quinta-feira, 31 de julho de 2014

"Nada é mais vergonhoso que atacar crianças dormindo"

No noticiário de hoje, uma aula de jornalismo. De jornalismo e política, porque ambos se misturam mais do que nunca, no Brasil e no mundo.
Procure notícias sobre o conflito na Faixa de Gaza. Veja como jornais brasileiros tratam do assunto.
Escondem as notícias pró-palestinos -- inclusive esta, em que é o secretário-geral da ONU quem fala e quando instalações da ONU são atingidas e as vítimas são crianças dormindo.
Destacam as notícias pró-Israel.
No melhor dos casos, fingem neutralidade dando "o mesmo peso" aos dois lados.
Como dar o mesmo peso a dois lados num noticiário em que de um lado já morreram mais de 1.300 civis, metade crianças, e do outro lado, 50 soldados e três civis? Em que de um lado há o exército mais bem armado do mundo e do outro civis?
Qualquer pessoa minimamente informada sabe que não existe "guerra" na Palestina. O que existe é um Estado judeu criado artificialmente depois da 2ª Guerra Mundial onde já viviam outros povos, um Estado em expansão permanente, o Estado mais bem armado do mundo, que recebe apoio da nação mais poderosa do planeta.
Basta olhar o mapa e ver o tamanho que tinha Israel ao ser criado pela ONU e o tamanho que tem hoje. 
Qualquer pessoa minimamente informada se horroriza há décadas com o que faz Israel contra os palestinos. A ONU também se horroriza e se manifesta, mas nada pode fazer de fato porque seu Conselho de Segurança só age por unanimidade e os EUA não admitem nenhuma ação militar internacional contra Israel, como são feitas em outras partes do mundo.
Enquanto isso, o noticiário se ocupa do Hamas e dos seus "terroristas".
O mundo continua se emocionando -- justificadamente -- com o que fizeram os nazistas contra os judeus, mas ignora o que fazem os judeus com os palestinos.
A comunicação mundial é controlada por judeus pró-Israel, basta ler nomes de proprietários, articulistas e jornalistas.
Assim como a imprensa brasileira é controlada pela direita "neoliberal".
No mesmo dia, notícias nacionais mostram a mesma face manipuladora na imprensa brasileira.
Aécio admite que usou o aeroporto que construiu com dinheiro público, como governador, na fazenda da sua família. A notícia é dada sem destaque.
O destaque do noticiário são os réus do "mensalão" -- mais uma vez, pela milésima vez, há dez anos.
Experimente inverter: foi um governador ou presidente petista quem construiu aeroporto para uso pessoal em fazenda da família -- como a imprensa trataria o fato?
Os réus do "mensalão" são tucanos -- como a imprensa trataria o caso? Há réus tucanos no "mensalão" mineiro e raramente sai uma notícia sobre o assunto...
Vamos um pouco além e pensemos que um helicóptero pertencente a um aliado e amigo íntimo da candidata a presidente petista é apreendido pela polícia com meia tonelada de cocaína. Há suspeita de que ele usou o tal aeroporto. Como a imprensa trataria do assunto? Ele teria sido esquecido ou estaria no noticiário diariamente há seis meses?
É neste mundo que estamos vivendo. A percepção que temos da realidade passa pelas informações que recebemos. E as informações são dadas pela mídia. E a mídia é controlada por alguns grupos reacionários, no Brasil e no mundo.

Da Agência Brasil.
Ban Ki-moon condena ataque à escola da ONU em Gaza
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, condenou hoje (30/7) o ataque de Israel a uma escola que servia de abrigo da ONU para refugiados em Gaza, que matou pelo menos 16 palestinos, inclusive crianças.
"Nada é mais vergonhoso que atacar crianças dormindo", Ban Ki-moon ao desembarcar na Costa Rica, para uma visita oficial, segundo informações da Agência de Notícias da ONU. "Foi um ataque condenável. É injustificável. E exige responsabilização e justiça", acrescentou. 
De acordo com o chefe da ONU, a localização da escola foi comunicada por 17 vezes militares israelenses, inclusive na noite de ontem (29), horas antes do ataque.
A escola é gerenciada pela Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa, na sigla em inglês). O chefe da agência, Pierre Krähenbühl, disse que o ataque ao abrigo foi "uma afronta" e motivo "de vergonha universal".

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Único condenado pelos protestos de 2013 é morador de rua

Do Diário do Centro do Mundo.
"Único condenado pelos protestos de 2013 é morador de rua"
Abaixo, trechos de um artigo de Lincoln Secco, professor de História Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras da USP:
"Rafael Braga Vieira, de 25 anos, foi preso no dia 20 de junho de 2013, no Rio de Janeiro, durante os protestos que sacudiram o Brasil naquele ano. Ele não adotava tática black bloc. Ele não pertence a uma organização anarquista. Não possui amigos influentes que o defendam, pois é morador de rua.
"Não se ouviu o Ministro da Injustiça dizer que o inquérito foi forjado. É que até para se lembrar de um acusado é preciso que ele seja bem nascido, com nível superior, preferencialmente branco e com uma rede de amigos solidários. A grande imprensa e seus áulicos preferiram fazer uma novela de baixa qualidade para acusar "pessoas mais interessantes" como Sininho, Camila e seus "seguidores". Sem esquecer que aquelas ativistas são igualmente vítimas da desinformação midiática e da mentalidade fascista de muitos policiais.
"Aliás, pessoas como o ministro e outros políticos graúdos não se solidarizaram nem mesmo com os condenados do seu partido. Se não ajudam aos amigos, o que dizer dos outros? Mas veremos muita gente (de direita ou não) escrever que Rafael é terrorista ou que não devia estar ali, já que nada tinha a ver com protestos. Como se protestar também fosse crime. Bem, Rafael morava ali… Na rua."
A íntegra.

Guardas municipais armadas

Quanto mais aumenta a violência urbana, mais aumenta o número de policiais. Ou será o contrário?
Duas ações são essenciais para que o Brasil se torne uma nação mais democrática: democratizar os meios de comunicação e democratizar as polícias, uns e outras resquícios da ditadura.
No entanto, em relação às polícias o que vemos é o contrário: cada vez mais numerosas, mais armadas, mais violentas, militarizadas e com inúmeros episódios de ligação com o crime organizado, como tornaram notório os filmes da série Tropa de Elite.
A questão fundamental das guardas municipais é: se elas substituírem as polícias militares no trato das manifestações populares e atuarem sem armas serão um avanço democrático. Se forem apêndices da polícia militar, serão mais um passo na escalada da violência.

Do Portal Minas Livre.
Porte de arma é polêmica em Estatuto da Guarda Municipal
Projeto de lei que regulamenta criação e funcionamento da Guarda Municipal em todo o país é enviado para sanção de Dilma Rousseff
Por Thaíne Belissa

Enviado para a sanção da presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (21/7/14), o Projeto de Lei 1332/03, que cria um estatuto nacional para a Guarda Municipal, tem sido muito elogiado por sua iniciativa de unificar a corporação. Mas, apesar do apoio em relação ao seu objetivo, a proposta também é motivo de polêmica, uma vez que garante o porte de arma aos guardas. Outro ponto de discórdia é a possibilidade de uma emenda que dá poder de polícia à corporação, o que a tornaria semelhante à Polícia Militar.
O projeto de lei é do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e regulamenta a criação e o funcionamento da Guarda Municipal em todo o país. De acordo com o texto, os guardas deverão ter equipamentos e uniformes padronizados, preferencialmente na cor azul-marinho. O porte de arma será liberado aos guardas durante o horário de serviço, nas capitais dos estados e nos municípios com mais de 500 mil habitantes e nas demais cidades com pelo menos 50 mil habitantes.
Segundo o projeto, a competência geral da corporação é a proteção de bens, serviços, ruas públicas e instalações do município. Já a lista de competências específicas é mais ampla e inclui a colaboração com outros órgãos de segurança pública, a segurança em grandes eventos, a proteção de autoridades e a fiscalização de trânsito mediante a convênio com os órgãos responsáveis. O texto também prevê que o guarda municipal poderá agir em situação de flagrante delito, encaminhando o autor da infração ao delegado competente.
Em relação à criação da Guarda Municipal em uma cidade, o projeto define que ela deve ocorrer por lei e os guardas deverão ser selecionados por meio de concurso público. Eles devem ser brasileiros, ter mais de 18 anos, nível médio de escolaridade e ter competência física e psicológica para o cargo. O servidor também passa a ter direito de, em caso de ser preso como suspeito, ficar recolhido separadamente dos demais presos até a condenação definitiva.
O texto também cria a exigência de capacitação específica para os guardas municipais, além de órgãos de controle da corporação, visando a fiscalização, investigação e auditoria. Com esse estatuto, a Guarda Municipal também passa a ter uma linha telefônica de número 153 e faixa exclusiva de frequência de rádio.
O autor do projeto, que já comandou a Guarda Municipal de São Paulo, afirma que o projeto era uma necessidade antiga da corporação. Ele afirma que enquanto esteve à frente do órgão conseguiu fazer um bom trabalho, mas sempre se via cerceado por uma série de limitações. Ele acredita que o estatuto vai garantir a formação dos guardas de maneira unificada, impedindo que cada cidade haja da forma que quer.
A íntegra.

