quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Suplicy e Serra

Este texto é sobre coisas que jornalistas sabem e não escrevem. É um dos defeitos do jornalismo, ou do modelo de jornalismo predominante. A tal da objetividade. O fio da navalha, porque não ser objetivo pode também ser aproveitador e puxa-saco. O fato é que as coisas mais interessantes que os jornalistas sabem em geral não são escritas, não cabem nas matérias, "não podem" ser contadas.
O (e)leitor não sabe quem é realmente o candidato, o político, o governante -- quem é Lula? Quem é Dilma? Quem é Marina? Quem é Aécio?
Se os conhecêssemos de verdade, como conhecemos parentes, amigos, colegas de trabalho, votaríamos muito melhor.
Os jornalistas conhecem, mas quase nunca contam, a não ser em mesa de bar, ou nas entrelinhas.
Um político muito elogiado, por exemplo, não quer dizer que seja bom -- significa que tem boas relações com os barões da imprensa. Esta é a primeira lição que um jornalista aprende.

Do DCM. 
Serra versus Suplicy: um testemunho e um paralelo 
Por Kiko Nogueira

A cena era a seguinte:
Na tarde do debate no SBT, o senador Eduardo Suplicy esperava a chegada da candidata de seu partido, Dilma Rousseff, do lado de fora do teatro, no sol.
Ficou ali com os jornalistas, dando entrevistas eventuais, jogando conversa fora ou simplesmente em seu canto, sozinho.
Falei com ele. Suplicy se dizia feliz por estar ali. Contou que pretendia desafiar seus rivais a disputar uma maratona curta. Que estava fazendo mais de 4 mil metros em 40 minutos. Que Kassab lhe parecia em boa forma. Que carregou o candidato ao governo de SP pelo PT, Padilha, nas costas, faria isso de novo e seu ciático nunca deu sinal de vida. Suplicy tem 73 anos.
Para Suplicy, os três nomes que postulam a presidência são excelentes e uma amostra do alto nível da nossa democracia. Marina — a "companheira Marina" — é muito preparada. Aécio, que admitia conhecer menos, é preparado e ele não acha que seja de direita. A presidente é "formidável".
Os três são "excelentes quadros". Não reservou nenhuma palavra desagradável a ninguém. Assim que a comitiva de Dilma despontou na entrada do anfiteatro, ele se apresentou ao estafe, foi reconhecido, entrou e não saiu até o fim.
No fim do primeiro bloco, José Serra apareceu. Acercou-se de um pequeno grupo de repórteres por um breve momento. Suficiente para fazer piadas irônicas sobre as "elites" de Marina Silva, tirar um sarro do suposto "convite" para ele integrar um eventual governo dela e detonar mais alguns desafetos antes de se despedir para se aboletar na plateia.
A íntegra.