domingo, 31 de agosto de 2014

Uma análise de Marina Silva

Tem uma coisa boa na Marina: o que ela representa de insatisfações do povo com o que os governos do PT não fizeram.
Tem uma coisa ruim na Marina: como grande parte das insatisfações populares foram manipuladas pelas "seis irmãs" que controlam os veículos de comunicação no Brasil.
O principal é que o fato de haver muitas insatisfações não significa que Marina seja a resposta para elas.
Como Collor não foi.

Do jornal GGN.
Como Marina tenta montar o reverso de Lula
Antes de entrar no tema, um pedido de desculpas. No artigo "O mito do cavaleiro solitário" atribuí a Marina Silva a condenação das pesquisas com células tronco e o criacionismo. Conferindo matérias da época, fica claro que em nenhum momento Marina colocou suas convicções acima da liberdade de pesquisa da ciência.
Agora, ao tema.
O episódio Malafaia é elucidativo para entender dois pontos apontados aqui no Blog, sobre o programa e a candidatura de Marina Silva.
O primeiro, a qualidade do programa original da Rede Sustentabilidade.
Quem acompanha a série que escrevo sobre o Brasil 2015 poderá conferir que a maioria absoluta dos conceitos defendidos – e das críticas que faço à condução das políticas públicas - foi contemplada no Programa do Sustentabilidade..
O segundo, a incapacidade de Marina Silva de minimamente administrar conflitos. E, de certo modo, a falta de fôlego da própria Rede para enfrentar o velho.
Dois episódios demonstram isso.
1. O caso do aprofundamento da democracia participativa, uma das grandes bandeiras atuais. Bastou uma manchete preconceituosa do Estadão para a Rede soltar uma nota informando que os conceitos criticados pelo jornal constavam de um trabalho ainda não aprovado pelos coordenadores do programa. O programa é divulgado e os conceitos continuam lá.
2. O caso LGBT, ou com essa fantástica frente modernizadora, esse centro do mais avançado pensamento das ONGs paulistas, os centuriões da modernização foram botados para correr pelo pastor Silas Malafaia.
A íntegra.

Uma médica brasileira na Palestina

Uma visão da guerra do exército mais poderoso do mundo contra um povo miserável, que não tem direito à própria terra. Uma médica de verdade.

Da BBC Brasil em Londres, em 29/8/14.
'Chorava escondido para pacientes não verem', diz médica brasileira em Gaza  
Luiza Bandeira

Há dois anos, a médica brasileira Liliana Mesquita Andrade esteve na Faixa de Gaza e cuidou de várias crianças. Desta vez, durante o conflito mais violento entre Israel e Palestina nos últimos anos, foram poucas.
"Infelizmente, as crianças são a parte mais frágil da guerra. Já chegavam mortas ou quase mortas", conta a anestesista, de 39 anos.
Pacientes cobertos por poeira, pessoas morando no hospital por medo de voltar para casa e trabalhar com o barulho de bombas são imagens que marcaram a experiência da médica no conflito - que somou 50 dias de combate e deixou mais de 2,2 mil mortos.
"Na primeira noite no hospital ouvi explosões, senti as coisas tremerem", afirmou à BBC Brasil por telefone, da Faixa de Gaza, onde está desde o dia 7 de agosto.
"Você tem que chorar escondido, porque os pacientes não podem ver que está com medo. Comecei a rezar e pedir que as coisas se acalmassem."
Mas, em meio ao conflito, Liliana teve um reencontro emocionante: passou uma tarde com um menino de 4 anos que havia atendido em 2012, quando a criança foi atingida por bombas. "Nunca achei que fosse revê-lo. É muito gratificante, não tem dinheiro no mundo que pague."
A íntegra.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O que Chico Mendes diria de Marina Silva?

