-feira (25/11).
Lembo disse ainda que as ilegalidades da prisão podem levar ao impeachment de Barbosa. "Nunca houve impeachment de um presidente do STF, mas pode haver, está na Constituição. Bases legais, há (...) O poder judiciário não pode ser instrumento de vendeta", afirmou.
A íntegra.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Gerson Murilo

Grande poeta (Soluço Paquidérmico, 1982; Que Quieto O Quê, 2005, entre outros), grande escritor (Eu fico é segurando o meu nariz, com desenhos de Helena Alexandrino, Ática, 1990; Ei, quem você pensa que é?!, com desenhos de Eva Furnari, Formato, 1998, entre outros), grande amigo. Artesão refinado das palavras. Exemplo. Vai fazer uma falta danada.
Os amigos são poucos e ainda partem cedo.
Sábado, 23/11/13, 11h, Cemitério do Bonfim.


JARDIM
a gente vai virar ramo
ou será que
vai florir?

PRA.GA.STAR
pra dinheiro só aquela:
se não gasta
prolifera

deixa as janelas abertas quando sai
disse que deixa
pro apartamento poder se debruçar
se quiser
e ficar olhando a rua

ALARDE
você enfeita
a minha bobagem

RUA
numa noite de embriaguez
a chave faz amor
com a fechadura da porta
do lado de fora
aguardo condescentemente

INTERIOR
de noite
todos os gatos são chatos

INTERIORES
de noite
todos os gestos são chamas

DEPRESSA
onde fica a saída
de incêndio do seu corpo?

errar 
é hum anus
:
já não está mais aqui
quem falou

aí é que a porca
tosse o rabo
:
pra bom entendedor
meia palavra
bos

PIXAIM
- quem disse que seu cabelo 
é rebelde, minha filha?
acho que ele é é obediente:
do jeito que a gente põe
ele fica

acho que a chuva não se acha
.
a chuva é uma charada

MORTE
seu corpo nunca mais
pra onde sua alma
nem sombra

VELÓRIO
- em que você está pensando?
- se morto solta pum

GRÃO
a alma do universo é deus?

SIRENE ESCOLAR
te espero lá fora, ele disse
ou será te espeto?
tremo
o topete estúpido da fúria
por um triz

você sai
e deixa sua falta imantada

ela vem
e quando estiver aproximada
direi que o desejo é um pavão
quase tonto
quase quase asa
assim de supetão e apenas isto
não direi do porre e do show
que ele dá de vez em quando
quando cisma de desvairar
de deslavar a pique o mar

queria te mostrar a joaninha
a asa fina
a minha vibração com a sua vinda

a estrela 
é luz 
que se arrepia

o dia rala
dia a dia adia
o dia raro

os caminhos esperam descalços
quando alguém passa
vão de carona

alma
não leva
mala

A defesa de Pizzolato que o STF ignorou

Porque o processo foi "o maior embuste jurídico nacional", nas palavras do jornalista Paulo Nogueira, e a condenação já estava preparada antes do julgamento. Afora o julgamento forjado por Joaquim Barbosa, a condenação dos petistas revelou um Brasil que sabe que foi cometida uma injustiça, mas se esconde atrás do STF para lavar as mãos, porque se considera beneficia (o ex-presidente FHC é o mais ilustre representante desse grupo) . 

Enquanto o trem não passa

O Brasil das mineradoras. Chamam a isso progresso, tem governante que abre um sorrisão falando dos "investimentos" das mineradoras, das divisas que entram no País, do aumento das exportações... Um dia isso ainda vai ser considerado um absurdo, coisa de primitivos, que nem hoje a gente acha um absurdo matar baleias, por exemplo.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Bastidores da "grande" imprensa, Bárbara Gancia e Paulo Nogueira

Da série "Quanto mais conheço os jornalistas, mais eu gosto dos almoxarifes" ou "sobre avestruzes, jornalistas e leitores" ou ainda "tudo que você precisa saber sobre jornais, revistas e salsichas". Não sei o que me impressiona mais, se é a presunção dos coleguinhas "que nunca foram censurados" ou a estupidez dos leitores que acreditam neles.

