domingo, 14 de setembro de 2014

O dia em que o povo tem o poder

Concordo com o artigo abaixo em relação ao Banco Central, mas discordo em relação à banqueira, porque se ela está na campanha como educadora, está muito mais como financiadora do instituto da Marina.
Debate de ideias, porém, foi abandonado pelo PT há 12 anos, substituído pela propaganda e pelo márquetim.
Algum coisa a gente vê nos discursos do Lula, mas eles ficam restritos às plateias, porque a imprensa não cobre, e quando cobre não informa, preocupada que está em criar factoides sensacionalistas e escandalosos.
Está aí um campo quase inexplorado e quem quiser investir nele tem enorme campo.
Há uma iniciativa sistemática, o Jornal GGN, e sobreviventes do velho e bom jornalismo: Retrato do Brasil, CartaCapital, Agência Carta Maior, LMD, Samuel, Opera Mundi, Brasil de Fato, DCM, RBA, Outras Palavras e outros mais.
A questão verdadeira, que tira de campo os políticos oportunistas e põe de volta no lugar os petistas que bandearam para a política tradicional, é discutir a sério e enfrentar as questões que estão paradas no tempo desde a ditadura:
- participação popular permanente que transforme as decisões governamentais em expressões da vontade coletiva e não de políticos representantes de lobbies que só usam o povo para obter votos
- democratização da comunicação
- democratização das polícias e das forças armadas
- educação pública gratuita em tempo integral para todas as crianças e adolescentes
- atendimento de qualidade no SUS
- reforma das cidades que privilegie os espaços público e os transportes coletivos e limpos
- o meio ambiente como referência obrigatória de todas as políticas públicas, a começar pelo agronegócio
- reforma agrária.
Parece que não vemos o óbvio: a discussão política só aparece nas eleições porque elas são o único momento em que os poderosos -- novos e velhos, novos que envelheceram, velhos que lutam para sobreviver -- dependem de nós, os eleitores, o povo, os brasileiros comuns.
Nos dias comuns somos fracos, cada um de nós é um só, mas no dia da eleição nos tornamos milhões, pois somos obrigados a agir juntos, e, somados, nossos votos são capazes de acabar com o poder dos políticos velhos e velhacos da noite pro dia.

Da CartaCapital.
Há excessos e bobagens na desconstrução de Marina 
Numerar as incoerências de Marina é necessário. Muitas das críticas que o PT vêm fazendo, contudo, lembram o que de pior o partido já sofreu.  
Por Sérgio Lírio, publicado 11/9/2014

Campanhas políticas infelizmente costumam descambar para acusações insanas e baixarias inomináveis. Lula e o PT têm sido alvos preferenciais desde sempre. O partido deveria portanto ser mais cuidadoso na hora de avançar contra adversários. Uma coisa é o debate de ideias transparente. Apontar os riscos da proposta de independência do Banco Central ou da falta de visão estratégica do programa de Marina Silva em relação ao pré-sal é não só útil como necessário. Numerar as incoerências da candidata, sua metamorfose em vários temas, entre eles o recuo na crítica à Lei da Anistia, e nomear seus apoios medievais, de Silas Malafaia ao Clube Militar, é igualmente importante. Faz parte da discussão central da eleição em curso. Compará-la a Jânio Quadros e Fernando Collor (hoje aliado do governo), nem tanto.
E mais: Neca Setúbal, conselheira de Marina, tem sido apresentada como banqueira (seria um crime?). A senhora de sobrenome Setúbal é uma das herdeiras do Itaú, mas nunca trabalhou no conglomerado. Sua história está ligada à educação e, nesta área, é respeitada nacionalmente.
No debate econômico, muita gente, inclusive a presidenta Dilma Rousseff, confunde a independência do BC abraçada por Marina, muito mais radical, com autonomia, que o banco possui desde os tempos de FHC. No poder, o PT não só manteve esta autonomia como a aprofundou. Depois de lançar a Carta aos Brasileiros, Lula escolheu Henrique Meirelles, eleito senador pelo PSDB, para presidir o BC e ofereceu-lhe mais tarde o status de ministro. Dilma seguiu na mesma linha com Alexandre Tombini.
Marina dá palestras e cobra por elas a exemplo de Lula, Fernando Henrique Cardoso e outros tantos políticos, jornalistas e celebridades. Figura de renome internacional, a ambientalista reúne os requisitos para atuar nessa rentável área. Paga quem quer.
Se, além de vencer a eleição, o objetivo é elevar o nível da discussão política, certos ataques deveriam ser evitados e as diferenças poderiam ser demonstradas de forma mais inteligente.
A íntegra.