terça-feira, 4 de março de 2014

Histórias de Governador Valadares

Uma espécie de capital da violência em Minas Gerais. Raramente temos notícias tão abrangentes de cidades do interior como esta.

Do jornal GGN.
Governador Valadares, uma princesa no vale do atraso 
Por Márcio Ribeiro da Silva

Há muito tempo tenho pensado sobre a história e o desenvolvimento, econômico e cultural de Valadares. Um acontecimento de fevereiro de 2012 me serviu de mote para toda uma reflexão acerca de como uma cidade que tinha tudo para dar certo, é hoje um exemplo irretocável de atraso, na acepção da palavra.
Num domingo, 5 de fevereiro de 2012, policiais foram acusados de um crime brutal, que vitimou 6 jovens. Dois morreram. Menores. Se olharmos a história da cidade fica clara a inclinação repressora, autoritária e conservadora de sua elite, influenciada desde os primórdios pela instalação da Divisão Militar do Rio Doce, em 1808, uma das 6 do estado para conter os índios botocudos, naturais donos da terra.
Mais recentemente, na era da exploração de madeira e mica na região, a pistolagem ganha destaque sob o lema "É mais fácil comprar terras de uma viúva apavorada do que dos legítimos proprietários". Cá com meus botões reafirmo minha convicção favorável à reforma agrária, visto que o latifúndio no Brasil foi comprado à bala. Mas isso é outra história.
Nesse momento da história da cidade e região, vem à tona a figura repressora e mitificada de Pedro Ferreira, o Capitão Pedro. Típico militar truculento que resolvia quase tudo no bico do revólver e, por força de uma sociedade conservadora e atrasada, é considerado ainda hoje um exemplo a ser seguido no meio militar. Junto com o Coronel Altino Machado, caçava comunistas e levava a cabo com maestria o papel de capitão do mato do estado. Essa escola, portanto, é antiga.
Um pouquinho mais adiante, década de 80, surge outro "herói" para nossa Princesa do Vale: Paulo Orlando de Matos, o Paulinho Maloca. Justiceiro à moda "Stalone Cobra", dizimou com alguns comparsas a não menos famosa turma do WW, marginais pobres que movimentavam o tráfico de drogas na cidade. Publicou um auto-elogio: "Detetive Paulo Maloca, só os fortes sobrevivem". O livro (sic) foi praticamente comemorado pela sociedade valadarense.
A íntegra.