sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A censura ao Novojornal

"O inquérito é uma peça de ficção", diz o deputado Rogério Correia, do PT.
A justiça que prende Carone é a mesma que deixa solto Policarpo Jr., diretor da Veja, que foi pego em flagrante junto com um senador e um bicheiro. Carone é "delinquente", Policarpo continua sendo "jornalista".
Autoridades denunciadas em Minas não são investigadas, mas quem as denuncia é preso.
A "grande" imprensa publica as acusações contra o Novojornal, mas não as denúncias que ele faz (e que ela deveria repercutir).
Novojornal é considerado "uma fachada para práticas de delitos contra a honra" (dos governantes de Minas Gerais).
Mas esta é uma prática cotidiana da "grande" imprensa brasileira nas últimas décadas e especialmente nos últimos onze anos! Por que Veja, Folha, Globo etc. não são tratados da mesma forma? 
O Novojornal também é considerado um "balcão de negócios".
Esta é uma prática tão antiga quanto o próprio jornalismo, seja do jornal que publica acusações contra governantes como forma de pressão para receber alguma vantagem, seja do jornal que não publica acusações contra o governo (ou publica notícias favoráveis a ele) porque recebe polpudas verbas publicitárias.
A juíza não determina que Novojornal publique uma retratação, como acontece nos raros casos em que a "grande" imprensa perde um processo de difamação: a juíza determina que "a publicação saia do ar"!
Podemos imaginar o que aconteceria se num processo contra Veja, Folha, Globo etc. a justiça determinasse o fechamento da publicação ou a retirada da emissora do ar.
Podemos imaginar, mas isso nunca aconteceu.
Além da sentença da juíza, o caso tem outras curiosidades. O promotor suspeita que seu carro foi queimado pela "quadrilha". O incêndio está sendo investigado pela polícia, mas ele não parece ter dúvidas disso. E assim o processo se torna um caso pessoal.
O Observário da Imprensa publicou um bom artigo sobre o assunto. O bloco de deputados de oposição Minas Sem Censura e o Sindicato dos Jornalistas também protestaram.

Do Estado de Minas.
Proprietário do Novojornal, Marco Aurélio Flores Carone, é preso por falsificação
Daniel Camargos

O proprietário do Novojornal, Marco Aurélio Flores Carone, foi preso nessa segunda-feira (20/1/14), em Belo Horizonte. A prisão foi pedida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e acatada pela juíza substituta da Segunda Vara Criminal, Maria Isabel Fleck. De acordo com o promotor André Luiz Garcia, da Promotoria de Combate ao Crime Organizado, a prisão preventiva foi pedida porque Carone estaria atacando testemunhas que seriam ouvidas em um processo contra ele.
"De 11 pessoas arroladas na denúncia, ele mencionou (no Novojornal) simplesmente 10, dizendo que elas estavam vinculadas a práticas criminosas", sustenta o promotor. A decisão também determina que o saite da publicação saia do ar.
Para o promotor Garcia, o Novojornal funciona como uma fachada para práticas de delitos contra a honra. Além disso, ele acusa Carone de integrar uma quadrilha comandada por Nilton Monteiro, que está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Monteiro é tratado como lobista e especialista em falsificação de documentos, entre eles, a Lista de Furnas, com nomes de políticos que teriam recebido recursos da empresa para a campanha eleitoral de 2002.
"Ele (Carone) utilizava o fato de ser jornalista para tentar se acobertar alegando liberdade de imprensa. Como se isso fosse uma carta branca para cometer toda a sorte de crimes, publicando notícias inverídicas e tentando desmoralizar autoridades e instituições com o objetivo de facilitar a atuação dessa quadrilha", denuncia o promotor. "Era a mesma coisa que um traficante preso transportando drogas alegar que não podia ser preso, por que ele tem o direito de ir e vir", compara.
O advogado de Carone, Hernandes Purificação de Alecrim, afirmou que está analisando o processo e preferiu não se posicionar. Carone é de uma família com tradição política na capital mineira. Seu pai, Jorge Carone, foi prefeito da capital em 1962 e a mãe, Nísia Flores Carone, foi deputada federal. O irmão, Antônio Carlos Carone, foi vereador em Belo Horizonte entre 1977 e 1988. O Novojornal, que começou em versão impressa, mas nos últimos anos é veiculado somente na internet, publicava denúncias constantes contra o grupo político que comanda Minas Gerais. Entre os alvos prediletos de Carone estão o senador Aécio Neves (PSDB), o secretário de Governo Danilo de Castro (PSDB) e o ex-governador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB).
Para o promotor, o saite funcionava "como uma arma na mão dele", que era apontada para quem ele desejasse. "Foi assim durante vários anos até que a investigação envolvendo a quadrilha o pegou", afirma Garcia. Há um mês, o carro do promotor foi incendiado no Bairro Serra. Ele informou que aguarda a conclusão da investigação da Polícia Civil. "Mas não há dúvida que existe suspeita sobre essa quadrilha", afirmou o promotor.
A íntegra.