terça-feira, 9 de setembro de 2014

O economista de Marina e o choque inflacionário

Entrevistei Giannetti uma vez sobre tema bem específico: pequenas e micros empresas. Um sujeito simpático e muito educado, de fala calma e agradável, com ares de aristocrata e de gênio, discurso de filósofo, que é, apesar de ser famoso como economista.
Me pareceu um liberal bem-intencionado, como os tucanos pareciam no começo dos anos 90. Gente com boas ideias, que não suja as mãos na política corrupta e acredita que vencerá pelo virtude, como o bem que vence o mal.
Deixava a sensação de que "se gente assim chegar ao poder, o Brasil pode melhorar".
O tempo mudou essa imagem dos tucanos e do neoliberalismo.
Hoje, vejo Giannetti com menos glamour, ainda bem-intencionado, mas insistente nas teses do Estado mínimo e das virtudes da iniciativa privada.
O que me pergunto é como é possível persistir num purismo tão em desacordo com a realidade e ser de fato inteligente e bem-intencionado?
Nassif disseca as contradições do filósofo-economista.

Do jornal GGN.
Uma entrevista-bomba de Eduardo Gianetti 
Luis Nassif

A entrevista de Eduardo Gianetti -- o economista de Marina Silva -- ao jornal Valor Econômico (clique aqui) é literalmente uma bomba. Gianetti -- que é um filósofo -- avançou radicalmente além das chinelas e, em nome de Marina Silva, apresentou um conjunto de propostas econômicas desconjuntadas e imprudentes.
Ele vai despejando medidas, parecendo atender às demandas de cada grupo aliado, sem conseguir desenhar o cenário resultante. É como se cada medida se bastasse a si própria, sem consequências para o todo.
Comporta-se como o jogador de xadrez novato que só consegue analisar a jogada em curso, sem discernimento sobre seus desdobramentos.
Por exemplo, tem-se um problema: as interferências de Dilma nos preços administrados criaram uma inflação represada que impede a convergência das expectativas de mercado. Ninguém sabe para onde irá a inflação quando os preços forem liberados.
Dilma propõe -- para o pós-eleições, é claro -- um reajuste gradual das tarifas no tempo, para evitar um choque inflacionário.
Gianetti defende um choque tarifário -- a correção imediata dos preços administrados. Se tem um problema -- diz o valente -- temos que enfrentá-lo.
A íntegra.