É uma boa questão se Chico Mendes teria mudado.
Lula mudou. Ou não mudou? Marina mudou? Por que mudou tanto? Ou não mudou?
De qualquer forma é difícil conciliar as imagens dos jagunços matando Chico Mendes e de Marina aliada a banqueiros e fundamentalistas.
Banqueiros fazem o capital destruir o planeta, poderiam fazer muito mais pelo ambiente do que "ter coragem" de apoiar Marina.
Marina é muito contraditória, o que não é necessariamente um problema, pode ser aparência.
Seu problema verdadeiro é o mesmo do Collor: ser eleita e não ter base pra governar, ficar refém dos políticos oportunistas, do próprio PSDB, e da imprensa protofascista que tenta mandar no país desde que elegeu e depôs Collor.
Marina não tem nem mesmo a base do PT, que vem do povo e que fez Lula resistir quando a direita tentou derrubá-lo há dez anos.
O que Marina faria pra valer? Mudanças radicais, como a defesa do ambiente, que exige que acima dos interesses do capital estejam os interesses de conservação das espécies, das florestas, das águas, do ar? Marina enfrentaria fazendeiros, mineradoras, industriais, banqueiros? Enfrentaria Globo, Veja, Folha de S. Paulo? Enfrentaria quem infla e financia sua campanha?
Digamos que tivesse essa coragem, que apoio teria? O do povo difuso, como Jânio Quadros, em 1960? Como Collor, em 1989? Os dois caíram, Marina continuaria de pé?
Esta é a questão séria, a única questão importante, da qual Brizola -- que enfrentou a Globo e o capital e por isso era mais odiado, por eles, do que Lula -- falava em todo discurso, desde 1982, quando teve de desmontar o esquema de desvio de votos do Proconsult para ser eleito.
O sistema político brasileiro é viciado: para ser eleito, o político precisa dos votos do povo e do dinheiro dos empresários. Depois de eleito, vai governar pra quem? Para a maioria do povo pobre, necessitado, ignorante e desorganizado? Ou para a minoria de ricos que o financiou e que detém o poder efetivo da economia e da imprensa?
"São os pobres que nos elegem, mas são os ricos que têm acesso aos gabinetes", disse Lula, um presidente com a grandeza contraditória, nos defeitos e nas virtudes, de poucos -- Getúlio e JK, nenhum mais talvez.
Lula, Dilma e o PT tentam se equilibrar entre fazer o possível para o povo e o que exigem deles os empresários, os políticos oportunistas e a imprensa. E fizeram muito mais do que todos os outros desde JK pelo menos. E no entanto levaram e continuam levando bordoadas sem parar, todos os dias.
É pouco o que fizeram, é preciso fazer muito mais, é preciso tomar decisões radicais, para que nossos filhos e netos tenham futuro, não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
Era preciso que chegássemos à qualidade de vida dos países nórdicos, onde metade da renda dos indivíduos vai para o Estado, que em compensação oferece educação, saúde e transporte gratuitos.
Em que as pessoas têm a maior parte do tempo livre para viver, em vez de se matarem de trabalhar, de consumirem seu tempo em deslocamentos no trânsito engarrafado, em cidades poluídas e violentas.
Gente que come alimentos orgânicos, que privilegia o convívio em ambientes públicos, que se regala com artes, que desfruta dos prazeres simples da vida, que consumismo nenhum é capaz de dar.
"Me diz com quem você anda que eu lhe direi quem você é", diz um ditado dos mais antigos. Marina, nas companhias em que anda, será capaz de fazer um governo para transformar o Brasil em Dinamarca? Um governo revolucionário? Progressista? Um governo capaz pelo menos de manter as conquistas sociais dos pobres nos últimos doze anos?
É mais fácil acreditar em Papai Noel.

Da RBA.  
'Só se Chico Mendes tivesse mudado muito apoiaria o projeto de Marina Silva' 
Vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri, início da militância do sindicalista, diz que alianças de Marina impossibilitam programa de sustentabilidade

São Paulo – A candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva, causou rebuliço nas redes sociais ao explicar seu conceito de "elite" durante o último debate presidencial, transmitido pela TV Bandeirantes na terça-feira (26): na concepção da ex-senadora, a herdeira do banco Itaú Neca Setúbal, uma das "mentoras" das campanhas a presidente de Marina em 2010 e 2014, e o líder seringueiro Chico Mendes (1944-1988), com quem Marina começou sua militância, no Acre, integrariam uma mesma "elite", baseada não em elementos sociais e econômicos, mas na "coragem".
Não foi isso, no entanto, que incomodou o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri, entidade da cidade natal de Mendes onde desempenhou sua militância por melhores condições de vida para os trabalhadores da floresta e pela união com os chamados povos tradicionais, e que sedia o acervo de sua vida e luta. Para os militantes que dão continuidade à causa de Mendes, o que incomoda é a transfiguração do líder assassinato por fazendeiros de sindicalista para "ambientalista", caracterização que o sindicato, em nota oficial, afirma fazer parte da "temática ambiental capitalista".
A íntegra.

chico.jpg

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Parque Municipal abriga uma nascente

Do jornal Contramão, em 22/8/14
Nascente de rio possui vazão de 100.000 l/dia 
Texto e foto: Ana Paula Gonzaga
É fácil se habituar com a desvalorização dos meios naturais diante do cenário "cinza" e corriqueiro da cidade. Desta maneira, é inevitável o sentimento de surpresa ao descobrir uma nascente principal, com a capacidade de abastecer as três grandes lagoas do Parque Municipal. A preservação da nascente desde o ano de 1897, que fornece 100.000 litros de águas cristalinas por dia, se tornou sinônimo de atração para os visitantes do local. A canalização da nascente, ainda possibilitou a construção de duas cascatas naturais na área de lazer situado no centro da capital mineira.
"Belo Horizonte possui muitas nascentes. Algumas só reaparecem em períodos pluviais. Mas a nascente do Hemominas é a única a nos fornecer tantos litros ao dia, com a capacidade de sustentar as três lagoas do parque", orienta a bióloga do Parque, Andrea Paiva de Oliveira. A nascente caudalosa deixa o Parque em destaque pelo seu potencial biótico e aquífero.
A íntegra.

sábado, 23 de agosto de 2014

O vídeo do DCM sobre o helicoca

O caso do helicoca dos Perrellas ou "o grande crime compensa". 
Uma das maiores apreensões de cocaína da história do Brasil, uma investigação que levou a um dos maiores escândalos com drogas de todos os tempos, envolvendo um senador mineiro, um deputado mineiro, amigos íntimos de um candidato a presidente, envolvendo ainda a própria Assembleia Legislativa, foram abandonadas pela justiça, pela polícia e pela imprensa -- quer dizer, exceto o DCM. Por quê?
Presos em flagrante foram soltos, suspeitos nem foram investigados e o helicóptero foi devolvido aos donos... 