Da RBA.
Lei dá poder de polícia a guardas civis do país, mas não prevê articulação
Para especialistas em segurança pública, legislação pode abrir espaço para amplo debate na sociedade, mas incertezas podem piorar cenário atual  
por Gisele Brito, publicado 28/7/2014 17:06, última modificação 28/07/2014 17:17

São Paulo – Para quem acreditava que duas polícias, a civil e a militar, eram demais, é bom se preparar: uma terceira deve começar a operar em breve. Na verdade, ela já está nas ruas em 993 das 5.570 cidades do país, mas, no último dia 16, o Senado aprovou o Projeto de Lei 39/2014, que dá poderes de polícia às guardas civis municipais. O texto, que só aguarda a sanção da presidenta Dilma Rousseff, estabelece, por exemplo, a obrigatoriedade de formação civil e controle interno e externo das guardas, hoje restrito apenas a 21% das corporações espalhadas pelo país. Por isso, especialistas em segurança pública ouvidos pela RBA acreditam que a lei não é "necessariamente ruim", já que regulamenta a atuação, mas veem como principal desafio a articulação entre municípios, estados e União para a criação de um sistema de segurança pública.
A existência de policiais municipais é comum em países como México, Estados Unidos e Espanha. No Brasil, o projeto tramitou por 11 anos e é uma antiga demanda dos guardas, que se queixam do tratamento de "guardas de praça."
A íntegra.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

domingo, 27 de julho de 2014

O catador que virou médico

Do UOL Educação, em 25/7/2014
Pegava livros no lixo: ex-catador de Brasília conta como virou médico
Bruna Souza Cruz

O dia seis de junho de 2014 é uma data muito importante para Cícero Pereira Batista, 33. É data da sua formatura, quando ele fez o "Juramento de Hipócrates" e jurou fidelidade à medicina. O diploma na tão sonhada carreira foi um investimento de quase oito anos da vida do ex-catador.
Natural de Taguatinga, cidade satélite a 22,8 km de Brasília, Cícero nasceu em família pobre e precisou de muita perseverança para alcançar a formação em uma das carreiras mais concorridas nos vestibulares. Ele só começou a fazer a graduação aos 26 anos.
"Minha família era muito pobre. Já passei fome e pegava comida e livros do lixo. Para ganhar algum dinheiro eu vigiava carro, vendia latinha. Foi tudo muito difícil pra mim, mas chegar até aqui é uma sensação incrível de alívio. Eu consegui superar todas as minhas dificuldades. A sensação é de que posso tudo! A educação mudou minha vida, me tirou da miséria extrema", conta Cícero.
A íntegra.

sábado, 26 de julho de 2014

Aécio, aeroportos e aeronaves 2

Na época da apreensão do helicoca dos Perrellas, foi observado pelos mais atentos que as contas dos pesos da aeronave não batem.
Ficou por isso mesmo, tratou-se logo de inocentar os Perrellas e o assunto sumiu.
Agora aparece esse aeroporto, denunciado pela Folha, cuja irregularidade remonta ao governo Tancredo, segundo reportagem do Estadão.
Aécio mistura o público e o privado, segundo a revista piauí. (A íntegra pode ser lida aqui.)
É interessante ver os mapas publicados na matéria do GGN.
Não se trata de acusar Aécio de nada, não se trata sequer de insinuar nada.
Trata-se de investigar o caso do helicoca e elucidar as dúvidas que ficaram sem resposta e sem cobertura jornalística.
Trata-se de mostrar as irregularidades dos aeroportos que envolvem o governo Aécio, como fizeram publicações da grande imprensa.
Um candidato a presidente precisa ser conhecido pelos eleitores.
Em 2010, Dilma teve toda a sua vida investigada e várias suspeitas levianas foram lançadas sobre ela.

Do jornal GGN.
O aeroporto de Cláudio, o helicóptero e a rota do tráfico de drogas 
Cíntia Alves
Quando a apreensão de quase meia tonelada de pasta de cocaína transportada num helicóptero dos Perrellas veio à tona, no final de 2013, autoridades estadunidenses pisaram em solo brasileiro para ajudar na apuração da origem e destino da droga. Investigações apontavam que a demanda teria sido negociada com mexicanos, mas saído oficialmente do Paraguai, com forte suspeita de que a Europa era o norte. Fato é que consta nos depoimentos de Rogério Almeida, piloto preso em flagrante pela Polícia de Espírito Santo com mais comparsas, que a aeronave do então deputado Gustavo Perrella (Solidariedade) viajou de Avaré paulista até o Campo de Marte (A). De lá, para Divinópolis (B), e da cidade mineira para Afonso Cláudio, no Estado vizinho.
Na época, a imprensa levantou dúvidas técnicas sobre o helicóptero.
Modelo R-66, a aeronave só sai do chão suportando o peso máximo de 1.225 quilos. O helicóptero consome 581 quilos desse limite. Com o tanque cheio, iriam mais 224 quilos. Sobrariam 420 para a carga restante, contando aí os passageiros. Só de cocaína, a polícia informou  ter apreendido 445 quilos.
Com os cálculos feitos levando-se em conta a distância percorrida pelo helicóptero (entre os três pontos, pelo menos 1,17 mil quilômetros, em linha reta) e a autonomia da nave, duas hipóteses foram levantadas: ou o piloto mentiu e a droga foi carregada num local mais próximo da fazenda em Afonso Cláudio, onde pousou o helicóptero, ou menos combustível foi colocado para equilibrar o peso da nave. Consequentemente, mais paradas para abastecimento seriam necessárias.
Nesse último caso, aeroportos não fiscalizados seriam perfeitos. O de Cláudio (C), construído durante a gestão de Aécio Neves (PSDB) enquanto governador de Minas Gerais (2003-2010), até hoje não foi homologado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O órgão federal garantiu que faltam documentos para concluir esse processo.
A obra é questionada pelo fato de beneficiar, teoricamente, um município de 25 mil habitantes e pouca expressividade econômica. Além disso, Divinópolis, por onde passou o helicóptero dos Perrellas, fica a poucos quilômetros dali, e possui aeroporto bem equipado.
Aécio não comenta se já usou a pista em Cláudio para facilitar o acesso à Fazenda da Mata, que pertence à sua família há décadas, a seis quilômetros do aeroporto denunciado. Há vídeos na internet comprovando que o espaço é utilizado para shows de aeromodelismo. Familiares de Aécio disseram à Folha que pelo menos um avião pousa por semana por ali. A Anac vai investigar.
Na versão de Aécio, o aeroporto de Cláudio integra o Proaero, um programa que em sua raiz visava a intervenções em mais de 160 lugares. Seriam construídos aeroportos locais ou regionais, ou melhoradas as condições das pistas existentes.
Denúncias sobre aeroportos construídos ou pistas que receberam investimentos vultosos nos últimos anos pipocam na mídia todos os dias desde que a Folha de S. Paulo revelou, em 20 de julho, que o equipamento em Cláudio foi construído em um terreno que pertence ao tio-avô de Aécio, Múcio Guimarães Tolentino. É a família Tolentino que, segundo o jornal, cuida das chaves do aeroporto enquanto o imbróglio envolvendo a desapropriação do terreno não se resolve na Justiça.
Segundo a assessoria de Aécio, a família Tolentino exige R$ 9 milhões pelo terreno. O Estado depositou em juízo cerca de R$ 1 milhão. Nesta sexta-feira (25), o periódico informa que Múcio Tolentino, ex-prefeito de Cláudio, é alvo de uma ação por improbidade administrativa.
A íntegra.

Ariano Suassuna, nosso Shakespeare

Ariano Suassuna, Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro... O Brasil está mais pobre. Perdeu em uma semana três grandes escritores. Mais que um escritor, Rubem Alves é uma referência filosófica. Ariano Suassuma é o nosso Shakespeare, um gênio da dramaturgia, autor de tramas tão geniais quanto as do inglês. E também uma personalidade simpática, inteligente, bem humorada.

Do Diário de Pernambuco, via jornal GGN. 
A carta de Matheus Nachtergaele para Ariano Suassuna
O ator Matheus Nachtergaele, que interpretou o personagem João Grilo na adaptação para a TV e cinema de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, publicou uma carta para o escritor. No texto, publicado no jornal Diário de Pernambuco, o ator descreve a importância do papel em sua carreira, além de destacar o afeto que mantém pelo escritor.
Veja a carta, na íntegra.

Carta para Ariano,

Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo. 
Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Shakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.
O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, a pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.
Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cercas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você, Ariano, e teu João Grilo me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro. 
Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro.
Teu,
Matheus Nachtergaele

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Aécio, aeroportos e aeronaves

A moralidade pública dos tucanos é a última bandeira que lhes restou. Não é original, porque os golpistas da UDN já a balançavam, até que veio o golpe de 64. Também não os distingue, como se vê em inúmeras histórias como esta.
O que distingue os tucanos é que têm a proteção da "grande" imprensa. Enquanto ela bate diariamente no governo petista, as denúncias contra os tucanos surgem e logo desaparecem do noticiário. Quem fala ainda no helicoca dos Perrelas? E o aeroporto que Aécio construiu na fazenda do tio?
Para se ter ideia do que isso significa, quando era oposição ao governo Newton Cardoso, o principal jornal mineiro transformava um caso como este em manchete, não deixava o assunto morrer e ainda levava a imprensa nacional a repercuti-lo.