Do Diário do Centro do Mundo.
Como é a vida, a censura e a autocensura dentro de uma redação
Paulo Nogueira  

Leitores gostam de saber como são as entranhas das redações. Muitas vezes, eles têm uma ideia distante da realidade.
Então vou escrever mais um texto sobre isso, baseado numa troca de tuítes que tive hoje com Bárbara Gancia, colunista da Folha e integrante do grupo do programa Saia Justa.
Bárbara disse algo mais ou menos assim: "A pergunta não é por que Dirceu está preso, mas por que Palocci não está".
Eu retruquei: "A pergunta é por que a Folha não cobre a sonegação da Globo".
Falei isso, mas poderia ter dito centenas de coisas.
Para lembrar, fiz a mesma pergunta para o editor executivo da Folha, Sérgio Dávila, pelo Facebook. A Globo acabara de admitir, em nota, um problema extraordinário com a Receita Federal, depois que o site Cafezinho publicou documentos vazados que mostravam que a empresa fora flagrada ao trapacear na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002.
Repito: trapaça. Golpe. A Receita viu que a Globo tentara passar por investimentos no exterior – num paraíso fiscal, aliás – a compra para sonegar o imposto devido.
A multa da Receita, em dinheiro de 2006, era de 615 milhões de reais. São, apenas para efeitos de comparações, seis Mensalões. Em dinheiro de hoje, seria mais ou menos 1 billhão, ou 10 M, se adotarmos a moeda do mensalão como equivalente a 100 milhões.
Vi que o UOL fora atrás da Globo e extraíra uma admissão do caso. E perguntei a Dávila se aquilo não era assunto para Folha, "um jornal a serviço do Brasil".
Não me lembro o teor de sua resposta precisamente, mas, como bom jornalista, ele reconheceu que sim. Um ou dois dias depois, saiu uma nota na Folha, motivada pela minha pergunta, provavelmente.
E depois não saiu mais nada. Nem mesmo quando se soube que uma funcionária da Receita fora presa – e liberada por Gilmar Mendes, por coincidência – por tentar destruir fisicamente as evidências da dívida.
Veja: só a Globo lucrava com a destruição. (Fora, é verdade, a destruidora, que dificilmente estaria agindo por amor irrestrito à família Marinho.)
Tudo isso não bastou para convencer a Folha – ou a Veja, ou outras mídias amigas – a investigar um caso de enorme interesse nacional.
Na internet, depois que a Globo alegou ter pagado a dívida, algo que a fonte da Receita negou perempetoriamente, surgiu uma campanha: "Mostra a Darf". Mostre o recibo, em linguagem corrente.
A Globo jamais mostrou.
O que aconteceu? Dávila – que por alguns anos foi colega meu de Abril – provavelmente recebeu um aviso de seu chefe, Frias. Que, muito provavelmente, recebeu um aviso de seus sócios, os Marinhos. (Eles dividem a propriedade do jornal Valor Econômico.)
É assim que as coisas funcionam, e é por isso que a sociedade tem que abençoar a aparição da internet, como forma de ter acesso a informações que os amigos proprietários das empresas de jornalismo não querem que se tornem públicas.
Na troca de tuítes de hoje, perguntei a Barbara Gancia por que ela, sendo uma colunista tão destemida, jamais falara no caso.
E então ela se saiu com essa: “Em 30 anos de coluna jamais fui censurada.”
Pausa para rir.
Jamais é censurado quem jamais escreve alguma coisa que incomode o patrão. No próprio Twitter, alguém fez a analogia: "Reinaldo Azevedo diz que jamais foi censurado na Veja. É porque ele jamais escreveu algo que os Civitas não queriam que fosse escrito."
Disse a Barbara que sabia como eram as coisas, uma vez que trabalhara anos na Abril e na Globo. "Deve ter sido no almoxarifado", disse ela.
Bem, no almoxarifado que me coube como diretor de redação da Exame, nos anos 1990, encomendei a um excelente repórter, José Fucs, uma capa sobre os Safras.
Era uma capa estritamente jornalística. Falava dos bastidores de um dos bancos mais falados – para o bem ou para o mal – do mundo.
Fucs realizou um trabalho brilhante. Entrevistou, ao longo de meses, dezenas de executivos e ex-executivos do Safra.
A matéria já estava pronta para ir para a gráfica quando Roberto Civita pediu para lê-la. Era algo que ele nunca fazia, na Exame.
O texto jamais retornou. Os Safras eram credores da Abril, e um deles ligou para Roberto Civita pedindo que a matéria não saísse.
Não saiu.
Na Globo, onde trabalhei no almoxarifado da diretoria editorial das revistas, encomendei certa vez uma matéria sobre Jorge Paulo Lemann para a revista Época Negócios.
O repórter estava fazendo as entrevistas quando João Roberto Marinho, que cuida da parte editorial das Organizações Globo, me procurou. Ele recebera um telefonema de Lemann, que queria garantias de que a reportagem seria positiva.
É assim que funcionam as coisas nas empresas de mídia. Você só não é censurado quando não escreve nada que incomode.
Barbara Gancia terminou a conversa avisando que iria fazer massagem. Me acusou, antes, de ser "esquerdista radical".
Fora Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo, e agora Barbara Gancia, ninguém me chamou de "esquerdista radical" em minha carreira.
Sou radical na defesa de um Brasil Escandinavo, sabem os que me conhecem. Mas vinda a acusação de onde vem, tomo-a com alegria: estou combatendo o bom combate.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Roda Viva