Do Diário do Centro do Mundo.

DCM acompanha culto no Templo de Salomão

Do Diário do Centro do Mundo. 
"Satanás mandou destruir o templo e precisamos de dinheiro": o DCM foi ao culto no Templo de Salomão 
por Pedro Zambarda de Araújo

"Estão vendo esta imagem aqui? Qual sensação ela causa para vocês?", perguntou o bispo ao puxar um slide em uma projeção durante o culto religioso da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) no Templo de Salomão, no bairro do Brás, em São Paulo. "Ela é o diabo! Ela é o satanás! Precisamos de 150 mil reais para consertar a frente deste templo. Se cada um daqui doar 20 reais, nós conseguiremos o conserto apenas neste culto".
A tentativa de "humilhar o satanás" dentro do Templo de Salomão é uma resposta ao acidente que ocorreu no dia 19 de agosto. Um ônibus que trafegava na Avenida Celso Garcia bateu em um carro e acabou invadindo a fachada, derrubando uma das grades e danificando parte do asfalto no impacto. Apesar de a Universal pedir dinheiro aos fiéis, apuramos no local que a calçada está consertada e o templo já estava com um acabamento novo. O único dano remanescente era parte da grama que foi retirada do local onde ocorreu o acidente.
Esta foi apenas uma das vezes em que os bispos e os sacerdotes da Universal presentes pediram o dízimo dos ganhos dos fiéis no primeiro culto público do Templo. O dinheiro é recolhido por voluntários e funcionários espalhados pela nave em que ocorrem os cultos, na base do edifício. Na cerimônia toda, a igreja pediu contribuições no começo da celebração, para tirar “amarrações do mal”, e na metade, para cobrir os gastos com o conserto.
Para comparecer ao Templo de Salomão, a única dificuldade é conseguir uma vaga em cultos que estão lotados, com cerca de 10 mil visitantes. Você deve ir a uma das unidades da Universal espalhadas em São Paulo e pedir um dos ingressos gratuitos. A Iurd pede apenas seu nome, email de contato e um telefone. O ingresso é uma pulseira colorida com o dia, acompanhado pelo horário. Você pode ir em caravanas organizadas pela igreja, por 45 reais, ou em uma das diversas linhas de ônibus de São Paulo que passam por ali.

Desafios da educação contemporânea: consumismo

Na televisão, o Disney Channel, canal 102 da Net, é campeão.
Cinco minutos de programa e cinco de propaganda, de sucrilhos, McDonald's e dezenas de desenhos, filmes e produtos com a marca Disney e a cultura americana, inclusive nas musiquinhas que dizem coisas como "são três meses de férias que passam muito depressa", que não existem aqui, só no hemisfério Norte.
É claro que tudo isso com a mais avançada tecnologia, uma escola sem igual de talentos para representar, escrever e desenhar, que seduzem as crianças há décadas.
E assim crianças brasileiras e de todo o mundo são iniciadas e viciadas no mundo da felicidade propiciada pelo consumo...



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Fila pra ver Dalí

Hoje deu fila pra ver a exposição de Salvador Dalí na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1.466, Centro). Quase um quarteirão. Termina domingo, 17/8. Teve muito público todos os dias. Como será que os belo-horizontinos ficaram sabendo da exposição? Por que tantos se interessaram em vê-la? Um fenômeno cultural.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O melhor texto sobre Eduardo Campos