Da RBA.
Aécio construiu aeroporto em outra cidade em que tem fazenda: Montezuma
Cidade tem 7.500 habitantes, apenas 27% das residências atendidas por rede de esgoto e muitas ruas não têm ainda um asfalto como o da pista do aeroporto, feito com recursos do município
por Helena Sthephanowitz, publicado 23/7/2014 17:22, 

Não foi só a cidade de Cláudio (MG), onde o senador Aécio Neves (PSDB) tem propriedade rural, que teve aeroporto construído com critérios que mais atendem a conveniência privada da oligarquia política dos Neves da Cunha do que ao interesse público.
A cidade de Montezuma, no norte do estado, também teve sua pista de pouso asfaltada quando o tucano era governador. A Perfil Agropecuária, empresa herdada pelo senador tucano, apropriou-se de 950 hectares de terras no município, que o estado de Minas Gerais considerava públicas, por meio de um polêmico processo de usucapião.
Nas licitações do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) realizadas em 2008 aparece uma única obra de pavimentação de aeródromo no interior: Montezuma. Justamente onde a empresa agropecuária do Aécio tem fazenda.
Como o uso da pista é muito raro, já que a cidade tem cerca de 7.500 habitantes, a população dos sem-avião questionou a obra, uma vez que há diversas outras necessidades urgentes a ser atendidas. Detalhe: já há aeroportos em municípios vizinhos da região, como Salinas, Janaúba, Rio Pardo de Minas e Espinosa.
A íntegra.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O Galo é raça, o resto é fumaça

Ganha mais um título internacional, um ano depois de conquistar a Libertadores, exatamente no mesmo dia e com muita emoção outra vez. Espanta o fantasma do Mineirão e salva o futebol brasileiro em 2014. Diante da massa (que é de mais de 50 mil e não os 20 mil que cabem no Independência, nem os 10 mil ou menos que vão aos jogos). Apesar dos ingressos caríssimos (preço médio: R$ 105), que mais uma vez deram uma renda milionária: R$ 5,7 milhões. Marina estava lá e a filha do Zé de Castro publicou este poema no blog da kikacastro.

Guarde a data: 24 de julho
E o local: Mineirão novamente
A trilha: só alegria e barulho
55 mil que empurram pra frente

 
Todo mundo está confiante
Depois do 1 a 0 na Argentina
Tardelli fez gol e voltou o melhor
São Victor segue com sua batina

 
É pênalti!, falta do Ayala
E Tardelli, com o 100, abre o placar
Mas o mesmo Ayala retoma
E empata pra nos assustar

 
Putz, fazem mais um gol
E apertam o jogo inteiro
Maicosuel reempata
Mas Galo não passa do meio

 
(E Ronaldinho se despede ligeiro)
 
"Chupa, atleticanos!" (sic)
Gritam precoces da janela
E assim vejo o terceiro gol 

Mas só pra partida virar novela
 
“Se não é sofrido, não é nosso”
“Eu acredito!, eu acredito!”
Aumentam os gritos pelo esforço 

Lembra: só acaba no último apito
 
E o Luanzinho é quem salva de novo
E o Ayala faz contra pra enterrar
(Só que argentinos não sabem perder 

E logo começam a querer brigar.)
 
Sosseguem, Lanús, a taça é nossa mesmo
E 24 de julho é mesmo dia pra história
Não há mais gritos na janela a esmo
Só escuto gritos de raça e de glória.

Enquanto a bola rolava, 118 mil campos de futebol foram desmatados

Na Amazônia, em junho.
Minha conta é diferente da conta do Greenpeace, segue o "padrão Fifa", que reduziu o gramado do Mineirão de 110x75 metros para 105x68, menor do que, por exemplo, o da Arena do Jacaré e igual o do Independência.
O mundo é da Fifa, o Brasil é dos latifundiários exportadores de soja e de gado.
E vamos todos rumo às grandes catástrofes ambientais.

Do Greenpeace. 
Desmatamento avança 358% segundo Imazon
Apenas em junho deste ano 843 quilômetros quadrados de floresta na Amazônia Legal foram derrubados, de acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). A área equivale a 84,3 mil campos de futebol.
Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que indica tendências e alertas de desflorestamento, em junho deste ano a derrubada de florestas foi 358% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado. Com isso foram perdidos 843 quilômetros quadrados de mata, o equivalente a 84,3 mil campos de futebol.
O maior avanço aconteceu nos estados do Acre, onde houve aumento de 262%, e em Roraima, que registrou 254% de crescimento. Essas são as regiões da Amazônia que estiveram menos cobertas por nuvens no período, o que permitiu ao SAD a visualização de áreas maiores, possibilitando ao sistema identificar desmatamentos que antes estavam “encobertos”. O SAD detectou, ainda, o aumento do desflorestamento no Amazonas (18%) e em Rondônia (13%).
A íntegra.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Ética no dia a dia

As milícias e os métodos dos torturadores

Da revista Retrato do Brasil.
Milícias, como no tempo da ditadura
Acobertados pela PM e mídia, grupos ilegais tornaram-se mais fortes que tráfico, mantêm favelas sob terror e podem ter copiado métodos dos torturadores
Lia Imanishi

A ação das Forças Armadas para combater supostos inimigos internos, como na época das ditaduras do Estado Novo (1937–1945) e militar (1964–1985), resultou em episódios vergonhosos, como se pode aferir pelos trabalhos das Comissões da Verdade instaladas para apurá-los. Essas investigações mostram que o comando das Forças Armadas brasileiras não colabora no esclarecimento dos crimes cometidos por seus integrantes.
Em meados do mês passado, os comandos das três forças – Exército, Marinha e Aeronáutica – enviaram à Comissão Nacional da Verdade uma resposta que mostra essa disposição. A comissão havia solicitado a eles que informassem sobre o uso ilegal de sete unidades militares: os antigos Destacamentos de Operações de Informações do Exército (DOI), no Rio, em São Paulo e no Recife; os quartéis da 1ª Companhia da Polícia do Exército da Vila Militar, no Rio, e do 12º Regimento de Infantaria do Exército, em Belo Horizonte; a Base Naval da Ilha das Flores e a Base Aérea do Galeão, ambas no Rio. Nesses locais, teriam sido torturadas pelo menos 15 pessoas e mortas pelo menos nove.
A íntegra.

A perseguição política no Brasil

No Rio, advogada pediu asilo ao Uruguai.

Do Viomundo.
Mãe de Fábio Hideki passa por revista vexatória em presídio 
Nesta quarta, 23, completa um mês que o estudante e funcionário da USP foi preso
por Lúcia Rodrigues, especial para o Viomundo 

A dona de casa Helena Harano, 54, mãe do estudante e funcionário da USP, Fábio Hideki Harano, foi submetida ao constrangimento da revista vexatória para visitar o filho no presídio de segurança máxima de Tremembé, no interior do Estado de São Paulo.
"É vexatório, é vexatório… O fato de a gente ficar nua é uma coisa, mas ter de agachar, por ser mulher, para dizer que eu não estou transportando nada dentro do meu órgão genital, nos dias de hoje é inadmissível. Eu me sinto agredida com isso", desabafa.
Ela explica como o procedimento ocorre. "Tem um local que a gente segura, apoia o corpo e agacha três vezes de frente e três vezes de costas."
No último sábado, 19, ela foi a Tremembé, mas cedeu a vez para o marido visitar o filho. No presídio, as visitas são permitidas aos sábados e apenas duas pessoas podem entrar. A mãe de Fábio já passou pelo constrangimento da revista, duas vezes. Visitou o jovem nos dias 5 e 12 de julho, acompanhada pelo outro filho, Alexandre.
Helena conversou com a reportagem de Viomundo ao final do ato por liberdades democráticas, que ocorreu na Câmara Municipal de São Paulo, na última sexta-feira, 18. "Meu filho é inocente, liberdade para Hideki", dizia o cartaz levantado por ela, ao final de sua intervenção na manifestação.
A íntegra.

