domingo, 13 de julho de 2014

A Copa do estado de sítio

Há várias análises para se fazer da Copa, do futebol brasileiro à política, da organização do Estado à fascistização da repressão.
As cidades-sede tornaram-se verdadeiras praças de guerra -- sem guerra, porque as manifestações praticamente não aconteceram.
A PM ocupou os espaços públicos de uma forma que não aconteceu nem mesmo na ditadura, com um aparato gigantesco, restringindo o ir e vir, reprimindo manifestações e prendendo "preventivamente". A população e até mesmo jornalistas foram impedidos de circular pelos "espaços Fifa".
A lei geral da Copa pôs o país sob verdadeiro estado de sítio, que é a situação legal em que os direitos são suspensos e o governo pode fazer o que quiser -- durante a Copa a polícia ganhou um poder excepcional.
Este foi o grande erro do governo federal -- que todos os governos estaduais e municipais reacionários apoiaram e executaram com entusiasmo.

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro.
Prisões na véspera da final da Copa despertam crítica
Jefferson Puff e Ricardo Senra 
A polícia do Rio de Janeiro prendeu neste sábado ao menos 37 pessoas por supostas conexões com manifestações marcadas para coincidir com a final da Copa do Mundo, entre Argentina e Alemanha, neste domingo no Maracanã. Consultadas pela BBC Brasil, a OAB e a Anistia Internacional avaliaram as prisões como "inconstitucionais e intimidatórias". O grupo também deve ser acusado de "formação de quadrilha armada".
Mais nove pessoas poderão ser presas nas próximas horas pela operação batizada de Firewall 2, que mobiliza 25 delegados, 80 policiais e até uma aeronave.
Para o presidente de Comissão de Direitos Humanos da OAB do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Chalreo, as prisões são inconstitucionais. "As prisões têm caráter intimidatório, sem fundamento legal, e têm nítido viés político, de tom fascista bastante presente. O objetivo é claramente afastar as pessoas dos atos públicos". 
Ao lado de representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e de coletivos de advogados, Chalreo disse à BBC Brasil que os presos terão pedidos de habeas corpus protocolados ainda hoje, e que "ninguém ficará sem assistência judiciária".