sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Cervejas da Ambev e milho transgênico

Que as cervejas da Ambev etc. são de milho a gente já sabia. A novidade é o milho transgênico.

Do Outros Palavras.
Cerveja: o transgênico que você bebe
Por Flavio Siqueira Júnior* e Ana Paula Bortoletto* 

Vamos falar sobre cerveja. Vamos falar sobre o Brasil, que é o 3º maior produtor de cerveja do mundo, com 86,7 bilhões de litros vendidos ao ano e que transformou um simples ato de consumo num ritual presente nos corações e mentes de quem quer deixar os problemas de lado ou, simplesmente, socializar.
Não se sabe muito bem onde a cerveja surgiu, mas sua cultura remete a povos antigos. Até mesmo Platão já criou uma máxima, enquanto degustava uma cerveja nos arredores do Partenon quando disse: "era um homem sábio aquele que inventou a cerveja".
E o que mudou de lá pra cá? Jesus Cristo, grandes navegações, revolução industrial, segunda guerra mundial, expansão do capitalismo… Muita coisa aconteceu e as mudanças foram vistas em todo lugar, inclusive dentro do copo. Hoje a cerveja é muito diferente daquela imaginada pelo duque Guilherme VI, que em 1516, antecipando uma calamidade pública, decretou na Bavieira que cerveja era somente, e tão somente, água, malte e lúpulo.
Acontece que em 2012, pesquisadores brasileiros ganharam o mundo com a publicação de um artigo científico no Journal of Food Composition and Analysis, indicando que as cervejas mais vendidas por aqui, ao invés de malte de cevada, são feitas de milho.
Antarctica, Bohemia, Brahma, Itaipava, Kaiser, Skol e todas aquelas em que consta como ingrediente "cereais não maltados", não são tão puras como as da Baviera, mas estão de acordo com a legislação brasileira, que permite a substituição de até 45% do malte de cevada por outra fonte de carboidratos mais barata.
Agora pense na quantidade de cerveja que você já tomou e na quantidade de milho que ela continha, principalmente a partir de 16 de maio de 2007.
Foi nessa data que a CNTBio inaugurou a liberação da comercialização do milho transgênico no Brasil. Hoje já temos 18 espécies desses milhos mutantes produzidos por Monsanto, Syngenta, Basf, Bayer, Dow Agrosciences e Dupont, cujo faturamento somado é maior que o PIB de países como Chile, Portugal e Irlanda.
No ano passado um grupo de cientistas independentes liderados pelo professor de biologia molecular da Universidade de Caen, Gilles-Éric Séralini, balançou os lobistas dessas multinacionais com o teste do milho transgênico NK603 em ratos: se fossem alimentados com esse milho em um período maior que três meses, tumores cancerígenos horrendos surgiam rapidamente nas pobres cobaias. O pior é que o poder dessas multinacionais é tão grande que o estudo foi desclassificado pela editora da revista por pressões de um novo diretor editorial, que tinha a Monsanto como seu empregador anterior.
A íntegra.

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Goiás transfere escolas públicas para a Polícia Militar

Como entender este fato absurdo?
As polícias militares são uma herança da ditadura incapazes de combater o crime e que continuam reprimindo manifestações populares. Precisam ser reformadas para se tornaram polícias da democracia. Os próprios policiais pensam assim.
Em vez disso, o governo de Goiás vai entregar escolas públicas para a PM administrar?! O que a PM entende de educação? Não está dando conta nem da segurança e ganha uma nova função?!
Que tipo de cidadão será formado nessas escolas militares? 

Do jornal GGN.
Educação sitiada: escolas a serviço da militarização das cidades 
Especial produzido em parceria entre o Centro de Referências em Educação Integral e o Portal Aprendiz 

O anúncio de que até o final de 2014, sob o pretexto de diminuir a violência e melhorar o desempenho dos alunos, ao menos 19 escolas públicas do estado de Goiás serão repassadas à Polícia Militar, trouxe a educação para o centro do debate sobre a militarização da sociedade.Criadas a partir de uma parceria técnico-pedagógica entre as Secretarias Estaduais de Segurança Pública e Educação, envolvendo também as subsecretarias regionais de ensino, as escolas atendem estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, em todos os períodos, a partir de uma estrutura pedagógica rígida, baseada na disciplina individual e coletiva.
Inseridas em cidades com altos índices de violência – Valparaíso, por exemplo, ocupa o segundo lugar entre os municípios de Goiás, com 80,9 mortes a cada 100 mil habitantes – as instituições de ensino militares são uma promessa do estado para controlar episódios de indisciplina e desvios de conduta, além de ocorrências mais graves dentro ou no entorno das escolas.
A íntegra.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Barroso e a intolerância dos inscientes

Do blog O Cafezinho. 
Barbosa, a marionete do golpe, morreu pela boca 
Miguel do Rosário

O escritor argentino Ricardo Piglia, num de seus ensaios, propõe uma tese segundo a qual um conto oferece sempre duas histórias. Uma delas acontece num descampado aberto, à vista do leitor, e o talento do artista consiste em esconder a segunda história nos interstícios da primeira.
Agora sabemos que não são apenas escritores que sabem ocultar uma história secreta nas entrelinhas de uma narrativa clássica. O ministro Luís Roberto Barroso nos mostrou que um jurista astuto (no bom sentido) também possui esse dom.
A história secreta contada por Barroso, com uma sutileza digna de um escritor de suspense, de um Edgar Allan Poe, com uma ironia só encontrada nos romances de Faulkner ou Guimarães Rosa, é a denúncia da farsa.Aos poucos, essa história subterrânea virá à tona. Alguns observadores mais atentos já a pressentiram há tempos.
O novo ministro, antes mesmo de ingressar no STF, entendeu que há um muro de ódio e violência à sua frente, construído ao longo de oito anos, cujos tijolos foram cimentados com preconceito político, chantagens, vaidade e uma truculência midiática que só encontra paralelo nas grandes crises dos anos 50 e 60, que culminaram com o golpe de Estado.
Sabe o ministro que não é ele, sozinho, que poderá desconstruir esse muro. Em entrevista a um jornal, o próprio admitiu que estava assustado com a violência da qual já estava sendo vítima: o médico de sua mulher, sem ser perguntado, disse a ela que não tinha gostado do voto de seu marido, e suas filhas vinham sendo questionadas na escola por colegas e professores.
O Brasil vive um tipo de fascismo midiático cuja maior vítima (e algoz) é a classe média e os estamentos profissionais que ela ocupa.
É a ditadura dos saguões dos aeroportos, das salas de espera em consultórios médicos, dos shows da Marisa Monte.
Nos últimos meses, eu tenho feito alguns novos amigos, que tem me dado um testemunho parecido. Todos reclamam da solidão. A mãe rodeada de filhos "coxinhas". O pai que é assediado, às vezes quase agredido, pelas filhas reacionárias. A executiva na empresa pública isolada entre tucanos raivosos. Alguns, mais velhos, encaram a situação com bom humor. Outros, mais jovens, vivem atordoados com as pancadas diárias que levam de seus próximos.
No entanto, o PT é o partido preferido dos brasileiros, ganha eleições presidenciais, aumenta presença no congresso e pode ganhar novamente a presidência este ano, até mesmo no primeiro turno.
Por que esta solidão se tanta gente vota no partido?
Eu conheço um bocado de artistas. Hoje são quase todos de direita, embora a maior parte se considere de esquerda. Todos odeiam Dirceu, sem nem saber porque. E me olham com profunda perplexidade quando eu tento argumentar. Como assim, parecem me perguntar, com olhos onde vemos rapidamente nascer um ódio atávico, irracional, como assim você não odeia Dirceu?
Eu tento conversar, com a mesma calma de Barroso, mas não adianta muito. Eles reagem com agressividade e intolerância.
Pessoas em geral pacatas se transformam em figuras raivosas e vingativas. O humanismo, que tanto fingem apreciar nos europeus, mandam às favas ao desejar que os réus petistas apodreçam no pior presídio do Brasil.
Eu mesmo costumo usar os mesmos termos de Barroso. "Respeito sua opinião", eu digo. Às vezes até procuro elogiar o interlocutor, numa tentativa ingênua e canhestra de quebrar a casca de ódio que impede qualquer diálogo. Não adianta. Qual um bando de Barbosas, eles respondem, quase sempre, com grosserias e sarcasmos.
Entretanto, a serenidade estoica e elegante de Barroso significou uma grande vitória para nós, os solitários, os que arrostamos as truculências diárias da mídia e de seu imenso, quase infinito, exército de zumbis.
A íntegra.

Contra as fan fests da copa

São aqueles eventos nas praças durante os jogos da copa, para grandes empresas patrocinadores fazerem propaganda. Locais públicos são fechados e só entram quem tem convite. A prefeitura é quem paga com nosso dinheiro, tirado da saúde, da educação etc. E paga caro: R$ 20 milhões.
Gastar o que foi gasto com estádios -- aos quais não poderemos ir -- foi um absurdo. Gastar outra tanto para confinar torcedores em praças com telões é mais um absurdo.
Recife já desistiu. Um exemplo a ser seguido.

Como as "Fan Fests" da Copa se tornaram a nova pedra na chuteira da Fifa  
Roberto Amado

As Fan Fests são aquelas "festas populares" padrão Fifa que devem ocorrer em todos as cidades sedes da Copa do Mundo, com telão, shows e promoções. Oficialmente, são o segundo maior evento da Copa, perdendo apenas para os jogos.
Mas a verdade é que as Fan Fests servem para dar mais visibilidade às marcas patrocinadoras. São 20 empresas com as quais a Fifa já tem compromissos. Estima-se um público de mais de 15 milhões nesses encontros. E o custo é perto de zero para a Fifa.
Afinal, quem paga são as prefeituras. O custo de cada uma delas varia, mas a estimativa é que gire em torno de 20 milhões de reais, computando estrutura, segurança, cachê dos artistas, banheiro químico e por aí vai.
Diante disso, algumas prefeituras estão hesitando em fazer o evento e a de Recife já anunciou o cancelamento definitivo da festa. O diretor de marketing, Thierry Weil, não gostou nem um pouco. Está ameaçando um processo. "Nós vamos ter Fun Fests em todas as cidades-sede, sim", afirmou.
Os gastos são um dos motivos para o receio do Recife. Outro é a experiência na Copa das Confederações, quando a Fan Fest foi um fracasso de público. E, talvez mais importante ainda, a capital de Pernambuco tem o São João, uma manifestação espontânea e importantíssima na tradição nordestina, que ocorre justamente em junho, durante a Copa.
A íntegra.

A máquina política do STF começa a ser desmontada?