A fortuna de Aécio e terras devolutas no Norte de Minas

Reportagem informa que pai de Aécio registrou como suas terras devolutas em Montezuma, no extremo Norte de Minas, na divisa com a Bahia. No entanto, as terras já estavam registradas em nome do estado de Minas Gerais. O caso foi para a justiça e foi decidido a favor do pai de Aécio, quando Aécio era governador. A herança aumentou consideravelmente a fortuna de Aécio na declaração deste ano.
É a segunda denúncia envolvendo Aécio publicada nos últimos dias. A primeira foi da Folha de S. Paulo, no domingo 20/7: governo tucano construiu aeroporto particular para tio do senador.
Há quem diga que a Folha deu a matéria para a aparentar imparcialidade e poder fazer campanha para ele e atacar Dilma, daqui pra frente.
Poderemos saber se é verdade ou não pela repercussão dessa nova denúncia: a "grande" imprensa vai publicá-la também?
Sobre o jovem e pobre município, instalado em 1º de janeiro de 1993, cuja riqueza são fontes de água quente, diz o IBGE:

"Montezuma
Minas Gerais - MG
Histórico
A sua povoação começa a partir da fazenda da Tábua, no início do séc. XIX. O arraial formado é chamado de Água Quente por causa da descoberta de uma fonte de água termal por um caçador nas proximidades do ribeirão da Tábua.
A fama das águas milagrosas se espalha, atraindo pessoas de diversos lugares. Várias outras fontes são descobertas. Forma-se, a partir daí, o povoado.
Em 1890, com o nome da Santana da Água Quente, é criado o distrito. O nome é reduzido para Água Quente em 1938 e, cinco anos mais tarde, é dada a atual denominação de Montezuma."

Da RBA.
Como a família de Aécio ficou dona de terras públicas em Minas Pai do senador registrou em seu nome uma área de 950 hectares pertencente aos mineiros localizada numa das regiões mais pobres do estado. Aécio governador entrou em conflito com Aécio herdeiro
por Helena Sthephanowitz publicado 20/7/2014 11:52 

Terras rurais em Montezuma que foram registradas pelo estado de Minas como devolutas acabaram indo parar no patrimônio pessoal do senador Aécio Neves (PSDB) após uma disputa judicial por usucapião da empresa agropecuária de seu pai. O fim desta história aparece com o patrimônio do senador engordando na declaração de bens feita nas eleições de 2014 em relação à de 2010. O segundo maior item de sua variação patrimonial foi no valor de R$ 666.660,00 referente a cotas da empresa Perfil Agropecuária e Florestal Ltda., herdadas de seu pai falecido.
Até aí estaria tudo bem. O problema é quando voltamos ao dia 2 maio de 2000, quando se iniciou uma disputa para apropriar-se de terras públicas, típica do coronelismo patrimonialista praticado nos rincões do Brasil arcaico.
A Perfil Agropecuária e Florestal Ltda. pertencia a Aécio Ferreira da Cunha, pai do senador tucano. A empresa entrou com processo de usucapião para registrar a propriedade de vastos 950 hectares de terras em Montezuma, em 2/5/2000. Já soa injusto a lei permitir que uma empresa de um ex-deputado, que morava desde a década de 1960 no Rio de Janeiro, ser tratada como se fosse de camponeses posseiros que adquirem o direito ao usucapião por trabalharem e viverem na terra. O juizado da comarca de Rio Pardo de Minas julgou a favor da empresa em 2001.
Na hora de a empresa registrar a fazenda no Cartório de Registro de Imóveis competente, a área já estava registrada em nome do Estado de Minas Gerais, como terras devolutas, em cumprimento a outra ordem judicial anterior da Apelação Cível nº 86.106/4.
A partir daí houve longa disputa judicial, com o estado de Minas recorrendo para ter as terras de volta. Desembargadores mineiros votaram a favor da família de Aécio. Recursos chegaram até ao Supremo Tribunal Federal (STF), o último arquivado em 2013, que também foi favorável ao lado do tucano.
A íntegra.

domingo, 20 de julho de 2014

A revolução da criança

Do Outras Palavras via CartaCapital.
No filme 'Tarja Branca', um corajoso elogio do brincar
Documentário deixa latente a ideia de que a brincadeira está em perigo e de que é preciso recuperá-la, mas esquece-se talvez dos processos sociais por trás disso
por Deni Rubbo — publicado 16/7/2014 13:09

Ouça um bom conselho que vai de graça: hoje, amanhã, ou por esses dias, não se acanhe de selecionar a foto de que você mais gosta de quando era criança guardada na sala ou naquele armário empoeirado. Preferencialmente uma foto que vai rememorar aquela criança viva, ativa, sorridente, brincalhona, lúdica que você foi. Olhe para ela e faça as seguintes perguntas: Como ela está e por onde ela está? Caso não tiver coragem, não se preocupe, a foto perguntará para você. A possibilidade de nos assustarmos é altíssima. E de repensarmos algumas coisas também.
Esse sábio conselho aparece em um dos trechos do sensível e delicado documentário Tarja Branca – A Revolução que Faltava, dirigido por Cacau Rhoden. Produzido pela Maria Farinha Filmes, que possui em sua bagagem documentários sobre a infância como Muito Além do Peso (2012) e Criança, a Alma do Negócio (2008), ambos de Estela Rennel, Tarja Branca é um incrível manifesto pelo direito de brincar da criança. Isso mesmo.
A íntegra.

As mudanças nos Correios

Da CartaCapital
Diante de um mundo sem cartas, os Correios mudam 
Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, explica as mudanças na estatal para enfrentar as mudanças nas comunicações pessoais  
por Samantha Maia, publicado 19/7/2014 23:47 

Na segunda-feira 7, os Correios aprovaram a criação da CorreiosPar, subsidiária responsável por administrar um grupo de companhias com a missão de mudar completamente o perfil da estatal. A tradicional entregadora de cartas fundada há 350 anos pretende transformar o setor de logística de entrega de mercadorias em um negócio específico e prestar serviços de comunicação digital, telefonia móvel, serviços bancários e transporte aéreo de cargas. Com as mudanças, planeja dobrar a receita da empresa, hoje de 16,6 bilhões de reais.
Pressionada pelo aumento da comunicação pela internet e a diminuição da troca de correspondência física, a empresa monopolista dos serviços de cartas no Brasil enfrenta o desafio da mudança de plataforma do seu negócio, da entrega de mensagens escritas em papel (responsáveis por 53% da receita) para as veiculadas por meios digitais. Em 2013, os Correios lucraram 325 milhões de reais, queda de 71% em relação a 2012. Os custos subiram 15%.
A íntegra.

O aeroporto de R$ 14 milhões que Aécio construiu para o tio

Dinheiro para pagar professores não tem, mas...
Lê rápido, porque o candidato tucano está em ofensiva contra a internet.

Da Folha de S. Paulo, via Portal Terra, em 20 de julho de 2014
Governo de MG construiu aeroporto em terra de tio de Aécio 
A obra, que custou R$ 14 milhões, foi feita no fim do segundo mandato do tucano como governador do Estado

O governo de Minas Gerais construiu, em 2010, um aeroporto dentro de uma fazenda de um parente do senador e candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), na cidade de Cláudio. A obra, que custou R$ 14 milhões, foi feita no fim do segundo mandato do tucano como governador do Estado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com a publicação, o aeroporto é administrado por familiares de Aécio. A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, que é tio-avô do tucano e ex-prefeito de Cláudio, guarda as chaves do portão do local.
A íntegra.

Brasil não tem terrorismo, mas PM tem batalhão antiterror

Governo tucano aproveitou a Copa para deixar esse legado aos paulistas, uma espécie de retorno à ditadura.

Da RBA.
2º Batalhão antiterrorismo da PM atuará em 33 municípios do litoral e do Vale do Ribeira 
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulga informações sobre segunda unidade do Batalhão de Atuação Especial de Polícia (BAEP), que já realizou 1,8 mil prisões desde janeiro
por Diego Sartorato, da RBA publicado 19/7/2014, 21:33 

São Paulo – Em resposta à reportagem Alckmin cria 2º batalhão antiterrorismo da PM, mas governo sonega informações à imprensa, publicada pela RBA em 18 de julho após encontrar obstáculos para produzir reportagem sobre a criação do segundo Batalhão de Atuação Especial de Polícia (Baep) da Polícia Militar de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do governo do estado e a agência de comunicação CDN encaminharam esclarecimentos à redação.
Leia, abaixo, a íntegra da nota assinada pelo vice-presidente da empresa, Andrew Grenlees, e pelo diretor da Assessoria de Imprensa da SSP, Lucas Tavares. A secretaria divulgou ainda informações sobre o novo batalhão, que terá sede em Santos, no litoral paulista, e atuará em 33 municípios, incluindo o Vale do Ribeira.
O texto afirma que "inicialmente, [as equipes] são integradas por 368 policiais das companhias de Força Tática de Santos, Guarujá e São Vicente, além do Destacamento de Polícia Montada (a Cavalaria) do Guarujá, Canil de Santos e das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam)". O 1º Baep, com efetivo de 413 policiais, tem sede em Campinas, a 83 quilômetros de São Paulo, e foi criado em janeiro deste ano.
A íntegra.

Movimentos sociais discutem energia na UnB

Do Sul 21.
Energia para que, para quem e como?
por Chico Whitaker

Algo inusitado está para ocorrer em Brasília: um fórum social temático inserido no processo do Fórum Social Mundial, que aponta que outro mundo é possível.
Durante quatro dias, de 7 a 10 de agosto, a Universidade de Brasília acolherá encontros dos mais diversos sobre a questão da energia. Autônomo em relação a governos e partidos e organizado pela sociedade civil, o evento será constituído de baixo para cima: as atividades serão preparadas pelos movimentos sociais que questionam a matriz energética brasileira.
O tema é oportuno e urgente, sobretudo frente à insanidade de muito do que se faz em nosso país para se obter energia. Ao mesmo tempo em que o governo aumenta nossas contas de eletricidade, também constrói grandes barragens – "as maiores do mundo" –, que inundam extensos territórios da Amazônia e destroem sua biodiversidade, além de expulsar ribeirinhos, pescadores e indígenas de suas moradas. O governo investe em usinas movidas à carvão e petróleo, que contribuem para o efeito estufa e o consequente aquecimento global. Ameaça construir mais usinas nucleares, com seus riscos de acidentes e seu lixo radioativo legado às futuras gerações e destina grandes extensões de terra –que deixam de servir à lavoura de alimentos– para produzir etanol para carros paralisados nos congestionamentos de nossas cidades.
A íntegra.

