domingo, 25 de maio de 2014

Brasileiro assume presidência da maior central sindical do mundo

Da RBA. 
'Temos de aumentar a nossa influência. O capital se unifica muito mais'
Primeiro sindicalista das Américas a comandar a maior central internacional, o brasileiro João Felício diz que ações definidas no comando precisam ser implementadas na base. E vê ataques contra a OIT
por Vitor Nuzzi

São Paulo – Professor de História da Arte na rede pública estadual paulista, ex-presidente da Apeoesp (sindicato dos docentes do estado) e da CUT, João Felício foi confirmado hoje (23) como presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), maior entidade global, com 325 filiados em 161 países e 176 milhões de trabalhadores na base, no encerramento do terceiro congresso da central, em Berlim.
Para ele, uma das prioridades da próxima gestão é intensificar as ações globais, garantindo que as bases implementem as resoluções. Se a gente quiser concretizar aquilo que a esquerda sempre falou, que a classe operária internacional, é preciso ter mais lutas internacionais", afirma.
Felício também defende o papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que no seu papel de humanizadora das relações trabalhistas, por meio de convenções, estaria sofrendo ataque "brutal" de vários países, inclusive dos Estados Unidos. "A eles não interessa uma OIT forte." 

Na fundação da CSI, em 2006, o slogan era "humanizar a globalização". Logo depois, em 2008, veio a crise financeira. A globalização é humanizável?
Considero difícil. A globalização atende muito mais ao interesse do capital. Não que defendamos que cada país fique isolado, é importante ter relações comerciais, culturais, mas também relações sociais, quando você procurar garantir direitos de forma global. A luta central que tem de ocorrer é por direitos. Não concordamos e nunca tivemos simpatia por tratados de comércio que não levem em consideração garantia de direitos, desenvolvimento, a soberania de cada país. Tal como tem se dado, a globalização não respeita nada disso. Com a crise recente, os ricos ficaram mais ricos. Talvez tenha sido o período nos últimos 20 anos que se acentuaram relações comerciais, as transnacionais se expandiram, e houve o período de maior concentração de riqueza da história. A crise de 2008 não levou a uma distribuição de renda, ao contrário. Esse talvez seja um dos grandes desafios do movimento sindical internacional.