A farsa do julgamento do "mensalão" será desmascarada no próprio STF?

Do jornal GGN.  
O dia em que o Supremo começou a purgar os crimes da sua politização 
Luís Nassif

Não existe maior prazer ao verdadeiramente intelectual do que o de desvendar de forma simples enigmas aparentemente complexos. Foi o sentido do voto do Ministro Luis Roberto Barroso ontem, no STF (Supremo Tribunal Federal). Didaticamente, desnudou a enorme politização em que o STF se meteu no julgamento da AP 470.
Depois, com extremo didatismo, expôs as razões desse exagero: "A causa da discrepância foi o impulso de superar a prescrição do crime de quadrilha e até de se modificar o regime inicial de cumprimento das penas".
Não se tratava de jornalistas tentando expor as manipulações de um processo eminentemente político, mas de um dos mais respeitados juristas do país desnudando a manobra de seus pares, alguns atuando politicamente, outros deixando-se levar para não se expor ao achincalhe da mídia.
Chamou a atenção a inacreditável falta de percepção da ministra Carmen Lúcia. Seu aparte a Barroso lembrou alguns quadros de programas humorísticos visando rebaixar as mulheres. A troco de quê Barroso calculou como seriam as penas, sem os agravantes da formação de quadrilha, se ele votou pela não aceitação do crime de quadrilha, indagou ela.
A desmoralização de Barbosa e da campanha midiática começou quando confundiram a mansidão educada de Lewandowski com falta de determinação; aumentou quando imaginaram que apertando, Celso de Mello cederia, sem entender que Mello tergiversa, sim, mas para buscar o reconhecimento da história, não do momento. E amplia-se agora, quando Joaquim Barbosa provoca Barroso e recebe, em troca, argumentos mansos, educados sem que Barroso recue um milímetro de sua posição.
A íntegra.

Da Retrato do Brasil.
Sem quadrilha, o mensalão sobreviverá?


Hoje, no Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 5, a corte considerou que José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e mais cinco réus não cometeram o crime de formação de quadrilha no chamado caso do Mensalão. Em Ponto de Vista publicado em outubro do ano passado, na edição número 75 de Retrato do Brasil, o texto diz que se caísse a "quadrilha" não haveria como manter de pé a teoria que sustenta que o mensalão foi "o mais escandaloso e atrevido crime de corrupção política da história da República".
Retrato do Brasil tem insistido numa série de investigações iniciada no segundo semestre de 2011, e agora acrescida de um vídeo, que essa história não resiste a um exame minimamente objetivo. O pilar da tese do mensalão é o desvio de dinheiro público. Mas RB afirma que não existe o desvio. Quanto ao desvio de dinheiro do BB, existem abundantes provas, no geral e de detalhe, de que todos os serviços de publicidade correspondentes aos 73,8 milhões de reais supostamente desviados do banco foram realizados. RB apresentou um documento da empresa que repassou os recursos ao BB – a Companhia Brasileira de Meios de Pagamento, cujo nome fantasia era Visanet e hoje é Cielo – enviado à Receita Federal, no qual ela lista, especificamente, uma a uma de 99 ações de publicidade feitas com o dinheiro e diz ter os recibos e comprovantes de que todas elas foram realizadas.
A íntegra.

A violência alarmante e os justiceiros

A violência é geral e os casos se multiplicam. Nos últimos meses presenciei em Belo Horizonte dois acontecimentos semelhantes ao da notícia e que por pouco não terminaram em linchamento.
Três coisas chamam atenção.
A primeira é o ódio e a violência descontrolada de pessoas de classe média ou pobres trabalhadores (vários religiosos, provavelmente evangélicos, pela citação de Deus enquanto xingavam e espancavam) contra os ladrões, típicos ladrões de galinhas de antigamente, desarmados e indefesos.
A segunda é a ausência da polícia. Nunca tivemos tanta polícia e ela é numerosa, bem armada e violenta para reprimir manifestações populares, mas quase inexistente para atender chamados da população.
A terceira é que em outras épocas linchamentos eram tratados com horror pela "grande" imprensa e hoje ela é cúmplice da violência.

Do jornal GGN.  
O fator Sílvio Santos provoca mais um linchamento
Luís Nassif
Em outros tempos, o MInistério Público Federal teria enquadrado Silvio Santos, pelas declarações irresponsáveis de sua comentarista, e imposto um Termo de Ajustamento de Conduta que o obrigasse a repetir mil vezes no vídeo: defender linchamento é prática criminosa.
Mas como há uma submissão total à mídia, fica-se por isso mesmo, enquanto a violência se espalha como um câncer pela sociedade brasileira.

Do Estadão
Morador de rua é linchado após furtar xampu em Sorocaba
José Maria Tomazela - Agência Estado 

Um morador de rua foi linchado por um grupo de pessoas após furtar um frasco de xampu num supermercado do bairro Barcelona, zona leste de Sorocaba, na noite de quarta-feira, 26. O homem foi arrastado para a rua e agredido a socos, chutes e pauladas. O dono do estabelecimento e alguns funcionários tomaram parte nas agressões. Moradores do bairro, entre eles menores de idade, se juntaram aos agressores. Um deles quebrou uma garrafa na cabeça da vítima.
Quando policiais militares chegaram ao local, encontraram o morador de rua desacordado e ensanguentado. Ele foi socorrido por uma viatura do Samu e levado ao Hospital Regional de Sorocaba. O homem, que não portava documentos, continuava internado com afundamento no crânio, na tarde desta quinta-feira.
A íntegra

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O legado da ditadura

Muito do Brasil de hoje é ainda resto da ditadura. Assim como a ditadura usou muito do governo JK. A história não é linear.
Do Viomundo.

Cinco bilhões de anos de solidão

Da Retrato do Brasil. 
Existiria uma alma gêmea para nosso planeta? 
por Flávio de Carvalho Serpa

Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Estamos sós no universo? Essas indagações que ecoam ao longo de milhares de anos da civilização ganharam agora respostas originais no livro Five billion years of solitude (Cinco bilhões de anos de solidão), do jornalista especializado em ciências Lee Billings. Justificando o título, o planeta Terra tem uma idade geológica estimada de 4,6 bilhões de anos. A vida mais primitiva, na forma de células capazes de se replicarem, brotou há 4,5 bilhões de anos, pouco mais de 100 milhões de anos depois do planeta esfriar e ganhar oceanos. A atmosfera com oxigênio abundante tem perto de dois bilhões de anos. A vida animal, somente meio bilhão de anos. A vida inteligente dos humanos, pouco mais de 100 mil anos. Temos ainda pela frente, calculam os astrofísicos, mais meio bilhão de anos de prorrogação, antes de um Sol moribundo expandir-se a ponto de engolfar na sua fornalha nosso planeta.
Somando então os 4,5 bilhões de anos de atividades orgânicas até agora ao meio bilhão de anos esperados do futuro, são cinco bilhões de anos. Essa é a janela temporal da vida no planeta e, profetiza Billings, possivelmente no cosmo inteiro. A menos que nos próximos 500 milhões de anos a engenhosidade humana encontre uma forma de viajar até as estrelas e seus planetas, terão sido cinco bilhões de anos de solidão.
O livro de Billings não é apenas mais um sobre a história do planeta Terra e da busca por outros planetas habitáveis. É também uma reportagem sobre os humanos que ao longo dos séculos dedicaram suas vidas a especular sobre a solidão cósmica e a sonhar com um final feliz para a humanidade. O autor alterna a narrativa entre cataclismos geológicos que sacudiram o planeta e a vida que levam esses pensadores e cientistas que oscilam entre a distopia e a utopia, numa atividade também meio solitária e discreta, longe das atenções do grande público.
A íntegra.

Juizes e banqueiros

Do Viomundo. 
Banqueiros dão palestras a juízes que julgam ações contra bancos; Tribunal de Justiça nega conflito de interesse
por Conceição Lemes 

A jornalista Lúcia Rodrigues foi quem primeiro nos chamou a atenção para o seminário O Poder Judiciário e o sistema financeiro.
Depois, três juízes alertaram que o evento, promovido pela Escola Paulista de Magistratura (EPM), tinha sido coordenado pelo próprio presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), o desembargador José Renato Nalini.
Público-alvo: magistrados.
Objetivo: "oferecer um espaço de reflexão para os magistrados debaterem questões fundamentais da relação entre o Poder Judiciário e o Sistema Financeiro com os dirigentes das principais instituições financeiras do país, além de conhecerem aspectos da gestão de pessoas e de projetos dos bancos".
A íntegra.

Roberto Carlos e Pinochet

Como diz Caetano Veloso, na introdução da bela "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos", essa é pra gente saber a quem chamamos de "rei".
Cantor é cantor, suas opiniões políticas são irrelevantes e costumam ser imbecis, seja Caetano, Lobão ou Roberto Carlos.
Do Blog do Mário Magalhães.

A pesquisa da Petrobrás na Amazônia e as terras indígenas

Do Amazônia Real, via Brasil De Fato. 
Petrobras faz pesquisa no entorno de terras indígenas do Amazonas sem consultar Funai
Elaíze Farias, 

A Petrobras iniciou há pouco mais de uma semana atividades de prospecção de gás e petróleo entre os rios Tapauá e Cuniuá, afluentes do rio Purus, município de Tapauá (a 448 quilômetros de Manaus), no sul do Amazonas. A região da pesquisa está no entorno de sete terras indígenas, sendo que em duas vivem índios isolados e semi-isolados.
A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do qual o Brasil é signatário, garante aos povos indígenas a consulta sobre decisões e empreendimentos que causem impactos sociais e ambientais em seus territórios.
A íntegra.

Força Nacional ocupa canteiro de obras de Belo Monte

Vai ser paradoxal -- mas não novidade, considerando o caso da prefeitura de Belo Horizonte -- se o PT e Dilma perderem a próxima eleição exatamente no seu terreno, isto é, o da defesa da liberdade e da democracia.
Talvez esteja acontecendo uma coisa comum nos partidos de esquerda: querem ser mais realistas que o rei.
A última coisa que se espera do PT é que seu governo reprima as manifestações populares, seu berço e sua origem.