A morte de Rubem Alves

Conheci (a literatura de) Rubem Alves no começo dos anos 80, quando o professor Ricardo Fenatti adotou seu "Filosofia da Ciência", livro original, provocador, bem humorado, surpreendente.
O mundo está ficando despovoado com tantas mortes.

Do jornal GGN.
Morre, em Campinas, o escritor e educador Rubem Alves
Jornal GGN – Morreu hoje, às 11h50, no Hospital Centro Médico de Campinas, o escritor e educador Rubem Alves. Aos 80 anos, o escritor morreu em decorrência de falência múltipla de órgãos, conforme informou o Hospital. No início da manhã de sábado, a assessoria do hospital divulgou boletim médico em que informava sobre o agravamento das condições de Rubem Alves. Algumas horas depois nova informação, que informava seu falecimento. O corpo do escritor sera velado a partir das 19h na Câmara Municipal de Campinas.
Rubem Alves foi um intelectual respeitado. Nasceu em 15 de setembro de 1933 em Dores da Boa Esperança, Sul de Minas. Sua cidade é conhecida pela serra imortalizada por Lamartine Babo e Francisco Alves, na música "Serra da Boa Esperança".
Em 1945 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Alvo de chacotas no colégio, refugiou-se na religião. Prosseguiu com o estudo de teologia e iniciou sua carreira dentro da igreja como pastor em uma cidade do interior de Minas.
Entre 1953 e 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas, transferindo-se para Lavras (MG) em 1958, onde exerceu suas funções como pastor até 1963.
Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio, Marcos e Raquel. Sua caçula foi a musa inspiradora na elaboração de contos infantis.
Em 1963 foi para Nova York, retornando em meados de 1964 com o título de Mestre em Teologia. Denunciado por autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Ato contínuo, abandonou a igreja e retornou com a família para os Estados Unidos. Lá, tornou-se doutor em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary.
A íntegra.

O genocídio dos palestinos por Israel

Começou há 50 anos. A imprensa trata o assunto com eufemismos. Judeus fazem com os palestinos o que os nazistas fizeram com eles durante a II Guerra Mundial -- ou será pior? Os crimes dos alemães ainda horrorizam o mundo, mas o horror de Israel com apoio dos EUA e cumplicidade da ONU, hoje, continua.

Da BBC Brasil, em 20/7/14.
Israel amplia ofensiva em Gaza; número de palestinos mortos chega a 400
Israel disse ter expandido sua ofensiva terrestre contra o Hamas na Faixa de Gaza, e moradores relataram os maiores bombardeios desde o início do conflito, há 13 dias.
A operação já deixou mais de 400 palestinos mortos, a maioria civis, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Cinco soldados e dois civis israelenses morreram.
Mais de 40 pessoas morreram no distrito de Shejaiya em fortes bombardeios durante a noite, disseram médicos.
Ambulâncias não puderam chegar ao local devido a ataques, e testemunhas relataram que corpos estão espalhados pela rua.
No sábado, dois soldados israelenses morreram durante um tiroteio com militantes palestinos que usaram túneis para invadir Israel e realizar ataques, disse o Exército.
Apesar da ofensiva israelense, militantes continuam a lançar foguetes contra Israel.
A íntegra.

Justiça no faroeste brasileiro?

No Norte do Brasil ainda impera a lei do mais forte e armado. Latifundiários têm exército pessoal de jagunços, a PM a seu favor, quando preciso, e ainda compram ou ameaçam juízes e jurados. As vítimas são ambientalistas, sindicalistas, trabalhadores. A diferença do faroeste dos filmes americanos é que lá não existem xerifes que impõem a ordem e vencem no final.

Da CartaCapital.
Justiça do Pará revê caso de assassinato de ambientalistas
Por Felipe Milanez, em 20/7/14

Nessa terça-feira, 22, será julgado em Belém, pelo Tribunal de Justiça, a apelação do Ministério Público contra a decisão do Tribunal do Juri de Marabá que soltou o fazendeiro José Rodrigues, acusado de ser o mandante do assassinato das lideranças extrativistas e ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, ocorrido em maio de 2011, em Nova Ipixuna, no interior do estado.
O Ministério Público do Estado e a assistência de acusação ingressaram com apelação para anular a decisão do tribunal do júri que absolveu o réu José Rodrigues. Segundo explica José Batista Afonso, advogado da Comissão Pastoral da Terra, assistente de acusação, o argumento principal "é que os jurados decidiram contrariando as provas existentes nos autos."
A íntegra.

sábado, 19 de julho de 2014

A politicagem na justiça brasileira

Do jornal GGN.
Fux mata no peito e centra para a filha marcar gol
Luís Nassif

O ministro Luiz Fux protagonizou o mais vergonhoso episódio da história recente da Justiça brasileira. Com seu "mato no peito" desnudou o jogo de interesses e de lisonja que cerca as nomeações para tribunais superiores.
Na nomeação, o que pesou foi a lisonja, a trapaça, valem os acordos com aliados influentes, de políticos estaduais e nacionais a grandes escritórios de advocacia.
Sua nomeação - fundamentalmente política - alijou do cargo outro candidato que poderia ter sido Ministro por mérito. Adiou a indicação de Teori Zvaski e Luiz Roberto Barroso, impediu a nomeação de Lucia Valle, de outros candidatos que construíram sua reputação manifestando respeito permanente pelo poder judiciário e batalhando apenas pelo reconhecimento de seus pares.
Fux passou a encarnar o fura-fila, a malandragem explícita dos carreiristas. Passou a perna não apenas nem Lula e Dirceu - ao prometer "matar no peito" - mas a outros candidatos ao cargo que se mantiveram dignos e distantes da politicagem rasteira.
Agora, a indicação de sua filha Mariana Fux para uma das vagas do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro será o coroamento definitivo da pior politicagem, a exposição completa da pequenez dos conchavos de quem não respeita nem o país e muito menos o Poder Judiciário. E exposição da própria incapacidade do Judiciário, através de seus porta-vozes, de reagir contra a desmoralização do poder.
Uma moça de 32 anos, sem experiência jurídica, sem nenhuma obra relevante, candidata-se a um cargo vitalício em um Tribunal superior unicamente devido à capacidade de articulação política de seu pai. A OAB-Rio de Janeiro a coloca no topo da lista dos candidatos ao quinto constitucional.
Qual a contrapartida dessa manobra? A quem a OAB Rio serve, quando comete esse desatino?

Conquistas do consumidor nos últimos 27 anos

É o tempo de vida do Idec, que se proclama uma organização independente. Ótimo. O consumidor é uma das facetas do cidadão e suas conquistas são conquistas democráticas.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Receita de Nassif para Aécio

Ou outro candidato. 

Do jornal GGN.
Pequeno roteiro para Aécio entender São Paulo
Luis Nassif

Há uma ampla esquizofrenia da oposição. 
Até agora a única plataforma dos dois candidatos - Aécio Neves e Eduardo Campos - é ser a anti-Dilma, mas propondo-se a melhorar as políticas públicas criadas ou mantidas por Dilma, "fazendo melhor". 
Na sabatina a que foi submetida na UOL, o maior momento de Aécio Neves foi quando bradou que manteria o "Mais Médicos" com os médicos cubanos mas sem se submeter a Cuba. Foi ovacionado pela malta e deixou os especialistas enrubescidos de vergonha . 
O "Mais Médicos" é uma política pública negociada entre o governo brasileiro e o governo cubano. Como continuar trazendo médicos cubanos em massa sem negociar com o governo cubano? Ou sem negociar com a OPA (Organização Panamericana de Saúde), que é a intermediária do programa? Por acaso pretende ir até a praça principal de Havana, montar uma banquinha e recolher inscrições? E o objetivo principal do programa é atender a população brasileira ou ensinar Cuba como tratar de seus médicos? 
*** 
Tem o atenuante do fato da entrevista ser do tipo “pegadinha”, com os entrevistadores mais interessados em identificar inconsistências em declarações soltas do que ouvir programas de governo.
Mesmo assim, em um momento em que todas as pesquisas mostram o brasileiro sedento por mudanças, não tem cabimento embarcar nesse primarismo dos slogans ideológicos ou nessa submissão incompreensível ao pior do pensamento paulistano, em vez de buscar propostas criativas, inovadoras e conceitos que arejem a discussão política. 
*** 
Na política, Minas Gerais sempre foi maior que isso. Sempre foi um centro criador da melhor política nacional, com  habilidade para compor interesses regionais, setoriais. Tem tradição política e intelectual, uma das melhores universidades do país - a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) -, algumas das melhores consultorias. 
É inconcebível essa submissão intelectual de Aécio ao que de pior o pensamento paulistano produziu. 
Quer beber nas águas de São Paulo? 
Aqui vai um pequeno roteiro para não se imaginar que São Paulo seja apenas essa truculência anacrônica exibida pela mídia e pelo público que acompanhou a sabatina:  

Junto às grandes universidades paulistas – USP, Unicamp, as federais – poderá beber nas pesquisas de ponta, tanto nas humanas quanto nas exatas

Se quiser entender o atual momento político e social, a importância das políticas de participação social, procure até o Instituto Fernando Henrique Cardoso, mas sem imprensa por perto. Basta ligar um gravador para FHC jogar para a plateia. 