Da piauí via Unisinos via DCM.
Meus voos com Campos
Daniela Pinheiro 

Entre abril e junho, viajei com o candidato Eduardo Campos e seus assessores em inúmeras ocasiões. Passamos por várias cidades do país no jatinho da campanha, mas também em vans, carros e ônibus alugados.
O avião apertado, de apenas seis lugares, os bancos de couro cor de creme e o mobiliário de madeira escura com detalhes dourados davam a impressão de estarmos numa versão miniaturizada de Las Vegas. Eu brincava que já tinha andado em jatinhos melhores na vida – como o do cartola Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, ou o usado pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que eu também havia perfilado em reportagens para a piauí. Campos respondia com humor: o seu Partido Socialista Brasileiro era tão coerente que até o avião tinha "um ar socialista". Ao que parece, não era a mesma aeronave de doze lugares que caiu hoje pela manhã em Santos.
Nas viagens de que participei estavam sempre o secretário particular, Rodrigo Molina (ausente do fatídico voo), o assessor de imprensa, Carlos Percol, e um dos principais assessores da campanha, o ex-deputado Pedro Valadares, a quem eu conhecia havia mais de vinte anos. Como Campos, os dois morreram na tragédia, ao lado do fotógrafo Alexandre Severo, do cinegrafista Marcelo Lyra e dos pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha.
Da última vez que nos vimos – durante a convenção que lançou sua candidatura à Presidência, no final de junho, em Brasília –, tenho viva a imagem de sua família na primeira fila do evento, ouvindo atenta o discurso do candidato. Os filhos – ainda tão jovens – comentavam entre eles as frases do pai, sorriam, aplaudiam e acenavam para os correligionários. Ao lado deles, sua mulher Renata, que segurava o caçula no colo, seguia vidrada na figura do marido.
Ontem à noite, troquei mensagens com Carlos Percol depois da entrevista que o candidato concedeu ao Jornal Nacional, da Globo. Comentei que Campos havia se saído bem. Na última das mensagens, Percol respondeu com a figurinha de um polegar em riste. Foi para o número dele que passei a ligar com insistência assim que começaram os boatos do acidente hoje pela manhã. Em seguida, tentei muitas vezes o celular de Valadares. Caíram todos na caixa postal.
A íntegra.

A privatização das ruas

Do Repórter Brasil.
Em São Paulo, Repórter Brasil realiza debate sobre privatização das ruas 
Após o lançamento da segunda fase do projeto Arquitetura da Gentrificação, a ONG Repórter Brasil realizará um debate sobre a privatização das ruas, tema do projeto, em São Paulo. O debate será mediado pelos idealizadores do projeto, os jornalistas Sabrina Duran e Fabrício Muriana.
Na segunda fase do Arquitetura da Gentrificação, a ONG investigará como se dá a apropriação de ruas e praças por agentes econômicos privados em São Paulo, que acontece quando gestores da cidade colocam espaços públicos a serviço de corporações. Após a apuração, serão criados um site com os resultados detalhados do estudo (análises, documentos, vídeos, entre outros) e um documentário curta-metragem mostrando os efeitos dessa política na população. Assim como a primeira fase, este processo será feito com base em financiamento coletivo, por meio da plataforma Catarse.
A íntegra.

sábado, 9 de agosto de 2014

O filme do ano

O que todo jornalista sabe -- como funciona a imprensa brasileira -- virou filme e pode ser de conhecimento geral agora. É o que se espera.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Incineração não! Pela derrubada do veto do governador

Alberto Pinto Coelho, o breve, pode deixar um prejuízo duradouro ao meio ambiente.



Do movimento Nossa BH.
Carta aberta aos deputados estaduais de Minas Gerais e a toda sociedade mineira
Pela derrubada do Veto ao Projeto de Lei 4051/2013.

Incineração do lixo em Minas Gerais: sentença de morte para o meio ambiente, para a saúde pública e para o trabalho centenário dos catadores de materiais recicláveis. 
Precisamos derrubar o veto do governador!

Fruto de grande mobilização dos Movimentos Sociais, mais especificamente do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), do Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária (Oris) e entidades ambientalistas e sociais no Estado de Minas Gerais, no Brasil e no âmbito internacional, o Projeto de Lei 4051/2013, aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, "dispõe sobre a proibição da utilização da tecnologia de incineração no processo de destinação final dos resíduos sólidos urbanos".
Os Movimentos Sociais e as redes de parcerias acima referidas, vêm, há bastante tempo, desenvolvendo pesquisas, debates e estudos sobre as rotas tecnológicas para destino final dos resíduos sólidos. Neste percurso, constatou-se que a tecnologia da incineração é totalmente contrária aos valores, princípios e objetivos éticos, econômicos e morais do ordenamento jurídico brasileiro, por causar graves problemas à saúde, ao meio ambiente e à inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis e outros trabalhadores da cadeia da reciclagem, que, há séculos vem utilizando, como fonte de renda, o trabalho com o reaproveitamento, a reutilização e a reciclagem desses materiais.
Publicado no Diário do Legislativo de 9 de maio de 2013, o PL 4051/2013 teve o parecer favorável das Comissões de Constituição e Justiça, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Fiscalização Financeira e Orçamentária da ALMG e foi aprovado, por unanimidade, pelos Deputados; proibindo, assim, a utilização da tecnologia de incineração dos resíduos sólidos urbanos (lixo) oriundos dos sistemas de limpeza urbana nos municípios do Estado.
Contudo, o Projeto de Lei seguiu para a sanção do governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, que o vetou integralmente, na tentativa de impedir sua implementação, utilizando fundamentos não convincentes e contrários aos pareceres das comissões da Assembleia e a estudos e pesquisas nacionais e internacionais que apontam para os graves problemas da tecnologia da incineração.
Com a clara convicção de que não se pode permitir tal retrocesso, depois de avanços conquistados, especialmente nas políticas de Direitos Humanos e de Resíduos Sólidos, com a inclusão de catadores de materiais recicláveis, é que os movimentos e entidades vêm lutando contra a incineração de resíduos e a favor da coleta seletiva com inclusão dos catadores e valorização da cadeia da reciclagem. Diante deste cenário, iniciou-se uma série de ações em Belo Horizonte, em Minas Gerais e no Brasil, com o apoio de uma rede internacional pela Não Incineração, para a derrubada do veto do governador ao Projeto de Lei 4.051/2013.
Queremos, com esta carta, parabenizar os Deputados Estaduais de MG que votaram a favor do PL 4.051/2013 e lhes pedir que votem pela derrubada do veto do governador, pela proibição da incineração em nosso Estado, por ser incompatível com os princípios e valores jurídicos, sociais, econômicos, éticos e morais da sociedade brasileira, que não admite retrocessos na defesa dos direitos ambientais, sociais e humanos.

