terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A morte do "homem de Marlboro"

A indústria do cigarro sempre soube que seu produto provoca câncer e outras doenças pulmonares, mas incentivou jovens em todo o mundo a fumar, investindo muito dinheiro em propagandas bonitas e enganosas, das quais a do Marlboro é talvez a mais famosa.
A indústria da publicidade, que criava os anúncios maravilhosos, também sabia.
A imprensa e a televisão, que divulgavam os anúncios, também sabiam.
Os governos, que tinham de gastar cada vez mais em tratamentos de doentes, também sabiam.
Os atores e celebridades, que emprestavam sua imagem para a propaganda do cigarro, também sabiam.
Hoje, a propaganda do cigarro na tevê é proibida.
(Vamos dar o mérito devido: a proibição aconteceu no governo FHC, sob a gestão de José Serra no Ministério da Saúde; na época, a indústria do cigarro tentou conseguir uma indenização pelo prejuízo que teria e a imprensa alardeou que iria à falência sem os anúncios.)
Uma coisa é o fumo plantado e consumido localmente, outra coisa é a indústria do cigarro. Uma coisa é a coca plantada e consumida há mil anos pelos nativos dos Andes, outra coisa é a cocaína transformada em produto industrial vendido clandestinamente.
Ainda há cerca de um bilhão de fumantes no mundo.
O vício continuará matando e adoecendo muita gente durante muito tempo ainda.
E gerando gastos para os sistemas de saúde e prejuízos no trabalho.
O cigarro é mal evidente, que hoje sofre um cerco cerrado, mas há inúmeros outros produtos assim sendo vendidos e anunciados com propagandas maravilhosas. Basta ver os recentes escândalos envolvendo os hambúrgueres McDonald's e a Coca-Cola, pouco divulgados e logo "esquecidos" por força dos interesses econômicos em jogo. Como os havia no caso do cigarro e prevaleceram durante tantos anos.
Grande parte dos alimentos que consumidos recebe intensa carga de agrotóxicos, igualmente danosos à saúde.
Os alimentos transgênicos são também cada vez mais numerosos e meia dúzia de empresas vai pouco a pouco controlando as sementes dos principais alimentos.
O ar -- e o fenômeno econômico chinês, tão elogiado quando se trata de criticar o Brasil, é o melhor exemplo disso -- se tornou irrespirável e fonte de doenças, em consequência da poluição das indústrias e principalmente dos carros, que continuam sendo vendidos em números cada vez maiores e anunciados em propagandas deslumbrantes. Os "acidentes" com carros também são uma das principais causas de mortes e sequelas. 
Todos esses crimes são cometidos em nome do dinheiro. Uns ilegalmente, outros legalmente. A distância entre a legalidade e a ilegalidade, entre pessoas respeitáveis e criminosos é pequena, varia de época para época e de lugar para lugar. Álcool é legal e mata e adoece talvez tanto quanto o cigarro. Sua produção nos EUA já foi proibida, no passado, e sua propaganda, hoje, sofre restrições.
Os interesses econômicos -- do capital, dos governos e dos "homens de Marlboro" -- prevalecem enquanto a sociedade não reage e não vence a queda de braço.
A produção crescente da economia é chamada de progresso e desenvolvimento.
Os interesses econômicos não têm compromisso com saúde, bem-estar, justiça, futuro, meio ambiente e outras "bobagens".
A humanidade produz muita riqueza, riqueza mais que suficiente. Não se trata de crescimento, trata-se de distribuir a riqueza.

Do G1.
Ator protagonista de comercial da Marlboro na década de 70 morre de doença pulmonar
Califórnia - O ator Eric Lawson, que protagonizou anúncios do cigarro Marlboro na década de 1970, morreu aos 72 anos, vítima de uma doença pulmonar. Sua mulher Susan Lawson informou que ele faleceu no domingo dia 10 de janeiro, em sua casa na Califórnia.
Lawson foi diagnosticado com doença pulmonar obstrutiva crônica. O principal fator de risco para esta doença é o tabaco.
Fumante deste os 14 anos, Lawson depois apareceu num comercial contra o tabagismo, onde parodiava o seu personagem nos anúncios da empresa de cigarro. Apareceu ainda no programa "Entertainment Tonight" para falar dos efeitos negativos do tabaco. Além de sua esposa, o ator deixa seis filhos.
Outros atores de comerciais de tabaco morreram de doenças relacionadas ao fumo, como David Millar, que teve um enfisema pulmonar em 1987, e David McLean, um câncer de pulmão em 1995.
A íntegra.