Do blog Cartas da Amazônia, via jornal GGN.
Belo Monte sob intervenção federal 
Por Lúcio Flávio Pinto

Em março do ano passado, através de um simples decreto, a presidente Dilma Rousseff violou o princípio federativo brasileiro. Ela eliminou a exigência, até então em vigor, de submeter à aprovação dos governadores dos Estados o uso em seu território da Força Nacional de Segurança Pública, criada pelo presidente Lula em 2004. E aplicou imediatamente a nova regra: determinou o deslocamento de tropa da FNS para o canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Foi a primeira intervenção federal desse tipo. Não teve a repercussão cabível à sua gravidade. Aliás, não teve repercussão alguma.
Duas prorrogações foram promovidas para manter a tropa no canteiro de obras de grandes empreiteiras nacionais, que ali executam o maior empreendimento da segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, no valor de 30 bilhões de reais. A última prorrogação foi adotada neste mês. O contingente da FNS permanece no local e nele continuará até pelo menos agosto, quando vence o prazo de 180 dias da mais recente prorrogação.
A íntegra.

Como as multinacionais do agrotóxico perseguem cientistas

Do Viomundo, via MST.
Syngenta persegue cientista por revelar estudos contrários aos seus interesses 
Por Heloisa Villela 

O trabalho de pesquisa do cientista Tyrone Hayes mais parece um roteiro pronto para um diretor como Martin Scorsese.A jornalista Rachel Aviv, da revista New Yorker, contou a saga de Hayes em nome da Ciência.
Uma pesquisa que bateu de frente com a Syngenta, a gigante suíça que fabrica pesticidas e vende sementes.
Em 1998 Tyrone Hayes já trabalhava no laboratório de biologia da Universidade da Califórnia em Berkeley quando foi convidado, pela Syngenta, para fazer uma pesquisa a respeito do herbicida atrazina, fabricado pela Syngenta. Hayes topou. Ele tinha trinta e um anos e já havia publicado vários trabalhos sobre o sistema endocrinológico dos anfíbios.
Os dois lados, com certeza, se arrependeram da parceria. Hayes descobriu que o atrazina atrapalhava, ou até impedia o desenvolvimento sexual dos sapos. A empresa não gostou do resultado, tentou impedir a publicação do estudo, tentou comprar os dados para mantê-los em segredo e as relações da empresa com o cientista foram rompidas, definitivamente, no ano 2000.
Mas Hayes não é do tipo que trabalha apenas pelo dinheiro. O que ele percebeu na pesquisa atiçou a curiosidade do cientista e ele continuou estudando os efeitos do atrazina sobre os anfíbios por conta própria.
A íntegra.

O sucesso novo de House of Cards

House of Cards é exemplar não apenas por mostrar mais uma vez a ascensão da internet e a decadência da tevê, mas também por revelar a manipulação da informação. Não interessa à velha imprensa falar do seriado que é um sucesso, mas interessa promover filmes medíocres dos quais participa financeiramente. O espaço na imprensa e o tamanho da matérias e dos títulos é definido pelos interesses econômicos em jogo.
A internet mudou nossa forma de buscar informação, a televisão que nos dá o que quer quando quer ficou obsoleta. Ela vai sobreviver, mas não terá mais o poder que teve, assim como aconteceu com o rádio e o cinema. A TV terá de se adaptar e se redefinir, será obrigada a perder sua arrogância. Isso é decadência e explica o barulho reacionário que essa gente faz ao perder o poder.

Do Diário do Centro do Mundo. 
"É o começo do fim das grandes redes de TV": Kevin Spacey fala de 'House of Cards', política e internet 
Harold Von Kursk

- Haverá mais séries produzidas para a Internet?
- Tenho certeza de que vamos ver muito mais séries financiadas e lançadas desta maneira. É o que se passa na frente da câmera – o conteúdo – que é o mais importante. Estamos agora na fronteira de encontrar novas formas de entregar esse conteúdo e isso vai sacudir a indústria.
Temos visto há algum tempo que os filmes e as séries estão sendo consumidos de maneira radicalmente diferente. As gerações mais jovens fazem as coisas instantaneamente, o que inclui a programação de entretenimento. Todos os episódios de “House of Cards” foram postos no ar de uma vez. As pessoas descobriram que existem vantagens de estar no controle do conteúdo de que querem desfrutar. As pessoas gostam de estar no comando, em vez de depender de programadores de redes de televisão.
É o equivalente a ter um romance sobre a mesa de sua casa. Você o apanha e lê quando e como quiser – no sofá, na cama ou na praia. A mesma coisa se aplica à forma como as pessoas assistem TV. Você não precisa esperar por uma quarta-feira às 21:00 para ver seu programa favorito.
- House of Cards é o começo do fim da TV como a conhecíamos?
- O declínio das grandes redes de TV é um processo que se iniciou há muitos anos. Elas são confrontadas com o desafio de responder à produção de séries inteligentes e criativas e vêem sua audiência diminuir. As mentes mais brilhantes e criativas podem usar a internet para aparecer. As câmeras estão ficando menores e mais baratas e, no fim das contas, o que importa é o que se passa na frente da lente. Para o público, a plataforma simplesmente não importa mais.
A íntegra.

Sobre as obras da Copa

Informações pouco divulgadas, por desinteresse da "grande" imprensa e incompetência do ministro dos Esportes.

Do jornal GGN.  
As obras da Copa e a desinformação do ministro dos Esportes
Luís Nassif

No final do ano, entrevistado sobre os problemas nas obras da Copa, o Ministro dos Esportes Aldo Rabelo pretendeu passar uma mensagem otimista. Disse que no Brasil “há uma instituição muito tradicional e respeitada” que é o casamento. Segundo a matéria do portal Terra, Aldo explicou que referia-se ao casamento: "Acho que 100% dos casamentos que testemunhei a noiva chegou atrasada, nunca vi chegar na hora, e nunca vi deixar de acontecer por isso".
Na segunda-feira à noite, o programa Brasilianas – da TV Brasil – abordou a questão das obras da Copa. Foram convidados dois críticos das obras. Tentou-se com Aldo sua vinda ao programa. Resposta lacônica: não tem agenda. Solicitou-se que indicasse alguém. Nova resposta lacônica: por problema de agenda, não poderia indicar ninguém.
A produção do programa recorreu, então, ao Ministério do Planejamento, que imediatamente providenciou um debatedor para defender as obras: o Secretário Executivo do próprio Ministério dos Esportes, Luiz Fernandes, um técnico de alto nível que proporcionou uma aula imperdível sobre o tema. Sem o concurso da Seplan, o programa exibiria três críticos e nenhum defensor da Copa.
A íntegra.

A censura aos comentários no Uol

Comentários se tornaram parte do novo jornalismo da internet. Leitores comentam, debatem, interagem. O conteúdo dos comentários dá uma ideia das opiniões dos leitores e do público. A moderação faz parte, eu mesmo não publico comentários ofensivos ou que destoem dos princípios do blog. Não é o caso do texto abaixo. A censura aos comentários é uma forma de manipular a opinião pública, mostrando só um lado, como se todos os leitores concordassem com a opinião do dono.

Do Blog do Rovai.
Piva e os critérios do UOL para liberar comentários sobre a Venezuela
Texto publicado no Facebook pelo meu amigo Marco Antônio Piva. Vale a leitura. E valeria também muito a pena que o UOL explicasse seus critérios.

A enviada especial da Folha a Caracas, Sylvia Colombo, denuncia um possível bloqueio de acesso às redes sociais promovido pelo governo venezuelano ("Governo venezuelano bloqueia acesso a redes sociais", 24/2/14). O governo nega. Mas, em nenhum momento, cita uma parte importante dessa "guerra digital": o uso de falsificações grosseiras de imagens de repressão a manifestações ocorridas em outros países e que são atribuídas às forças policiais do governo de Nicolás Maduro. Para contribuir com a formação de uma opinião mais isenta e imparcial, essa informação garantiria um "outro lado" da história, sem prejuízo da chamada principal. Decidi levar o assunto na seção "comente a reportagem".
Para minha surpresa, apareceu a seguinte mensagem: "O seu comentário não pode ser publicado automaticamente. Há palavras no seu texto indicando que uma moderação prévia será necessária. Caso queira publicar seu texto assim mesmo, clique em Confirmar. Caso queira editar o seu texto novamente, clique em Cancelar".
Mais adiante, o UOL indica alguns critérios importantes para a publicação de comentários e com os quais estou plenamente de acordo:
Respeite os demais leitores e não publique conteúdo ofensivo:
- Evite o uso de expressões com todas as letras maiúsculas;
- Mensagens que desrespeitem as regras estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação;
Meu comentário foi considerado suspeito e precisa de moderação prévia. Vamos a ele: "Ativistas da oposição venezuelana tem postado mensagens com evidentes manipulações de fotos de repressão e crueldade ocorridas em outros países, inclusive no Brasil. As imagens, todas elas chocantes, são atribuídas ao governo de Nicolás Maduro. Na matéria da enviada especial da Folha, nenhuma menção a esse fato, o que é uma pena porque revelaria um "outro lado" do uso das redes sociais nesses dias de turbulência política naquele país. Se quiserem, posso enviar alguns exemplos".
Agora, a título de comparação, leiam alguns comentários publicados no mesmo espaço e tirem sua própria conclusão sobre o conceito de liberdade de imprensa existente no Brasil:
A íntegra.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A repressão na manifestação em SP

A importância de uma cobertura confiável.
Em outros tempos, o grito seria: "Abaixo a ditadura!". A repressão policial e a tortura continuam 29 anos depois do fim da ditadura.