Tinha também quem via -- e vê ainda -- a ditadura de outra forma.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Aula pública de Breno Altman no Opera Mundi

Já que o dia é de vídeos, uma aula sobre esquerda e direita hoje. Tem também o bloco 2 e o bloco 3.

Eleição no PT em Minas Gerais

Rogério Correia e Valter Pomar parecem ser os mais razoáveis, nas críticas ao partido e na proposição de um novo rumo para ele, "ouvindo as vozes das ruas". Vale a pena ver os vídeos para saber como anda a política dentro do PT -- e no Brasil, afinal o PT é o principal partido brasileiro e está no poder há quase 11 anos. A direção atual segue a política tradicional, não muito diferente de outros partidos. Correia e Pomar querem que o partido volte a ser orientado pelas bases.  Pomar, especificamente, faz uma interessante reflexão sobre a persistência na história do PT.

Eleições no PT neste domingo

O debate entre os candidatos a presidente do PT em Minas. Aqui, debate entre candidatos a presidente do PT nacional.

Depois da tevê paga, vem aí a internet paga

Se depender das operadoras, vamos pagar para usar a internet: cada pacote dará direito a um leque de produtos. Pacote básico teria só correio eletrônico. Para usar redes sociais, seria preciso pagar mais, para ter acesso a blogs, mais um tanto e assim por diante, até o caríssimo pacote ilimitado. Como na tevê por assinatura. É o que está em jogo na votação do marco civil da internet. Governo e PT são contra, tucanos -- surpresa! -- também; a parte mais reacionária do PMDB está com as operadoras. O acesso irrestrito a conteúdos, como acontece hoje, é chamado de "neutralidade na rede".

Do UOL.
Marco Civil sem neutralidade é preconceito contra pobre, diz relator

O deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do Marco Civil da Internet, defendeu nesta quarta-feira (6) a neutralidade da rede, um dos pontos controversos para a votação do projeto. Segundo ele disse em comissão geral no Plenário da Câmara, aprovar o Marco Civil sem neutralidade "é preconceito contra pobre". Isso porque, explicou, ao oferecer planos baratos (apenas para enviar e receber e-mails, por exemplo), as empresas não forneceriam uma experiência completa aos usuários.
A nova versão do parecer foi apresentada na terça-feira (5/11/13) e está em discussão na Casa antes da votação, que deve ocorrer apenas na próxima semana, segundo lideranças do governo.
A íntegra.

Do Diário do Centro do Mundo.
Domingo na praia e a neutralidade da rede  
Por Marcelo Godoy

O que está em jogo na Câmara dos Deputados em Brasília com o Marco Civil da Internet, especialmente com a neutralidade da rede, ameaça mudar completamente a forma como navegamos na web.
Atualmente pagamos por uma velocidade de acesso à internet, fornecido pelas empresas de telecomunicações, mas temos a liberdade de escolher e usufruir dos serviços disponíveis na web como vídeos, redes sociais, aplicativos etc. Estamos conectados ao conhecimento, ao novo e somos donos de nossas escolhas, tudo na velocidade de um clique. A única diferença que afeta nossas experiências é a velocidade de conexão que cada um pode contratar. Quem quiser mais velocidade, paga mais, mas todos somos iguais e temos acesso às mesmas oportunidades e conteúdos. Para isto damos o nome de neutralidade da rede.
Com o projeto que elimina a neutralidade na rede, que as operadoras querem aprovar com o apoio do PMDB, especialmente do deputado Eduardo Cunha, usar a Internet poderá pesar seu no seu bolso, e jogar muita areia no seu lazer, seu trabalho e na sua experiência de navegação.
Para imaginar o que seria a navegação na internet como querem as operadoras de telefonia, vamos usar exemplo de um domingo na praia sem neutralidade de rede.
Antes de pôr o pé na areia com a turma, você terá que pagar no guichê da “operadora da praia” um dos três pacotes disponíveis . Os pacotes foram criados baseados em pesquisas e estudos de análise financeira desenvolvidos por engenheiros matemáticos e gerentes de produto. Os planos oferecidos seriam mais ou menos assim:
A íntegra.