Fuja dos intelectuais que limitam-se a atender à demanda da mídia por catarses políticas. Eles deixaram de ser intelectuais há tempos. Seja menos Bolívar Lamounier e mais Luiz Carlos Bresser-Pereira. 

Junto aos grandes centros médicos – Incor, Sírio, Einstein – poderá juntar dados não apenas sobre a inovação na área médica mas também sobre políticas de saúde, treinamento à distância e outros temas de ponta na saúde pública. 

Há a experiência exemplar de algumas ONG, que poderia dar um mínimo de lustro social a sua candidatura. Sugiro o Instituto Alana, o Idec e o Proteste, as ONG ligadas a direitos humanos

Se quiser tomar o pulso da indústria, procure a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), o Iedi (Instituto de Estudos e Desenvolvimento Industrial), o Sindipeças, a Abit. 

Se quiser conversar com grandes empresários com visão nacional, fuja dos oba-oba, dos regabofes. Quem gosta de coluna social é madame e CEO emergente. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O banco Brics

Da RBA.
Criação de banco dos Brics é saudada como fim da 'ferramenta extorsiva' do FMI

São Paulo – A criação de um banco de desenvolvimento pelos países dos Brics foi recebida com otimismo e elogios. A avaliação é de que a iniciativa oferece um contraponto ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), entidades publicamente criticadas pela imposição de regras nocivas às populações dos países devedores e pela centralização da tomada de decisões.
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul anunciaram a decisão durante a cúpula realizada entre ontem (14/7/14) e amanhã, em Fortaleza e Brasília, com um aporte inicial de US$ 50 bilhões e meta de chegar nos próximos anos a US$ 100 bilhões. A medida vem na esteira de uma série de tentativas fracassadas destes países de mudar a distribuição de poder dentro do Banco Mundial e do FMI, manejados de maneira central por Estados Unidos e União Europeia.
Para o cientista político Paulo Vannuchi, da Rádio Brasil Atual, a criação de um banco de desenvolvimento próprio dos Brics tem um simbolismo político "muito" grande. "É uma maneira de dizer que não aceitamos mais o domínio do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional", afirma em seu comentário de hoje (15).
"É uma saída estratégica indispensável porque é uma maneira de dizer que nós não precisamos ficar dependendo dessa fonte única de investimento", avaliou Vannuchi. "Os Estados Unidos e a União Europeia já têm muita riqueza, não precisam de manejar ao seu bel-prazer os organismos de financiamento mundial, e agora passam a ter um concorrente." Além disso, o cientista político ressalta que os países de América Latina, Ásia e África poderão se associar ao banco dos Brics.
A íntegra.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O pós-proletariado nas ruas

Da CartaCapital.
Pós-proletariado, a nova classe social das ruas
por Márcia Pinheiro

Guy Standing é PhD pela Universidade de Cambridge e professor de Estudos do Desenvolvimento da Escola de Estudos Oriental e Africano da Universidade de Londres. O ex-diretor da Organização Internacional do Trabalho veio ao Brasil a convite da União Geral dos Trabalhadores e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp para falar sobre a nova classe produzida pelo neo-liberalismo, o pós-proletariado. Standing recorre a um neologismo, precariado (precariat em inglês) para sintetizar a dupla condição de proletários e precários dessa parcela da população. Com uma agenda de reivindicações surpreendente mesmo para governos progressistas, partidos de esquerda e sindicatos, ocupa as ruas e praças das metrópoles mundiais e se manifesta, no Brasil, nos movimentos espontâneos de rua desde junho.
A íntegra.

Roda Viva com Juca Kfouri

Visto um mês depois, este Roda Viva mostra os abismos da imprensa e da sociedade.
É claro que a tevê tucana paulista quer com o programa atacar o governo federal petista, como faz sistematicamente, tanto que o programa já pode ser chamado de Roda Tucana, em vez de Roda Viva (quando não interessa à emissora, a gravação some da internet; este também tem um corte brusco).
O apresentador parece ter dificuldade de raciocinar e Dines é o flexível que quer fazer jornalismo sem ficar mal com ninguém, mas o eminente Juca eleva o nível e tentam acompanhá-lo. "Estou pouco me lixando pro PT e pros tucanos", diz o jornalista sociólogo.
A Copa foi um sucesso, a Seleção foi um fracasso, exatamente o oposto do que a imprensa previu.
Não houve a guerra fora dos estádios, como todos esperavam e aconteceu inesperadamente na Copa das Confederações.
Em grande parte porque a lei geral da Copa pôs o Brasil em estado de sítio e um aparato policial treinado e armado como nunca ocupou as cidades-sede.
A Seleção, que venceu admiravelmente a campeã Espanha em 2013 na final, deu vexame em 2014 -- a Espanha não passou da primeira fase, o que ajuda a esclarecer alguma coisa.
Ao contrário do que todos previram, a Copa foi um sucesso e a Seleção foi um fracasso.
O que nós perdemos na Copa não foi o título, com goleada para a Alemanha, mas o fato de governos -- de todos os partidos, como assinalada Kfouri -- se aliarem aos corruptos da Fifa, seus empreiteiros e empresas licenciadas para ganhar dinheiro, muito dinheiro, às custas do Erário e da supressão dos direitos dos brasileiros.
Aceitar as exigências da Fifa, construir estádios luxuosos e caríssimos, entregar os espaços públicos para empresas, remover moradores e outros para obras da Copa, armar a polícia para reprimir a população, impedir a circulação das pessoas nas "áreas Fifa", estes foram os prejuízos da Copa.
Juca Kfouri e a ESPN, o "oásis" no qual ele trabalha, são um raro jornalista e um raro veículo na grande imprensa que ainda têm discernimento para separar o joio do trigo e fazer jornalismo.
Vale a pena ver até o fim porque as últimas perguntas são as das melhores (mais que as respostas até).
O que a gente fica sem entender é como Juca Kfouri é grande amigo do reacionário lambe-botas que apresenta o programa.

Por que houve Copa

Por que consumir orgânicos?

Da CartaCapital.
A forma como você se alimenta é um ato político 
por Mariana Melo

Por que é bom consumir orgânicos? Dos adeptos "naturebas", a resposta vem de forma imediata: porque é melhor para a saúde. Mas, segundo a nutricionista Elaine de Azevedo, pesquisadora do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, essa resposta não demonstra todo impacto que o consumo orgânico pode ter na sociedade. Em uma discussão que abrange desde a problemática social do campo até a questão da fome mundial, consumir tais alimentos pode ser um gesto político.
"A agricultura orgânica é mais do que um modo produtivo, é uma proposta, é um movimento ativista. É importante ampliar os conceitos, para entender o que é que está por trás da produção orgânica", diz Elaine, autora do livro Alimentos Orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social, da Editora Senac. Confira a entrevista.

CartaCapital: Alguns defendem o consumo de produtos orgânicos pelo viés ambiental, outros, nutricional. Você diz que os benefícios do consumo dos orgânicos são uma questão mais plural, que beneficia uma série de setores. Você poderia falar mais a respeito?

Elaine de Azevedo: Na verdade, esses vieses parecem que são separados, mas são costurados pelo contexto de saúde coletiva. A saúde coletiva implica em condições sociais, ambientais e de estilo de vida saudáveis. Quando você olha na perspectiva de saúde coletiva, para você ser saudável você tem que trabalhar, ter dignidade, estar com quem gosta em um ambiente sustentável pra ter saúde. Nessa perspectiva, o alimento orgânico de origem familiar vai ao encontro da promoção de saúde social, porque vai dignificar o agricultor, e isso repercute na qualidade de vida nas grandes cidades na questão do desemprego, da violência. Tem a ver com a saúde social urbana. E na saúde ambiental também, porque não adianta comer bem se o ar e o mar estiverem poluídos, se o clima estiver desequilibrado. Você tem repercussões sociais porque o ambiente não é só o indivíduo. Então, o aspecto de alimentos equilibrados nutricionalmente é quase uma consequência. Respirar ar poluído, não ter trabalho e viver em uma cidade violenta com graves problemas sociais não é saudável.
A íntegra.

O que é a Fifa

Reportagem da Agência Pública mostra bastidores da reunião mundial da Fifa realizada no Brasil.