Do Diário do Centro do Mundo.
Na estreia da 'Tropa do Braço', a PM bateu como quis em manifestantes e jornalistas em ato contra a Copa
Mauro Donato

Tropa do Braço, tropa Ninja, tropa das Artes Marciais. Toda a preocupação para que "problemas fossem detectados e debelados sem emprego de armas" havia sido amplamente anunciada nos últimos dias. Só faltou ser batizada de tropa Paz e Amor.
No entanto, esse espírito não se fez presente no ato de ontem, dia 22, contra a Copa. Foram os velhos cassetetes, as bombas, as tonfas, as balas de borracha que imperaram novamente.
A PM afirmou que levaria seus soldados jiu-jitsu, porém a reportagem do DCM não detectou nenhum grupamento desprovido de armamento, bem como 99% estavam sem identificação.
Em pouco mais de meia hora desde a saída do 2º protesto contra a Copa na Praça da República, centro de SP, a marcha ia pela rua Xavier de Toledo quando, aos gritos de "fecha!", a polícia fechou, espancou, prendeu. Gratuitamente.
Eu apanhei. Estava na calçada da Xavier de Toledo, a caminho do Municipal, quando fui cercado.
Três PMs apareceram e começaram a me bater com o cacetete. Enquanto eu tentava escapar, apareceram mais quatro. Tomei na perna, nas costas, nos braços. Um deles deu uma voadora, mas errou o alvo. Outro chegou e me deu um chute na parte de trás da coxa, que só passaria a doer mesmo no dia seguinte.
Um soldado quis me prender. Só aliviou quando lhe mostrei a carteira de trabalho — algo que não teve resultado para cinco de meus colegas, que foram detidos. Preferi não fazer exame de corpo de delito.
Havia senhoras, muitas mulheres, e até idosos (poucos, mas havia), longe da linha de frente costumeiramente preenchida de black blocs. Livres para correr, a área ao redor virou praça de guerra novamente. Enquanto isso, manifestantes "pacíficos" e profissionais de imprensa eram espremidos.
O professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, doutor Pablo Ortelado, que na noite anterior havia participado conjuntamente a sociólogos e integrantes de movimentos sociais de debate sobre a violência na Fesp-SP, viu o amigo e igualmente professor da USP Márcio Moretto Ribeiro ser preso. Durante a madrugada, ele já alertava: "Qualquer matéria sobre a manifestação de hoje em São Paulo que não mencione que: 1) a manifestação seguia pacífica e foi gratuitamente atacada pela polícia; 2) que os policiais estavam em número muito elevado e emboscaram a manifestação; 3) que os policiais, como de costume, estavam sem identificação; e 4) que as prisões de manifestantes foram completamente arbitrárias e abusivas, não é uma matéria jornalística. É apenas falsificação dos fatos e propaganda política. Muitos editores creem que estão sendo responsáveis ao relatar seletivamente os fatos de maneira a não incentivar novas manifestações."
Após a morte do cinegrafista Santiago Andrade no Rio de Janeiro, o discurso de que a imprensa seria tratada com cuidado foi proferido até pelo ministro José Eduardo Cardoso. O que se viu foi novamente uma bárbara retaliação em cima de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Vários ficaram feridos e tiveram seus equipamentos danificados.
A íntegra.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Itaú Unibanco comemora o golpe de 1964

Em agendas distribuídas aos clientes, mas volta atrás e diz que foi equívoco. Antes assim.
Curioso é o G1, da Globo, que participou do golpe e apoiou a ditadura, chamando-a de "revolução", agora chamá-la pelo nome adequado. No entanto, acrescenta o "militar", como se os Marinhos e outros não fossem civis. Haverá algum conflito nos bastidores entre Globo e Itaú?
A notícia foi dada primeiro pelo Blog do Mário Magalhães.

Do G1, em São Paulo
Itaú recolhe agendas que citavam 'aniversário da revolução de 1964'
O Itaú-Unibanco informou nesta quinta-feira (20/2/14) que está recolhendo de suas agências as agendas de 2014 que traziam "aniversário da revolução de 1964" no dia do golpe militar de 31 de março.
"A inclusão da frase na agenda foi equivocada, em nada reflete o DNA e as crenças do Itaú Unibanco. Lamentamos o desconforto causado. Somos uma instituição financeira que respeita a diversidade de pensamentos e ideias e a democracia. Reiteramos que o banco nunca pretendeu defender uma posição política no conteúdo entregue aos correntistas e que já estamos recolhendo as agendas com esta frase que ainda existem em nossas agências", informou o banco em comunicado.
A íntegra.

A história do WhatssApp

Do Diário do Centro do Mundo.
Se há algo mais surpreendente que os bilhões pagos pelo WhatssApp, é a história de um de seus criadores 
Kiko Nogueira
 
A única coisa mais surpreendente do que os 19 bilhões de dólares pagos pelo Facebook para adquirir o WhatssApp é a trajetória de um de seus fundadores, o ucraniano Jan Koum.
Aos 37 anos, Koum fez questão de assinar o acordo que o deixou bilionário (6.8 bilhões de dólares correspondem à parte que lhe cabe) num edifício abandonado, ao lado de uma ferrovia, onde, num passado não muito remoto, coletava seus food stamps, uma espécie de bolsa-comida dos EUA para famílias pobres.
Teve a ideia de criar o aplicativo em 2009, depois que sua academia proibiu o uso de celulares. Ficou irritado com as ligações perdidas e resolveu inventar uma solução. Seu sócio era o amigo Brian Acton. Ambos, ironicamente, não haviam passado numa entrevista de emprego no Facebook. Os dois acordaram que o futuro era o iPhone, como "uma extensão do que você é".
A mãe morreu de câncer em 2000. O pai já havia falecido. Em 1997, conheceu Acton no Yahoo, onde ficou uma década. Nos primeiros anos com Acton no WhatssApp, não ganharam um centavo. Koum pensou em desistir e arrumar um emprego. "Você seria um idiota de largar tudo agora", disse o sócio. "Dê mais alguns meses". Batata.
Um jornalista do El País visitou a companhia em 2012. Koum estava descalço e Acton calçava sandálias de tiras. Pouco se sabe da vida privada deles. São assumidamente tímidos e dão raras entrevistas.
A fachada da WhatssApp não tem logomarca — e, no que depender de Jan Koum, continuará assim. "Não vejo motivo para ter uma placa. Serve apenas para alimentar o ego", disse ele à Forbes. "Nós todos sabemos onde trabalhamos."
A íntegra.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ricardo Semler e a educação obsoleta

O empresário que virou "a própria mesa" vira a mesa também na educação.

Nos anos 1980, ele implantou na empresa da família, a Semco, a "democracia industrial", que elevou o faturamento de US$ 4 milhões para US$ 200 milhões e o tornou um fenômeno mundial.
Lá, os operários participam das decisões; uma delas, durante o Plano Collor, foi cortar seus próprios salários em 40%; outra foi afastar o dono da direção -- mas ele acha que está ótimo assim. "A empresa vai muito bem sem mim", diz.   

Há 11 anos fundou a escola Lumiar, que, entre outras inovações, não segue o currículo tradicional -- seus verbos são: desafiar, criar, experimentar, aprender. Além da escola original (numa casa antiga, em São Paulo, capital), há uma escola pública municipal e uma escola internacional, ambas em Santo Antônio do Pinhal (SP).
As entrevistas dele são bem rápidas, porque suas soluções, na empresa e na escola, são revolucionárias e a "grande" imprensa não está muito interessada em divulgá-las. Faz isso rapidamente, como um registro, porque afinal ele é uma personalidade mundial.

Algumas frases de Ricardo Semler nos vídeos abaixo:
"Os meninos que saem de lá não repetem de ano nunca (nas melhores escolas para as quais vão depois) sem nunca terem feito lição de casa, sem nunca terem sido forçados (a estudar)."
"Passar a lição de casa do quadro negro para o computador é atraso de vida disfarçado de modernidade."
"O impacto da tecnologia e do computador na escola é zero."
"Papel do professor está obsoletado."
"6,3% do que é aprendido na escola serve de alguma forma residual, o resto é esquecido por completo."
"Escolas estão cada vez mais parecidas com prisões, porque as crianças não querem estar lá."
Outros vídeos com Ricardo Semler:
http://www.youtube.com/watch?v=cVPYCecz6Mo
http://www.youtube.com/watch?v=jRsg_6cXFoM
http://www.youtube.com/watch?v=iTqcLB3SnAc

Como votar pela internet nas decisões do Congresso

60% são favoráveis a um plebiscito para acabar com o horário de verão.
Aliás, as páginas de enquetes da Câmara e do Senado mereciam ter uma sobre "Você é a favor da obrigatoriedade de submeter todo projeto de lei a enquete?" 

Do blog da kikacastro.
Qual é a sua opinião, cidadão? 
Imagine se você pudesse votar, como em um plebiscito ou em um referendo: sou a favor da família chefiada por dois homens ou duas mulheres. Ou não, família é só homem mais mulher.
Ou então: sou a favor da descriminalização das drogas para uso pessoal. Ou: não acho isso boa ideia.
Ou dar sua opinião sobre a educação domiciliar, o conteúdo de reality shows, a criminalização do trabalho do flanelinha, o exame profissional para médicos recém-formados, a lei da palmada, o fim do voto secreto, as cotas raciais em concursos públicos etc.
Acontece que você pode. Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado possuem em seus sites seções com enquetes, em que colocam questões que dizem respeito a projetos de lei em tramitação — e os cidadãos computadorizados podem ir lá e votar como gostariam que seus representantes votassem.
A íntegra.

O Robocop de José Padilha

A "grande imprensa", as grandes corporações e seus lobbies de políticos não gostaram do Capitão Nascimento americano.

Do Diário do Centro do Mundo. 
No Robocop humanista de José Padilha, o culpado é o sistema. De novo
Harold Von Kursk 

O conceito central do Robocop de Paul Verhoeven, de 1987, era o prazer com que ele incitava o público a admirar sua ideologia neo-fascista. Criminosos impiedosos forçam a sociedade a suspender as liberdades civis em busca de justiça à moda antiga. O pistoleiro mecânico de Verhoeven, interpretado por Peter Weller, era uma espécie de Dirty Harry lobotomizado, um drone sobre duas pernas. A única coisa que faltava ao Homem de Lata era o sentido do espírito humano – Harry tinha pelo menos uma perspectiva irônica em sua missão de limpar a sociedade de seus demônios.
Não é de surpreender que Padilha tenha feito Robocop em seu début em Hollywood. É como se o Capitão Nascimento tivesse sido picado em pedaços, sobrando apenas os mais amáveis. Mas, nesse processo, Padilha conseguiu transformar a distopia de Verhoeven em uma parábola política mais esperançosa.
Alex/Gort/Robocop, assim, torna-se a face (parcialmente) humana de uma nova geração de policiais robôs destinada a limpar o mundo de cada bandido identificado pelo governo. O CEO da OmniCorp Raymond Sellars (Michael Keaton, ainda mais exagerado que Oldman ) acredita que esse novo “ser” lhe permitirá capturar o mercado dos EUA. É o casamento do mundo corporativo com o estado.
Padilha habilmente mina a narrativa fascista de Verhoeven, mostrando como, na sua visão, as pessoas são resistentes à idéia de uma força paramilitar de robôs no lugar de soldados reais lutando contra o mal. Apesar de um apresentador de TV de direita (Samuel L. Jackson) tentar convencer a população a abraçar este Admirável Mundo Novo, as rachaduras no sistema (olha ele aí) começam a crescer amplamente.
A íntegra.

A renúncia do tucano Azeredo

Ex-governador de Minas, ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-senador.
Ele renunciou para forçar a prescrição do crime, ajudando-se a si mesmo e à campanha presidencial do Aécio.
Se existiu "mensalão", foi Azeredo quem o inventou.
Na campanha para se reeleger -- outra invenção tucana, do ex-presidente FHC -- em 1998.
FHC teve sucesso, mas Azeredo acabou perdendo para Itamar Franco.
O modelo de financiamento de campanhas com caixa dois bolado por Marcos Valério depois foi usado pelo PT, em 2002.
Os petistas estão presos. Os tucanos continuam livres.
No entanto, contra os tucanos a acusação é muito mais grave: desvio de dinheiro público: do extinto Bemge, da Copasa e da Comig.

