quinta-feira, 13 de março de 2014

O legado de Mário Covas

Votei nele em 1989.
Cobrindo a primeira eleição direta para presidente, achei, e outros colegas também, talvez ingenuamente, que Covas era o mais sério e o mais "preparado".
É preciso entender a conjuntura, em 1989 o PSDB ainda não era o que se tornou. Ou talvez fosse, nós é que éramos mais ingênuos.
Há o mito de que virou para a direita porque Covas, seu grande líder, morreu. Parece que não, e de qualquer forma, a ideia de "choque de capitalismo" é dele, e é a essência das privatizações e da política neoliberal -- que, diga-se de passagem, nem o PT renega completamente.
Em ano de eleição presidencial, é preciso sempre ter em vista que o noticiário que lemos diariamente, carregado de escândalos e coisas ruins, é manipulado pela "grande" imprensa, o verdadeiro partido da oposição.
Considerando isso, podemos não gostar dos governos do PT, mas enquanto não aparecer partido e candidato melhores, os outros são retrocesso.
Basta ver o noticiário: o novo "centrão" na Câmara, liderado pelo PMDB, renasceu para fazer novas maldades, como no tempo do governo Sarney. Essa gente, que não nos representa, que atua em defesa de lobbies e para seus interesses particulares, já esteve no governo.
O PMDB faz chantagem com o PT: se o governo não lhe der mais ministérios, vai ficar com Aécio...
Aécio é a volta de FHC, Serra, Covas e de toda essa gente envolvida no escândalo do metrô de SP, este sim o maior caso de corrupção desde o fim da ditadura.
Esse é o escândalo que aparece, mas há muitos outros envolvendo tucanos, em SP, em Minas e outros lugares, em governos estaduais e no governo FHC.
A diferença é que a imprensa amiga não fala deles.
Veja-se o cargo do sujeito ligado à corrupção tucana citado na matéria abaixo: é do tribunal de contas! Ou seja, uma raposa tomando conta do galinheiro, nomeada pelo governador.
Sobre o outro candidato a presidente, Eduardo Campos, sua esdrúxula aliança com Marina não é o maior problema.

Do Diário do Centro do Mundo.
Robson Marinho destruiu a imagem de Covas
Paulo Nogueira 

"Covas era detalhista. Uma vez eu estava com ele e, sobre a mesa, havia um monte de processos de concorrência, uma pilha enorme. A gente estava conversando e eu falei: 'Mario, você está lendo processos de concorrência?' Ele respondeu: 'É, isso aqui é importante. São estradas vicinais'.
Eu falei: 'Não acredito que você esteja lendo um por um'. E ele: 'Eu vejo todos. Mesmo que tenha que ficar aqui a noite inteira, eu não deixo de ler'.
Ele tinha fixação em acompanhar tudo de perto."
O depoimento acima é do jornalista Miguel Jorge, e se refere a Mário Covas, fundador e reserva moral do PSDB.
Morto em 2001, aos 71 anos, Covas ainda hoje é chorado. Muitos atribuem à sua ausência a guinada à direita vale tudo do PSDB sob Serra.
Mas agora seu legado está sendo forçado a uma penosa revisão, no rastro do escândalo das propinas pagas a autoridades tucanas por grandes empresas estrangeiras para a conquista de obras multimilionárias no metrô de São Paulo. Duas companhias se destacam no caso, a alemã Siemens e a francesa Alstom.
O problema póstumo de Covas aparece na forma de um nome ao mesmo tempo estreitamente vinculado às propinas e a ele próprio: Robson Marinho.
Marinho, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, órgão incumbido de investigar as contas do governo de São Paulo, teve uma longa parceria com Covas.
A íntegra.