Belo Horizonte, 1º de agosto de 2014.
Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR
Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária -- Oris
(Rede de parceiros em defesa da Reciclagem)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Crise da água: a mineração e o Rio Conceição, em Brumal

Quem se importa com a ameaça, senão os locais, os que veem acontecendo, os afetados diretamente?
Água limpinha, purinha, que nem de tratamento precisa, sendo usada para transportar minério!
"É o progresso!", bradam os gananciosos empresários.
"É o progresso!", fazem coro os corruptos governantes.
"É o progresso!", reproduz a imprensa acrítica.
"É o progresso!", repetem os ingênuos consumidores.
Amanhã, quando acabar a mineração e não tiver mais água, será o regresso.
Felizmente, neste caso o Ministério Público agiu. Em que pé estará o caso? Todos sabemos como a "justiça" costuma ser favorável a grandes empresas e governantes. Basta ver o caso recente do aeroporto na fazenda dos Neves, em Cláudio.

Do Grupo Ambiental de Santa Bárbara.
Dilema da água: a Samarco e o nosso Rio Conceição
Reproduzimos abaixo reportagem publicada na Revista DeFato, Edição 243 de 14 de abril de 2013. Parabenizamos, desde já, o jornalista Sérgio Santiago e a Revista DeFato por sempre estarem debatendo o tema. Entretanto, considerando a complexidade do empreendimento da Samarco, optamos por incluir alguns comentários e fotos legendadas ao longo do texto (em vermelho).

Indispensável à vida humana, a água deveria, em primeiro lugar, saciar a sede das pessoas e suprir as necessidades básicas de saneamento. Depois poderia servir à agricultura, para produzir alimentos e matar a fome no mundo. Cumpridas essas funções, de maneira racional, se destinaria também às atividades industriais e exploratórias.
Deveria, mas nem sempre é o que acontece. Por causa dos grandes empreendimentos privados em fase de instalação ou licenciamento em Minas Gerais, a demanda por água vai aumentar, e não é para seu uso mais nobre. Em alguns casos, como dos minerodutos, a água (em grande quantidade) funcionará como um meio de transporte para a atividade extrativista.
Um dos casos emblemáticos é registrado em Santa Bárbara. A Samarco Mineração, para colocar em operação o Projeto Quarta Pelotização (P4P), quer captar 569 litros por segundo (l/s), 24 horas por dia, no Rio Conceição, no distrito de Brumal, em Santa Bárbara (MG). Embora não haja ilegalidade na atuação da empresa, a população se assustou ao ver o diâmetro dos canos da adutora que levará parte do manancial para o mar.
A íntegra.

Rebelde aos cinquenta

Mafalda pertence aos anos 70, que já não eram os 60, mas também não eram o que viria depois. Uma época em que contar histórias, emitir opiniões e ter ideais faziam parte da vida das pessoas. Muito diferente de hoje. A gente podia gostar ou não -- eu, por exemplo, nunca fui fã da Mafalda como sou do Calvin, do Pererê e do Spirit. O que não se podia negar é que o autor estava ali e expressava sua verdade, diferentemente do que se consagrou como normal também na arte: a produção para o mercado, para ganhar dinheiro, para atender o gosto presumível de muitos e o interesse comercial indiscutível de poucos.

Da RBA.
Uma rebelde de 6 anos chega aos 50
Mafalda é a mais conhecida personagem de Quino, cartunista argentino que se tornou referência mundial
por Vitor Nuzzi
mafalda.jpg
Nas palavras de seu criador,­ Mafalda ama os Beatles, a­ demo­cracia, os direitos das crianças e a paz – nesta ordem. Odeia sopa (alusão ao autoritarismo), armas, guerra e James Bond. A mais conhecida perso­nagem de Joaquín Salvador Lavado,­ o Quino, completará 50 anos em 29 de setembro. Os desenhos da menina de 6 anos duraram apenas nove, de 1964 a 1973, mas são comentados até hoje, para espanto do autor. Foi uma ­heroína de seu tempo, conforme definiu o escritor Umberto Eco, primeiro editor de Mafalda na Itália. Aqui, onde chegou apenas em 1982, teve como ­editor o ­cartunista Henfil.
A íntegra.