Quem conta essa história assim, enumerando os fatos, dando-lhes o peso devido?

Compare-se a cobertura da imprensa para um caso e outro. Veja-se como o senador Aécio é poupado e como o tom da cobertura, sobretudo na velha imprensa mineira, é respeitoso. Compare-se o "rigor" do STF.
Se usar a teoria do "domínio do fato", que usou para condenar José Dirceu e José Genoino, Joaquim Barbosa pode incriminar e mandar para a cadeia até FHC. É só ter a mesma "boa vontade" que teve contra os petistas.

O "mensalão" pouco nos ensinou sobre corrupção em campanhas eleitorais, essa prática usual da democracia representativa, aqui e em outros países, mas que leitores ingênuos da "grande" imprensa supõem ter sido inventada pelo PT.
Para não enfrentar essa questão, foi inventada a história do "mensalão", teoria pela qual petistas teriam sido pagos pelo governo para votar a favor... do próprio governo!
Nenhuma prova dessa teoria absurda foi apresentada no processo, mas os petistas foram condenados assim mesmo. 

O "mensalão" nos ensinou muito mais como funcionam a justiça e a "grande" imprensa no Brasil.
Todo esse processo não trouxe ainda nenhum ganho para o País.
Prejuízos foram muitos: exacerbou a desconfiança na política, disseminou o ódio dos protofascistas contra o PT, pôs em descrédito a justiça e acabou de destruir o que restava de jornalismo na velha imprensa.
Ganho seria punir os envolvidos, mas todos e adequadamente, não alguns escolhidos num julgamento político de exceção.
Ganho seria principalmente mudar a forma de financiamento das campanhas, eliminando o dinheiro das grandes empresas que depois controlam os eleitos.
Quem assume o mandato com a renúncia é Edmar Moreira, aquele do castelo de mármore não declarado ao imposto de renda, deputado do DEM, aliado dos tucanos. Ele também renunciou ao mandato, mas está de volta.

Da Agência Brasil 
Azeredo renuncia a mandato de deputado federal
Carolina Gonçalves

Em clima de surpresa para quase todos os parlamentares, o deputado Eduardo Azeredo renunciou hoje (19/2/14) ao mandato na Câmara dos Deputados. A carta, entregue pelo filho de Azeredo, Renato Azeredo, no início da tarde, foi lida em plenário minutos depois, oficializando o afastamento do político, réu na Ação Penal 536, o processo do mensalão mineiro.
No processo em análise do Supremo Tribunal Federal (STF), Azeredo foi apontado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como o "maestro" no suposto esquema. Janot afirma que o tucano desviava recursos públicos em benefício próprio para financiar sua campanha política. E pede que o ex-deputado seja condenado a 22 anos de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Eduardo Azeredo disse, no documento, que a contratação da agência de Marcos Valério, foi uma "infeliz coincidência" que o colocou em situação de suspeita e garantiu que não é culpado de nenhum ato de peculato. O presidente nacional do PSDB e senador, Aécio Neves (MG), que, ainda pela manhã dizia que apenas tinha "ouvido falar sobre a renúncia", tentou afastar qualquer rumor de que a decisão tivesse sofrido qualquer pressão do partido que disputa o processo eleitoral deste ano. "Que eu saiba não foi nenhuma [pressão do PSDB]. Foi uma decisão de foro íntimo que tem de ser respeitada".
A íntegra.

Da Rede Brasil Atual.
Após denúncia do mensalão do PSDB e renúncia, Azeredo tenta escapar do STF
Logo após a renúncia, o advogado de Azeredo, José Gerardo Grossi, comunicou o fato ao STF. Com a perda do foro privilegiado, a defesa espera que o caso seja remetido de volta à primeira instância, decisão que caberá ao ministro Luís Roberto Barroso, relator da Ação Penal 536. O envio das acusações não é automático. No caso do ex-governador mineiro, Barroso vai avaliar se a renúncia teve a intenção de retardar o fim da ação penal.
A íntegra.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Pela reciclagem, contra a incineração

O problema em relação a vereadores, deputados e senadores vai além do fato de darem as costas aos seus eleitores.
O problema maior é que, uma vez eleitos, eles passam a atuar para os lobbies que pagaram suas campanhas e para os quais foram efetivamente eleitos.
Há um flagrante conflito entre os interesses dos eleitores (maioria) e os interesses dos lobbies empresariais (minoria).
Mobilizações como esta são um retrato da democracia representativa que temos: primeiro elegemos os vereadores, depois os vigiamos e agimos para que não atuem contra nós.
Este caso é exemplar.
Condenar petistas por fazerem caixa dois eleitoral mas não implantar o financiamento público das campanhas é combater os sintomas e ignorar as causas da doença.

Do movimento Nossa BH.
Diga não à incineração e sim para a inclusão social da coleta seletiva! 
Na última quarta-feira (12 de fevereiro de 2014) representantes da sociedade civil estiveram presentes na Câmara Municipal de Belo Horizonte, com o objetivo de alertar os vereadores dos riscos da aprovação de dois projetos de lei que poderão permitir a tecnologia de incineração dos resíduos sólidos em Belo Horizonte.
Ambos os projetos são de autoria do presidente da Casa, vereador Leo Burguês, e se complementam. O projeto 043/13 autoriza a tecnologia de plasma para processamento do lixo, enquanto que o projeto 052/13 permite ao município a realização de licenciamento de entidades ou empresas públicas ou privadas para tratamento térmico de resíduos urbanos com geração de energia.
A incineração de resíduos sólidos vem sendo uma ameaça enfrentada pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e por diversas entidades que atuam na defesa dos trabalhadores da reciclagem e suas organizações, na defesa do Meio Ambiente sustentável e da Saúde Pública.
A íntegra e para assinar a petição.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O lobby do agronegócio e a violência no campo

O protofascismo cresce mais do que soja nos latifúndios brasileiros.
Deputados do lobby do agronegócio atacam "quilombolas, índios, gays, lésbicas e tudo que não presta (que) está aninhado no governo federal", dizem que o Cimi -- Conselho Indigenista Missionário está por trás de tudo que acontece no campo e defendem que ruralistas formem exércitos particulares para expulsar indígenas como já expulsaram sem-terra.

Do saite do Greenpeace

Bolsonaro será o sucessor de Feliciano?

A direita continua zombando dos direitos humanos no Brasil.

Do saite da Avaaz.
Não permitam a destruição da Comissão de Direitos Humanos!
Os signatários desta petição exigem às lideranças partidárias da Câmara dos Deputados que garantam que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara não seja destruída. No ano passado, vimos o esvaziamento da Comissão após o deputado Marco Feliciano assumir a presidência, o que colocou em risco direitos fundamentais dos brasileiros. Agora o fantasma do deputado Bolsonaro, claramente racista, homofóbico e anti-indígena, e que cujas declarações públicas não condizem com a conduta adequada de um representante desta Casa, ameaça a Comissão com conivência da bancada evangélica.

Clique aqui para ler a íntegra e assinar a petição.   Não permitam a destruição da Comissão de Direitos Humanos!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Globo argentina se divide em seis

Argentina dá o exemplo e a liberdade de imprensa avança na América Latina.
Grupo Clarín praticamente monopoliza os meios de comunicação no país vizinho, como a Globo faz aqui, mas lá o governo agiu para democratizar a imprensa.

Do Opera Mundi.
Governo argentino aprova plano de adequação do Clarín à Lei de Meios
O governo argentino aprovou nesta segunda-feira (17/2) o plano do Grupo Clarín de adequação à Lei de Meios. A decisão foi tomada por unanimidade pela Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca).
Agora, o conglomerado, o maior do país, terá que dividir sua estrutura atual em seis empresas independentes. O Clarín e os outros grupos que foram afetados pela lei terão 180 dias para completar a transferência dos títulos, que envolvem emissoras de TV e de rádio.
"Com a adequação do Clarín aos limites da lei não acaba seu direito a informar e opinar com liberdade, que sempre defenderemos. Acaba sua possibilidade de impor-se como um gigante econômico e monopólico para manipular a opinião pública e condicionar a democracia", opinou o presidente da Afsca, Martín Sabatella, de acordo com o comunicado. "É o início do fim das posições hegemônicas no mercado da comunicação que tanto prejuízo fizeram e fazem à pluralidade de vozes e à liberdade de expressão."
A íntegra.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Uma crônica autêntica do Veríssimo

Incrível é a crônica do Veríssimo, inacreditável é que jornalistas assim tenham se tornado exceção na "grande" imprensa atual.

Do O Estado de S.Paulo.
O incrível e o inacreditável.
Luis Fernando Verissimo

"Incrível" e "inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. "Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é difícil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - a linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive a bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase "ir de mal a pior".
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
A íntegra.

Sérgio Sampaio: Foi ela

A marcha da devastação ambiental

Estes vídeos foram feitos em 2009 e já pertencem à história. Movimentos populares promoveram mobilizações em todo o mundo por um acordo que levasse à reversão das mudanças climáticas, à salvação do planeta e da espécie humana, enfim. Passaram-se mais de quatro anos. O que aconteceu desde então? A devastação ambiental diminuiu? Continuou no mesmo ritmo? Aumentou? O tempo está passando, as crianças do vídeo já não são tão pequenas.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Comissão de Direitos Humanos é impedida de visitar preso (político?) em Minas

A Comissão de Direitos Humanos existe para isso, se é impedida de atuar já se trata de uma violação dos direitos humanos. Os deputados são autoridades e representantes do povo, como podem ser impedidos de ter acesso a um local público?
Até mesmo na ditadura deputados tinham acesso a presos políticos, se a imprensa não publicava nada é porque estava sob censura.
No entanto, em Minas Gerais, em plena democracia, isso acontece e a "grande" imprensa ignora. Por quê?
Só o movimento Minas Sem Censura parece estar atento ao caso.
O fato envolve outra questão que está sendo ignorada: Carone é preso político?
O processo do governo estadual contra o Novojornal levou à apreensão de computador e outros bens do veterano jornalista político Geraldo Elísio, o Pica-pau, que fez carreira trabalhando para o Estado de Minas e para o próprio governo, entre outros locais.
Qualquer acontecimento envolvendo veículos de comunicação e jornalistas é sempre motivo de muito alarde. No entanto, o que está acontecendo em Minas com o Novojornal e seus jornalistas parece envolvido por um pacto de silêncio.