A justiça brasileira e a imprensa: mais uma vez, dois pesos e duas medidas

Se for aliado do governo, imprensa pode xingar; se for tucano, não.
Collor foi um péssimo presidente, mas nunca é demais lembrar que foi eleito diretamente e tirado da presidência indiretamente, numa campanha em que a imprensa (a mesma que tinha ajudado a elegê-lo, contra Lula) já o tinha condenado antes. Julgado pelo STF, foi absolvido, "por falta de provas". Recentemente, o mesmo STF, liderado por seu presidente, Joaquim Barbosa, disse que provas eram desnecessárias para condenar petistas.
Temos tantos políticos honestos quanto juízes justos.

Do Diário do Centro do Mundo. 
Por que a Justiça trata de forma diferente a Veja e a Carta Capital? 
Paulo Nogueira

Duas sentenças recém-saídas relativas à mídia reforçam a imagem de caos, desconexão e incoerência torrencial da justiça brasileira.
Você tem a impressão de que está em dois países distintos, vendo as duas sentenças.
Numa, a Carta Capital e o jornalista Leandro Fortes foram condenados a pagar indenização de 30 mil reais por danos morais a Renato Parente, um assessor de imprensa que já trabalhou para figuras do STF como Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Mello.
A reportagem da Carta Capital, a rigor, nem era sobre Parente, mas sobre a Fundação Renato Azeredo. O texto afirma que a fundação "faturou 212,1 milhões de reais de verbas repassadas diretamente do governo de Minas, graças a contratos firmados em gestões tucanas, duas de Aécio Neves e, desde o ano passado, a de Antônio Anastasia".
Agora examinemos o segundo caso. Informou o saite de notícias judiciais Conjur:
A Justiça de São Paulo rejeitou mais um pedido de indenização do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) contra a Editora Abril e o jornalista Augusto Nunes, colunista da revista Veja.
(…) Collor alegou que foi ofendido em um texto de Augusto Nunes publicado no blog do jornalista. Diz o ex-presidente que os termos "bandido", "chefe de bando" e "farsante" foram empregados com o intuito de denegrir seu nome.
(…) No pedido de indenização, Collor alegou que foi absolvido de todas as acusações de corrupção pelo Supremo Tribunal Federal e que há anos vem sendo perseguido pela Abril.
A juíza, entretanto, considerou irrelevante a decisão do STF. "As ações políticas do homem público estão sempre passíveis de análise por parte da população e da imprensa. O julgamento do STF não proíbe a imprensa ou a população de ter sua opinião pessoal sobre assunto de relevância histórica nacional", justificou.
Um momento: a juíza decidiu que é irrelevante uma decisão de tamanha gravidade do Supremo? Collor ter sido absolvido não significa nada? Os jornalistas podem então continuar a chamá-lo de "bandido", como Augusto Nunes?
A íntegra.

domingo, 3 de novembro de 2013

A morte "técnica" da Veja SP

Poderia ser da Veja MG (que morreu, mas ninguém deu falta, e renasceu) e outras similares, mesmo porque são todas cópias da primeira. E a morte "técnica" não é de hoje, já tem mais de vinte anos. O pior da revista é que contaminou parte da imprensa -- em Belo Horizonte, várias publicações distribuídas gratuitamente na zona sul a têm como referência. Referência em futilidades e antijornalismo.

Do Diário do Centro do Mundo.
A Veja SP morreu, tecnicamente, com o 'sultão dos camarotes'
Paulo Nogueira