Olhem bem as águas*

Há povos que vivem até no deserto. O Brasil é o país da água farta.
As hidrelétricas são a nossa fonte de energia.
No entanto, no país da água farta, começa a faltar água.
Há séculos poluímos e assoreamos os rios, secamos as nascentes, destruímos as condições naturais de produção das águas.
A crise precisava acontecer em São Paulo, a cidade irracional por excelência, no governo de tucanos, governantes incompetentes por excelência.
Treze anos depois do apagão de energia de FHC, o apagão de água de Alckimin.
A falta d'água atinge o Sudeste e a maior cidade do país, um monstrengo urbano, mas temos de olhar é para a Amazônia, precisamos olhar para o Gandarela, para o Jequitinhonha.
A crise do Sudeste vem sendo preparada desde o fim do século XVII, quando se encontrou ouro em Minas Gerais.
Minas Gerais é "a caixa d'água do Brasil" e é também o estado dos rios assoreados, das nascentes que secaram, dos rios ameaçados.
E continuam secando, com o avanço da mineração, construção de minerodutos, exploração de parques e reservas.
São Paulo sente hoje o efeito do que vem sendo feito há mais de século, mas a mineração, a indústria, a criação de gado, a monocultura e a urbanização sem planejamento continuam fazendo o que terá efeito amanhã.
Precisamos olhar para o Projeto Manuelzão, que Aécio e Anastasia apoiaram eleitoralmente, nadaram em água pouca e poluída, e depois esqueceram, boicotaram.
Precisamos olhar para a transposição do Rio São Francisco.
Precisamos salvar "o rio da integração nacional".
Precisamos olhar para o Rio das Velhas.
Precisamos olhar para o Rio Arrudas.
Precisamos olhar para os rios que canalizamos e secamos em Belo Horizonte, os rios que fizeram este lugar ser escolhido para a construção da nova capital de Minas, há 120 anos.
Precisamos olhar para a Amazônia, que agora mesmo vai sendo desmatada aceleradamente para criação de gado e plantio de soja.
Precisamos olhar as águas agora.
Depois, será a seca em São Paulo e no Sudeste inteiro, na Amazônia e no Brasil inteiro.
O modelo que os governos tocam ano após ano, que consumimos diariamente, que o capital move, este modelo prepara novas faltas d'água, novas catástrofes, a escassez permanente.   

* Na década de 1970, um artista, cujo nome desconheço, espalhou em Belo Horizonte um adesivo de carro com o alerta aos mineiros, profético e desprezado, copiado do poema de Carlos Drummond de Andrade: "Olhem bem as montanhas". Quatro décadas depois, as montanhas que dão nome à cidade desapareceram sob construções irracionais, promovidas por construtores e empreiteiros gananciosos, apoiados por governantes irresponsáveis. Os brasileiros precisam olhar as águas como os mineiros precisam olhar as montanhas. 

Da RBA
Sistema do Alto Tietê opera com apenas 20,7% da sua capacidade 
Prefeito de Guarulhos afirma que a falta d'água está comprometendo a produção industrial da cidade

São Paulo – As reservas hídricas do Sistema Alto Tietê estão com apenas 20,7% da sua capacidade, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico de SP (Sabesp). Em fevereiro, o Alto Tietê apresentava 42% do seu volume total, com a transferência de 1/3 do volume de seus reservatórios para o Sistema Cantareira, tem sofrido queda diariamente no armazenamento de água. O sistema abastece 4 milhões de pessoas das regiões metropolitanas de São Paulo e do Alto Tietê.
A Sabesp indica que não haverá racionamento e o governo está realizando uma obra na represa de Biritiba, que compõe o Alto Tietê, para romper um dique natural e aumentar o volume da represa em cinco milhões de metros cúbicos de água. No entanto, para Solange Wuo, secretária do meio ambiente de Salesópolis e integrante do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, mesmo com a obra a situação é de alerta.
"A gente conta com a natureza para que a situação se regularize, não tem nada de oficial", afirma em entrevista à Rádio Brasil Atual. Além disso, a especialista aponta que com o cenário atípico de seca das represas, muita vegetação cresceu e isso deve gerar problemas no tratamento da água. "Quando as represas voltarem ao regime e encherem, vamos ter um outro problema, a gente chama de eutrofisação, que é quando muita matéria orgânica é morta com inundações."
A íntegra.

domingo, 3 de agosto de 2014

ONU: "Ataque de Israel a escola foi criminoso"

A pretexto de destruir túneis e de vingar três judeus mortos, Israel já matou mais de 1.700 palestinos, a grande maioria civis, centenas deles crianças.
Não é uma guerra, é um genocídio.
Como Hitler, Israel quer exterminar um povo.
Conselho de Segurança da ONU, controlado pelos EUA, que apoia Israel, é cúmplice por omissão.