Do blog do deputado Rogério Correia.
Deputados são impedidos de realizar visita oficial a jornalista preso 
A Comissão de Direitos Humanos da ALMG esteve hoje, dia 12 de fevereiro, no presídio Nelson Hungria, em Contagem, para realizar uma visita oficial ao jornalista Marco Aurélio Carone, com o objetivo de verificar seu estado de saúde e colher depoimento sobre sua prisão. Contudo, os deputados da comissão foram impedidos de colher qualquer depoimento de Carone ou de realizar qualquer registro do encontro.
A notícia chegou para o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, através da Secretaria de Defesa Social do Estado, que disse estar cumprindo "ordens superiores" e que o assunto se tratava de "segurança do Estado". Com esta absurda restrição, os deputados cancelaram a atividade e irão cobrar do governador esclarecimentos sobre este cerceamento de poderes da Assembleia Legislativa.
A íntegra.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A morte do cinegrafista e as outras

A "grande" imprensa brasileira informa mal e manipula os fatos, mostra o quer, como quer.
Protestos populares, para ela, são coisa de bagunceiros -- a não ser quando lhe interessa mostrar de outra forma, como os protestos da Copa, que atingiam o governo federal.
Em geral, porém, "atrapalham o trânsito" e "prejudicam os alunos", como as coberturas da greve dos professores mineiros, que atingiam o governo estadual, seu amigo.
Diante dessa manipulação antiga, que vem desde a ditadura, quando a Globo boicotou a campanha das diretas e foi porta-voz das versões oficiais do governo militar para greves operárias, os movimentos populares variam entre desconfiar e detestar a imprensa.
Daí as agressões a carros e prédios da "grande" imprensa.
No entanto, quem vai às ruas para noticiar não são os Marinhos nem os Frias nem os Mesquitas nem os Civitas, são jornalistas profissionais, trabalhadores. São eles que estão na linha de frente da "grande" imprensa e é a eles que a violência atinge, como aconteceu com o cinegrafista da Band.
Não são só os manifestantes que apelam para a violência.
Ao contrário, o Brasil tem tradição de manifestantes pacíficos e repressão violenta da polícia.
A "grande" imprensa sempre foi conivente com a violência policial, sempre a justificou, contra a ameaça de "baderna".
Nas manifestações recentes, a polícia atingiu, feriu, cegou, mutilou vários jornalistas.
Manifestantes e transeuntes foram mortos.
Indignar-se com a inaceitável morte do cinegrafista sem considerar tudo isso e sem propor soluções profundas, verdadeiras, que passam por avanços democráticos, nas liberdades, na polícia e na justiça, é pura demagogia.

Do Diário do Centro do Mundo. 
A imprensa esqueceu das outras 11 vítimas fatais nas manifestações?
Mauro Donato

O misto de comoção e estardalhaço com que a morte do cinegrafista Santiago Andrade está sendo tratada na mídia é ao mesmo tempo compreensível e incômodo.
Compreensível, pois a morte do cinegrafista é brutal sob todos os ângulos e dispensa mais comentários. Todos já foram feitos.
Incômodo, pois penso que deveria partir da mídia o equilíbrio e o bom senso nesse momento de tensão.
A trinca imprensa-manifestantes-polícia que coabita as ruas desde junho não fala a mesma língua e o clima esquentou de vez.
Um vídeo gravado em frente à delegacia durante o depoimento de Fabio Raposo — o tatuador que estaria envolvido no caso –, em que um manifestante ameaça outro cinegrafista de ser “o próximo” para imediatamente receber a câmera na cabeça, demostra qual o quadro atual.
A íntegra.

Pimentel X Pimenta

A próxima eleição para o governo de Minas terá mais do que a curiosa disputa entre Pimentel e Pimenta. Pimentel não significa plantação de pimenta, explica o Aulete, que não tem registro do termo; plantação de pimenta é pimenteiral. As palavras no entanto são quase idênticas e devem ter a a mesma raiz. Também os dois políticos têm semelhanças que tornam a disputa interessante.
Ambos têm berço progressista -- Pimentel, o do PT, que apesar de ter se tornado o partido do capital por excelência, é, na origem, o partido dos trabalhadores; Pimenta, o do PSDB, quando ser tucano era sinal de mudanças para melhor.
O mais interessante no entanto são as contradições dos dois candidatos e seus fracassos políticos, que deixaram sequelas dolorosas para os belo-horizontinos e mineiros.
Lembremos: Pimenta era um político promissor quando foi eleito prefeito de Belo Horizonte, em 1988, mas tinha o olho maior do que a barriga e logo depois abandonou a prefeitura para se candidatar ao governo do Estado.
Não foi nem para o segundo turno, naquela eleição marcada por votos de protesto (ainda havia cédula) "Hélio não", uma vez que a disputa final ficou entre Hélio Garcia (eleito) e Hélio Costa (perseverante perdedor).
E Pimenta se recolheu, mudou para Brasília, limitou-se ao mandato federal e a um papel secundário no governo FHC. Muito pouco para quem esteve prestes a se tornar o que Aécio Neves se tornaria mais tarde: o rei de Minas.
Agora, mais de vinte anos depois, volta à cena, com o mesmo objetivo que não atingiu em 1990.
Se vencer, pode refazer sua trajetória e superar novamente o neto de Tancredo, como liderança tucana, em Minas e no Brasil, credenciando-se para disputar mais tarde o governo federal, com vinte anos de atraso e já idoso.
Hoje, no entanto, a marca de Pimenta é seu passo em falso em 1990, o abandono da prefeitura da capital apenas um ano e meio depois de ser eleito e sua desistência de novas disputas.
Pimenta deixou no seu lugar o hoje deputado Azeredo, o qual, ele sim, tornou-se em seguida governador. Ao tentar se reeleger, em 1998, usou o esquema de caixa dois de campanha montado por Marcos Valério e mais tarde aproveitado pelo PT. Como se sabe, os petistas foram condenados e estão presos, mas os tucanos continuam voando livres, não foram julgados e o crime está prestes a prescrever.
Apesar do forte esquema montado por Marcos Valério para receber dinheiro para sua campanha, inclusive dinheiro de estatais mineiras, Azeredo não foi eleito, porque encontrou no caminho um cacique da política mineira, Itamar Franco, assim como Pimenta tinha sido barrado, antes, por Hélio Garcia.
Governador, Itamar não quis tentar a reeleição, em 2002, e abençoou Aécio Neves, que assim pôde montar seu império mineiro. Aécio, que em 1992, tinha tomado uma surra ao tentar ser prefeito de Belo Horizonte e, como Pimenta, nem ao segundo turno foi.
Naquele ano o eleito foi Patrus, do PT, que inaugurou uma série de governos populares na capital, nos quais o eleito se beneficiou sempre da popularidade do antecessor: Célio de Castro e Pimentel.
Chegamos então ao Pimentel.
Bem diferente de Pimenta, Pimentel permaneceu quatro mandatos na Prefeitura de Belo Horizonte, primeiro como secretário, depois como vice-prefeito, por último como prefeito, em dois mandatos.
Tornou-se assim o rei de BH.
Tão poderoso que se julgou capaz de, como Pimenta, dar um passo maior do que as pernas.
Ao terminar seu mandato, em 2008, Pimentel ungiu um candidato de outro partido!
Uma coisa jamais vista na política, que deveria dar em confusão e de fato deu.
Em vez de lançar candidato próprio, o PT comandado por Pimentel, como um coronel, apoiou um nome do PSB.
O que veio depois todos sabemos. O prefeito Lacerda pôs as asinhas de fora, alijou o PT do governo, lançou-se candidato à reeleição sem o PT, obrigou o criador a enfrentar a criatura e derrotou nada mais nada menos do que Patrus, aquele que começou toda a história dos governos populares sem os quais Lacerda, um milionário obscuro na política, jamais teria chegado ao poder municipal.
O próprio Pimentel, que estaria no fundo do poço, não fosse ter ganhado o prêmio de consolação de ministro da Dilma e manter o controle do PT mineiro, teve de fazer campanha envergonhada contra aquele que ele tinha projetado como "ótima pedida", quatro anos antes.
Agora, graças ao controle do partido e ao apoio da presidente, Pimentel é o candidato da oposição ao governo de Minas.
Da mesma forma que Pimenta, pode ser eleito e tornar-se o político mais importante do Estado, virtual candidato a presidente em 2018.
Hoje, no entanto, tanto quanto Pimenta, é só um candidato cujo último passo foi a derrota, que deixou de herança uma grande lambança para Belo Horizonte.
Em outubro, os votos dos mineiros decidirão qual dos dois será reabilitado, Pimentel ou Pimenta.
Lacerda, essa figura ímpar da política mineira, pode ser o fiel da balança, uma vez que não é petista nem tucano, pertence ao PSB, que também tem pretensões eleitorais, por meio do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Quem Lacerda apoiará? Será candidato?
É improvável, mas seria curioso ver Lacerda candidatar-se e sair vitorioso, deixando para trás Pimenta e Pimentel.
Aos mineiros, resta só torcer para que, Pimenta ou Pimentel, o eleito tenha aprendido com seus equívocos e se torne um governante melhor do que seus herdeiros.

Agronegócio é exemplo?

Para quem? Por que?

Agronegócio e mineração são atividades econômicas semelhantes: realizadas por grandes empresas, que ocupam grandes extensões territoriais, degradam barbaramente a natureza, empregam pouca gente, exigem do Estado grandes obras de transporte e logística, recebem muitos incentivos fiscais e outros e mandam a produção para o exterior, a preço baixo.
O agronegócio recebe dinheiro do Banco do Brasil com juros subsidiados e carência para comprar máquinas, sementes, agrotóxicos, pagar empregados etc. Tem garantia de venda do seu produto e seguro em caso de imprevistos. O governo garante preço mínimo e se as coisas não vão como esperam, intervém, comprando a produção.
Não se tratam de famílias, de uma grande população rural, mas de algumas centenas de latifundiários milionários.
É para estes que a monocultura exportadora é excelente negócio.
E para os países compradores, que não têm esses produtos e os compram barato -- no caso do agricultura, para alimentação de gente ou gado ou ainda para transformação em produtos mais elaborados, vendidos com maior lucro; no caso da mineração, para transformação em produtos industriais, também revendidos, inclusive para o próprio Brasil, muito mais caros.
E para as três ou quatro grandes empresas de agrotóxicos e sementes, que monopolizam o setor.
O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, o que, em outras palavras, significa que alimentos, terra, água, ar, trabalhadores e até o leite materno no Brasil estão envenenados.
14 venenos proibidos no mundo são usados pelo agronegócio brasileiro. Os interesses do agronegócio e do agrotóxico estão tal forma misturados que melhor seria chamá-lo por um nome só: agrotoxiconegócio.
O Brasil produz cada vez mais grãos de exportação porque tem muita terra fértil, muita água, bom clima. Mas faz isso destruindo a natureza, envenenando a terra, secando os rios, expulsando as populações do campo que vêm viver em favelas nas cidades, cidades absurdamente grandes sem infraestrutura e violentas; faz isso para exportar produtos primários baratos e importar produtos industriais caros.