Um vídeo está circulando na internet freneticamente neste final de semana. É da Veja SP, e apresenta um "sultão" das baladas chamado Alexander de Almeida, que diz ter 39 anos.
O DCM colocou o vídeo ontem na seção Vídeo do Dia, e agora pela manhã era a coisa mais lida no saite.
Alexander – imagino que seja um nome fantasia derivado do prosaico Alexandre – dá seus conselhos a quem quer, como ele, ser "alguém especial" nas baladas.
Todos os conselhos cabem num só: torre seu dinheiro em camarotes nas baladas com espertalhões – homens e mulheres – que vão largar você assim que sua conta bancária inevitavelmente entrar em colapso e você não puder mais pagar o champanhe que eles tomam rindo de você e de sua monumental burrice.
Do ponto de vista jornalístico, raras vezes se viu algo que reflita tão bem a essência de uma publicação e de seus leitores.
A Veja SP se dedica, com obtusa regularidade, a promover a frivolidade consumista num mundo de faz de conta em que todos riem como Alexander e depois se entopem de antidepressivos.
A Veja SP não faz pensar, não provoca você a sair de sua vidinha medíocre em que o que vale são as aparências, não faz nada digno da palavra "jornalismo".
Mesmo assim, apenas para lembrar a mamata estatal dada às empresas jornalísticas com dinheiro público, a Veja SP é impressa com papel isento de imposto.
Fui um dos primeiros editores da Veja SP, em meados da década de 1980, aos 26 ou 27 anos. Eu era na época subeditor de Economia da Veja, mas já a direção da revista achava que já era tempo de eu ser promovido a editor.
Apareceu a oportunidade na Veja SP quando a editora Selma Santa Cruz deixou a revista para se juntar a seu marido, Sérgio Mota Melo, num empreendimento jornalístico, a TV1.
Tentei fazer "jornalismo sério". Uma de minhas primeiras capas mostrava o caso dramático de dois bebês que tinham sido trocados na maternidade.
Naquela semana, desci o elevador da Abril com Roberto Civita. Sempre amável, sempre charmoso, sempre sorridente, ele me disse que não era exatamente aquele tipo de reportagem que ele queria na Vejinha, como era e é chamada. Eu não estava naquele cargo para descobrir as melhores histórias humanas de São Paulo, mas para encontrar os melhores cheesebúrgueres e as hostesses mais gostosas dos baques chiques paulistanos.
A íntegra.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O que diz um policial sobre manifestações, violência, black blocs e desmilitarização

É a favor da desmilitarização e diz que a PM bate mais em pobres: "sempre foi assim".

Do Diário do Centro do Mundo.
"Era a brecha que o sistema queria": um policial conta ao DCM se haverá retaliação ao Black Bloc
Kiko Nogueira

O soldado MJP falou com o DCM sobre a ação da corporação durante as manifestações. Em sua opinião, a polícia não sabe lidar com a explosão dos protestos quase diários no Brasil. "Não tem plano, não tem padrão, não tem protocolo. Ficou complicado. Se a gente reprime, é violento; se não faz nada, é conivente", diz ele. MJP, que trabalha em São Paulo, acredita que a morte do adolescente Douglas Martins Rodrigues na Vila Medeiros foi acidental – uma "fatalidade" –, mas admite que a polícia age com mais rigor na periferia. "Sempre foi assim", afirma.
Ele conversou também sobre uma possível retaliação aos black blocs após o ataque ao coronel Reynaldo Simões Rossi, destacado para supervisionar o ato que o Movimento Passe Livre convocou no dia 26 de outubro.
A seguir, alguns trechos da entrevista:

- Existe alguma orientação para retaliar os manifestantes depois do ataque ao coronel Reynaldo?
- Oficialmente, nenhuma. Mas a polícia vai agir com rigor logo de início, sem esperar muito. O contingente será maior, a força também. Você conhece aquela música do Racionais MCs? Tem uma que diz: "Essa era a brecha que o sistema queria". O que aconteceu com o coronel era a brecha que o sistema queria... Isso serviu também para justificar a invasão do Carandiru, por exemplo. A rebelião dos presos era a brecha.
- Você acredita que tenha havido armação?
- Não acho que tenha sido armação, como alguns black blocs estão dizendo. O vídeo mostra isso bem. Tanto que ele perdeu uma arma de fogo.
- A polícia tem um plano de ação para lidar com os protestos?
- Não. Essa situação das manifestações é nova e ninguém sabe o que fazer direito. Não tem plano, não tem padrão, não tem protocolo... Politicamente, ficou muito complicado: quando a gente reprime, é violento; quanto não faz nada, é conivente. A PM está perdida. O secretário de segurança de São Paulo mandou "observar" para depois agir. Mas isso nem sempre dá certo. No protesto na Rodovia Fernão Dias, o pessoal tacou fogo, fez aquela bagunça... Só quando um caminhão virou é que os soldados partiram para a ação, mas aí já era tarde demais.
- O que você e seus colegas pensam sobre a desmilitarização? 
- Eu sou a favor. Eu e muita gente. Mas ninguém questiona nada dentro da polícia. O caso Amarildo teve muita repercussão. Só não sei se a desmilitarização vai diminuir o rigor. Para ela acontecer, vai ter de se discutir como ficam os planos de carreira e mais várias coisas. Por enquanto, fica tudo só na especulação.
A íntegra.