Da Agência Reuters, domingo, 3 de agosto de 2014.
ONU diz que novo ataque à escola de Gaza foi um "ato criminoso"  
Por Michelle Nichols 

Nações Unidas (Reuters) - O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon condenou o ataque de Israel a uma escola de Gaza no domingo como um "absurdo moral e um ato criminoso", demandando que os culpados pela "grotesca violação das leis humanitárias internacionais" sejam responsabilizados.
O ataque à escola da ONU em Rafah, no sul de Gaza, matou pelo menos 10 civis, segundo a Organização das Nações Unidas. Foi o terceiro ataque a uma escola da ONU que abrigava palestinos durante o conflito entre Israel e os militantes do Hamas, que já dura 27 dias.
Todos os três incidentes estão sendo investigados, mas a ONU culpou inicialmente Israel pelo ataque de domingo e por um outro ataque na última quarta-feira a uma escola dirigida pela ONU no campo de refugiados de Jabalya, que matou pelo menos 15 civis.
"As Forças de Defesa de Israel foram repetidamente informadas da localização destes pontos", disse o porta-voz de Ban Ki-Moon em um comunicado.
"Este ataque, assim como outras quebras da lei internacional, deve ser rapidamente investigado, e os responsáveis devem ser punidos. É um absurdo moral e um ato criminoso", dizia o comunicado.
A íntegra.

sábado, 2 de agosto de 2014

Por que consumir orgânicos

Um dos locais em que podem ser encontrados é esta feira que acontece aos sábados em Santa Tereza.

Do Idec, via jornal GGN.
Saiba onde encontrar e por que consumir orgânicos 
Alimentos naturais, cultivados sem o uso de agrotóxicos e sem organismos geneticamente modificados (transgênicos) estão mais perto de você do que você imagina 

O Brasil é o maior produtor de agrotóxicos do mundo, representando ⅕ do consumo mundial. Eles estão presentes, irregularmente, em 30% dos nossos alimentos, e não estão apenas na salada, mas também nos grãos, frutas, carnes e até em alimentos industrializados. Contudo, segundo o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), muitos dos alimentos que chegam ao nosso prato (cerca de 70%) vem da agricultura familiar, e cada vez mais esses produtores estão vendo a agricultura orgânica como mais saudável para eles e para os consumidores.
Cartaz Feira 02-08-2014Alimentos orgânicos são aqueles cultivados sem agrotóxicos e fertilizantes químicos. Existe o mito de que os alimentos orgânicos são caros demais, mas na verdade o que acontece é que eles parecem mais caros porque os supermercados onde costuma-se comprar cobram até quatro vezes mais do que as feiras. Nas feiras orgânicas, muitas vezes, os consumidores compram direto dos produtores, o que significa preços mais baixos e a experiência de troca entre o consumidor e o produtor.
A íntegra.

Tortura a manifestante em delegacia de SP

Sinais nazifascistas ficam mais evidentes. Manifestante está preso desde a Copa. Policial tem tatuagem que exalta Hitler. Não é a primeira denúncia: também aconteceu em Belo Horizonte.

Da RBA.
Manifestante preso em São Paulo diz que sofreu 'choques elétricos' em delegacia
por Tadeu Breda

São Paulo – A Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo encaminhou ontem (31/7/14) ao Ministério Público denúncia de que agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) torturaram o manifestante Rafael Marques Lusvargh, 29 anos, detido por policiais civis na avenida Paulista em 23 de junho, durante protesto contra a Copa do Mundo. O jovem está preso desde então.
A denúncia chegou à Ouvidoria em 2 de julho por meio do irmão de Lusvargh e uma amiga da família. Eles ouviram o relato do manifestante numa das visitas que fizeram ao 8º Distrito Policial, no Brás, região central de São Paulo, onde o manifestante cumpre prisão preventiva. De acordo com a denúncia, Lusvargh teria sido "mantido algemado" e recebido "diversos socos e choques elétricos".
O documento afirma ainda que um dos agentes "pisoteou" o braço do manifestante, ocasionando "falta de sensibilidade na mão". O agressor é descrito na denúncia como "sem cabelos e acima do peso", e possuiria uma tatuagem com a inscrição Mein Kampf – "minha luta", em alemão, título da autobiografia de Adolf Hitler.
A íntegra.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Cientistas da UFV descrevem o fóssil de tartaruga mais antigo do Brasil

Do saite da revista Ciência Hoje.
Pequena intromissão
Por Sofia Moutinho

Ela media apenas 15 centímetros de comprimento e se assemelhava muito às tartarugas de água doce atuais. A pequena Atolchelys lepida acaba de ser descoberta por paleontólogos brasileiros no Morro do Chaves, em Alagoas, mas já traz grandes mudanças na história evolutiva dos quelônios. Para começar, ela é o fóssil de tartaruga mais antigo já encontrado no Brasil, com pelo menos 125 milhões de anos.
A datação do fóssil da tartaruga, feita a partir da análise da idade das rochas da camada em que foi encontrado, revela que a espécie teria vivido durante o Cretáceo Inferior e convido com os dinossauros. Até então, só havia evidências 12 milhões de anos mais recentes de tartarugas desse tipo (do grupo Pleurodira), também conhecidas pelo termo em inglês side-necked turtles, por causa do modo peculiar como retraem a cabeça no casco virando o pescoço para o lado.
Embora já existissem hipóteses que cogitavam uma origem mais remota para o grupo, nenhum fóssil que comprovasse essa ideia havia sido encontrado. Para o biólogo Pedro Romano, pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais) que coordenou a descrição da espécie, publicada no periódico Biology Letters, o achado foi uma boa surpresa.
"Até então só tínhamos descoberto peixes na região onde ela foi encontrada, no máximo alguns fragmentos de uma tartaruga que não pôde ser identificada”, conta. “Encontrar um fóssil de tartaruga tão importante como esse bem conservado foi incrível."
A íntegra.