Por que devemos nos orgulhar disso? Por que isso é um exemplo? Exemplo de subdesenvolvimento? De manutenção eterna do Brasil num modelo econômico colonial?
Bater recordes agrícolas produzindo alimentos saudáveis para alimentar os brasileiros, gerando e distribuindo riquezas, isto sim seria motivo de orgulho, um exemplo para o País e para o mundo.
Note-se que a presidente Dilma não explica por que o agronegócio é um exemplo; no seu argumento, parecem bastar os números recordes, as quantidades absurdas de grãos, as áreas gigantescas plantadas...
O agronegócio mantém fortíssimos lobbies no Congresso que garantem que tudo continue como está, como provou o "novo" Código Florestal. Sua expressão em número de deputados e senadores é centenas de vezes maior do que a população de brasileiros que representam.
Uma demonstração de que não temos democracia, mas uma lobbycracia.
E isso em nome de quê? Do equilíbrio da "balança de pagamentos". Precisamos produzir -- e destruir e envenenar o ambiente, expulsando milhões do campo para as cidades -- cada vez mais café, soja, cana-de-açúcar etc. e minérios para compensar as importações de produtos industriais.
E assim vamos seguindo, cada vez com a natureza mais destruída.
Depois de acabar com a Mata Atlântica e com o Cerrado, o agronegócio agora avança para acabar com a Amazônia. Em mais algumas décadas teremos um País que de uma natureza exuberante transformou-se em deserto, com todas as consequências que isso acarreta, como mudanças climáticas, falta d'água, poluição, terra envenenada. E certamente a queda da produção de grãos e a falência do modelo agroexportador.
É o exemplo que o agronegócio nos dá.
Se até o governo do PT pensa isso, o que esperar de partidos à direita dele?

Nos últimos onze anos, o debate no Brasil foi limitado pelos ataques feitos aos governos do PT pela "grande" imprensa, partidos de direita, entidades corporativas das elites e representantes do Judiciário, como o atual presidente do STF.
Diante do comportamento protofascista dessa oposição, pessoas de bem, de esquerda, progressistas, que têm a cabeça no lugar ou simplesmente jornalistas dignos da profissão tiveram de reagir, defendendo-o.
Entre o PT e a direita raivosa, preconceituosa, que defende privilégios e retrocessos, é impossível não ficar com o primeiro.
Nesse embate, porém, que tomou ares do bem contra o mal -- e ressuscitou uma coisa que parecia estar enterrada, a Guerra Fria, o confronto entre capitalistas e comunistas (veja-se, por exemplo, o anacrônico editorial do Estadão, a propósito do programa Mais Médicos) --, perdeu-se o que o jornalismo tem de melhor: a informação crítica, a vigília do governo em nome da população, apresentação de pontos de vista diferentes, de caminhos, a informação correta e honesta.
É esse jornalismo que dignifica a liberdade de imprensa, um dos direitos democráticos pelos quais a humanidade luta há mais de duzentos anos e que ajuda a construir um mundo melhor.

Do Portal Brasil.
Dilma: tenho certeza que o agronegócio é um exemplo para o país
A presidenta Dilma Rousseff esteve em Lucas do Rio Verde (MT) nesta terça-feira (11/2/14) para abertura da Safra 2013/2014. Além do lançamento da safra, o evento é uma comemoração aos bons resultados da agricultura brasileira no último ano.Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos deve chegar a 193,9 milhões de toneladas neste ano, o que representa um aumento de 3,6% em relação a safra anterior.
A presidenta comemorou esta perspectiva. "Em relação ao que obtivemos antes (em anos anteriores) esta é uma vitória para o agronegócio no Brasil. Essa vitória é o que nós estamos celebrando hoje aqui. É por isso que eu vim aqui, com todo empenho, porque eu sei o quanto este resultado é importante para o nosso país. O quanto o Brasil pode ganhar com esse processo. No presente estamos ganhando, e o potencial que nós temos no futuro é muito maior", destacou Dilma Roussef.
A íntegra.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Vereador ciclista atropelado em BH

Caso mais exemplar é impossível.
Todos os dias vemos ou sabemos de um acidente com ciclista em BH. O veículo é ótimo, a intenção de pedalar também, mas Belo Horizonte não é propriamente uma cidade adequada para bicicletas. Pela topografia, é óbvio, mas menos por ela. O problema maior é outro: andar de bicicleta em BH é risco de vida permanente, por causa da violência do trânsito; os motoristas não respeitam ciclistas e as pistas para bicicletas são ridículas.
Para que os ciclistas que desejarem enfrentar ladeiras possam trafegar tranquilamente, é preciso mudar a cultura do trânsito, que continua todo ele voltado para os carros, e que haja respeito pelo mais fraco, como aliás determina a lei. Os próprios ciclistas desrespeitam os pedestres andando em cima dos passeios.

Do Estado de Minas.
Acidente com vereador reacende discussão sobre o uso de bicicletas em BH
Jefferson da Fonseca Coutinho

Defensor das ciclovias, autor da Lei 10.161, que estabelece a criação do sistema cicloviário em Belo Horizonte, o vereador Adriano Ventura (PT) foi atropelado ontem na Avenida Tereza Cristina, na Região do Barreiro. O acidente foi às 12h40 e o socorro médico só chegou duas horas depois. O parlamentar reclamou da assistência do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que, por sua vez, informou que não havia no sistema solicitação para o caso. Imobilizado, depois de ficar protegido do sol a pino por caixas de papelão no asfalto, o vereador foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital João XXIII. Ele teve várias escoriações e trauma na bacia.
A íntegra.

Trânsito em BH: distâncias maiores, mais tempo, mais combustível, mais poluição

Na Avenida Augusto de Lima, agora, para pegar a Curitiba, à esquerda, perto do Mercado Central, veículos têm de desviar uma quarteirão antes, na Padre Belchior, à direita. Essa mudança aumenta o trajeto em dois quarteirões. Significa mais tempo e mais combustível gasto, mais poluição.
Todas as mudanças que vi até agora, nas obras de "mobilidade urbana" da prefeitura, são assim, aumentam trajetos -- consequentemente, tempo, combustível e poluição. Aparentemente, os "especialistas" da administração Lacerda não percebem isso.
Como não perceberam o viaduto na Lagoinha que não comportava dois ônibus e depois de pronto teve de ser refeito.
Como não perceberam que as obras nas avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado não resolveriam o problema do trânsito e, depois de prontas, quebraram tudo para fazer de novo.
Sem falar no novo viaduto na Avenida Pedro I, que já cedeu, ainda em obras...
O "novo" é o tal BRT, que me parece outro desperdício de dinheiro público. Tomara que dê certo, mas com esses precedentes é difícil acreditar.
Para melhorar os transporte coletivo em BH, uma cidade de avenidas largas, não é preciso quebrar tudo nem fazer tantos viadutos caros, muito menos aumentar o número de linhas e veículos nas ruas. Basta criar corredores em cada avenida, por onde passe uma única linha, com ônibus -- podem ser estes mesmos que estão aí -- de cinco em cinco minutos ou menos. Entre os corredores, ônibus menores fazendo a integração.
Mas isso não dá dinheiro para empreiteiras, empresas de ônibus e campanhas de políticos.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Publicidade camuflada de informação na Wikipédia

Muita gente duvida da Wikipédia como fonte confiável pelo fato de a produção dos artigos ser livre. No entanto, quem colabora de forma bem intencionada em geral publica informações confiáveis ou pelo menos honestas. O problema é outro: o uso da Wikipédia para publicidade, especialmente os verbetes que tratam de política e de empresas, enfim, dos poderosos.

Da DW Brasil.
A publicidade oculta na Wikipédia 
Maior enciclopédia de livre acesso do mundo não aceita anúncios, mas estudo alemão revela que empresas às vezes usam ferramenta para omitir informações inconvenientes e melhorar imagem perante o público.

As enciclopédias desaparecem cada vez mais das prateleiras. Na Alemanha, por exemplo, a tradicional Brockhaus suspendeu a sua publicação impressa. A ainda mais venerável Enciclopédia Britânica só existe em forma digital. A Encarta, enciclopédia multimídia da Microsoft, já pertence ao passado. E onde está descrito detalhadamente o declínio? Na página da Wikipédia.
Hoje, quem quer saber algo procura gratuitamente na maior enciclopédia online de livre acesso do mundo. Somente na Wikipédia em língua alemã, os visitantes podem encontrar mais de 1,5 milhão de artigos. De acordo com estatísticas do saite, se fossem impressos, esses artigos corresponderiam a 852 volumes. Não é de admirar que as empresas se interessem cada vez mais por ela.
"A Wikipédia é simplesmente uma fonte muito importante de conhecimento na internet, e assim se tornou um componente não mais dispensável da estratégia de relações públicas das empresas", diz Marvin Oppong. O jornalista é autor do recente estudo da Fundação Otto Brenner Publicidade escondida na Wikipédia. O saber mundial na mira das empresas.
"É atraente para qualquer empresa estar representada com uma entrada na Wikipédia", completa Oppong, citando Raphael Rahn da agência de relações públicas Lewis PR. Enquanto as enciclopédias impressas eram, em sua grande maioria, incorruptíveis, devido à sua estrutura de livre acesso, a Wikipédia é suscetível a mudanças manipulativas.
A Wikipédia tem como objetivo montar uma enciclopédia por meio de autores voluntários. Qualquer pessoa está convidada a participar. Só é preciso se registrar. Essa liberdade, no entanto, é usada por autores com segundas intenções.
Conteúdos críticos ou indesejados são muitas vezes excluídos das páginas de muitas empresas, enquanto os concorrentes são difamados ou os produtos da própria empresa são apresentados como melhores do que os de outros fabricantes.
Exemplos são encontrados no saite do Wikiscanner, uma ferramenta que pode identificar mudanças feitas por endereços de IP pertencentes a empresas. De acordo com Wikiscanner, em 2005, um endereço de IP atribuído a empresa farmacêutica Boehringer-Ingelheim excluiu a produção do desfolhante Agente Laranja da história da empresa. As Forças Armadas americanas empregaram o desfolhante em grandes quantidades na Guerra do Vietnã, causando sérios danos à saúde da população civil.
A íntegra.