Da Agência Pública, em 12/6/2014.
A falência moral da Fifa
por Jamil Chade

A Copa do Mundo está em todas as partes e, pelo planeta, milhões de pessoas aguardam com ansiedade o início do torneio hoje. Mas existe um lugar onde o futebol não é discutido e sequer tem credencial para entrar: no Congresso da Fifa. Em uma mistura de caudilhismo, coronéis, feudos europeus, monarquias asiáticas e clãs africanos, o evento anual da entidade é o retrato de uma organização bilionária, mas falida moralmente.
209 federações nacionais se reuniram nos últimos dois dias no Transamérica Expo Center, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, em um encontro que explicitou a guerra pelo poder dentro da Fifa e escancarou manobras para comprar votos e ganhar aliados. Tudo graças ao sequestro da emoção de milhões de garotos e famílias pelo mundo que dão parte de seu dinheiro ao futebol.
No centro do debate nesta semana estava a permanência de Joseph Blatter como presidente da organização, um cargo que ele ocupa desde 1998. Na Fifa, ele já está desde 1975. Mas sua avaliação é de que sua missão "ainda não acabou".
Nos dias que antecederam o Congresso, ele fez o que qualquer político faria: percorreu seus currais eleitorais, fez promessas, apertou mãos, sorriu para câmeras e criticou a oposição. Uma aula para qualquer iniciante e mesmo alguns dos políticos mais experimentados.
Para as organizações regionais pequenas, prometeu que vai estudar novos lugares para as seleções na Copa do Mundo, cargos na Fifa e programas sociais, numa espécie de assistencialismo com direito à retribuições em votos. Aos cartolas africanos, prometeu atacar o racismo e, para os asiáticos, insistiu em dar um lugar especial para a questão palestina.
Mas Blatter teve uma surpresa. Ao se reunir com as federações europeias, não apenas não ganhou o apoio da Uefa como foi fortemente questionado sobre os diversos escândalos de corrupção e sobre suas intenções de se perpetuar no comando da Fifa. O último escânalo gira em torno de denúncias que dirigentes teriam recebido dinheiro para escolher o Catar como sede da Copa de 2012.
"Nunca fui tão desrespeitado", declarou Blatter, pouco acostumado a ser pressionado ou ser exigido a dar explicações. Para os europeus, havia chegado a hora de dar um basta no "reinado" de Blatter, e não foram poucos os que acusaram de "não ter a capacidade de lidar com a corrupção". Mas o golpe dos europeus duraria apenas algumas horas. Hábil e acionando sua rede de aliados, Blatter fez questão de mostrar quem é que manda na entidade. 
Uma nova Fifa, uma nova Era
O primeiro passo do contra-golpe foi organizar o pagamento do que equivale a uma “propina oficial”. Logo no início do Congresso – que contou com a cicerone Fernanda Lima apresentando o suiço como “o homem que guiou a Fifa com sucesso desde 1998″ – Blatter fez questão de anunciar que estava usando parte da receita da Copa do Mundo no Brasil, a mais lucrativa da história, para repartir bônus a todas as federações nacionais. No total, o cartola usou US$ 200 milhões para ganhar aliados. “Nunca estivemos tão ricos e tão fortes como agora”, declarou.
Cada dirigente saiu de São Paulo com US$ 700 mil a mais no bolso. Se o valor não seria significativo para um alemão ou inglês, o dinheiro fez delegações menores ovacionarem o "grande líder". "Vocês estão felizes?", gritava de seu púlpito o dirigente suíço.
A distribuição do "presente" não era por acaso. Momentos depois, surgiria na pauta do Congresso a proposta da Europa de limitar o mandato do presidente da Fifa. A Uefa queria estabelecer uma idade máxima de 72 anos para que um dirigente pudesse ser eleito. Os europeus ainda propunham uma lei que limitava os mandatos a apenas oito anos.
Para Blatter seria desastroso se qualquer uma das propostas fosse aprovada. O dirigente de 78 anos estaria fora do “limite” e teria de deixar sua cadeira em Zurique para um sucessor. O limite no número de mandatos também não agradava.
Afinal, são poucos no Comitê Executivo da Fifa que têm qualquer intenção de aceitar princípios de alternância de poder. Blatter, uma vez mais, cobrou a aliança dos pequenos países em torno de seus votos para derrubar o projeto europeu.
Assim, antes da votação, uma sequência de dirigentes pedia a palavra para apoiar Blatter. Todos vindos de federações com pesos insignificantes no futebol.
O primeiro foi o presidente da Federação de Futebol de Cuba, Luis Hernandez. Vindo de um país cujos líderes se perpetuam no poder, o cartola pediu ao Congresso que não aderissem à onda democrática. "Cuba considera o limite como discriminatório", declarou. "O que importa é a capacidade de trabalho. Sua capacidade física é importante. Mas sua liderança e moral é o mais relevante", disse. "Ninguém troca um jogador por idade se ele vai bem. Ninguém troca um treinador e nem o presidente da Fifa quando ela é vencedora", afirmou.
Quem também saiu em apoio a Blatter foi a delegação do Haiti, país que recebeu dinheiro da Fifa durante anos. "Seria uma discriminação catastrófica", declarou Yves Bart, presidente da Federação haitiana. Omari Selemani, presidente da Federação do Congo, Sri Lanka e Palestina, também saíram em apoio ao cartola.
Quando seus aliados acabaram de falar, Blatter cortou o papo e pediu que a votação fosse iniciada. No momento de apurar o resultado, nenhuma surpresa: as propostas feitas pelos europeus para reformar a Fifa e permitir uma mudança de geração no comando da entidade foram enterradas. E os dirigentes comemoraram como se tivessem feito um gol.
Enquanto uma vez mais a Fifa mostrava sua cara, as aberrações eram em parte encobertas por salas elegantes do centro de convenções que ocupa 100 mil metros quadrados, ao redor dos quais o trânsito era desviado pela CET para evitar protestos. E pelos dirigentes com seus ternos impecáveis, carros de luxo e uma proteção equivalente a de chefes de estado. Nos corredores, eles repetiam um comportamento de um clã que deve poucas explicações ao mundo. Questionamentos são tratados como traições. Aliados ganham beijos. E a ordem de todos é a de não falar a palavra maldita: corrupção.
A íntegra.

domingo, 13 de julho de 2014

A Copa do estado de sítio

Há várias análises para se fazer da Copa, do futebol brasileiro à política, da organização do Estado à fascistização da repressão.
As cidades-sede tornaram-se verdadeiras praças de guerra -- sem guerra, porque as manifestações praticamente não aconteceram.
A PM ocupou os espaços públicos de uma forma que não aconteceu nem mesmo na ditadura, com um aparato gigantesco, restringindo o ir e vir, reprimindo manifestações e prendendo "preventivamente". A população e até mesmo jornalistas foram impedidos de circular pelos "espaços Fifa".
A lei geral da Copa pôs o país sob verdadeiro estado de sítio, que é a situação legal em que os direitos são suspensos e o governo pode fazer o que quiser -- durante a Copa a polícia ganhou um poder excepcional.
Este foi o grande erro do governo federal -- que todos os governos estaduais e municipais reacionários apoiaram e executaram com entusiasmo.

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro.
Prisões na véspera da final da Copa despertam crítica
Jefferson Puff e Ricardo Senra 
A polícia do Rio de Janeiro prendeu neste sábado ao menos 37 pessoas por supostas conexões com manifestações marcadas para coincidir com a final da Copa do Mundo, entre Argentina e Alemanha, neste domingo no Maracanã. Consultadas pela BBC Brasil, a OAB e a Anistia Internacional avaliaram as prisões como "inconstitucionais e intimidatórias". O grupo também deve ser acusado de "formação de quadrilha armada".
Mais nove pessoas poderão ser presas nas próximas horas pela operação batizada de Firewall 2, que mobiliza 25 delegados, 80 policiais e até uma aeronave.
Para o presidente de Comissão de Direitos Humanos da OAB do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Chalreo, as prisões são inconstitucionais. "As prisões têm caráter intimidatório, sem fundamento legal, e têm nítido viés político, de tom fascista bastante presente. O objetivo é claramente afastar as pessoas dos atos públicos". 
Ao lado de representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e de coletivos de advogados, Chalreo disse à BBC Brasil que os presos terão pedidos de habeas corpus protocolados ainda hoje, e que "ninguém ficará sem assistência judiciária".

Genéricos ficaram mais baratos

Produção de remédios é uma das máfias do capitalismo. Genérico é uma ideia ótima e óbvia, que existe em todos os países desenvolvidos -- remédio é um produto que deve ser usado por quem está doente e precisa, não só por quem está doente e pode pagar; remédios de marca custam mais caro porque no seu preço está embutido o gasto com propaganda e promoção, como fazem cocas-colas e todos os produtos da sociedade de consumo.
Se não houver vigilância sobre o genérico no entanto em vez de benefício ele vira prejuízo para a população, porque os laboratórios fazem de tudo para aumentar seus lucros. No caso, elevar o preço até o preço do remédio de referência e ao mesmo tempo aumentar ainda mais o preço do remédio de referência.
Não basta ter um programa bom, porque empresários, políticos e tecnocratas corruptos sempre poderão desvirtuá-lo; é preciso que a população esteja no controle da sua execução, vigiando, por meio de mecanismos de participação.
Esta é uma diferença fundamental entre um governo petista e um governo tucano: tucanos restringem a participação da sociedade nos órgãos públicos criados pelos governos desde 1985 e ignoram as pressões populares.
É, mais uma vez, uma escolha que estará em jogo em outubro.
É a questão decisiva das eleições no Brasil: ainda não há um partido nem lideranças melhores do que os petistas. Todos os que se apresentam para derrotá-los são piores, são reacionários, estão à direita e pretendem tirar benefícios e poder conquistados pela população nos últimos 12 anos, querem favorecer ainda mais os ricos e as elites.
Simples assim.
Basta comparar as administrações de Belo Horizonte sob Patrus, Célio de Castro e mesmo sob Pimentel com a atual administração catastrófica do milionário tucano-socialista.