Polícia aponta como suspeito filósofo que morreu há 138 anos

Polícia brasileira ainda é a mesma da ditadura e cada vez mais se comporta como se vivesse naquela época, por isso comete os mesmos absurdos.

Do Portal Fórum.
Filósofo russo já morto é citado como suspeito em inquérito no Rio de Janeiro 

Reportagem publicada nesta segunda-feira (28/7) no jornal Folha de S. Paulo traz uma revelação no mínimo curiosa: o inquérito de mais de 2 mil páginas, produzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que responsabiliza 23 pessoas pela organização de ações violentas em manifestações de rua, aponta o filósofo Mikhail Bakunin como um dos suspeitos. Morto em 1876, o russo é considerado um dos pais do anarquismo.
De acordo com a matéria, Bakunin foi citado por um manifestante em uma mensagem interceptada pela polícia. A partir daí, passou a ser classificado como um "potencial suspeito". A professora Camila Jourdan, de 34 anos, uma das investigadas, menciona esse episódio para demonstrar a fragilidade do inquérito. "Do pouco que li, posso dizer que esse processo é uma obra de literatura fantástica de má qualidade", descreve.
A íntegra.

O pouso do tucano

O título é do editorial da Folha de S. Paulo no domingo 27/7, do qual a Agência Carta Maior, abaixo, reproduz trecho. Infelizmente, a Folha pratica a política que impede reprodução de conteúdo, a essência da internet (por isso também veículos assim são anacrônicos e fadados ao insucesso, mas esta é outra questão).
É um editorial que nos leva de volta aos anos 80, quando Folha, JB e Estadão ainda faziam jornalismo. Os grandes jornais sempre tiveram os melhores profissionais e com isso os melhores editoriais e as melhores reportagens. A questão é que, hoje, pagam tão mal e fazem jornalismo tão ruim que espantam os melhores, ou nem os querem -- mas ainda há alguns. Esta também é outra questão.
O fato é que é um texto cristalino, objetivo, no qual não há o que se retocar, em se tratando de editorial, e que merece ser lido. Assim como este seu espelho, da Agência Carta Maior.

Da Agência Carta Maior.
Aeroportos e colisões tucanas
Há exatamente quatro anos, em 29 de julho de 2010, o jornal O Globo noticiava a evidência de um racha profundo nas fileiras tucanas, a minar a campanha do então candidato à presidência da República pelo PSDB, José Serra.
Aspas para o Globo de 29-7-2010:
"O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, terá uma estrutura independente em Minas Gerais para impulsionar sua campanha no Estado (...). A estratégia foi montada para fazer frente a algumas dificuldades. A decisão foi tomada após descontentamento com o ritmo da campanha no Estado, onde o ex-governador Aécio Neves, que recusou-se a ocupar a vaga de vice na chapa de Serra, é a principal liderança do PSDB..."
Corta para o coquetel de autógrafos de Serra, no Rio, na semana passada, dia 23 de julho de 2014, no lançamento de seu livro de memórias, "50 anos Esta Noite".
Aécio Neves não compareceu ao evento, onde Serra comentou laconicamente o episódio que há dez dias faz sangrar seu velho rival e agora o candidato do PSDB à presidência.
"Um programa de construção de aeroportos no interior de repente bate na família. Não quer dizer que houve favorecimento." disse olímpico sobre a obra de R$ 14 milhões feita por Aécio na fazenda de um tio, paga com dinheiro público. ‘Eu não tenho parentes no interior. Se tivesse, poderia ter acontecido...’, observou Serra com irônica ambiguidade.
Especulações sobre a origem da denúncia veiculada em 20/7, pela Folha de SP, de notórias afinidades com o serrismo, ganharam lastro extra a partir do editorial publicado pelo diário da família Frias , no último domingo, 27-7.
O texto com sugestivo título, "O pouso do tucano", desmonta as explicações de Aécio para o escândalo e lança uma comprida sombra sobre o futuro de sua candidatura:
"Mais econômico, na verdade, teria sido não fazer obra nenhuma. A demanda por voos em Cláudio é pequena, e o aeroporto de Divinópolis fica a 50 km de distância. Ainda que todo o processo tenha sido feito de maneira legal, como sustenta Aécio Neves, restará uma pista de pouso conveniente para o tucano e seus parentes, mas de questionável eficiência administrativa. Não é pouca contradição para um candidato que diz apostar na união da ética com a qualidade na gestão pública."
Mas o principal subtexto das suspeitas quanto à fonte da denúncia remete ao recheio mineiro da derrota sofrida por Serra nas eleições presidenciais de 2010, quando as urnas sepultaram de vez suas pretensões ao cargo máximo da política brasileira.
A íntegra.