A Conferência Urbana de Belo Horizonte

Quem está sabendo? Quem participa? E no entanto decide o futuro da cidade e a qualidade de vida que terão nossos filhos e netos.
Para que Belo Horizonte continue sendo destruída e piorando como vem acontecendo nos últimos anos, a ignorância e a exclusão da população são fundamentais.
Como qualquer mecanismo democrático, a composição do eleitorado e dos eleitos já indica quem vai mandar e as decisões que serão tomadas. 
Quem entre nós votou ou foi eleito nessa conferência?
Hoje, precisamos muito menos de "representantes", muitas decisões podem ser tomadas diretamente em eleições na internet.
O que os governos precisam fazer é liderar o processo de debates e informação. Depois, colocar em votação pelos eleitores, pela internet.
Que belo processo de apropriação da cidade por sua população não seria isso!
A alternativa à democracia direta é a democracia dos lobbies, como acontece na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal, e também nessa conferência.
Grupos organizados, especialmente empresários e dentre estes os da construção civil, vão determinar como será a cidade nos próximos anos. Não a cidade melhor para a população, mas a cidade melhor para eles.

As obras da Copa, segundo o governo federal

Os governos do PT foram os melhores sob os quais vivi, mas têm muitos defeitos e erros graves. Trazer a copa do mundo para o Brasil foi talvez o maior erro, mas não se pode confiar no que a "grande" imprensa publica sobre o assunto. Então é bom contrabalançar o noticiário com a propaganda oficial. Não é um balanço nem uma avaliação, são só imagens. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Produtividade no Brasil cresceu 2% ao ano

Cai o último argumento da direita contra a economia nos governos do PT.
Como se sabe, diante de todos os êxitos, inclusive não ter o País mergulhado na crise internacional a partir de 2008, como apostaram Serra, Aécio, FHC etc. -- que teriam adotado políticas recessivas, a exemplo dos governos europeus --, os industriais paulistas passaram a se queixar da produtividade dos trabalhadores brasileiros.
Diziam que distribuição de renda sem aumento da produtividade não é "crescimento sustentável" e que logo o Brasil cairia num buraco sem fim.
Era a velha tese "primeiro tem que crescer para depois distribuir" recauchutada.
Agora, um estudo mostra que a produtividade no Brasil cresceu "fortemente".
A informação saiu no jornal Valor, mas escondida numa matéria e, como não poderia deixar de ser, sob um título negativo.
No Brasil atual, a luta de classes acontece como guerra de informações -- e a direita controla a "grande" imprensa.

Do blog O Cafezinho.  
A produtividade no Brasil cresceu forte na era Lula, diz estudo da FGV
Estudo feito pelos economistas Barbosa Filho e Samuel Pessoa, da Ibre-FGB, descobriu que a produtividade na economia brasileira cresceu a uma média anual de 2% entre 2003 e 2010, o que pode ser considerado "um crescimento forte", segundo Barbosa Filho. A informação está no Valor de hoje. Segundo o economista do Ibre, durante a era Lula, o Brasil "registrou ganhos expressivos de produtividade". O ganho ao longo do período foi puxado principalmente pela produtividade do trabalho.
A íntegra.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A corrupção na Europa

Para quem acredita em Globo, Veja, Folha etc. e pensa que a corrupção foi inventada no Brasil, pelo PT.

Do El País edição Brasil.
Três em cada quatro europeus acreditam que a corrupção está generalizada
Lucía Abellán, de Bruxelas.

Os europeus têm a sensação de viverem em um ambiente de corrupção generalizada. Três em cada quatro aderem a essa percepção, segundo um amplo estudo publicado nesta segunda-feira pela Comissão Europeia, com base em uma pesquisa de opinião pública e em análises próprias. Essa opinião é praticamente universal na Grécia (99%), Itália (97%) e Espanha (95%), mas também alcança níveis preocupantes em países com reputação de seriedade, como a Alemanha, onde 59% da população acredita que as irregularidades administrativas estão muito difundidas.
A íntegra.

Malvados, a tirinha 2

Malvados, por André Dahmer.

A charge censurada

Por causa dessa charge, publicada em 2010, o desenhista Duke e o jornal Super foram sentenciados pela 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais a indenizar em R$ 15 mil, cada um, um obscuro juiz de futebol que se sentiu ofendido. Coincidentemente, o juiz que se considerou ofendido é assessor jurídico da tal 11ª Câmara, que dobrou a indenização fixada pelo juiz de primeira instância. E o desembargador presidente é conselheiro do Cruzeiro.
A justiça mineira também está sob suspeição no caso dos Perrellas.
Mais sobre o caso aqui e aqui.
A questão é que o Brasil avança o século XXI como um país que quer ser tornar moderno, mas em muitas áreas continua como no século XIX. A liberdade de expressão é uma delas: enquanto pessoas que têm a reputação destruída pela "grande" imprensa não conseguem se defender e muito menos recuperar a imagem destruída por veículos sensacionalistas e inconsequentes, outros se valem de influências para censurar a imprensa.
A própria "grande" imprensa censura a nova imprensa da internet, como fez a Folha de S. Paulo com a Falha de S. Paulo.
Liberdade de imprensa é um direito elementar do ser humano há mais de duzentos anos que ditaduras e autoridades mequetrefes não reconhecem.
Duas coisas delimitam a liberdade de imprensa: primeiro, a liberdade de expressão sem censura (todos temos o direito de dizer e publicar o que queremos); segundo, o direito de resposta (qualquer um que se sentir ofendido tem o direito de responder de forma igual à ofensa feita, isto é, no mesmo veículo, com igual espaço, e rapidamente).
Quando o ofendido é inocente e o jornalista (ou o veículo) é bem intencionado, a coisa se resolve entre eles, com a publicação do "outro lado", ambos em busca da verdade. 
Quando isso não acontece, cabe ao juiz decidir com sabedoria e imparcialidade se a liberdade de expressão gerou injúria, calúnia ou difamação.
E assim a vida segue numa sociedade civilizada, sem restringir direitos, mas também contendo abusos.
É o que qualquer aluno de jornalismo aprende na aula de Ética e Legislação e provavelmente os estudantes de direito também aprendem. No entanto, não temos esse direito fundamental no Brasil, hoje.
Multar um jornalista assalariado por uma charge é como multar sindicato de professores em greve: não tem nada a ver com justiça, é só intimidação.
chargeduke

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O médico cubano e os (esperamos que sejam exceções) médicos brasileiros

Um -- o cubano -- foi chamado para uma emergência e salvou uma vida; outros -- os brasileiros -- protestam: não podia! 
Mais um na longa lista de vexames dos médicos brasileiros nos últimos meses.

Do blog Viomundo.
Cubano atende emergência e corre risco de ser descredenciado
"Ele (médico) entrou em contato comigo por telefone e relatou o fato de que haveria um profissional do Mais Médicos atendendo em um plantão, o que ele não poderia fazer", disse o conselheiro do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Rodrigo Marquetoti.
Segundo a direção do Hospital de Candiota, o médico cubano teria sido chamado porque o profissional que estava de plantão se atrasou e havia um paciente em estado grave aguardando atendimento. A decisão teria sido tomada pelo gerente administrativo do hospital. "Não houve mais nenhum dia, nenhum momento em que o médico do programa Mais Médicos fez qualquer tipo de atendimento conosco", garantiu o diretor técnico do hospital, Alexandre Davila.
De acordo com o delegado do Conselho Regional de Medicina (Cremers) na Região da Campanha, profissionais do programa Mais Médicos só podem atender pacientes em postos de saúde. "Existe uma determinação do Conselho Regional de Medicina que fica vedado, fica proibida a atuação desses profissionais a nível hospitalar", afirmou César Melllo.
A íntegra.

O advogado dos Perrellas

Surpresa: a grande imprensa resolveu entrar no caso. Por que será? Quando os jornalões produzem matéria relevante (quase) sempre há interesse por trás.

Do O Globo.  
Defesa de Perrela em Minas é feita por filho de presidente do TJ
Escritório de advogado recebeu ainda R$ 234 mil de verba de gabinete
Ezequiel Fagundes

Processados no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) por enriquecimento ilícito, o senador Zezé Perrella (PDT-MG) e seu filho, deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), contrataram o escritório do advogado Sérgio Santos Rodrigues, filho do presidente do tribunal, desembargador Joaquim Herculano Rodrigues, para defendê-los no caso. Sérgio Rodrigues também presta serviços para o gabinete do senador, em Brasília.
A íntegra.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A propósito das próximas eleições 3

"- Mas, enfim, o que querem os nossos dois partidos?...
- A cauda de qualquer dos dois não sabe, nem se ocupa de saber o que quer, já o disse uma vez.
- E o corpo?...
- O corpo de um proclama que quer conservar, bem que vá, pelo sim pelo não, destruindo muita coisa boa; e o corpo do outro assevera que quer progredir. Os conservadores dizem que não admitem o progresso político, porque temem que ele nos atire além dos limites da prudência; os progressistas repelem os erros do passado; sustentam que o sistema monárquico-representativo está falseado entre nós, que é indispensável apelar para diversas reformas políticas, se quisermos que a monarquia constitucional seja no Brasil uma realidade: uns e outros, conservadores e progressistas, dizem ainda muita coisa, mas o essencial é isso.
- E uma vez por todas, a cabeça o que quer?... o que querem os chefes?...
- Os chefes?... outra vez, com exceção de alguns homens sinceros e dedicados, que todos respeitam, os chefes de um dos partidos se dizem também conservadores, e na verdade que o são, debaixo de certo ponto de vista, porque, quando estão no poder, tratam de conservar-se nele a todo custo e por todos os meios; e os do outro dizem-se também progressistas, e eu não duvido que o sejam, porque quando estão debaixo caminham para adiante com toda a pressa que podem, a ver se nesse progresso chegam ao poder; mas o que é verdade, o que todos veem, é que esses conservadores, logo que se acham no governo, andam para trás como caranguejos, ou oprimem o país como pesadelos; e estes progressistas ocupando o timão do Estado desenvolvem e mostram um tal progresso de preguiça que chegam até a subir e descer sem jamais sair de um mesmo lugar!
- Portanto...
- Portanto, entre os chefes dos dois partidos, com exceção, repito, dos poucos que são sinceros e dedicados, não há luta pelas ideias, há briga por causa do poleiro: os princípios políticos deles são idênticos, porque se resumem, como já disse, no pronome -- Eu -- e quer subam uns, quer subam outros, a coisa anda, pouco mais ou menos, do mesmo modo." 

(Do livro A carteira de meu tio, de Joaquim Manuel de Macedo.)