Do saite do Idec, em 24/6/2014. 
Genéricos estão mais baratos após cobrança do Idec
O Instituto ainda critica o teto estabelecido pela Cmed, que é muito distante do preço praticado pelo mercado, o que possibilita reajustes durante o ano de mais de 100%, mesmo após o anúncio do índice anual 

Um ano após a pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que apontou que os medicamentos genéricos estavam mais caros do que os de referência, atualização deste levantamento mostra que todos eles tiveram redução de até 53% nos preços.
Em 2013, o Idec questionou o fato à Câmara de Regulação de Medicamentos -- Cmed, órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em quatro situações, o Idec havia identificado preços de genéricos acima do valor do medicamento de referência: um no ponto de venda e três na tabela da própria Cmed.
Este ano, a comparação com a amostra de 2013 ocorreu em 9 medicamentos e todos apresentaram redução no preço entre 6% e 53%. A queda máxima (53%) foi no antibiótico de princípio ativo Amoxicilina 500mg, com 30 comprimidos, produzido pelo laboratório EMS (2013 - R$ 35,42 / 2014 - R$ 16,54).
A íntegra.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Copa em São Paulo

É o que acontece também na Savassi. Passei lá só depois ou antes de jogos, mas o mau cheiro e a sujeira continuavam lá. E havia muitos estrangeiros. Mais ainda policiais. E carros de polícia. E grades cercando tudo.

Do DCM.
Quando a diversão deu lugar ao caos na Vila Madalena
por Thiago Sievers

É na Vila Madalena que as coisas acontecem em São Paulo. Assim tem sido nos últimos tempos. O bairro paulistano tem sido o ponto de encontro mais importante da capital para os jogos da seleção, superando até mesmo o Vale do Anhangabaú, onde acontece a Fan Fest.
Segundo a prefeitura, 25 mil pessoas assistiram a Brasil e Colômbia na festa oficial da FIFA no centro e 70 mil no bairro da zona oeste.
Eu estive lá. E o que eu vi não foi um carnaval de alegria.
Ainda que o tempo estivesse ameno, muitos homens andavam sem camisa e se instalavam na beirada dos corredores por onde as pessoas passavam para investir em qualquer mulher que atravessasse o caminho. Segurar no braço, cheirar o cangote e andar alguns metros acoplado à retaguarda das garotas era o roteiro.
Os banheiros químicos instalados próximos à festa liberavam um cheiro forte e o chão já começava a tomar contornos de lixão. Mas as pessoas pareciam se divertir, dançando, cantando, bebendo e beijando.
Não consegui observar tantos gringos quanto os relatos que li e alguns amigos que estiveram nas últimas festas diziam haver. Vi um ou outro fotografando com brasileiras e balançando o corpo ao som das músicas que animavam as rodas que se formavam aqui e ali.
Para assistir ao jogo havia o famoso telão da Aspicuelta com Mourato Coelho, que estava banhado pela luz do sol, outro telão menor e mal posicionado na Fradique Coutinho, ou as televisões dos bares instaladas na calçada. Então eu optei por um bar ali do lado que estivesse mais tranquilo.
Depois da partida, o ambiente era o mesmo, só que bastante mais intenso. O cheiro desagradável havia proliferado pelo lugar e os banheiros químicos tinham perdido suas funções (ao menos para os homens).
O chão estava empesteado de lixo e totalmente molhado, apesar de não ter chovido. Os plásticos sob os pés, somados à umidade e ao odor, davam a impressão de que se estava caminhando sobre o esgoto.
A íntegra.

sábado, 5 de julho de 2014

John Lennon, Be my baby

Quando eu acho que já ouvi tudo de John Lennon, descubro esta pérola, versão do clássico lançado por The Ronettes.

O futebol sem a Fifa

No primeiro tempo, o jogador colombiano chutou o joelho do Hulk, violentamente, deslealmente. Falta para cartão vermelho, mas o juiz não lhe deu sequer o amarelo. Dizem que foi instruído para não dar cartões que tirassem jogadores dos jogos finais. No segundo tempo, o mesmo jogador atingiu Neymar por trás, subiu nas suas costas, puxou seus ombros com as duas mãos e deu-lhe uma joelhada na coluna. Fraturou uma vértebra do craque, tirou-o do jogo e da Copa, afastou-o do futebol por sabe-se lá quanto tempo, oxalá sem sequelas. Mais uma vez o colombiano sequer levou cartão amarelo.
Não foi uma jogada normal.  Assim como juízes, jornalistas estão cada vez mais tolerantes com a violência como "jogada normal". Dentro da área então, tudo é permitido: segurar, puxar camisa, empurrar, apoiar-se nos ombros do adversário, tudo. "Jogada normal" dizem os "comentaristas", muitas vezes obrigados a se contradizer quando a mesma cena é mostrada de um novo ângulo por outra das mil câmaras que hoje transmitem os jogos.
A falta violenta em Neymar não foi um lance normal de jogo. Foi sim um lance corriqueiro no futebol violento que vemos hoje e na breve vida deste craque que desde que surgiu com seus dribles desconcertantes de moleque vem sendo caçado em campo por adversários truculentos. Repare-se no corpo do tal colombiano: estaria melhor num ringue de luta livre. Mas isso também ficou normal no futebol, cada vez mais um jogo de atletas de um metro e oitenta, pesando noventa quilos ou mais, com muito mais músculos do que talento. Parece ser preciso estar fora do ambiente do futebol para perceber essa degeneração.
O episódio triste, que roubou a alegria da vitória e da passagem da Seleção para a semifinal, parece ter acontecido para nos lembrar que, apesar da bela Copa do Mundo que o Brasil está fazendo e do novo ambiente criado no país nas últimas três semanas, a Copa é da Fifa e tudo que ela faz, faz mal e não passa de propaganda, até mesmo escalar e orientar um árbitro ou coibir a violência.
Todos os descalabros ocorridos na organização da Copa vieram de exigências descabidas da Fifa, garantidas numa lei de exceção, a "lei geral da Copa", que pôs 12 cidades em verdadeiro estado de sítio, lotadas de policiais militares armados até os dentes, fechando espaços públicos com grades e veículos, agredindo populares e imprensa, como a Copa fosse uma guerra e não uma competição esportiva. E tudo isso para quê? Para garantir que a Fifa e as empresas que ela licencia ganhem muito dinheiro.
Os brasileiros não ameaçaram a segurança de jogadores e turistas para merecer tais violências. Tampouco a Fifa -- é preciso dizer claramente -- realiza a Copa pelas alegrias que o futebol proporciona, mas pelo dinheiro que ela ganha com ele, como entidade que detém o direito exclusivo de promover competições internacionais de futebol. Tudo que envolve a Copa dá lucro para a Fifa -- dos ingressos vendidos a peso de ouro aos álbuns de figurinhas, das transmissões dos jogos às publicidades de empresas licenciadas, da cerveja que o torcedor bebe ao sanduíche vendido no estádio. Tudo que envolve a Copa é licenciado e quem não paga à Fifa fica excluído da Copa... É por causa dos lucros que aufere que a Fifa realiza a Copa. Os critérios que orientam a entidade são essencialmente financeiros, suas campanhas de "fair play" e "contra o racismo" são pura perfumaria.
Se o craque uruguaio Suarez foi banido da Copa, do Brasil e do futebol por conta de uma mordida num italiano, que punição mereceria o colombiano que fraturou uma vértebra do Neymar? E o juiz que permitiu que tal acontecesse? E a Fifa, que o instruiu a "economizar" cartões? A mordida de Suarez foi ridícula, risível, e sua punição exagerada, um despropósito típico das arbitrariedades da Fifa. O chute no joelho de Hulk e a fratura na coluna de Neymar foram ações graves de um "atleta" que, como tantos outros, entra em campo para impedir que os jogadores talentosos joguem futebol. Não à toa, há milhares de Zuñigas no futebol atual e raros, raríssimos Neymares.
A Fifa tornou-se, há décadas, sinônimo de corrupção. A partir da Copa 2014, seu nome também estará ligado indelevelmente a arbitrariedades, desorganização e violência permitida dentro do campo. O futebol não precisa da Fifa, a Copa não precisa da Fifa, o mundo não precisa da Fifa. O Brasil demonstrou como pode ser uma boa Copa do Mundo. O mundo precisa demonstrar como pode ser o futebol sem a Fifa.